Introdução. Neste trecho temos a continuação da descrição dos "mestres ímpios" e, em seguida, uma exortação animadora da parte do escritor e, finalmente. a sua notável doxologia.
Ensinadores perigosos.
a) Uma sétupla descrição do caráter destas pessoas (vs. 12-13). São como "rochas submersas" perigosas para navios; são "glutões" nas festas da igreja; são "pastores interesseiros"; são como "nuvens sem chuva e sem direção". São inúteis como "árvores infrutíferas" que são marcadas para serem destruídas; são como "ondas bravias do mar" que sujam as praias com o lixo que depositam; são "estrelas sem rumo", dirigindo-se para as trevas eternas.
b) Estas pessoas foram previstas por Enoque, na sétima geração depois de Adão (Gênesis 5:21-24); ele "andou com Deus" e mesmo antes do Dilúvio predisse a Vinda do Senhor para julgar os ímpios conforme as suas obras e as suas palavras. Note que esta profecia não está mencionada em Gênesis, mas (como a contenda entre Miguel e Satanás no v. 9) foi confirmada pelo Espírito ao escritor desta Epístola.
c) As palavras dos apóstatas são murmurações, arrogâncias e adulações e as suas obras são o fruto da carnalidade, impureza e ganância (v. 16).
Ensinos espirituais:
a) Judas dirige-se novamente aos crentes - "Vós porém, amados" - como também no v. 20 Adicionalmente a profecia de Enoque, os apóstolos já tinham avisado a igreja acerca dos "mestres" ímpios. Aqui Judas cita textualmente as palavras de Pedro (2a. Pedro 33) e há referência também a Romanos 16:17-18 e a 2a. Timóteo 3:1-8. Provavelmente todos os apóstolos ensinavam estas coisas no seu ministério entre as igrejas; veja Atos 20.29-31.
b) Os "pastores ímpios" não têm o Espírito Santo (v 19) - pois nunca se converteram a Cristo. nunca nasceram de novo. São "sensuais sem percepção espiritual" e causam divisões entre os cristãos; fundam "igrejas" e "congregações" que são deles mesmos e não de Cristo.
c) Vemos aqui a maneira de "batalharmos pela fé" para mantermos nas igrejas a sã doutrina e a conduta digna do Senhor (vs. 20-23). O escritor indica quatro meios de conseguir-se este fim:
Edificação na "vossa fé santíssima" (v 20) Isto se faz pelo estudo da Palavra e pela obediência a seus ensinos. Crentes que negligenciam as reuniões para estudo bíblico e para ministério da Palavra são geralmente os primeiros a serem seduzidos por falsos mestres e divisionistas, pois não são firmados nem edificados na doutrina de Cristo.
Oração. Aqui se contempla a igreja reunida em oração; os que regularmente se ausentam destas reuniões, raras vezes são crentes dados a oração particular em casa!… Porém, a oração "no Espírito Santo" é realmente a maior proteção contra o falso ensino e a carnalidade.
Firmeza no amor de Deus (v. 21). Esse amor foi mostrado no Evangelho da nossa salvação: "Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o Seu Filho unigênito" (João 3:16) - "Pela graça sois salvos mediante a fé" (Efésios 2:8). Esperamos a Vinda do Senhor e a perfeição da nossa redenção (Romanos 8:18, 23). Somos salvos para a santidade, não para o pecado.
Compaixão para crentes fracos e enganados (vs. 22-23). Em vez de censurá-los, esforcemo-nos para guardá-los na fé. orando por eles, aconselhando-os com amor. Quanto aos que parecem já perdidos, seguindo o pecado (embora ainda chamando-se cristãos, "mais liberais"), tenhamos dó dos tais, porém, cuidando de nós mesmos, separando-nos inteiramente do mal.
A doxologia (vs. 24-25). A Epístola termina com uma notável peroração de louvor a Deus "Àquele que é poderoso para guardar e apresentar": guardar de tropeçar e apresentar perfeitos diante do Seu trono. No v. 25, eterno louvor ("antes de todos os séculos, e agora, e por toda a eternidade") se oferece ao "único Deus. Salvador nosso" mediante "Jesus Cristo, Senhor nosso" - palavras que nos mostram tanto a unidade de Deus, como a igualdade de Jesus Cristo com Deus o Pai.
Assim finda esta Epístola curta, mas importante e solene. Como temos visto (v. 4), os libertinos entraram nas igrejas nos tempos apostólicos. Durante os séculos da Idade Média, o seu joio estragou quase completamente a moralidade e a espiritualidade do cristianismo. Hoje em dia, há pregadores e seitas inteiras que negam "a fé uma vez dada aos santos", desprezando a autoridade da Bíblia e relaxando assim o padrão cristão de moralidade e de piedade.
Sejamos vigilantes. Sejamos fieis. Sejamos santos, em toda a nossa maneira de viver.
12 Estes são manchas em vossas festas de caridade, banqueteando-se convosco e apascentando-se a si mesmos sem temor; são nuvens sem água, levadas pelos ventos de uma para outra parte; são como árvores murchas, infrutíferas, duas vezes mortas, desarraigadas;
13 ondas impetuosas do mar, que escumam as suas mesmas abominações, estrelas errantes, para os quais está eternamente reservada a negrura das trevas.
14 E destes profetizou também Enoque, o sétimo depois de Adão, dizendo: Eis que é vindo o Senhor com milhares de seus santos,
15 ¶ para fazer juízo contra todos e condenar dentre eles todos os ímpios, por todas as suas obras de impiedade que impiamente cometeram e por todas as duras palavras que ímpios pecadores disseram contra ele.
16 Estes são murmuradores, queixosos da sua sorte, andando segundo as suas concupiscências, e cuja boca diz coisas mui arrogantes, admirando as pessoas por causa do interesse.
17 Mas vós, amados, lembrai-vos das palavras que vos foram preditas pelos apóstolos de nosso Senhor Jesus Cristo,
18 os quais vos diziam que, no último tempo, haveria escarnecedores que andariam segundo as suas ímpias concupiscências.
19 Estes são os que causam divisões, sensuais, que não têm o Espírito.
20 Mas vós, amados, edificando-vos a vós mesmos sobre a vossa santíssima fé, orando no Espírito Santo,
21 conservai a vós mesmos na caridade de Deus, esperando a misericórdia de nosso Senhor Jesus Cristo, para a vida eterna.
22 E apiedai-vos de alguns que estão duvidosos;
23 e salvai alguns, arrebatando-os do fogo; tende deles misericórdia com temor, aborrecendo até a roupa manchada da carne.
24 Ora, àquele que é poderoso para vos guardar de tropeçar e apresentar-vos irrepreensíveis, com alegria, perante a sua glória,
25 ao único Deus, Salvador nosso, por Jesus Cristo, nosso Senhor, seja glória e majestade, domínio e poder, antes de todos os séculos, agora e para todo o sempre. Amém!
Judas, versículos 12 a 25