Pedro o apóstolo, endereçando os anciãos, chama-se um ancião junto com os outros “anciãos.” Como os anciãos nas sinagogas locais dos judeus, eles são os supervisores (ou bispos - Tito 1.5, 7) dentro de cada igreja local (Atos 11.30; Atos 20.17). Isso é tudo que Simão Pedro reivindicou ser: um ancião, companheiro dos outros. Nunca reivindicou uma posição acima dos seus irmãos, mas os exorta como um colega.
Pedro estava na posição singular de ser uma testemunha dos sofrimentos de Cristo, como o Senhor Jesus tinha dito que os apóstolos deviam ser (Atos 1.8). A vida cristã começou para cada um de nós com o sofrimento no passado de nosso Senhor Jesus na cruz onde levou a penalidade de nossos pecados. Existe também sofrimento no presente, na vida do filho de Deus hoje, porque Deus usa o sofrimento em nossas vidas para nos melhorar e para nos fazer o tipo de cristãos que Ele quer e que pode se usar.
Pedro também será um participante conosco da glória que está para ser revelada (em nós - Romanos 8.18) na segunda vinda de Cristo. Cada cristão deve ter a segunda vinda de Cristo em seu plano para o futuro. A segunda vinda de Cristo, quando Ele virá nos arrebatar do mundo e depois retornará conosco para reinar na terra, não é algum pensamento etéreo, idealista, sobre que lemos sem que tenha algum significado em nossa vida. Sua segunda vinda não é apenas uma doutrina; é uma realidade que nos dá nossa motivação, e nos sustém em tempos de aflição e sofrimento. Vamos ir vê-lO e entrar em Sua presença um dia. Que dia de bênção real esse vai ser, e Pedro nos diz que o sofrimento passado e presente estão relacionados a ele.
Os anciãos devem tomar conta dos que estão sob seu cuidado, como pastores cuidam das suas ovelhas. Nunca se fala deles no singular, porque não devia haver apenas um em cada igreja local. O pastoreio sugere a provisão e a proteção, a supervisão e a disciplina, a instrução e a orientação. Existe apenas um Pastor e Supervisor supremo de nossas almas, e é o próprio Senhor Jesus (1 Pedro 2.25). Os anciãos devem exercer voluntariamente a sua função de supervisores, não por força nem por torpe ganância, mas de boa vontade. Em outras palavras:
devem ministrar pela razão legítima, em espírito correto, não porque têm essa obrigação, mas porque a escolheram livremente. Não há nenhum valor em servi-lO se há constrangimento.
deve haver um motivo certo para servir. Não deve ser para o ganho material mas pelo simples prazer de fazê-lo. Um ancião deverá encontrar a satisfação no próprio trabalho ao invés daquilo que pode extrair dele. Por exemplo, o ministério de ensinar a Palavra de Deus deve dar alegria completa ao ancião que o faz.
devem exercer seu ministério na maneira correta, não dirigindo mas conduzindo, não dominando mas sendo um exemplo. É um trabalho, conseqüentemente, em que devem ser um exemplo ao rebanho. Por exemplo, um pregador não deve subir ao púlpito e intimidar a sua congregação a fazer algo que ele próprio não está fazendo, ou pedir à congregação que contribua para alguma causa para a qual ele mesmo não contribui. Eles não têm o direito de exigir dos outros o que eles próprios não estão dispostos a fazer.
O ministério dos anciãos deve ser desenvolvido conscientes que servem ao sumo Pastor a quem são responsáveis e que Ele mesmo recompensará o seu serviço com a incorruptível coroa da glória.
Não estão trabalhando por nada. Há várias coroas mencionadas nas Escrituras, e seu significado é semelhante ao das coroas da vitória dadas aos concorrentes nas corridas daqueles dias. Como naquele caso, coroas nos são prometidas para marcar nossas vitórias no decurso das nossas vidas espirituais.
O Senhor Jesus é o sumo Pastor. Como um bom Pastor ele dá a sua vida pelas ovelhas (Salmo 22), como um grande Pastor Ele vigia as ovelhas (Salmo 23), mas como o sumo Pastor ele virá outra vez, desta vez como o Rei da Glória (Salmo 24), e trará com ele o seu rebanho. Como parte desse rebanho, compartilharemos da sua glória naquele dia (Colossenses 3.4).
Há aproximadamente uma dúzia de palavras diferentes na Bíblia que são traduzidas pela palavra glória e aparecem 371 vezes na versão antiga Almeida. A glória de Deus, por exemplo, é revelada no trabalho das suas mãos (Salmo 19.1): o tamanho do universo já descoberto é espantoso contudo é provavelmente somente o “primeiro metro” do grande universo do Deus. A coroa da glória, encontrada somente aqui no Novo Testamento, é a recompensa a ser dada aos anciãos fiéis: o apóstolo Paulo disse aos crentes em Tessalônica que eles eram a sua esperança, ou gozo, ou coroa de glória quando o Senhor Jesus (1 Tessalonicenses 2.19, 20). Será uma honra eterna.
Os jovens devem se submeter aos mais velhos. É da natureza humana que a geração mais nova queira rejeitar o “status-quo” e desprezar seus pais e pessoas mais idosas. Mas os jovens descobrirão, após receberem muitos golpes duros na escola da vida, que seus anciãos estavam certos sobre tudo. A vida na igreja local pode se tornar muito mais suave se esta ordem for mantida.
Todos os crentes devem ser unidos entre si pela humildade. A palavra para cingir não aparece em outro lugar, mas se refere a um avental amarrado sobre a roupa, lembrando-nos do Senhor Jesus quando pôs um avental como um servo, ajoelhou-se e lavou os pés dos seus discípulos um por um.
A citação de Provérbios 3:34 nos lembra que Deus se opõe aos orgulhosos e só quem se apresenta em humildade poderá crescer na graça de Deus. É primeiramente necessário que nos submetamos a Deus, e somente então é que nos dará a graça necessária para sermos humildes entre nós. A humildade é evidenciada quando não insistimos em fazer a nossa vontade sobre a dos nossos irmãos e irmãs. Somos o que somos pela graça de Deus, assim não temos algo em nós de que possamos nos orgulhar (1 Coríntios 4.7).
Deus realmente cuida de cada um de nós (Lucas 21.18), portanto, tendo primeiro trazido nossa carga de pecados ao Senhor Jesus e sido salvos por Ele (Mateus 11.28), não deveríamos nos preocupar com coisa alguma, mas em oração e súplicas trazer nossa ansiedade diante de Deus (Filipenses 4.6). Devemos lançar nossos cuidados diante dEle e deixá-los ali - não pegá-los outra vez.
Devemos ficar alertas, controlados, e vigilantes porque nosso inimigo (o adversário em um processo legal), o diabo (caluniador), ruge como um leão em volta de nós para nos amedrontar, fazendo o que pode para nos arruinar (Lucas 22.31, 32). Ele nos pressiona com o intuito de nos assustar ao ponto de nos silenciar, negar a nossa fé e pecar, para prejudicar o nosso testemunho e destruir a nossa comunhão com Deus e com os outros crentes.
A covardia nunca vence o diabo (2 Timóteo 1.7), somente a coragem. Devemos resisti-lo ficando firmes na base da nossa fé. Por meio da palavra de Deus e do poder do Espírito Santo, o crente pode superar a tentação e atravessar vitoriosamente os sofrimentos. Era citando a palavra de Deus que o Senhor Jesus derrotou o diabo. Devemos ser encorajados pelo fato que não estamos sozinhos, mas juntos com uma multidão de outros crentes desde quase vinte séculos atrás até hoje, passando pelas mesmas provas e tribulações.
Há uma esperança para depois da batalha: o Deus de toda a graça, que nos chamou à sua glória eterna por Cristo Jesus, depois de termos sofrido por um pouco, nos aperfeiçoará, estabelecerá, reforçará, e estabelecerá. É uma promessa, não um desejo. Ele fornece cada tipo de graça de que precisamos (2 Coríntios 12.9), e nos chamou à sua glória eterna, visto que nossos sofrimentos se realizam somente por um período de tempo limitado: Porque nossa ligeira aflição, que é apenas por um momento, está gerando para nós um peso muito maior e eterno de glória (2 Coríntios 4.17). Deus sabe o que está acontecendo e porque, e temos a garantia que sairemos da nossa provação mais maduros, mais fortes e mais firmes em nossa fé, porque é Ele Quem cuida de nós.
Pedro foi o autor desta carta, Silas a escreveu da igreja na Babilônia, onde Marcos que escreveu o Evangelho que leva o seu nome também estava nessa ocasião.
1 Aos anciãos, pois, que há entre vós, rogo eu, que sou ancião com eles e testemunha dos sofrimentos de Cristo, e participante da glória que se há de revelar:
2 Apascentai o rebanho de Deus, que está entre vós, não por força, mas espontaneamente segundo a vontade de Deus; nem por torpe ganância, mas de boa vontade;
3 nem como dominadores sobre os que vos foram confiados, mas servindo de exemplo ao rebanho.
4 E, quando se manifestar o sumo Pastor, recebereis a imarcescível coroa da glória.
5 Semelhantemente vós, os mais moços, sede sujeitos aos mais velhos. E cingi-vos todos de humildade uns para com os outros, porque Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes.
6 Humilhai-vos, pois, debaixo da potente mão de Deus, para que a seu tempo vos exalte;
7 lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós.
8 Sede sóbrios, vigiai. O vosso adversário, o Diabo, anda em derredor, rugindo como leão, e procurando a quem possa tragar;
9 ao qual resisti firmes na fé, sabendo que os mesmos sofrimentos estão-se cumprindo entre os vossos irmãos no mundo.
10 E o Deus de toda a graça, que em Cristo vos chamou à sua eterna glória, depois de haverdes sofrido por um pouco, ele mesmo vos há de aperfeiçoar, confirmar e fortalecer.
11 A ele seja o domínio para todo o sempre. Amém.
12 Por Silvano, nosso fiel irmão, como o considero, escravo abreviadamente, exortando e testificando que esta é a verdadeira graça de Deus; nela permanecei firmes.
13 A vossa co-eleita em Babilônia vos saúda, como também meu filho Marcos.
14 Saudai-vos uns aos outros com ósculo de amor. Paz seja com todos vós que estais em Cristo.
Primeira carta de Pedro, capítulo 5