Este capítulo começa com as palavras "depois destas cousas", indicando que está seguindo uma seqüência: o que está para ser revelado a partir daqui acontecerá depois dos sete estágios da era em que a Igreja de Cristo está se completando, representados pelas cartas às sete igrejas, as "coisas que são" (1:19). O fim desta era, quando os mortos e vivos da Igreja forem arrebatados para estar com Cristo, é também chamado a plenitude dos gentios (Romanos 11:25), pondo um fim ao intervalo entre a 69a. e 70a. "semanas" de anos profetizados em Daniel 9:26, e dará início à septuagésima e última "semana" dos tempos dos gentios (Lucas 21:24).
Os capítulos 4 e 5 são uma introdução a este último período de sete anos, também chamado A Tribulação. Do capítulo 6 a 18 temos uma descrição detalhada desse período, quando não há menção da Igreja, porque ela estará com o Senhor Jesus; durante esses sete anos Deus vai despejar a sua ira sobre a humanidade desobediente, e novamente tratar com a nação de Israel, dando cumprimento às antigas profecias do Velho Testamento; é por isso que novamente encontramos nestes capítulos muitos dos símbolos usados no Velho Testamento, como o tabernáculo, a arca do concerto, o altar, o incenso, os anciãos, os querubins, os selos, as trombetas, as pragas, etc.
Em sua visão, João ouviu uma voz como de trombeta chamando-o para o céu através de uma porta. Isto nos lembra do soar da última trombeta (1 Coríntios 15:52) - como a última trombeta das sete que convocavam o povo de Israel para a marcha através do deserto (Números 10) - que é a última chamada de Cristo ao Seu rebanho, quando a Igreja será instantaneamente arrebatada por Cristo, a porta (João 10:7,9).
A cena sobrenatural que se abriu diante dos olhos de João é descrita por ele em termos de coisas terrestres que conhecemos, única maneira em que as poderíamos entender:
O aspecto daquele que se achava assentado sobre o trono era como pedra de jaspe e de sardônio: os mais entendidos nos esclarecem que essas duas pedras são o brilhante e o rubi. Elas têm um brilho fulgurante mesmo quando muito pequenas, portanto não é difícil imaginar o intenso esplendor da glória de Deus ali presente.
o arco-íris ao redor do trono se assemelhava a uma esmeralda: um arco-íris se compõe de sete cores, logo a semelhança diz respeito não à cor, mas à consistência da esmeralda, de várias camadas (Ezequiel 1:28).
do trono saiam relâmpagos, vozes e trovões: uma indicação do poder e da autoridade suprema de Deus, e do juízo que estava para vir.
as sete tochas de fogo que são os sete espíritos de Deus: indicação que o Espírito Santo não se encontrava mais na terra, onde antes estava com a Igreja, seu templo.
um como que mar de vidro, semelhante ao cristal: compreende-se melhor quando nos lembramos que quando isto foi escrito o vidro era imperfeito e opaco; para ser como cristal tinha que ser perfeitamente liso e transparente, o que nos fala de santidade e pureza. No templo de Salomão havia um mar de fundição de bronze em frente à arca da aliança (que representava a presença de Deus), cheio de água para a purificação dos sacerdotes (1 Reis 7:23-45).
os quatro seres viventes são criaturas celestiais, querubins (Ezequiel 1:4-25, 10:15-22, Isaias 6:1-4). Sua função é servir na presença de Deus, e preservar a sua santidade (Gênesis 3:24, Êxodo 25:18-22, Ezequiel 28:14,16). Diferem entre si, ou talvez haja diferentes grupos deles. Quando Israel marchava pelo deserto, a arca do concerto estava no centro, a tribo de Judá (tendo por símbolo um leão) ficava ao seu lado no leste, Efraim (novilho) no oeste, Rúben (homem) no sul e Dã (águia) no norte, sem dúvida figuras das criaturas celestes que cercam o trono de Deus.
os vinte e quatro anciãos são elucidados em 1 Crônicas 24:3-18: como havia muitos sacerdotes nos tempos de Davi, ele os dividiu em 24 grupos, cada um servindo por duas semanas no templo de cada vez, em rodízio, cada grupo sendo assim representante de todos os sacerdotes; os anciãos eram líderes, e representantes, dos grupos dentro de cada tribo dos judeus (Esdras 10:8); as vestiduras brancas são um símbolo de salvação (Isaías 61:10, Apocalipse 3:4,5,18); os tronos serão dados aos redimidos em Cristo (Mateus 19:28, Apocalipse 3:21, e são previstos em Daniel 7:9), e eles também receberão coroas, das quais cinco são mencionadas na Bíblia:
a coroa incorruptível (1 Coríntios 9:25-27)
a coroa da vida (Apocalipse 2:10)
a coroa da glória (1 Pedro 5:4)
a coroa da justiça (2 Timóteo 4:8)
a coroa da exultação (1 Tessalonicenses 2:19)
Com tudo isto, concluímos que os 24 anciãos eram os representantes da igreja arrebatada.
1 Depois destas coisas, olhei, e eis que estava uma porta aberta no céu; e a primeira voz, que como de trombeta ouvira falar comigo, disse: Sobe aqui, e mostrar-te-ei as coisas que depois destas devem acontecer.
2 E logo fui arrebatado em espírito, e eis que um trono estava posto no céu, e um assentado sobre o trono.
3 E o que estava assentado era, na aparência, semelhante à pedra de jaspe e de sardônica; e o arco celeste estava ao redor do trono e era semelhante à esmeralda.
4 E ao redor do trono havia vinte e quatro tronos; e vi assentados sobre os tronos vinte e quatro anciãos vestidos de vestes brancas; e tinham sobre a cabeça coroas de ouro.
5 E do trono saíam relâmpagos, e trovões, e vozes; e diante do trono ardiam sete lâmpadas de fogo, as quais são os sete Espíritos de Deus.
6 E havia diante do trono um como mar de vidro, semelhante ao cristal, e, no meio do trono e ao redor do trono, quatro animais cheios de olhos por diante e por detrás.
7 E o primeiro animal era semelhante a um leão; e o segundo animal, semelhante a um bezerro; e tinha o terceiro animal o rosto como de homem; e o quarto animal era semelhante a uma águia voando.
8 E os quatro animais tinham, cada um, respectivamente, seis asas e, ao redor e por dentro, estavam cheios de olhos; e não descansam nem de dia nem de noite, dizendo: Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus, o Todo-poderoso, que era, e que é, e que há de vir.
9 E, quando os animais davam glória, e honra, e ações de graças ao que estava assentado sobre o trono, ao que vive para todo o sempre,
10 os vinte e quatro anciãos prostravam-se diante do que estava assentado sobre o trono, adoravam o que vive para todo o sempre e lançavam as suas coroas diante do trono, dizendo:
11 Digno és, Senhor, de receber glória, e honra, e poder, porque tu criaste todas as coisas, e por tua vontade são e foram criadas.
APOCALIPSE 4