Despedida de Paulo dos Anciãos de Éfeso

Capítulo 20:13 a 38

Os seus companheiros de viagem, inclusive Lucas, pegaram o navio e velejaram em volta, um trajeto de uns sessenta quilômetros, apanharam Paulo ao sul em Assôs, e seguiram para Mitilene, capital da ilha de Lesbos, uns cinquenta quilômetros adiante, que percorreram em um dia.

 

Partindo logo de Mitilene, passaram pela ilha de Quios e aportaram na ilha de Samos, passando eles algumas horas na cidade de Trogílio. Embarcando novamente chegaram no dia seguinte em Mileto, tendo intencionalmente passado ao largo de Éfeso, pois Paulo estava ansioso para chegar a Jerusalém antes do dia de Pentecoste, e não queria ser detido mais naquela região.

 

Paulo nos dá um exemplo notável de um servo ideal de Cristo. Como antes havia sido um fanático fariseu, agora tinha uma dedicação especial ao serviço que prestava ao seu Senhor. Trabalhava incansavelmente, corajosamente, sem medir o custo para si. Sua vida pertencia ao Senhor, e não tinha medo da morte, que considerava ganho. Enquanto estivesse vivo todos os seus esforços eram dedicados à disseminação do Evangelho e ao ensino .

 

Quando se reuniram, Paulo fez um discurso notável, lembrando a eles o exemplo que lhes havia dado, fazendo-lhes advertências, dando-lhes conselhos e as suas despedidas, pois não esperava vê-los novamente.

 

Ele podia com sinceridade apontar a esses anciãos o empenho e a fidelidade que havia demonstrado entre eles, pois desde o primeiro dia em que chegara à Ásia, e durante todo o tempo que esteve ali, serviu a Deus com verdadeira humildade e abnegação. Passara por grandes tensões emocionais por causa dos judeus, e provações pelas ciladas armadas por eles, mas nunca havia se esquivado de pregar o Evangelho, tanto publicamente como de casa em casa, sem discriminar entre os judeus e aos gentios.

 

Paulo anunciava sempre as duas faces do Evangelho: o arrependimento e a fé. Sem o arrependimento não pode haver a fé salvadora, pois arrependimento é quando o pecador, cônscio do seu pecado, quer deixá-lo sabendo que é réu perante o julgamento de Deus. Mas seu grande problema é que não consegue deixá-lo e, vendo-se perdido, percebe que precisa de um salvador para livrá-lo do pecado e do seu castigo. Só quem passa por esta experiência sente que precisa de um Salvador.

 

Assim, pouco adianta o arrependimento apenas. É preciso que seja acompanhado por fé na Pessoa e na obra do Filho de Deus a fim de que o castigo que Ele sofreu na cruz possa lhe valer para o perdão dos seus pecados. Este é o único Salvador disponível e, pela graça de Deus, é suficiente para cobrir os pecados de todo aquele que nEle crê..

Em muitas passagens do Novo Testamento, somente a fé é mencionada como sendo a condição para a salvação, mas a fé já pressupõe o arrependimento. Só quem reconhece a sua situação de perdido percebe que precisa de um Salvador, e só com arrependimento é que sinceramente recebe a Jesus Cristo como seu Salvador pessoal.

 

Paulo revelou que agora estava sendo "constrangido pelo seu espírito" a ir para Jerusalém (mas era Deus que dirigia o seu espírito – Romanos 8:16). Paulo não sabia precisamente, com antecipação, o que ia acontecer ali. De cidade em cidade o Espírito Santo lhe dizia que ali o esperavam prisões e tribulações. Paulo não esclareceu como lhe vinha essa revelação, mas sem dúvida era mais do que um simples pressentimento vago. Deus já o estava preparando para enfrentar com coragem o que lhe estava destinado.

 

Como nunca mais os veria outra vez na terra, Paulo deixou conselhos que todo irmão que participa da direção de uma igreja local fará bem em observar, ou seja:

 

1. Cuidar de si mesmos, para se manterem fortes e sadios na fé.

2. Igualmente, cuidar do rebanho sobre o qual o Espírito Santo os fez supervisores (bispos), para apascentar a igreja de Deus (como fazem os pastores), que foi adquirido com o Seu próprio sangue (Cristo é Deus).

3. Vigiar porque homens, como lobos ferozes, entrarão no meio do rebanho para fazer destruição. Alguns, mesmo entre eles, falarão coisas perversas para atrair discípulos após si.

Paulo recordou-lhes como não havia cessado de admoestar a cada um deles, com lágrimas nos olhos, noite e dia, por três anos, portanto deviam vigiar.

Paulo terminou com uma oração, de joelhos, com todos eles. A posição indica reverência e submissão. Uma posição mais confortável não é condenável, desde que seja mantida a mesma reverência e submissão em nossas orações.

A separação e a premonição de Paulo de que nunca mais os veria foi motivo de grande tristeza para todos, e eles manifestaram essa tristeza lançando-se ao pescoço de Paulo e beijando-o.

R David Jones