Os apóstolos Pedro e João, soltos pelo Sinédrio sob ameaças de represálias se "falassem ou ensinassem em nome de Jesus", voltaram para os seus companheiros cristãos que formavam a igreja de Jerusalém, e contaram tudo o que os chefes dos sacerdotes e os líderes religiosos lhes haviam dito. A comunhão com seus irmãos na fé era o caminho seguro para conseguir o conforto e o encorajamento de que precisavam para prosseguir.
Ao ouvir o que Pedro e João lhes contaram, todos clamaram unanimemente a Deus: Isto significa que todos estavam plenamente de acordo com o teor do que foi dito. Entendemos que haveria liderança na oração, com a qual todos concordaram. Talvez, como em nossos dias, diziam "amém".
A oração foi dirigida ao "Senhor", na tradução de Almeida, mas provém do grego "despota" normalmente o tratamento dado pelos escravos ao seu senhor: tal era o grau de submissão em que aqueles primeiros cristãos se colocaram diante de Deus.
O Senhor Jesus nos ensinou a nos dirigirmos a Deus como "Nosso Pai" (Mateus 6:9, etc.) e é ao Pai que devemos dirigir as nossas orações e ações de graças em nome de nosso Senhor Jesus Cristo (João 16:23, Efésios 5:20, etc.).
Reconhecendo que Deus criara todas as coisas, em sua oração eles citaram um texto tirado de um dos Salmos (Salmo 2:1,2), uma profecia que será cumprida quando Cristo vier para o Seu reino na terra: Ele terá que enfrentar a oposição que lhe será feita pelos reis e autoridades do mundo.
Citaram o texto porque viram que a situação em que se encontravam era semelhante: o rei Herodes e o governador Pôncio Pilatos (as autoridades) se reuniram com os gentios e com o povo de Israel para conspirar contra o "santo servo" de Deus, Jesus, por Ele ungido.
Observaram que o que esses inimigos haviam feito estava em conformidade com os planos de Deus: era justamente o que Ele havia determinado de antemão que haveria de acontecer. Em sua aliança para destruir o Senhor Jesus, os seus inimigos involuntariamente promoveram a Sua glória, assim ficando manifesto o supremo domínio de Deus sobre tudo.
Fizeram três pedidos a Deus:
a) Que olhasse para as ameaças daqueles inimigos: queriam que Deus tomasse as providências necessárias contra eles. Submissamente não lhe disseram o que queriam que fizesse contra eles, mas deixaram em Suas sábias mãos.
b) Que permitisse aos Seus servos falar a Sua palavra com toda a intrepidez: pregar o Evangelho era o seu objetivo principal, acima da sua segurança pessoal, e precisavam de grande coragem para fazê-lo nas circunstâncias em que agora se encontravam.
c) Que estendesse a Sua mão para curar e fazer sinais e maravilhas por meio do nome do Seu santo servo Jesus. Era Deus que operava os milagres através dos apóstolos, em nome do Senhor Jesus, e com isso Ele lhes dava autenticidade perante o povo. Não podiam fazê-lo pela sua própria vontade, por isso pediam que Deus continuasse a operá-los. A construção da frase também permite entender que pediam que Deus lhes desse sinais como prova que os tinha ouvido, a fim de terem toda a intrepidez na pregação do Evangelho (mesmo tendo que enfrentar a morte).
Assim que terminaram a oração, o lugar em que se encontravam tremeu, como um pequeno terremoto. Evidentemente não o tomaram como sendo uma coincidência, pois todos ficaram cheios do Espírito Santo (provando obediência ao Senhor, o andar em Sua luz, e submissão a Ele), e passaram a anunciar corajosamente a palavra de Deus – exatamente o que haviam pedido em sua oração.
É de se notar que encontramos sete referências neste livro a casos em que homens foram enchidos pelo Espírito Santo, e o foram para as seguintes finalidades:
Em seguida encontramos uma notável descrição da transformação que se operava nos que criam no Senhor Jesus Cristo, e era já uma multidão considerável, haja vista os cinco mil homens mencionados no versículo 4.
Da multidão dos que criam, era um só o coração e uma só a alma – uma tradução mais próxima do original é: "havia um coração e uma alma na multidão daqueles que criam".
A uniformidade, ou harmonia, nos seus pensamentos e afeições decorria da proximidade da fonte do seu ensino, que eram os apóstolos que haviam convivido com o Senhor Jesus, do seu desejo de seguir fielmente o que Ele havia ensinado, do verdadeiro senso de irmandade pois pertenciam a uma família em que eram todos filhos adotivos de Deus e, sobre tudo, a direção do Espírito Santo em suas vidas. Amavam realmente aos seus irmãos como a si mesmos.
Sempre haverá diferenças de opinião entre os membros de uma igreja, mas o amor mútuo e a unidade espiritual são essenciais, expressos pela lealdade, dedicação e o amor de Deus e a obediência à sua Palavra.
O amor não deve ser apenas teórico, mas prático. Naquela igreja os irmãos não se consideravam os únicos proprietários daquilo que possuíam, mas se dispunham a compartilhar tudo que fosse preciso com os irmãos necessitados. Era um altruísmo totalmente voluntário, pois não havia algum mandamento que os obrigasse a fazê-lo.
Os apóstolos continuavam a testemunhar da ressurreição do Senhor Jesus com grande poder, a despeito da proibição que lhes fora feita pelas autoridades, tendo Deus assim respondido à oração que lhe fora feita.
A mensagem da ressurreição era e ainda é vital para persuadir o incrédulo da realidade da vida eterna. Como declarou o apóstolo Paulo: "Porque, se os mortos não são ressuscitados, também Cristo não foi ressuscitado. E, se Cristo não foi ressuscitado, é vã a vossa fé, e ainda estais nos vossos pecados. Logo, também os que dormiram em Cristo estão perdidos. Se é só para esta vida que esperamos em Cristo, somos de todos os homens os mais dignos de lástima" (1 Coríntios 15:16-19).
Os apóstolos eram testemunhas vivas de que Ele havia ressuscitado, garantindo assim que a morte não é o fim, apenas um estágio em que o espírito deixa o corpo, mas continua em existência.
O espírito de Cristo voltou ao seu corpo, que não havia se corrompido, mas foi transformado adquirindo propriedades superiores. Todos os mortos também serão ressuscitados, alguns para a vida eterna, e outros para a vergonha e desprezo eterno (Daniel 12:2).
Deus concedeu a todos grandiosa graça, para dar o Seu testemunho e para viver nos Seus caminhos. Para o bem comum, os que possuíam terras ou casas as vendiam, traziam o produto da venda aos apóstolos, que o distribuiam conforme a necessidade de cada um.
Um destes foi um levita de Chipre, cujo nome era José mas foi apelidado Barnabé, que significa "encorajador". Dele lemos mais tarde neste livro, como serviu aos apóstolos e às igrejas nascentes. Tendo ele um campo, vendeu-o e entregou o produto da venda aos apóstolos.
23 E soltos eles, foram para os seus, e contaram tudo o que lhes haviam dito os principais sacerdotes e os anciãos.
24 Ao ouvirem isto, levantaram unanimemente a voz a Deus e disseram: Senhor, tu que fizeste o céu, a terra, o mar, e tudo o que neles há;
25 que pelo Espírito Santo, por boca de nosso pai Davi, teu servo, disseste: Por que se enfureceram os gentios, e os povos imaginaram coisas vãs?
26 Levantaram-se os reis da terra, e as autoridades ajuntaram-se à uma, contra o Senhor e contra o seu Ungido.
27 Porque verdadeiramente se ajuntaram, nesta cidade, contra o teu santo Servo Jesus, ao qual ungiste, não só Herodes, mas também Pôncio Pilatos com os gentios e os povos de Israel;
28 para fazerem tudo o que a tua mão e o teu conselho predeterminaram que se fizesse.
29 Agora pois, ó Senhor, olha para as suas ameaças, e concede aos teus servos que falam com toda a intrepidez a tua palavra,
30 enquanto estendes a mão para curar e para que se façam sinais e prodígios pelo nome de teu santo Servo Jesus.
31 E, tendo eles orado, tremeu o lugar em que estavam reunidos; e todos foram cheios do Espírito Santo, e anunciavam com intrepidez a palavra de Deus.
32 Da multidão dos que criam, era um só o coração e uma só a alma, e ninguém dizia que coisa alguma das que possuía era sua própria, mas todas as coisas lhes eram comuns.
33 Com grande poder os apóstolos davam testemunho da ressurreição do Senhor Jesus, e em todos eles havia abundante graça.
34 Pois não havia entre eles necessitado algum; porque todos os que possuíam terras ou casas, vendendo-as, traziam o preço do que vendiam e o depositavam aos pés dos apóstolos.
35 E se repartia a qualquer um que tivesse necessidade.
37 então José, cognominado pelos apóstolos Barnabé (que quer dizer, filho de consolação), levita, natural de Chipre,
37 possuindo um campo, vendeu-o, trouxe o preço e o depositou aos pés dos apóstolos.
Atos capítulo 4, versículos 23 a 37