Porque os líderes dos judeus eram preconceituosos, eles não podiam admitir que o Senhor Jesus fosse pessoa enviada de Deus, pois tinham mentes mundanas e não quiseram entender a mensagem d'Ele. O Senhor lhes disse que O identificariam claramente quando O levantassem: “o Filho de Homem” é uma referência à profecia de Daniel onde viu em uma visão Um como o Filho de Homem, vindo com as nuvens de céu! Ele veio ao Ancião de Dias e O trouxeram diante d'Ele. Então a Ele foi designado o domínio, a glória e um reino para que todos os povos, nações e línguas O servissem. O Seu domínio é um domínio perpétuo que não terminará e o Seu reino o que não será destruído (Daniel 7:13-14).
Eles sabiam que o Filho do Homem era o Messias.
Jesus estava se referindo aqui à Sua crucificação - “levantar” é um verbo usado algumas vezes neste Evangelho para referir-se a isso (capítulos 3:14, 12:32,34). Depois da Sua morte e ressurreição, muitos destes líderes religiosos creram e foram salvos.
No entanto a visão de Daniel contempla o tempo quando Ele vai voltar ao mundo para assumir o Seu reino, quando todos os que o traspassaram O verão (Apocalipse 1:7). Novamente o Senhor Jesus reivindicou que não estava inventando tudo isso, mas que estava simplesmente dizendo o que havia aprendido do Pai, e fazendo o que agradava o Seu Pai. Isto O distinguia dos rabinos.
Muitos dos judeus então chegaram a crer, pelo menos superficialmente (capítulo 2:23-25), mas a tensão era aguda e o Senhor procedeu a testar a fé destes crentes novos de entre os fariseus. Eles creram (capítulo 6:30) nas declarações que fez sobre ser o Messias dentro da sua própria interpretação (capítulo 6:15), mas não se confiaram a Ele. Então Jesus deixou bem claro que a sua sinceridade seria provada com sua lealdade ao Seu ensino.
Semelhantemente, aceitamos também os membros da igreja mediante a sua profissão de fé em Cristo. A sua permanência na obediência à Palavra provará a sua fé. É o teste decisivo do verdadeiro crente. A fé por si só salva, mas a fé que salva não está sozinha: ela produz fruto. Depois que uma pessoa crê no Senhor Jesus Cristo, ela quererá "continuar na Sua Palavra". Uma pessoa que é ativa na igreja mas não se interessa pelo estudo da Palavra do Senhor é perigosa para uma igreja.
A verdade é uma das marcas de Cristo (capítulo 1:14) e Ele reivindicou ser a personificação da verdade (capítulo 14:6). É só mediante conhecê-lo como o “Grande Eu Sou” que podemos obter:
liberdade da escravidão do pecado (Romanos 8:2). Esta liberdade é ganha só por Cristo e nós somos santificados em verdade (capítulo 17:19).
liberdade (intelectual, moral, espiritual). Esta só é atingível quando somos libertados da escuridão, do pecado, da ignorância, da superstição e deixamos a Luz do Mundo brilhar sobre nós e dentro de nós.
liberdade da escravidão da lei (Romanos 6:18; Gálatas 5:1).
O orgulho dos judeus de serem fisicamente os descendentes de Abraão era provavelmente justificado, mas vieram a confiar somente na mera descendência física (Mateus 3:9); Deus portanto fez dos judeus e dos gentios que n'Ele confiam filhos espirituais de Abraão (Mateus 3:7; Romanos 9:6).
A declaração que fizeram de nunca terem sido escravos de ninguém era absolutamente falsa. Naquele mesmo momento os judeus estavam sob o jugo romano, assim como já tinham estado debaixo do jugo do Egito, da Assíria, da Babilônia, da Pérsia e da Grécia (Macedônia). Também não entenderam o significado da libertação pela verdade.
“Todo aquele que comete pecado é escravo do pecado” está no presente do indicativo. Pecar, como o pior narcótico, faz-se um vício (dai o problema atual para os criminologistas, pois os criminosos libertados ou perdoados quase sempre voltam para o crime - são escravos dele). “Não sabeis que daquele a quem vos apresentais como servos para lhe obedecer, sois servos desse mesmo a quem obedeceis, seja do pecado para a morte, ou da obediência para a justiça?” (Romanos 6:16).
Então o Senhor mudou a metáfora e fez um contraste entre as posições do filho e do escravo em casa (veja Hebreus 3:5 ,6 e Gálatas 4:30):
o escravo não tem qualquer direito de permanência e pode ser expulso a qualquer momento: assim eram estes líderes, que estavam servindo no templo naqueles dias, pois foram afastados quando o templo for destruído por Tito em 70 DC.
o filho é o herdeiro e tem um lugar permanente: como Filho de Deus, Ele desfruta a presença de Deus por toda a eternidade.
Como Filho, Ele tem o poder e autoridade para realmente libertar os escravos do pecado. Somos libertados do domínio de pecado e não deveríamos aceitar derrota ou fracasso como se fossem uma experiência cristã normal. Estamos destinados a viver para Cristo pelo poder do Espírito Santo. Mas essa liberdade espiritual estava além da compreensão ou desejo destes judeus.
Como na recente festa (capítulo 7:20, 25, 30, 32; 8:20), alguns destes que haviam se declarados crentes na Sua identidade de Messias começaram agora a vê-lo com maus olhos e a insuflar-se com furor assassino pelo que Ele acabava de dizer. Já não tinham mais ouvidos para a Sua palavra (versículo 31) quando descobriram o aspecto espiritual da Sua mensagem, como também os discípulos na Galiléia (capítulo 6:60-66).
Voltando ao assunto dos seus ancestrais, com respeito a serem descendentes de Abraão, o Senhor comparou as Suas palavras, que comunicavam o que havia visto com o Seu Pai, com o ódio mortal deles que haviam aprendido do pai deles.
Eles viram a implicação do que Ele dizia e tentaram apagá-la repetindo a reivindicação de serem descendentes de Abraão; mas Ele se opôs dizendo que as ações deles desmentiam a filiação que declaravam, pois se fosse a verdade, eles fariam as obras de Abraão: eles queriam matá-lo por ter falado a verdade que vem de Deus, mas Abraão não fez tal coisa. O contraste, "Bem sei que sois descendência de Abraão” com "Se sois filhos de Abraão, fazei as obras de Abraão”, diz respeito à descendência natural e à posteridade espiritual de Abraão. Todos os judeus legítimos de raça são os primeiros; todos os que são da fé, sejam judeus ou gentios, são os últimos (Romanos 9:6-8; Gálatas 3:6-14).
Um velho ditado ensina “tal pai, tal o filho”: "Vós fazeis as obras de vosso pai” (que não é nem Abraão nem Deus como o Senhor Jesus claramente indica). Os judeus então contestaram orgulhosamente: "Nós não somos filhos ilegítimos. O único Pai que temos é Deus” em resposta direta a essa implicação (versículo 38) que Deus não era o seu Pai espiritual (Deuteronômio 23:2).
O Senhor Jesus fez uma distinção entre os filhos hereditários e os verdadeiros. Os líderes religiosos eram filhos hereditários de Abraão e por isso declaravam ser filhos de Deus, mas as intenções assassinas deles mostravam que eram filhos do diabo: ele foi um assassino desde o princípio (foi ele que fez o homem pecar, trazendo a morte sobre a humanidade), um mentiroso e o pai dos mentirosos (foi mentindo que fez Eva pecar).
Esses judeus não acreditaram n'Ele quando contou a verdade, levados por teimosia, orgulho e preconceitos que os impediram de realmente crer no Senhor, e assim fazendo o que o diabo desejava. Eles foram as ferramentas do diabo levando a cabo os seus planos; falavam a mesma linguagem de mentiras. Satanás ainda usa pessoas para obstruir o trabalho de Deus (Gênesis 4:8; Romanos 5:12; 1 João 3:12).
Ninguém poderia acusar Jesus de um único pecado. As pessoas que o odiavam e queriam a Sua morte examinaram cuidadosamente o Seu comportamento e não puderam achar nada de errado. Jesus provou que era Deus em carne pela Sua vida sem pecado e as pessoas piedosas ouvem o que Ele tem a dizer.
27 Eles não perceberam que lhes falava do Pai.
28 Prosseguiu, pois, Jesus: Quando tiverdes levantado o Filho do homem, então conhecereis que eu sou, e que nada faço de mim mesmo; mas como o Pai me ensinou, assim falo.
29: E aquele que me enviou está comigo; não me tem deixado só; porque faço sempre o que é do seu agrado.
30 Falando ele estas coisas, muitos creram nele.
31 Dizia, pois, Jesus aos judeus que nele creram: Se vós permanecerdes na minha palavra, verdadeiramente sois meus discípulos;
32 e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.
33 Responderam-lhe: Somos descendentes de Abraão, e nunca fomos escravos de ninguém; como dizes tu: Sereis livres?
34 Replicou-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que todo aquele que comete pecado é escravo do pecado.
35 Ora, o escravo não fica para sempre na casa; o filho fica para sempre.
36 Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres.
7 Bem sei que sois descendência de Abraão; contudo, procurais matar-me, porque a minha palavra não encontra lugar em vós.
38 Eu falo do que vi junto de meu Pai; e vós fazeis o que também ouvistes de vosso pai.
39 Responderam-lhe: Nosso pai é Abraão. Disse-lhes Jesus: Se sois filhos de Abraão, fazei as obras de Abraão.
40 Mas agora procurais matar-me, a mim que vos falei a verdade que de Deus ouvi; isso Abraão não fez.
41 Vós fazeis as obras de vosso pai. Replicaram-lhe eles: Nós não somos nascidos de prostituição; temos um Pai, que é Deus.
42 Respondeu-lhes Jesus: Se Deus fosse o vosso Pai, vós me amaríeis, porque eu saí e vim de Deus; pois não vim de mim mesmo, mas ele me enviou.
43 Por que não compreendeis a minha linguagem? é porque não podeis ouvir a minha palavra.
44 Vós tendes por pai o Diabo, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai; ele é homicida desde o princípio, e nunca se firmou na verdade, porque nele não há verdade; quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio; porque é mentiroso, e pai da mentira.
45 Mas porque eu digo a verdade, não me credes.
46 Quem dentre vós me convence de pecado? Se digo a verdade, por que não me credes?
47 Quem é de Deus ouve as palavras de Deus; por isso vós não as ouvis, porque não sois de Deus.
Evangelho de João, capítulo 8, versículos 27 a 47