O Senhor Jesus sabia que estes discípulos em breve estariam a Sua presença. Ele os convidou para o Cenáculo a fim de prepará-los, e dar-lhes informações e instruções que transmitiriam, como Seus apóstolos, para o mundo no poder do Espírito Santo. A única forma em que Verdade podia ser dada ao mundo era através destes homens, porque Ele não tinha escrito livros para deixar atrás de Si. O Senhor lhes garantiu que o Espírito Santo, em Sua missão como Ajudador, lhes ensinaria todas as coisas e lhes traria à memória tudo que Ele lhes tinha dito.
O Espírito Santo conhece as profundas coisas de Deus, é o nosso Mestre e nos dá a mente de Cristo (1 Coríntios 2:10-16). É evidente que fez exatamente isto, pois João foi um daqueles homens, e escreveu este Evangelho para nós no poder do Espírito Santo, lembrando, como os outros, cada palavra que fora dita – uma realização praticamente impossível em termos humanos. Depois que Ele veio, os apóstolos foram capazes de lembrar e entender melhor o que o Senhor tinha dito (pareciam tolos às vezes, anteriormente) e a se disporem a receber novas revelações de Deus, como Pedro em Jope e Cesareia, e João em Patmos.
O Senhor Jesus lhes deu a Sua paz, e deixou-a com eles: o que nos recorda dos primeiros versículos do presente capítulo. A paz mencionada aqui é muito mais do que a paz dos pecados perdoados, é a paz gloriosa, maravilhosa que entra no coração daqueles que se entregam totalmente ao Senhor Jesus Cristo. É a paz do coração e mente daqueles que estão na vontade de Deus, e sabem que um belo futuro está sendo preparado para eles por um Salvador que os ama.
O Senhor disse que não deveriam se angustiar ou recear: tinham sido avisados antecipadamente que ele logo iria para o céu, mas também que voltaria novamente. Se realmente O amavam que já deviam ter se alegrado ao saber que ia ao Pai, que era maior do que Ele: esta não é uma distinção em natureza ou essência (capítulo 10:30), mas o relacionamento filiar faz que seja necessária esta distinção na hierarquia da Trindade. Sendo prevenidos, iriam acreditar quando viesse a acontecer.
Cristo sabia não teria muito mais tempo para falar com eles, pois em poucas horas Ele seria detido e os seus discípulos dispersos. Estava próxima a chegada do príncipe deste mundo: Ele iria lutar novamente com Satanás, e esta luta teve lugar no Jardim de Getsêmane. Mas Ele estava firmemente decidido a cumprir a missão que recebera do Pai: ir até o Calvário. Isto provou ao mundo que Ele amava o Pai (assim como os discípulos demonstrariam que O amavam ao cumprir os Seus mandamentos).
Neste momento, aparentemente, o grupo se levantou e saíram da sala entrando na escuridão da noite, e o resto da conversa (capítulos 15 e 16) e a oração (capítulo 17) se realizaram pelas sombras no caminho de Getsêmane. Vários comentaristas sugerem que naquela noite Ele passou pelo templo, seguindo a Lei como meticulosamente fazia, e viram os belos portões do templo, feitos de bronze e esculpidos neles se via uma videira dourada, simbolizando a nação Israel (Salmo 80:8, Isaías 5-9:1, 7, Jeremias 2:21, Oseias 10:1).
O Senhor então usou a videira como uma metáfora para Si, como sendo a videira messiânica verdadeira (oposto de uma falsificação). Os discípulos estavam acostumados com o antigo conceito de videira como um símbolo de Israel, mas agora Ele lhes disse que O vissem como sendo a verdadeira videira. Devemos nos identificar com Cristo! Estamos em Cristo mediante o batismo do Espírito Santo, no momento em que confiamos n’Ele como nosso Salvador e nascemos de novo como filhos de Deus. Como os discípulos em relação a Israel e a Lei, as lealdades nacionais e religiosas já não são mais de primeira relevância para o crente em Cristo.
Considerando que no Velho Testamento e nas parábolas Deus Pai é o proprietário da vinha, nesta nova metáfora Ele é o viticultor que cuida da Videira, o Senhor Jesus. Isto cumpre uma profecia do Velho Testamento segundo a qual Jesus iria crescer perante Deus como renovo e raiz que sai duma terra seca (Isaías 53:2). Muitas vezes o Pai interveio para salvar Jesus do diabo que queria matá-Lo.
Como cuidou da Videira, Ele irá também cuidar das varas. As varas devem estar ligadas com a Videira para produzir fruto. “Em mim” significa em Cristo, e isto é o que significa ser salvo. Palavras como propiciação, reconciliação, e redenção se aplicam a determinadas fases da salvação, mas o procedimento completo está incluído nas palavras "em Cristo."
Há apenas dois grupos de pessoas: as que estão em Cristo e as que não estão em Cristo. Quando confiamos em Cristo como Salvador nascemos de novo pelo Espírito de Deus para sermos filhos de Deus. O Espírito Santo não apenas vem morar em nós, mas nos batiza no corpo de Cristo - "toda vara em mim."
Este trecho é dirigido aos crentes, para aqueles que já se encontram em Cristo. Nada tem a ver com ser salvo ou não, mas com frutificação. Fruto é mencionado sete vezes nos 16 primeiros versículos, e três graus de frutificação: fruto, mais fruto, e muito fruto.
Há três condições para se ter uma vida frutífera:
Todo ramo que frutifica Deus poda: esta é uma tradução de um verbo grego que significa “limpa”. E a limpeza é pela Palavra (Salmo 119:9).
“Permanecer em Cristo” significa comunhão constante com Ele todo o tempo:
Permanecer em Cristo vai produzir oração efetiva, fruto perpétuo, e gozo celestial.
O que se espera dos que permanecem em Cristo é o fruto do Espírito: o amor, o gozo, a paz, a longanimidade, a benignidade, a bondade, a fidelidade, a mansidão, o domínio próprio (Gálatas 5:22-23). Juntos eles apresentam o retrato moral de Cristo, e um caráter que se torna possível ao crente devido à sua união vital a Cristo em Seu corpo (1 Coríntios 12:12-14).
O fruto não ganha almas, embora a evangelização possa ser um dos seus produtos derivados, por assim dizer. À medida que produzimos muito fruto, o Pai é glorificado em nós. Frequentemente se imitam as qualidades morais menores do cristianismo, mas nunca as nove facetas do fruto do Espírito. Quando esse fruto é visto, o Pai é glorificado. Os fariseus eram moral e intensamente religiosos, mas nenhum deles podia dizer com Cristo “Eu Te glorifiquei na terra” (capítulo 17:4).
A pessoa que não permanece no Senhor, não produz fruto: ela já não evidencia o amor pelo Senhor, deixou de obedecer à Sua palavra ou seus mandamentos (capítulo 14:24, 15:10). Uma das formas em que Deus a lança fora é de removê-la do lugar de produção do fruto, às vezes por morte física (1 Coríntios 11:30, 1 João 5:16), lançada no fogo e queimada, como Ananias e Safira foram retirados da igreja primitiva, que era uma igreja santa e frutificava. "Se a obra de alguém se queimar, sofrerá ele prejuízo; mas o tal será salvo todavia como que pelo fogo" (1 Coríntios 3:15).
O Cristão frutífero terá muitas diversões nesta vida. Será divertido ir para um estudo bíblico, e em servir ao Senhor. Uma vida em comunhão com Cristo é uma vida alegre.
25 Estas coisas vos tenho falado, estando ainda convosco.
26 Mas o Ajudador, o Espírito Santo a quem o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto eu vos tenho dito.
27 Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; eu não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize.
28 Ouvistes que eu vos disse: Vou, e voltarei a vós. Se me amásseis, alegrar-vos-íeis de que eu vá para o Pai; porque o Pai é maior do que eu.
29 Eu vo-lo disse agora, antes que aconteça, para que, quando acontecer, vós creiais.
30 Já não falarei muito convosco, porque vem o príncipe deste mundo, e ele nada tem em mim;
31 mas, assim como o Pai me ordenou, assim mesmo faço, para que o mundo saiba que eu amo o Pai. Levantai-vos, vamo-nos daqui.
1 Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o viticultor.
2 Toda vara em mim que não dá fruto, ele a corta; e toda vara que dá fruto, ele a limpa, para que dê mais fruto.
3 Vós já estais limpos pela palavra que vos tenho falado.
4 Permanecei em mim, e eu permanecerei em vós; como a vara de si mesma não pode dar fruto, se não permanecer na videira, assim também vós, se não permanecerdes em mim.
5 Eu sou a videira; vós sois as varas. Quem permanece em mim e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer.
6 Quem não permanece em mim é lançado fora, como a vara, e seca; tais varas são recolhidas, lançadas no fogo e queimadas.
7 Se vós permaneceis em mim, e as minhas palavras permanecerem em vós, pedi o que quiserdes, e vos será feito.
8 Nisto é glorificado meu Pai, que deis muito fruto; e assim sereis meus discípulos.
9 Como o Pai me amou, assim também eu vos amei; permanecei no meu amor.
10 Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor; do mesmo modo que eu tenho guardado os mandamentos de meu Pai, e permaneço no seu amor.
11 Estas coisas vos tenho dito, para que o meu gozo permaneça em vós, e o vosso gozo seja completo.
Evangelho de João, capítulo 14, versículo 25 ao capítulo 15 versículo 11