O Senhor Jesus orou pela restauração integral à glória e comunhão (capítulo 1:1) que tinha antes da Encarnação (capítulo 1:14). Esta não é apenas uma preexistência ideal, mas a existência real e consciente ao lado do Pai "que Eu tinha" (ou que Eu sempre tive), "antes que o mundo existisse”): estas palavras refletem a certeza com que o próprio Jesus falou de Sua existência antes da Encarnação. Ele “esvaziou-se a Si mesmo, tomando a forma de servo, tornando-se semelhante aos homens” (Filipenses 2:7).
O pequeno bebê no colo de Maria tão celebrado no Natal foi o Filho de Deus, e Ele poderia ter desfeito o universo com uma palavra. Ele não era apenas parcialmente Deus; ele era, e ainda é, a plena essência de Deus. Ele abriu mão das Suas prerrogativas de divindade e de glória pelo tempo relativamente curto em que esteve sobre a terra.
Faz-se muito dos pastores, anjos e magos que vieram vê-Lo. Ele é o Senhor da glória, e toda a criação, o mundo inteiro deveria ter estado presente na ocasião do nascimento do Senhor da glória quando Ele veio a terra. Embora pudesse ter exigido tal homenagem, ao invés disso Ele pôs a Sua glória de lado. Agora estava pronto para regressar ao céu, de volta para a glória que era Sua.
Por "Manifestei o Teu nome …" Jesus Cristo novamente declara a conclusão bem sucedida da Sua tarefa de revelar o Pai aos Seus discípulos, a quem considerava como dom do Pai para Ele (vs. 2, 6, 9, 11, 12). Eles haviam se apegado à mensagem do Pai apesar da dúvida e da hesitação (capítulo 6:67-71; Mateus 16:15-20). Vieram a compreender e a crer que tudo que lhes fazia e dizia procedia do Pai. Sabiam quem Ele era, que tinha vindo de Deus, e criam que Deus O havia enviado (capítulo 16:30).
O Senhor não rogou pelo mundo nessa ocasião, nem roga por ele agora: Seu ministério de intercessão é pelos Seus que estão no mundo, que vieram a Deus através d’Ele (Hebreus 7:25). Ele morreu por todo o mundo, e não há mais nada que pode fazer por ele além de enviar o Espírito Santo ao mundo para convencer o mundo do pecado, da justiça e do julgamento.
Nenhuma criatura pode dizer a Deus "todas as minhas coisas são Tuas, e as Tuas coisas são minhas”, apenas o Filho de Deus mesmo. Ele declarou que "neles sou glorificado” a despeito de todos os erros e falhas dos Seus discípulos. Todo o objetivo da nossa salvação é trazer glória a Jesus Cristo.
Cristo logo não estaria mais presente fisicamente no mundo, e os Seus discípulos necessitavam de atenção na Sua ausência. Ele por isso pediu ao Pai Santo (note o nome que usava para Deus) que os guardasse em Seu nome, para que fossem unidos na vontade e no espírito da mesma forma como eram Ele e o Pai.
Somos guardados pelo Pai porque fomos selados pelo Espírito Santo e o nosso Salvador ora por nós. Note que Ele não dirigia Sua oração a nós (ou a alguma autoridade eclesiástica), mas ao Pai. O Pai sempre respondeu afirmativamente a cada oração de seu Filho, e assim responde também a esta. Estamos unidos pela unidade do Espírito no vínculo da paz. "Há um só corpo e um só Espírito, como também fostes chamados em uma só esperança da vossa vocação; um só Senhor, uma só fé, um só batismo; um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, e por todos e em todos". (Efésios 4:4-6).
Esta é a unidade orgânica que Deus fez: o Espírito Santo toma todos os verdadeiros crentes e os batiza no corpo de Cristo e os identifica no corpo de Cristo. Este corpo é a única verdadeira igreja de Cristo ao longo do tempo e espaço, e cada crente em Jesus Cristo é um membro desta igreja.
É uma vergonha que aqui embaixo os que se declaram ser cristãos estão divididos em denominações, tendo também criado grupos e instituições nacionais e internacionais que se dizem igrejas sob hierarquias eclesiásticas. Esta oração nada tem a ver com o movimento ecumênico entre eles.
O Senhor Jesus declarou então que, enquanto estava no mundo, tinha mantido os discípulos no nome do Pai: como um pastor cuidando do rebanho de ovelhas para o seu pai. Não havia perdido nenhuma delas salvo o filho da perdição (nome também usado para o Anticristo - 2 Tessalonicenses 2:3), que significa alguém que escolheu pela perdição final (não aniquilação). Uma exceção triste e terrível, já prevista nas Escrituras (Salmo 41:9) e realizada em Judas Iscariote.
A razão pela qual fez esta oração enquanto ainda estava no mundo foi, segundo explica aos Seus discípulos, para que “pudessem continuar a ter a alegria de Cristo completa em si mesmos”. Em outras palavras, para que regozijassem no conhecimento que Cristo estava feliz com eles. Ele não queria que ficassem tristes, sempre ponderando sobre as suas deficiências, assim como ele não quer que sejamos cristãos tristonhos e solenes. Ele veio para que as nossas vidas se encham de alegria: a Sua alegria.
O Senhor tinha dado a Palavra de Deus aos discípulos; porque a tinham recebido e obedecido, o mundo os odiaria assim como odiavam o próprio Senhor. A Palavra de Deus provoca problemas no mundo de hoje. A Bíblia é o livro mais revolucionário em todo o mundo. É revolucionário ensinar que ninguém pode salvar-se por si mesmo, que somente Cristo pode salvar, e que o mundo não pode ser purificado do ódio, da injustiça e dos outros males se não se submeter a Ele. Isto é revolucionário, e o mundo não gosta de ouvi-lo. Prefere plantar algumas flores e tentar limpar a poluição. O problema é que a poluição está no coração do homem.
O Senhor disse que não orava que os discípulos fossem retirados do mundo. Para eles isso seria um livramento completo do mal, mas precisavam ficar para difundir o Evangelho da salvação pela humanidade. Ele ora, no entanto, para que o Pai os guarde do Maligno (significando Satanás, mas também possivelmente uma ação má). Deus é glorificado por nos manter no mundo hoje.
Pensamos no “arrebatamento” como coisa maravilhosa, e que trará glória a Deus, e assim será. O Espírito Santo está cansado e pesaroso com este mundo, assim como nós, e está dizendo "venha" junto com a noiva (Apocalipse 22:17). Mas o Senhor Jesus ora, não para que sejamos tirados do mundo, mas que sejamos guardados do maligno, Satanás. E o Pai faz o que Ele pede.
Achamos que as coisas estão difíceis por aqui, e Ele disse que seria difícil, "mas tende bom ânimo, Eu venci o mundo" (João 16:33). O conhecimento disto nos capacita a suportar mais facilmente os nossos problemas, as tensões, as dificuldades e as tentações. Quanto mais nós os crentes percebermos que não somos deste mundo, melhor iremos cumprir a Sua vontade e executar o Seu propósito.
“Santificar” significa dedicar ou colocar à parte pessoas ou coisas para Deus (Êxodo 28:41; 29:1, 36; 40:13; 1 Tessalonicenses 5:23). O crente foi separado do mundo, e se comprometeu a uma tarefa a ser feita na esfera da verdade de Deus, a Palavra de Deus (não especulação humana, mas a mensagem de Deus para nós), que revela a mente de Deus. Quando lemos a Palavra, somos levados a nos separar para o Seu serviço. Só podemos servir a Deus na medida em que conhecemos a Sua Palavra e a ela somos obedientes.
Da mesma forma como o Messias foi enviado para o mundo, Ele enviou os Seus discípulos ao mundo - o verbo utilizado é apostellô, da qual decorre o nome “apóstolo”. Foi o próprio verbo utilizado na nomeação original destes homens (Marcos 3:14), na comissão inicial (Lucas 9:2) e na renovação da comissão após a ressurreição (João 20:21).
O Pai santificou o Senhor Jesus para o Seu ministério santo (capítulo 10:36), e Cristo santificou-Se em obediência ao Pai em palavras e ações por nossa causa. Da mesma forma, tendo sido santificado pela Palavra de Deus e pela ação de Jesus Cristo, o crente precisa santificar-se através de mais instrução na Palavra de Deus e de dedicação pessoal ao Seu serviço. Fomos deixados no mundo para dar testemunho d’Ele, para glorificar nosso Senhor e Salvador Messias.
5 Agora, pois, glorifica-me tu, ó Pai, junto de ti mesmo, com aquela glória que eu tinha contigo antes que o mundo existisse.
6 Manifestei o teu nome aos homens que do mundo me deste. Eram teus, e tu mos deste; e guardaram a tua palavra.
7 Agora sabem que tudo quanto me deste provém de ti;
8 porque eu lhes dei as palavras que tu me deste, e eles as receberam, e verdadeiramente conheceram que saí de ti, e creram que tu me enviaste.
9 Eu rogo por eles; não rogo pelo mundo, mas por aqueles que me tens dado, porque são teus;
10 todas as minhas coisas são tuas, e as tuas coisas são minhas; e neles sou glorificado.
11 Eu não estou mais no mundo; mas eles estão no mundo, e eu vou para ti. Pai santo, guarda-os no teu nome, o qual me deste, para que eles sejam um, assim como nós.
12 Enquanto eu estava com eles, eu os guardava no teu nome que me deste; e os conservei, e nenhum deles se perdeu, senão o filho da perdição, para que se cumprisse a Escritura.
13 Mas agora vou para ti; e isto falo no mundo, para que eles tenham a minha alegria completa em si mesmos.
14 Eu lhes dei a tua palavra; e o mundo os odiou, porque não são do mundo, assim como eu não sou do mundo.
15 Não rogo que os tires do mundo, mas que os guardes do Maligno.
16 Eles não são do mundo, assim como eu não sou do mundo.
17 Santifica-os na verdade,a tua palavra é a verdade.
18 Assim como tu me enviaste ao mundo, também eu os enviarei ao mundo.
19 E por eles eu me santifico, para que também eles sejam santificados na verdade.
Evangelho de João capítulo 17, versículos 5 a 19