O capítulo 4 terminou com o relato da experiência da igreja com a venda de imóveis e a entrega do produto da venda aos apóstolos, para a distribuição aos mais necessitados, citando o exemplo de Barnabé.
Continuando, temos o exemplo negativo do casal Ananias e Safira, que também venderam uma propriedade, mas Ananias reteve uma parte do produto para si, sabendo disso também a sua mulher, e somente entregou aos apóstolos o remanescente, como se fosse o produto integral.
Não era dever de Ananias vender a sua propriedade, e ele tinha todo o direito de ficar com tudo ou parte do produto da venda. Mas ele quis que os apóstolos e toda a igreja pensassem que ele havia agido como Barnabé, e assim merecesse a glória de todos pela sua generosidade.
A sua mentira não podia ser escondida do Espírito Santo, que o interpelou através do apóstolo Pedro. Ao ouvir as palavras de Pedro, Ananias caiu morto, e grande temor apoderou-se de todos os que ouviram o que tinha acontecido.
A sua mulher Safira compareceu três horas mais tarde, sem ainda saber do que havia ocorrido, e Pedro lhe perguntou se o dinheiro que Ananias trouxera era o preço que haviam conseguido pela propriedade. Ela disse que sim, mentindo também.
Pedro a repreendeu por ter entrado em acordo com o seu marido para tentar o Espírito do Senhor, e lhe indicou que seu marido havia morrido e ela também morreria. Naquele mesmo instante ela morreu.
Esta foi uma ocorrência singular na história da igreja, que nos revela a ação do Espírito Santo para conservar a sua pureza, tão necessária naqueles dias em que ela estava se formando, a fim de que seu testemunho não fosse maculado pela mentira, e demonstrar o poder dado pelo Espírito Santo aos apóstolos.
Deus é soberano, e pode retirar da igreja na terra quem quiser a fim de realizar os Seus desígnios. Convém lembrar que a morte de Ananias e Safira não implica na perda da sua salvação, ou da sua segurança eterna. Estes são dons gratuitos de Deus e são eternos, isto é, para sempre, sem condições. Tal é a graça de Deus.
O papel de Pedro foi o de demonstrar o pecado cometido pelo casal, e a sua conseqüência. O apóstolo Paulo também certa vez julgou um membro da igreja de Corinto para que, em nome e no poder do nosso Senhor Jesus, fosse “entregue a Satanás para destruição na carne, para que o espírito fosse salvo no dia do Senhor Jesus”. (1 Coríntios 5:3-5). Esse poder foi concedido aos apóstolos apenas, não constando que fosse exercido por outras pessoas.
O efeito sobre a igreja e de todos os que ouviram falar destes acontecimentos foi de serem tomados por grande temor de Deus. O temor gera reverência.
Eliminado esse pecado na igreja, os apóstolos continuaram a realizar muitos sinais e maravilhas entre o povo, conforme a igreja havia pedido a Deus (capítulo 4:30).
O Evangelho era anunciado corajosamente no Pórtico de Salomão e todos os que creram reuniam-se ali (também em resposta às súplicas da igreja - capítulo 4:29). A situação era perigosa, portanto os descrentes não ousavam juntar-se a eles, embora os tivessem em alto conceito.
O número dos que criam no Senhor e eram acrescentados à igreja era cada vez maior. Também a efetividade das curas feitas pelos apóstolos era tal que alguns entre o povo chegaram a pensar que mesmo a sombra de Pedro, caindo sobre um doente enquanto ele passava, era suficiente para curá-lo.
É de se notar que vinham multidões das cidades próximas a Jerusalém, trazendo seus doentes e endemoninhados e todos eram curados. As curas feitas pelos apóstolos eram gerais e eficientes, atendendo plenamente ao que a igreja havia suplicado.
Toda pessoa que não tivesse idéias preconcebidas podia perceber claramente a legitimidade das curas efetuadas, sinal do poder supernatural do qual os apóstolos estavam dotados. Esses sinais e prodígios eram o método de Deus para testificar com os apóstolos a veracidade do Evangelho (Hebreus 2:4), especialmente aos judeus, que pediam sempre um sinal para que pudessem crer.
À medida que a igreja crescia, o Espírito Santo concedia dons espirituais para atender às suas necessidades, inclusive evangelistas e mestres que continuaram a construir sobre o fundamento dos apóstolos. Eventualmente a Palavra de Deus foi completada e hoje está impressa e divulgada de forma que praticamente todos podem lê-la, sendo ela totalmente inspirada pelo Espírito Santo e por si só suficiente para transmitir o Evangelho ao pecador carente de salvação (Hebreus 4:12).
Os sacerdotes e saduceus tinham idéias preconcebidas e rejeitavam a idéia que Jesus de Nazaré, que haviam crucificado, fosse de fato o Messias. Por princípio rejeitavam a possibilidade de uma ressurreição dos mortos, logo Ele não podia ter ressuscitado. Aos seus olhos, o que os apóstolos anunciavam não era verdade, e os seus sinais eram embustes, não importando a ampla evidência ao contrário.
Os sacerdotes e saduceus eram os líderes religiosos, e tinham inveja da fama que os apóstolos estavam adquirindo, contrariando aquilo que ensinavam ao povo. Queriam, portanto, silenciá-los a todo o custo e com essa finalidade mandaram prendê-los e colocá-los numa prisão pública.
Durante a noite um anjo do Senhor abriu as portas do cárcere – Lucas nos conta isto de forma sucinta, sem entrar em detalhes de como era esse poderoso personagem. Lucas deve ter se informado muito bem, pois teria tido oportunidade de falar a esse respeito com Pedro, mas para nós é suficiente saber que foi por interveniência divina. As portas foram novamente trancadas e os guardas não souberam de nada (versículo 23)
O anjo ordenou aos apóstolos que se dirigissem ao templo e relatassem ao povo “toda a mensagem desta Vida”. Provavelmente ele se referia à vida eterna, vida que os saduceus negavam, mas que Jesus Cristo veio ao mundo para nos dar (João 6:63, 68, 1 Coríntios 15:19).
Esta foi uma ordem provinda de um ser superior às autoridades do templo, que haviam proibido os apóstolos de falar do Evangelho. Se eles estivessem sentindo algum temor de estar desobedecendo às “autoridades”, esta ordem deveria tranqüilizá-los. Notemos também a majestade e o poder do Senhor Jesus: depois da Sua ressurreição Ele passou a usar mensageiros celestiais para executar as Suas ordens e transmitir as Suas mensagens.
Os apóstolos foram comandados a fazer exatamente o que a igreja havia pedido “capacita os teus servos para anunciarem a tua palavra corajosamente (NVI)”.
Obedientes, ao amanhecer, os apóstolos entraram no pátio do templo e começaram a ensinar o povo. Sem dúvida estavam agora animados mais ainda, sabendo que estavam fazendo exatamente o que Deus queria. Entraram ao amanhecer, quando as portas se abriam, e anunciaram a mensagem do Evangelho aos primeiros que iam chegando.
Se eles ficassem silenciosos agora, o inimigo teria ganho uma vitória, e teria havido uma interrupção na vitoriosa comunicação da Mensagem de Vida eterna. Mas o povo que entrava viu que a ação proibitiva das “autoridades” do templo havia sido anulada, se é que ela havia chegado ao seu conhecimento.
1
1 Mas um certo homem chamado Ananias, com Safira, sua mulher, vendeu uma propriedade,
2 e reteve parte do preço, sabendo-o também sua mulher; e levando a outra parte, a depositou aos pés dos apóstolos.
3 Disse então Pedro: Ananias, por que encheu Satanás o teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo e retivesses parte do preço do terreno?
4 Enquanto o possuías, não era teu? e vendido, não estava o preço em teu poder? Como, pois, formaste este desígnio em teu coração? Não mentiste aos homens, mas a Deus.
5 E Ananias, ouvindo estas palavras, caiu e expirou. E grande temor veio sobre todos os que souberam disto.
6 Levantando-se os moços, cobriram-no e, transportando-o para fora, o sepultaram.
7 Depois de um intervalo de cerca de três horas, entrou também sua mulher, não sabendo o que havia acontecido.
8 E perguntou-lhe Pedro: Dize-me vendestes por tanto aquele terreno? E ela respondeu: Sim, por tanto.
9 Então Pedro lhe disse: Por que é que combinastes entre vós provar o Espírito do Senhor? Eis aí à porta os pés dos que sepultaram o teu marido, e te levarão também a ti.
10 Imediatamente ela caiu aos pés dele e expirou. E entrando os moços, acharam-na morta e, levando-a para fora, sepultaram-na ao lado do marido.
11 Sobreveio grande temor a toda a igreja e a todos os que ouviram estas coisas.
12 E muitos sinais e prodígios eram feitos entre o povo pelas mãos dos apóstolos. E estavam todos de comum acordo no pórtico de Salomão.
13 Dos outros, porém, nenhum ousava ajuntar-se a eles; mas o povo os tinha em grande estima;
14 e cada vez mais se agregavam crentes ao Senhor em grande número tanto de homens como de mulheres;
15 a ponto de transportarem os enfermos para as ruas, e os porem em leitos e macas, para que ao passar Pedro, ao menos sua sombra cobrisse alguns deles.
16 Também das cidades circunvizinhas afluía muita gente a Jerusalém, conduzindo enfermos e atormentados de espíritos imundos, os quais eram todos curados.
17 saduceus), encheram-se de inveja,
18 deitaram mão nos apóstolos, e os puseram na prisão pública.
19 Mas de noite um anjo do Senhor abriu as portas do cárcere e, tirando-os para fora, disse:
20 Ide, apresentai-vos no templo, e falai ao povo todas as palavras desta vida.
21 Ora, tendo eles ouvido isto, entraram de manhã cedo no templo e ensinavam.
Atos capítulo 5, versículos 1 a 21