O Senhor repetiu o seu "novo" mandamento aos seus discípulos: que eles se amassem uns aos outros ou, em uma melhor tradução, se mantivessem amando uns aos outros, como Ele os amava (João 13:34).
Cada crente é também um discípulo d’Ele, e devemos nos amar uns aos outros como Ele nos amou! Este amor não é natural, pois se fosse não haveria necessidade do mandamento: requer esforço, perseverança e a vontade de obedecer nosso Mestre, e só pode ser alcançado com o poder do Espírito de Deus.
A obediência às ordens de Cristo é uma condição prévia para o discipulado e o serviço: Ele foi o rabino dos discípulos (capítulo 1:38; 13:13) e Senhor (capítulo 13:13).
A vida cristã envolve acompanhar as instruções de Cristo, a fim de frutificar. Ele deu a sua vida por nós, provando que foi o melhor amigo que poderíamos ter. Não requer que todos nós morramos fisicamente por Ele a fim de provar o nosso próprio amor, mas temos de prová-lo por meio da nossa obediência a Ele como Senhor, guardando sempre os Seus mandamentos. Abraão foi igualmente chamado “amigo de Deus” por sua fé e obediência (Tiago 2:21-23).
Uma intimidade progressiva é observada: servos (capítulo 13:13), amigos (capítulo 15:15), irmãos (capítulo 20:17):
Somos seu servos, porque O reconhecemos como Senhor e Mestre, e lhe devemos nossa obediência incondicional.
Devido à nossa obediência, Ele nos chama de Seus amigos, e, como o SENHOR procurou Abraão para revelar o Seu plano para ele porque Abraão era seu amigo, o Senhor Jesus revelou as coisas de Deus para nós. É isto que faz um amigo.
Ele nos chama de Seus irmãos porque num sentido humano o Seu Pai é também o nosso Pai (por adoção) e somos coherdeiros do Seu reino.
O Senhor lembrou aos Seus discípulos que não foram eles que O escolheram, mas Ele que os escolheu e os designou para irem e dar frutos; Ele admitiu a Sua própria responsabilidade na escolha após uma noite de oração (Lucas 6:13). Do mesmo modo Paulo foi "um vaso escolhido" (Atos 9:15). [Isto não confirma de forma alguma a doutrina Calvinista do determinismo: enquanto ensinam que Deus está no controle do Seu universo, as Escrituras fazem igualmente claro que Ele oferece a salvação a todos, e considera que todos são igualmente responsáveis pela escolha de aceitar ou rejeitar a Sua verdadeira oferta (p. ex. 1 Timóteo 2:3,4, João 3:16,17, 1 João 2:2)].
Os discípulos foram escolhidos para um objetivo: o crescimento e frutificação permanente, para que o Pai lhes pudesse dar tudo quanto pedissem ao Pai em Seu (de Cristo) nome (note o relacionamento em oração - ver também capítulo 16:23, 26).
Nesta mesma noite os discípulos foram culpados de inveja e discórdia(Lucas 22:24; João 13:5, 15), de modo que repetiu o comando que amassem uns aos outros pela terceira vez. Este deve ser o relacionamento entre os crentes.
Existe também um relacionamento com o mundo: como os discípulos, um crente em Cristo Jesus vai ser odiado (“não amado”) pelo mundo. A popularidade de um cristão, ou falta dela, pode ser uma indicação de como ele representa Cristo ao mundo. Nenhum cristão tem o direito de se tornar mais popular do que o Senhor Jesus foi, por isso devemos continuar a somente transmitir a Palavra e ter cuidado para não assumir uma posição comprometedora com o fim de atrair popularidade.
O mundo não vai amar um seguidor do Senhor Jesus, e isso não significa agir de forma excêntrica ou falsamente piedosa: a própria existência dos crentes é uma repreensão ao mundo pecaminoso (João 7:7; 17:14; 1 João 3:13). Mesmo nas igrejas de hoje há gente que não é honestamente nascida de novo, que vai detestar o pregador se ele for fiel à Palavra de Deus.
Cuidado com o cristão que é popular no mundo. Quem nos persegue tem dois problemas: não conhece o Pai, e não quer que seus pecados sejam revelados. O Senhor Jesus expõe o mal, como uma luz acendida sobre o que antes era escuridão, o que faz com que o perseguidor odeie quem acendeu a luz.
O mundo não odeia a sua idéia de Deus, algum Ser vago e distante. É Cristo que ele aborrece, e quando um homem O odeia, também odeia Deus o Pai. Ainda podemos continuar a ser populares se apenas dissermos que cremos em Deus. O verdadeiro teste é a nossa relação e atitude para com Jesus Cristo e o nosso testemunho d’Ele. Não podemos ser populares e crer no Senhor Jesus Cristo, porque é Ele quem é odiado.
O "mundo" e o clero (parte do sinédrio) se uniram em uma atitude de hostilidade a Cristo, e na realidade a Deus, desse modo pecando porque o Senhor Jesus não só tinha vindo e falado com eles, mas tinha feito entre eles as obras que ninguém mais fez, provando que era o Messias. O Senhor Jesus identificou esta hostilidade como o cumprimento dos Salmos 35:19 e 69:4 quando disse que O odiavam sem causa.
Eles O odiavam porque tinham criado um falso deus que não era o Deus das Escrituras. Já foi dito, "Deus criou o homem em Sua imagem e agora é o homem que cria um deus em sua imagem". Esse é o tipo de deus que o mundo quer hoje e o tipo de deus que pensam estar dirigindo o universo.
O Senhor Jesus referiu-se novamente ao Espírito Santo, que procede d’Ele e do Pai, como o Ajudador. Ele é o Espírito da Verdade, e a sua missão é a testemunhar de Cristo, como deveria ser o nosso. O Senhor disse aos discípulos que testemunhassem de Si porque tinham estado com Ele desde o início: esta foi a razão porque foram chamados para serem apóstolos, logo no início de seu ministério (Lucas 6:13).
É o testemunho de João relativo ao Senhor Jesus Cristo que estamos a estudar agora mesmo: apenas os apóstolos poderiam dar tal testemunho porque só eles tinham estado com Ele desde o início. [Mais tarde, após a Sua ascensão, Seus discípulos procuraram um substituto para Judas, e o seu único critério foi que teria que ser alguém que os tinha acompanhado todo o tempo desde o batismo de João até a ascensão do Senhor (At 1:22)].
O Espírito Santo ainda dá testemunho de Cristo, e O torna real para nós. Um método seguro para saber se o Espírito de Deus está a trabalhar é verificar se Cristo está sendo glorificado.
O Senhor não queria que os apóstolos tropeçassem com o que viria a acontecer com eles. É a prática dos fundadores das organizações, e especialmente das religiões, tentar apresentar um glorioso futuro para as suas organizações. O método do mundo é destacar os benefícios maravilhosos e minimizar as dificuldades e as desvantagens e as privações e os sacrifícios.
Como é diferente o nosso Senhor! Antes (capítulo 14) Ele havia dito aos Seus discípulos que ia preparar um lugar para eles e que iria recebê-los para Si, mas agora deixou muito claro que seriam excluídos pela sua sociedade (ser expulso da sinagoga era ser feito um marginal na Judéia). A injustiça para eles seria tal que as pessoas iriam pensar que faziam um bom serviço a Deus se os assassinassem! E isso aconteceria porque eles (os líderes judeus e seus seguidores) recusavam-se a reconhecer o Pai ou o Senhor Jesus, de Quem viera.
Do mesmo modo, se vamos seguir o nosso Senhor, devemos nos abnegar de nós próprios e tomar a nossa cruz (não a Sua) de inimizade e perseguições. Se sofremos com Ele agora, reinaremos com Ele quando estabelecer o Seu reino. Ele disse que os Seus seguidores vão estar no mundo, mas não serão do mundo e que o mundo vai odiá-los.
Ele nunca disse que teriam vida fácil, ou que iriam converter o mundo. Muitos procuram popularizar a "religião" cristã, e fazê-la atraente para o mundo, utilizando todos os tipos de artifícios. Dizem, "temos de fazer isto para ganhar o mundo". Quem lhes disse que iriam ganhar o mundo? Se fizermos pé firme na Palavra de Deus, vamos achar que o mundo não vai nos amar e vamos experimentar o ódio que teve por Cristo. O mundo detesta a Palavra de Deus porque, assim como nos tempos dos apóstolos, ele não quer saber de Deus e rejeita o Senhor Jesus como Seu Filho.
O Senhor Jesus estava deixando Seus discípulos saber o que estava para vir e os treinava para que estivessem preparados para isso. O Senhor sempre nos treina e prepara para o que está à frente. Se quisermos serví-lO bem, estejamos prevenidos da dificuldade que virá e prontos para enfrentá-la quando surgir.
12 O meu mandamento é este: Que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei.
13 Ninguém tem maior amor do que este, de dar alguém a sua vida pelos seus amigos.
14 Vós sois meus amigos, se fizerdes o que eu vos mando.
15 Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas chamei-vos amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos dei a conhecer.
16 Vós não me escolhestes a mim mas eu vos escolhi a vós, e vos designei, para que vades e deis frutos, e o vosso fruto permaneça, a fim de que tudo quanto pedirdes ao Pai em meu nome, ele vo-lo conceda.
17 Isto vos mando: que vos ameis uns aos outros.
18 Se o mundo vos odeia, sabei que, primeiro do que a vós, me odiou a mim.
19 Se fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu; mas, porque não sois do mundo, antes eu vos escolhi do mundo, por isso é que o mundo vos odeia.
20 Lembrai-vos da palavra que eu vos disse: Não é o servo maior do que o seu senhor. Se a mim me perseguiram, também vos perseguirão a vós; se guardaram a minha palavra, guardarão também a vossa.
21 Mas tudo isto vos farão por causa do meu nome, porque não conhecem aquele que me enviou.
Joh 15:22 Se eu não viera e não lhes falara, não teriam pecado; agora, porém, não têm desculpa do seu pecado.
Joh 15:23 Aquele que me odeia a mim, odeia também a meu Pai.
Joh 15:24 Se eu entre eles não tivesse feito tais obras, quais nenhum outro fez, não teriam pecado; mas agora, não somente viram, mas também odiaram tanto a mim como a meu Pai.
Joh 15:25 Mas isto é para que se cumpra a palavra que está escrita na sua lei: Odiaram-me sem causa.
26 Quando vier o Ajudador, que eu vos enviarei da parte do Pai, o Espírito da verdade, que do Pai procede, esse dará testemunho de mim;
27 e também vós dareis testemunho, porque estais comigo desde o princípio.
1 Tenho-vos dito estas coisas para que não vos escandalizeis.
2 Expulsar-vos-ão das sinagogas; ainda mais, vem a hora em que qualquer que vos matar julgará prestar um serviço a Deus.
3 E isto vos farão, porque não conheceram ao Pai nem a mim.
4 Mas tenho-vos dito estas coisas, a fim de que, quando chegar aquela hora, vos lembreis de que eu vo-las tinha dito. Não vo-las disse desde o princípio, porque estava convosco.
5 Agora, porém, vou para aquele que me enviou; e nenhum de vós me pergunta: Para onde vais?
Evangelho de João capítulo 15, versículo 12 ao capítulo 16, versículo 4