Três cenas são apresentadas para representar o juízo de Deus que virá sobre o mundo ímpio e perverso sob a liderança da besta, ao fim do período da tribulação. Este juízo se culminará na volta de Cristo ao mundo, já não mais com o propósito de salvá-lo, mas de julgá-lo. Ele enfrentará a besta com os seus exércitos no vale de Josafá, Armagedom, descrito pelos profetas (Isaías 34, Joel 3.9-17 e Ezequiel 38.21-23), com mais detalhes em Apocalipse 19:17-19.
A pessoa sentada sobre a nuvem deve ser o Senhor Jesus Cristo, que muitas vezes se chamou o Filho do Homem; ele tem uma coroa sobre a sua cabeça, símbolo de vitória, realeza, honra e glória (Hebreus 2.9). Não existe referência na Bíblia a algum outro ser celeste que tenha uma coroa na cabeça: os vinte e quatro anciãos são seres humanos (4.4), assim como a besta que surge como o cavaleiro sobre o cavalo branco (6.2).
A colheita é freqüentemente usada como o símbolo do fim de um período de tempo, quando o povo é reunido para ser julgado, como na parábola do joio e do trigo (Mateus 13.24-30).
Temos, portanto, aqui a proclamação em grande voz por um mensageiro - o anjo que sai do templo - da ordem dada por Deus a Cristo para que Ele pessoalmente ponha um fim aos "tempos dos gentios", saindo para julgar as nações. Ele obedece imediatamente. Tendo sido o Semeador da boa semente (Mateus 13.37) é apropriado que ele seja o Ceifeiro também, com os seus anjos (Mateus 13.39).
Esta cena é uma previsão da reunião dos exércitos do mundo para a grande batalha (capítulo 16.13-16). Como em agricultura a colheita precede a vindima, aqui temos a mesma ordem, embora na realidade os dois eventos irão acontecer praticamente ao mesmo tempo.
A descrição deste lagar já havia sido feita em profecia anterior (Isaías 63.1-6), o que ajuda a entender este trecho. O pisar das uvas previamente recolhidas ao lagar a fim de lhes extrair o suco é um símbolo comum de julgamento. A vindima é feita da vinha da terra: a besta e tudo o que a ela pertence, uma falsificação da videira verdadeira, o Senhor Jesus Cristo.
O símbolo da videira vem desde Israel, a videira tirada do Egito (Salmo 80:8) e plantada na terra de Canaã. Quando Deus foi procurar uvas boas, só encontrou uvas bravas nela (Isaías 5.1-7, Oséias 10.1). Quando o Senhor da vinha mandou os Seus servos buscar o seu fruto, os lavradores espancaram a um, mataram a outro e a outro apedrejaram; mandou outros, que tiveram a mesma sorte; finalmente mandou Seu próprio Filho, mas agarrando-O, lançaram-no fora da vinha e O mataram (Mateus 21:33-43). Então o Filho, o próprio Senhor Jesus, passou a ser a videira verdadeira, da qual os Seus discípulos são os galhos (João 15.5).
O lagar é o lagar do vinho do furor da ira do Deus Todo-Poderoso (Apocalipse 19.15). Mediante a profecia de Isaías 63 temos uma descrição da participação nela do Senhor Jesus. Esse lagar abrangerá toda a terra de Israel, indo ao sul até Edom e Bozra (Jordânia). Tão grande será o morticínio que o sangue subirá a uma altura de 1,2m nos vales, por trezentos e vinte quilômetros. Será a ocasião quando a terra se embriagará de sangue (Isaías 34.7-8).
No capítulo 15 temos um prelúdio ao terrível quinto acontecimento nos dias da sétima trombeta, o juízo das sete taças, completando a ira de Deus sobre a humanidade rebelde. Ele se realizará, portanto, ao fim do período da tribulação.
João descreve os sete anjos com as últimas sete pragas como sendo um sinal grande e admirável . A palavra sinal parece indicar que o que ele viu foi um símbolo sobrenatural da ira de Deus. Esses anjos são mensageiros dando cumprimento aos propósitos divinos.
João olha novamente para o que se assemelhava a um mar de vidro, mas dessa vez estava mesclado de fogo: o fogo na Bíblia é geralmente um símbolo de juízo (Deuteronômio 32.22, etc.). É portanto apropriado que o mar de vidro que se encontra diante do trono de Deus espelhe nessa ocasião o fogo do juízo e ira de Deus.
Os santos martirizados na segunda parte da tribulação, saindo vitoriosos das tentativas feitas pela besta e os seus asseclas para submetê-los ao seu domínio, se acham em pé no mar de vidro, tendo harpas de Deus e cantam duas canções:
O cântico de Moisés: encontramos duas canções de Moisés na Bíblia (Êxodo 15.18 e Deuteronômio 32.1-43), ambas as quais têm como tema o julgamento de Deus sobre os Seus inimigos, e a libertação do Seu povo, Israel.
O cântico do Cordeiro: uma canção nova, possivelmente o novo cântico entoado no céu depois que Ele tomou o livro de sete selos (Apocalipse 5.9-13). Celebra a libertação do mundo do poder de Satanás e das suas hostes malignas.
O cântico dos versículos 3 e 4 contém um pouco da segunda canção de Moisés, mas o resto é diferente. É uma canção de louvor a Deus pelos seus atos de justiça, que envolvem também o juízo a vir sobre os algozes desses cantores. Os atos de justiça demonstram a Sua santidade, e levarão todas as nações a temer, glorificar e adorar a Deus.
A entrada ao tabernáculo do testemunho, ou santo dos santos, do templo no céu, foi aberta a todos os crentes mediante o sangue de Cristo (Hebreus 10:19-22). Como nos tempos do Velho Testamento, ele representa a presença de Deus entre o Seu povo.
João agora vê os sete anjos com os sete flagelos: flagelo é a tradução de uma palavra grega cujo sentido literal é golpe, a ferida causada por um chicote, figura de uma praga. Os flagelos são o castigo das últimas sete pragas dirigidas à besta e aos seus seguidores.
A vestimenta dos anjos, de linho puro e resplandecente, nos lembra o anjo visto pelo centurião Cornélio, e os dois homens com vestes resplandecentes ao lado do túmulo depois da Ressurreição do Senhor (Lucas 24:4, Atos 10:30), indicando que são mensageiros de Deus; as cintas de ouro se referem à dignidade e autoridade que lhes foram dadas para executar o julgamento mediante o qual Deus será glorificado.
Eles saíam do templo, e o templo se encheu da fumaça da glória de Deus - a manifestação visível aos olhos humanos da presença de Deus entre eles: ninguém mais podia entrar enquanto os sete flagelos não se cumprissem. É possível entender por essa proibição que nenhuma intercessão sacerdotal por eles ou para adiar o seu julgamento será permitida.
As sete taças de ouro estão cheias da cólera de Deus, e são entregues aos sete anjos por um dos quatro seres viventes (querubim) que estão no meio e ao redor do trono de Deus (capítulo 4:8).
14 E olhei, e eis uma nuvem branca e, assentado sobre a nuvem, um semelhante ao Filho do Homem, que tinha sobre a cabeça uma coroa de ouro e, na mão, uma foice aguda.
15 E outro anjo saiu do templo, clamando com grande voz ao que estava assentado sobre a nuvem: Lança a tua foice e sega! É já vinda a hora de segar, porque já a seara da terra está madura!
16 E aquele que estava assentado sobre a nuvem meteu a sua foice à terra, e a terra foi segada.
17 E saiu do templo, que está no céu, outro anjo, o qual também tinha uma foice aguda.
18 E saiu do altar outro anjo, que tinha poder sobre o fogo, e clamou com grande voz ao que tinha a foice aguda, dizendo: Lança a tua foice aguda e vindima os cachos da vinha da terra, porque já as suas uvas estão maduras!
19 E o anjo meteu a sua foice à terra, e vindimou as uvas da vinha da terra, e lançou-as no grande lagar da ira de Deus.
20 E o lagar foi pisado fora da cidade, e saiu sangue do lagar até aos freios dos cavalos, pelo espaço de mil e seiscentos estádios.
1 E vi outro grande e admirável sinal no céu: sete anjos que tinham as sete últimas pragas, porque nelas é consumada a ira de Deus.
2 E vi um como mar de vidro misturado com fogo e também os que saíram vitoriosos da besta, e da sua imagem, e do seu sinal, e do número do seu nome, que estavam junto ao mar de vidro e tinham as harpas de Deus.
3 E cantavam o cântico de Moisés, servo de Deus, e o cântico do Cordeiro, dizendo: Grandes e maravilhosas são as tuas obras, Senhor, Deus Todo-poderoso! Justos e verdadeiros são os teus caminhos, ó Rei dos santos!
4 Quem te não temerá, ó Senhor, e não magnificará o teu nome? Porque só tu és santo; por isso, todas as nações virão e se prostrarão diante de ti, porque os teus juízos são manifestos.
5 E, depois disto, olhei, e eis que o templo do tabernáculo do testemunho se abriu no céu.
6 E os sete anjos que tinham as sete pragas saíram do templo, vestidos de linho puro e resplandecente e cingidos com cintos de ouro pelo peito.
7 E um dos quatro animais deu aos sete anjos sete salvas de ouro, cheias da ira de Deus, que vive para todo o sempre.
8 E o templo encheu-se com a fumaça da glória de Deus e do seu poder; e ninguém podia entrar no templo, até que se consumassem as sete pragas dos sete anjos.
APOCALIPSE capítulo 14:14 a 15:8