Em seguida, temos a carta dirigida ao anjo da igreja em ESMIRNA (que significa amargura). Era uma igreja PERSEGUIDA.
A cidade litorânea de Esmirna (Izmir de hoje) também era conhecida como o porto perfumado por causa do comércio de mirra, donde vem seu nome. Mirra era um ungüento muito usado para conservar os corpos dos mortos (João 19:39-40), e era obtido espremendo a madeira da qual provem, uma figura do sofrimento que a igreja perseguida tinha de suportar.
Esmirna tinha um templo dedicado à deusa Roma, símbolo do imperador romano.
Para o conforto do anjo dessa igreja, o Senhor Jesus recorda que Ele é eterno, e que conquistou a própria morte ao morrer e ressuscitar.
Ele está a par da sua tribulação, tradução de uma palavra grega que literalmente significa pressão, ou opressão, resultante das repetidas agressões provenientes dos inimigos do Evangelho. Ele sabe da sua pobreza, quanto às coisas deste mundo, mas tem abundância de riquezas espirituais (Mateus 6:19-21). Também conhece muito bem a blasfêmia dos falsos judeus, provavelmente uma referência aos que freqüentavam a sinagoga, mas rejeitavam Jesus como o Messias (Romanos 2:28-29), caluniavam os crentes em Cristo e provocavam perseguições como aconteceu em Icônio (Atos 14:2), fazendo assim o trabalho de Satanás (que significa o adversário, o acusador).
O Senhor nada tinha contra o anjo da igreja de Esmirna, mas o instou a não temer as coisas que tinha de sofrer: prisão, onde sua fé seria provada, e perseguição por dez dias (para que saiba que vai acabar - Ele tem o controle da situação). Sua fidelidade e perseverança serão premiadas com a coroa da vida: a vida eterna. Esta profecia se cumpriu em Esmirna pouco depois de ser escrito o livro do Apocalipse: o culto ao imperador como se fosse um deus se intensificou, e a perseguição aos cristãos aumentou, sendo muitos levados à prisão e executados porque se recusaram a oferecer sacrifícios a ele.
Esta carta também é uma profecia perfeita das perseguições e sofrimentos suportados pela maioria das igrejas desde 170 A.D. (imperador Marco Aurélio) até 312 A.D. (Dioclécio). A última perseguição, e a mais feroz de todas, foi promovida por Dioclécio, durante dez anos. Ao todo, houve dez grandes perseguições oficiais dos cristãos pelos imperadores romanos, começando por Domiciano em 96 A.D., quando se tornou ilegal ser cristão.
Estas perseguições, como acontece geralmente, tiveram o efeito de purificar as igrejas, afastando delas aqueles que não tinham um comprometimento sincero com Cristo.
Também fez com que retornassem ao seu primeiro amor, que antes estava desaparecendo, no período de Éfeso, e algumas igrejas que haviam aderido ao movimento nicolaitano se afastaram dele. Assim a maioria das igrejas, que se mantinham ainda mais ou menos fieis às doutrinas e práticas primitivas dos apóstolos, aos poucos se acharam isoladas daquelas, em número crescente, que aderiam ao movimento catolicista, que as dominava e nelas introduzia heresias e práticas pagãs.
Nesta carta o Senhor Jesus nos assegura que o vencedor (o crente em Cristo nascido de Deus) não sofrerá o dano da segunda morte: esta é a separação eterna de Deus ao ser lançado no lago de fogo (Apocalipse 20:14). No contexto da carta, embora talvez tendo que suportar a morte por causa da sua fé, ele está livre do julgamento final e da punição eterna.
8 E ao anjo da igreja que está em Esmirna escreve: Isto diz o Primeiro e o Último, que foi morto e reviveu:
9 Eu sei as tuas obras, e tribulação, e pobreza (mas tu és rico), e a blasfêmia dos que se dizem judeus e não o são, mas são a sinagoga de Satanás.
10 Nada temas das coisas que hás de padecer. Eis que o diabo lançará alguns de vós na prisão, para que sejais tentados; e tereis uma tribulação de dez dias. Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida.
11 Quem tem ouvidos ouça o que o Espírito diz às igrejas: O que vencer não receberá o dano da segunda morte.
APOCALIPSE 2:8-11