Introdução. Neste capítulo, Paulo continua o assunto da sinceridade em pregar o Evangelho, dizendo que eles mesmos (os convertidos por ele) são a sua garantia de honestidade, na sua pregação de um regime muito mais glorioso do que o da Lei Mosaica.
A "Carta de Recomendação". Um crente, desejando entrar na comunhão de uma igreja onde não é pessoalmente conhecido, devia apresentar uma carta de introdução ou de recomendação, como fez Febe (Romanos 16:1-2) e Apolo (Atos 18:27). O próprio Senhor Jesus apresentou as Suas credenciais (João 5:3-47). Mas Paulo diz que ele mesmo não necessitava de semelhante carta para os crentes em Corinto, pois eles mesmos eram a sua "carta" (sendo eles próprios convertidos dele) que todo o mundo podia ler. Eles eram o trabalho do Espírito Santo, o Qual tinha escrito a Sua mensagem nos seus corações, e, pelo mesmo poder divino, Paulo era capacitado para fazer o seu trabalho.
O ministério da Nova Aliança. Aqui Paulo faz um contraste entre as duas "alianças" que formam o assunto principal da Bíblia - a Antiga Aliança da Lei, dada por Deus a Israel pela mediação de Moisés, e a Nova Aliança (Mateus 26:28; Marcos 14:24; Lucas 22:20), feita entre Deus e os crentes em Cristo, sendo o próprio Senhor Jesus o Mediador (Hebreus 9:15).
A Antiga Aliança, exigindo perfeita obediência à lei mosaica (chamada aqui "a letra", pois foi escrita por Deus nas duas tábuas de pedra, no Monte Sinai), tinha, sem dúvida, a sua própria glória, que se mostrava na face de Moisés quando desceu do Monte (Êxodo 34:29-35). Mas aquela glória era temporária e gradualmente desapareceu do rosto de Moisés, indicando assim que a Aliança da lei era transitória (13).
Mesmo assim, a Aliança da Lei tinha a sua glória (11); era perfeita, sendo estabelecida por Deus - porém era impossível aos homens guardá-la, por causa do pecado deles. Os judeus ainda liam (nas sinagogas) a Antiga Aliança como a sua justificação perante Deus, não entendendo que Cristo já removera o véu da ignorância (14).
Os corações dos judeus ainda estão em travas, não compreendendo que a lei mosaica nunca lhes trará a justificação perante Deus. Contudo, quando um judeu se converte ao Senhor Jesus, ele reconhece que está justificado, não por ter feito as obras exigidas pela lei mosaica, mas pela sua fé em Cristo (15-16).
Esta compreensão e conversão formam a obra do Espírito do Senhor, que nos liberta da condenação da lei mosaica (17) e, assim, podendo compreender claramente, podemos reconhecer a glória do Senhor e ser transformados pelo Espírito Santo para sermos cada vez mais semelhantes ao Senhor em nosso caráter (18).
1 Porventura, começamos outra vez a louvar-nos a nós mesmos? Ou necessitamos, como alguns, de cartas de recomendação para vós ou de recomendação de vós?
2 Vós sois a nossa carta, escrita em nossos corações, conhecida e lida por todos os homens,
3 porque já é manifesto que vós sois a carta de Cristo, ministrada por nós e escrita não com tinta, mas com o Espírito do Deus vivo, não em tábuas de pedra, mas nas tábuas de carne do coração.
4 E é por Cristo que temos tal confiança em Deus;
5 não que sejamos capazes, por nós, de pensar alguma coisa, como de nós mesmos; mas a nossa capacidade vem de Deus,
6 o qual nos fez também capazes de ser ministros dum Novo Testamento, não da letra, mas do Espírito; porque a letra mata, e o Espírito vivifica.
7 E, se o ministério da morte, gravado com letras em pedras, veio em glória, de maneira que os filhos de Israel não podiam fitar os olhos na face de Moisés, por causa da glória do seu rosto, a qual era transitória,
8 como não será de maior glória o ministério do Espírito?
9 Porque, se o ministério da condenação foi glorioso, muito mais excederá em glória o ministério da justiça.
10 Porque também o que foi glorificado, nesta parte, não foi glorificado, por causa desta excelente glória.
11 Porque, se o que era transitório foi para glória, muito mais é em glória o que permanece.
12 Tendo, pois, tal esperança, usamos de muita ousadia no falar.
13 E não somos como Moisés, que punha um véu sobre a sua face, para que os filhos de Israel não olhassem firmemente para o fim daquilo que era transitório.
14 Mas os seus sentidos foram endurecidos; porque até hoje o mesmo véu está por levantar na lição do Velho Testamento, o qual foi por Cristo abolido.
15 E até hoje, quando é lido Moisés, o véu está posto sobre o coração deles.
16 Mas, quando se converterem ao Senhor, então, o véu se tirará.
17 Ora, o Senhor é Espírito; e onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade.
18 Mas todos nós, com cara descoberta, refletindo, como um espelho, a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória, na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor.
2 Coríntios capítulo 3