Introdução. Este capítulo está claramente dividido em duas partes:
v. 2-13 é um parêntese (interrupção), explicando a razão da sua oração ("por esta causa")
v.1, 14-21.
1. O Ministério. Paulo tinha uma mensagem especial para os gentios - uma responsabilidade ou "dispensação" (mordomia), dada por Deus com respeito aos gentios - mordomia esta que Deus lhe deu por revelação (v. 3 - veja Atos 9:4-6, 14-16):
a) 0 "mistério de Cristo" uma verdade oculta durante os tempos do Velho Testamento, mas agora revelada pelo Espírito Santo aos "apóstolos e profetas" (nas igrejas - veja 4:11) - isto é, que os gentios cristãos (convertidos a Cristo pelo Evangelho) são membros, igualmente com os judeus convertidos, do Corpo de Cristo, a Igreja. São herdeiros da vida eterna e de todas as promessas dadas pela mensagem evangélica aos crentes (v. 2-6).
b) Paulo era o "ministro" (servo) apontado por Deus para anunciar aos gentios o Evangelho "das insondáveis riquezas de Cristo", incluindo esta verdade - não revelada anteriormente - o "mistério" com respeito aos gentios convertidos (v. 7-9).
c) Assim, por meio da Igreja (a união de judeus e gentios convertidos a Cristo), a sabedoria divina seria manifestada aos poderes celestiais, tanto aos anjos fiéis como aos rebeldes (veja 6:12). A Igreja é conforme o propósito divino em Cristo, desde a eternidade até a eternidade (v. 10-11); então, crendo isto, os cristãos têm sempre acesso a Deus. Paulo quer, então, que os efésios não fiquem desanimados por causa das tribulações que ele sofre por amor a eles; deviam até regozijar-se! (v. 10-13).
2. A Oração de Paulo. Aqui está a continuação do v. 1. Paulo era "prisioneiro de Cristo Jesus" em dois sentidos: ele tinha a obrigação ("mordomia") de pregar o Evangelho aos gentios; também ele era prisioneiro literalmente em Roma por causa dessa pregação (veja Atos 22.21-22).
Ele ora pela Igreja Cristã como uma família (v. 15) e como um edifício (v. 17-18):
a) Uma família com um só nome: a "família de Deus", no céu e na terra. Aqui se fala da igreja cristã como sendo uma grande família espiritual, consistindo tanto dos crentes que já passaram pela morte e que estão nos céus quanto dos que ainda estão vivos na terra. Somos fortificados pelo Espírito Santo em nós, para aperfeiçoar o amor cristão em nosso caráter - na igreja, na família, nas relações sociais.
b) Um edifício - pela compreensão da magnitude do amor de Cristo, em todos os seus aspectos. "Com todos os santos": a comunhão, na terra ou no céu, de toda a Igreja.
Este "edifício", de pessoas convertidas a Cristo, desde o Pentecostes até a Vinda do Senhor (1a. Tessalonicenses 4.13-18) está "arraigado" no amor divino (João 3.16), com o fim de se compreender a grandeza do amor de Cristo - o que realmente não pode ser compreendido; porém, pode ser experimentado e conhecido na vida, até "sermos tomados de toda a plenitude de Deus" - até a nossa máxima capacidade (v. 19).
c) Doxologia. 0 fim da oração de Paulo a favor dos cristãos. . . "A DEUS - com infinito poder, além dos nossos pedidos ou pensamentos, e que opera em nós, os crentes - a ELE seja glória nos crentes e em Cristo Jesus, eternamente!"
Assim, com esta doxologia, termina a primeira parte da Epístola, mostrando o "corpo espiritual" de Cristo, a Igreja como "já assentada com Ele" no céu.
Segue-se o "andar digno" dessa posição, da parte dos cristãos enquanto ainda estão no mundo.
1 Por esta causa, eu, Paulo, sou o prisioneiro de Jesus Cristo por vós, os gentios,
2 se é que tendes ouvido a dispensação da graça de Deus, que para convosco me foi dada;
3 como me foi este mistério manifestado pela revelação como acima, em pouco, vos escrevi,
4 pelo que, quando ledes, podeis perceber a minha compreensão do mistério de Cristo,
5 o qual, noutros séculos, não foi manifestado aos filhos dos homens, como, agora, tem sido revelado pelo Espírito aos seus santos apóstolos e profetas,
6 a saber, que os gentios são co-herdeiros, e de um mesmo corpo, e participantes da promessa em Cristo pelo evangelho;
7 do qual fui feito ministro, pelo dom da graça de Deus, que me foi dado segundo a operação do seu poder.
8 A mim, o mínimo de todos os santos, me foi dada esta graça de anunciar entre os gentios, por meio do evangelho, as riquezas incompreensíveis de Cristo
9 e demonstrar a todos qual seja a dispensação do mistério, que, desde os séculos, esteve oculto em Deus, que tudo criou;
10 para que, agora, pela igreja, a multiforme sabedoria de Deus seja conhecida dos principados e potestades nos céus,
11 segundo o eterno propósito que fez em Cristo Jesus, nosso Senhor,
12 no qual temos ousadia e acesso com confiança, pela nossa fé nele.
13 Portanto, vos peço que não desfaleçais nas minhas tribulações por vós, que são a vossa glória.
14 Por causa disso, me ponho de joelhos perante o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo,
15 do qual toda a família nos céus e na terra toma o nome,
16 para que, segundo as riquezas da sua glória, vos conceda que sejais corroborados com poder pelo seu Espírito no homem interior;
17 para que Cristo habite, pela fé, no vosso coração; a fim de, estando arraigados e fundados em amor,
18 poderdes perfeitamente compreender, com todos os santos, qual seja a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade
19 e conhecer o amor de Cristo, que excede todo entendimento, para que sejais cheios de toda a plenitude de Deus.
20 Ora, àquele que é poderoso para fazer tudo muito mais abundantemente além daquilo que pedimos ou pensamos, segundo o poder que em nós opera,
21 a esse glória na igreja, por Jesus Cristo, em todas as gerações, para todo o sempre. Amém!
Efésios capítulo 3