Notamos que esta festa é chamada aqui de Páscoa dos judeus. Não é mais a Páscoa do Senhor (Êxodo 12:27). É reduzida a uma festa religiosa judia, um ritual para celebrar. Aquele de quem a Páscoa fala já veio . ". . . Porque Cristo, nossa páscoa, já foi sacrificado " (1 Coríntios 5:7).
A celebração da Páscoa era feita anualmente no templo em Jerusalém. Todos os homens precisavam ir a Jerusalém três vezes por ano, para celebrar esta festa, a festa de Pentecostes, e a festa dos Tabernáculos. A Páscoa coincidia aproximadamente com nosso 14 de abril e durava uma semana: a Páscoa no primeiro dia e a festa dos Pães Asmos durante o resto da semana. A semana inteira comemorava o livramento dos judeus da escravidão no Egito (Êxodo 12:1-13).
Muitas famílias judias viajariam do mundo inteiro para Jerusalém durante estas festas fundamentais, assim a área do templo sempre ficava abarrotada durante a Páscoa com milhares de celebrantes forasteiros.
Todo israelita de vinte anos para cima devia pagar na tesouraria do templo meio siclo anualmente como oferta ao Senhor (Êxodo 30:13-15), e isto com a exata moeda de meio siclo hebraico. Era exigido também das pessoas que oferecessem animais como sacrifício pelos pecados. Por causa da longa viagem, muitos não podiam trazer seus próprios animais, ou seriam rejeitados por causa de imperfeições decorrentes da viagem.
Os líderes religiosos permitiam que cambistas e comerciantes montassem bancas no pátio dos gentios, para a conveniência dos que compareciam, mediante uma taxa para ajudar na manutenção de templo. Os comerciantes e os cambistas faziam um negócio lucrativo no pátio de templo, às custas dos que usavam seus serviços. O templo de Deus estava sendo usado mal pois predominavam a perseguição do ganho material e as práticas cobiçosas. A Casa do Senhor, que deveria ser casa de sacrifício (2 Crônicas 7:12) e casa de oração (Isaías 56:7) tinha se tornado em casa de negócio, uma feira.
Jesus estava obviamente irado com isto, e, preparando um chicote de cordas, expeliu os comerciantes e cambistas, pois estavam escarnecendo da casa de Deus. Uma segunda purificação foi feita por Ele ao término do Seu ministério, aproximadamente três anos depois (Mateus 21:12-17; Marcos 11: 12-19; Lucas 19:45-48): o motivo de lucro voltou a ser maior do que o desejo daquela gente de manter o templo santo para o SENHOR.
Os discípulos se lembraram do versículo 9 do Salmo 69. Este salmo é citado dezessete vezes no Novo Testamento sendo um dos seis salmos mais citados ali. É citado novamente em João 15:25 e João 19:28-29. Os outros salmos que freqüentemente são citados são Salmos 2, 22, 89, 110 e Salmo 118.
Os judeus protestaram e quiseram que Jesus lhes mostrasse um sinal de autoridade para agir daquela forma no templo. Ele lhes disse “Derribai este santuário e em três dias o reedificarei”.
Eles entenderam que Jesus se referia ao templo em que estavam, construido por Zerubabel cinco séculos antes, e que agora estava sendo remodelado pelos Herodes, fazendo-o muito maior e mais bonito. Fazia 46 anos desde que a reforma tinha começado (20 AC), e não foi terminado completamente até 65 DC; 5 anos depois foi totalmente destruído pelos romanos, como predito por Cristo (Luke 19:41-44). Eles pensavam que Ele estava dizendo que este edifício imponente podia ser demolido e reconstruído em três dias, o que os assustou. Eles se lembraram do que Ele disse e usaram Suas palavras como prova de blasfêmia no julgamento feito pelo sumo sacerdote (Mateus 26:61).
Mas a palavra que Ele usou, traduzida como “derribai”, é " luo" que significa “desamarrar” e a palavra traduzida como “santuário” no versículo 19 e repetida pelos judeus no versículo 20 é “naos” que se refere ao santuário interno do templo. Nos versículos 14 e 15, a palavra traduzida como “templo” é “hieron” que significa o edifício inteiro: era o pátio exterior que tinha sido poluído e precisava de purificação, não o santuário interno.
O palavra “naos” é usada em 1 Coríntios 6:19, onde lemos que o corpo do cristão é santuário do Espírito Santo. A palavra traduzida “levantarás” é “egeiro”, e é traduzida como “despertardes do sono” em Romanos 13:11. Também é traduzida como “levantar (dos mortos)” em outros lugares (Atos 26:8, 2 Coríntios 4:14, Hebreus 11: 19).
Portanto, ao dizer: “Derribai este santuário e em três dias o reedificarei”, Ele se referia a "desamarrar" pela morte o seu espírito do seu corpo humano e levantar com vida o Seu corpo morto depois de três dias (Mateus 12:39-41, 16:4). Assim como os judeus, os Seus discípulos também não entenderam até a Sua ressurreição, quando então se lembraram do que Ele havia dito, pois se cumpriu ao pé da letra. Os Seus ouvintes não sabiam que Ele era maior do que o templo (Mateus 12:6). O fato desta Sua predição ter se cumprido tão fielmente foi uma das provas mais convincentes que Ele era Deus, como dissera.
Durante a festa, o Senhor fez sinais milagrosos que foram vistos por muitas pessoas e assim creram no Seu nome. Mas não era fé salvadora: eles somente acenavam com a cabeça em consentimento às maravilhas que eles viam.
Embora acreditassem n’Ele, por causa do que testemunhavam, essas pessoas não mereceram a confiança de Jesus: Ele conhecia a natureza humana (Jeremias 17:9), e sabia que a sua fé era superficial. Muitas dessas mesmas pessoas que diziam crer em Jesus naquele momento gritariam três anos mais tarde "Crucifique-O!" É fácil crer quando é algo entusiasmador e todo o mundo em volta crê também.
Mesmo hoje muitos que dizem que creem em Jesus Cristo não vão além de simplesmente acreditar nos fatos do evangelho. A não ser que confiem no Senhor Jesus como o Seu Salvador que morreu pelos seus pecados, sendo crucificado para a sua justificação, sendo Ele a única esperança de salvação da condenação eterna pelos seus pecados, estão dispostos a declarar sua fidelidade a Ele e mesmo arriscar a morte nas mãos dos Seus inimigos, eles não possuem a fé salvadora.
12 Depois disso desceu a Cafarnaum, ele, sua mãe, seus irmãos, e seus discípulos; e ficaram ali não muitos dias.
13 Estando próxima a páscoa dos judeus, Jesus subiu a Jerusalém.
14 E achou no templo os que vendiam bois, ovelhas e pombas, e também os cambistas ali sentados;
15 e tendo feito um azorrague de cordas, lançou todos fora do templo, bem como as ovelhas e os bois; e espalhou o dinheiro dos cambistas, e virou-lhes as mesas;
16 e disse aos que vendiam as pombas: Tirai daqui estas coisas; não façais da casa de meu Pai casa de negócio.
17 Lembraram-se então os seus discípulos de que está escrito: O zelo da tua casa me devorará.
18 Protestaram, pois, os judeus, perguntando-lhe: Que sinal de autoridade nos mostras, uma vez que fazes isto?
19 Respondeu-lhes Jesus: Derribai este santuário, e em três dias o levantarei.
20 Disseram, pois, os judeus: Em quarenta e seis anos foi edificado este santuário, e tu o levantarás em três dias?
21 Mas ele falava do santuário do seu corpo.
22 Quando, pois ressurgiu dentre os mortos, seus discípulos se lembraram de que dissera isto, e creram na Escritura, e na palavra que Jesus havia dito.
23 Ora, estando ele em Jerusalém pela festa da páscoa, muitos, vendo os sinais que fazia, creram no seu nome.
24 Mas o próprio Jesus não confiava a eles, porque os conhecia a todos,
25 e não necessitava de que alguém lhe desse testemunho do homem, pois bem sabia o que havia no homem.
Evangelho de João, capítulo 2, versículos 12 a 25