Uma grande multidão agora se encontrava ao redor do Senhor Jesus, alguns atraídos pelos seus ensinos, mas a grande maioria por causa das curas que fazia (vs.16,17).
Muitos também hoje vão às igrejas atraídos pelas boas coisas que recebem delas - assistência moral, financeira, alimentos e mesmo promessas de curas.
O Senhor Jesus então ordenou aos seus discípulos que passassem para a outra margem do lago, afastando-se assim daquela multidão.
Duas pessoas evidenciaram atitudes que nos trazem lições:
Um escriba lhe disse que estava disposto a seguí-lo para onde quer que fosse. Não temos elementos para duvidar da sua sinceridade, mas o Senhor declarou que Ele não dispunha de acomodação própria para Si. Outras pessoas que O amavam lhe davam pousada, e sabemos que várias vezes Ele subia um monte para passar a noite ao relento. Estaria o escriba disposto a fazer o mesmo? Não nos é dito.
Um discípulo pediu permissão ao Senhor para ficar com o seu pai até sepultá-lo. Não éque seu pai já estivesse morto, mas ele provavelmente se sentia responsável em cuidar do seu idoso pai. O Senhor sem dúvida sabia das suas circunstâncias e não atendeu ao seu pedido instruindo que deixasse "aos mortos sepultar os seus mortos". Aqui "mortos" tem o significado de incrédulos.
Fica claro que seguir o Senhor Jesus tem um preço: a abnegação. Em outro lugar Ele disse "Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome a sua cruz, e siga-me" (Marcos 8:34). O conforto pessoal e a família não podem ter prioridade sobre o andar cristão. O Senhor Jesus teve um caminho a percorrer que incluía uma cruz de rejeição e o escárnio do mundo. O crente também não tem descanso neste mundo, e leva a sua própria cruz de rejeição.
Temos aqui o quinto sinal da divindade do Messias, quando Ele flutuava num barco com Seus discípulos sobre o mar da Galiléia.
O Senhor dormia enquanto Seus discípulos lutavam com uma tempestade tão grande que as ondas do mar cobriam o barco. Eles se desesperaram, julgaram que estavam a perecer e foram pedir socorro à pessoa certa: o Senhor. Usaram poucas palavras, mas elas ressoam através dos tempos: "Senhor, salva-nos, que perecemos".
O nome Jesus vem da conjunção de duas palavras hebraicas que seriam traduzidas "Deus" e "é salvação (ou salvador)". Os discípulos criam que Ele podia salvá-los, por isso foram acordá-lo. Também Ele é o único que pode salvar o pecador da perdição eterna resultante do seu pecado.
Ele primeiro os admoestou pelo temor de que estavam tomados, e os chamou de "homens de pouca fé." Eles tinham fé que o Senhor podia salvá-los, mas não era suficiente para ficarem tranqüilos no meio da tempestade só tendo a Sua presença com eles. Foi preciso acordá-lo.
Em seguida Ele os surpreendeu com a maneira em que operou a salvação: bastou que Ele repreendesse os ventos e o mar, e seguiu-se uma grande bonança. Eles pouco imaginavam que estava com eles o Criador de todas as coisas (João 1:3), tendo para isso usado apenas a Sua palavra.
Até hoje os discípulos do Senhor Jesus encontrarão tempestades de uma forma ou outra. Sabendo que o Senhor está com eles, eles podem enfrentar o que de mal lhes vier com tranqüilidade, pois, embora possa parecer que Ele está dormindo, a Sua simples presença lhes assegura a vitória final (Mateus 28:20, 1 Coríntios 15:57).
Tendo atravessado o mar, o Senhor chegou à terra de Gádara. Não sabemos ao certo se os habitantes eram gentios mas é provável que fossem porque criavam porcos, impuros para os judeus.
Ali o Senhor Jesus foi abordado por dois endemoninhados. Os evangelhos de Marcos e Lucas contam o mesmo episódio mas falam apenas de um deles, que era da cidade de Gerasa e talvez era o que mais se destacava entre os dois.
Eles estavam tomados por uma quantidade enorme de demônios, tanto que o geraseno disse que se chamava "Legião" que, naquele tempo, consistia em até seis mil homens, incluindo cavalaria.
Os demônios sabiam perfeitamente a identidade do Senhor Jesus, o Filho de Deus, pois, segundo os dois outros evangelistas, eles fizeram o geraseno prostrar-se diante do Senhor e adorá-lo. Em seguida eles mostraram sua preocupação com a possibilidade do Senhor Jesus expeli-los dos homens e "atormentá-los antes do tempo".
Cabe aqui uma explicação: os demônios são espíritos, anteriormente anjos de Deus, mas que se revoltaram junto com Satanás e estão com eles destinados ao "lago de fogo e enxofre" com ele e a humanidade perdida, por ocasião do julgamento diante do trono branco (Mateus 25:41, Apocalipse 20:10-15). Atualmente eles se encontram "nos ares" (Efésios 2:2) ou aprisionados num lugar denominado "abismo" (Judas 6, Apocalipse 9:1-11, 20:3). Alguns se apossam de seres humanos, como aconteceu com estes dois homens. Os demônios que neles estavam temiam ser aprisionados por ordem do Senhor Jesus, antes do tempo, no "abismo" onde seriam atormentados.
Os demônios, antevendo que seriam expulsos daqueles homens, pediram ao Senhor permissão para entrar numa grande manada de porcos que estava pastando ali por perto. Isso indica:
Embora os demônios possam ocupar corpos humanos se estes permitirem, eles nunca ocuparão o corpo de um crente em Cristo, pois ele é habitado pelo Espírito de Deus.
O Senhor mandou que eles se fossem e entrassem nos porcos. Os demônios, tantos que eram, infestaram toda a manada de cerca de dois mil porcos, e estes se precipitaram no mar afogando-se todos (Marcos 5:13). Isto demonstra a natureza destrutiva dos demônios.
Ao saber do acontecido, a população do local suplicou ao Senhor Jesus que saísse do território deles. Foi rejeitado por causa do dano material que havia causado, embora tivesse salvo dois homens e livrado a população do perigo que representavam.
Rejeitado pelos gadarenos, o Senhor Jesus voltou para a "sua cidade", Capernaum.
Um pequeno grupo entre os quais havia um paralítico carregado numa maca por quatro homens procurou chegar até perto dele, mas não podendo entrar por causa da multidão que enchia e cercava a casa, subiu à cobertura e removeu um pedaço de forma a baixar o paralítico pela abertura no teto, até onde o Senhor estava (Marcos 2:1-12).
Ao ver a fé do grupo, o Senhor perdoou os pecados do paralítico. Alguns mestres da lei que estavam presentes, disseram a si mesmos que Ele estava blasfemando, pois só Deus podia perdoar pecados. Realmente só Deus pode, mas o Senhor agora ia provar a Sua divindade!
Ele podia ler os seus pensamentos, portanto repreendeu-os por pensarem assim, e perguntou o que era mais fácil dizer: "Os seus pecados estão perdoados" ou "Levante-se e ande"? Tanto um como o outro são fáceis de dizer, mas ambos são humanamente impossíveis de cumprir. O resultado do primeiro não se pode ver, mas o do segundo é evidente.
Ele provou então que tinha poder para fazer ambos ao mandar o paralítico levantar, pegar a sua maca e ir para casa, o que ele prontamente fez. Mediante essa prova o povo temeu e glorificou a Deus por ter dado tal autoridade aos homens: na realidade era um só Homem, que também era o Filho de Deus.
R David Jones
18 E Jesus, vendo em torno de si uma grande multidão, ordenou que passassem para a outra margem.
19 E, aproximando-se dele um escriba, disse: Mestre, aonde quer que fores, eu te seguirei.
20 E disse Jesus: As raposas têm covis, e as aves do céu têm ninhos, mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça.
21 E outro de seus discípulos lhe disse: Senhor, permite-me que, primeiramente, vá sepultar meu pai.
22 Jesus, porém, disse-lhe: Segue-me e deixa aos mortos sepultar os seus mortos.
23 E, entrando ele no barco, seus discípulos o seguiram.
24 E eis que, no mar, se levantou uma tempestade tão grande, que o barco era coberto pelas ondas; ele, porém, estava dormindo.
25 E os seus discípulos, aproximando-se, o despertaram, dizendo: Senhor, salva-nos, que perecemos.
26 E ele disse-lhes: Por que temeis, homens de pequena fé? Então, levantando-se, repreendeu os ventos e o mar, e seguiu-se uma grande bonança.
27 E aqueles homens se maravilharam, dizendo: Que homem é este, que até os ventos e o mar lhe obedecem?
28 E, tendo chegado à outra margem, à província dos gadarenos, saíram-lhe ao encontro dois endemoninhados, vindos dos sepulcros; tão ferozes eram, que ninguém podia passar por aquele caminho.
29 E eis que clamaram, dizendo: Que temos nós contigo, Jesus, Filho de Deus? Vieste aqui atormentar-nos antes do tempo?
30 E andava pastando distante deles uma manada de muitos porcos.
31 E os demônios rogaram-lhe, dizendo: Se nos expulsas, permite-nos que entremos naquela manada de porcos.
32 E ele lhes disse: Ide. E, saindo eles, se introduziram na manada dos porcos; e eis que toda aquela manada de porcos se precipitou no mar por um despenhadeiro, e morreram nas águas.
33 Os porqueiros fugiram e, chegando à cidade, divulgaram tudo o que acontecera aos endemoninhados.
34 E eis que toda aquela cidade saiu ao encontro de Jesus, e, vendo-o, rogaram-lhe que se retirasse do seu território.
1 E, entrando no barco, passou para a outra margem, e chegou à sua cidade. E eis que lhe trouxeram um paralítico deitado numa cama.
2 E Jesus, vendo a fé deles, disse ao paralítico: Filho, tem bom ânimo; perdoados te são os teus pecados.
3 E eis que alguns dos escribas diziam entre si: Ele blasfema.
4 Mas Jesus, conhecendo os seus pensamentos, disse: Por que pensais mal em vosso coração?
5 Pois o que é mais fácil? Dizer ao paralítico: Perdoados te são os teus pecados, ou: Levanta-te e anda?
6 Ora, para que saibais que o Filho do Homem tem na terra autoridade para perdoar pecados—disse então ao paralítico: Levanta-te, toma a tua cama e vai para tua casa.
7 E, levantando-se, foi para sua casa.
8 E a multidão, vendo isso, maravilhou-se e glorificou a Deus, que dera tal poder aos homens.
Mateus capítulo 8 vers. 18-9:8