Mateus agora relata outros quatro sinais feitos pelo Senhor Jesus, o Messias, mostrando Seu poder em formas diferentes.
O líder da sinagoga em Capernaum, chamado Jairo, conhecia bem o Senhor Jesus, pois Ele já era reconhecido como mestre, ou rabino, e era convidado a ensinar na sinagoga de lá (Marcos 1:21, 3:1, Lucas 6:6).
A filha de Jairo, com doze anos de idade, estava à morte, e Jairo foi procurar o Senhor Jesus para que a curasse: ele já sabia das curas que Ele havia operado, pelo menos uma delas tendo sido feita dentro da própria sinagoga (Lucas 6:6), e ele cria que esse Mestre era realmente o Messias, pois O adorou.
Ele corria o risco de sofrer perseguição por parte dos fariseus e herodianos, que já estavam conspirando para matar o Senhor Jesus, mas o seu amor pela filhinha e sua fé no Messias superavam qualquer temor que tivesse deles.
O Senhor Jesus concordou, levantou-se e o seguiu, com seus discípulos e uma grande multidão (Marcos 5:24).
Entre a multidão havia uma mulher que sofria de uma hemorragia incurável, pois havia gasto inutilmente tudo o que tinha com os médicos, e o seu estado estava piorando (Marcos 5:26). É curioso que a enfermidade deve ter começado aproximadamente quando a filha de Jairo nascera!
Aparentemente sem coragem ou oportunidade de falar com o Senhor Jesus, rodeado como ele estava de gente importante e apertado pela multidão, ela se convenceu que bastaria tocar Seu manto. Assim, ela se chegou por trás dele e tocou no manto, ficando instantaneamente curada.
Marcos e Lucas entram em mais detalhes, mas Mateus apenas conta que Jesus se voltou para ela e lhe declarou que ela havia sido curada pela sua fé.
Essa é a fé salvadora, que está ao alcance de todo o pecador (João 3:15,16, Atos 16:31).
Enquanto Ele lhe falava, chegaram algumas pessoas vindas da casa de Jairo para dizer que a sua filha havia morrido e não precisava mais incomodar o Mestre. O Senhor Jesus lhe advertiu: "Não tenha medo; tão-somente creia" (Marcos 5:36). Bastava mostrar a mesma fé como aquela mulher fizera um pouco antes.
Havia um grande alvoroço na casa, os flautistas e as carpideiras já estariam fazendo o seu trabalho de lamentação contratada, e o Senhor Jesus teve de ordenar que saíssem para que Ele e os seus discípulos Pedro, Tiago e João (Marcos 5:37) pudessem ir até onde estava a menina. Ele declarou que a menina não estava morta, mas dormia. Riram-se dele porque dizia isso.
A menina não tinha mais pulso ou respiração, mas entendemos que Deus permitiu que a sua alma aguardasse a chegada do Messias para trazer-lhe novamente à vida. Assim a morte não havia sido completada e ela dormia conforme informou o Senhor Jesus.
Alguns julgam que se tratava de um estado de coma profundo, não sendo propriamente o caso de uma ressurreição. Esses comas profundos são conhecidos pela ciência moderna, mas os doentes precisam ser mantidos vivos com recursos artificiais - que não existiam naquele tempo.
"Entrou Jesus e pegou-lhe na mão, e a menina levantou-se." Marcos e Lucas contam que o Senhor primeiro pegou a mão da menina e lhe disse "Menina, levante-se!", ela imediatamente obedeceu, e o Senhor mandou que lhe dessem alimento.
Houve dois outros casos semelhantes mais tarde, e em ambos o Senhor Jesus dirigiu a palavra ao defunto, fazendo com que ele se levantasse da morte: o filho da viúva de Naim (Lucas 7:11-15) e Lázaro (João 11:14-44). No caso de Lázaro o Senhor Jesus declarou efetivamente que ele estava morto, e sua irmã Marta disse que ele estava morto já por quatro dias.
Sem dúvida o Senhor Jesus tinha o poder sobre a morte, e a notícia se espalhou por todo o país.
O milagre da ressurreição dos mortos nos dá uma poderosa ilustração do poder de Cristo para também dar vida eterna aos que se encontram mortos espiritualmente: toda a humanidade jaz morta em delitos e pecados. A morte nesse caso não é a separação entre a alma e o corpo físico, quando este deixa de funcionar e se corrompe, mas é a separação entre o homem e Deus por causa do pecado cometido pelo homem. Deus é justo e santo, e não pode ter comunhão com o homem pecador.
Mas Deus convida o pecador a deixar os seus pecados e viver em comunhão com Ele, recebendo o perdão que Ele dá gratuitamente mediante a fé no Senhor Jesus, Seu Filho, que voluntariamente deu-se a Si mesmo na cruz do Calvário para tomar sobre Si o castigo pelos nossos pecados. Tendo pago o preço, Ele nos redimiu.
Assim como o Senhor chamou aqueles três mortos, e eles O obedeceram para ter nova vida, também Deus chama o pecador - cabe-lhe obedecer ao chamado para ter uma nova vida, e desta vez eterna pois a comunhão com Deus nunca mais poderá ser quebrada.
Quando o Senhor saiu da casa de Jairo, dois cegos o seguiram e clamavam "Filho de Davi, tem misericórdia de nós". Os cegos podiam ouvir as conversas e sem dúvida haviam se informado bem a respeito deste homem que fazia curas milagrosas.
É notável como estavam bem informados a respeito da Sua descendência de Davi - outra prova que Ele era o Messias esperado por Israel. Sem poder vê-lo, estes cegos haviam chegado a crer na Sua identidade pelo testemunho que ouviram dos outros, e agora clamavam pela Sua misericórdia.
Como esses cegos, milhões de pessoas vêm a conhecer a pessoa do Senhor Jesus sem nunca terem tido o privilégio de vê-lo pessoalmente. As provas da Sua identidade como o Filho de Deus são abundantes, vindas através do testemunho dos Seus discípulos, os nele crêem, o testemunho incontestável da Bíblia, que é a infalível Palavra de Deus, e a clara mensagem do Evangelho que pode ser entendido até por uma criança. O Senhor Jesus está acessível a todo aquele que sinceramente busca a Verdade, que Ele personifica.
Os dois cegos acompanharam o Senhor Jesus até a Sua casa, onde Ele os interpelou: "Vocês crêem que eu sou capaz de fazer isto?". É claro que Ele sabia que sim, mas queria que eles declarassem isso abertamente, para todos ouvirem.
Várias vezes notamos que Ele desejava que as pessoas declarassem abertamente a Sua fé. Ele deseja isso de todos os Seus discípulos, pois a declaração pública requer coragem e convicção, e é uma prova de que não nos envergonhamos dele.
Os dois cegos responderam "Sim, Senhor!" A palavra Senhor aqui não é simples cortesia, mas é o reconhecimento da Sua supremacia como o Filho de Deus.
O Senhor Jesus então tocou nos olhos deles e concedeu o que pediam: "Seja-lhes feito segundo a fé que vocês têm!" Várias vezes o Senhor Jesus concedeu benefícios às pessoas como recompensa pela fé que demonstraram ter na Sua pessoa. Assim também a fé salvadora: é concedida a todos aqueles que crêem em Jesus Cristo como o Filho de Deus, e na sua morte voluntária e sacrificial por todos aqueles que colocam a Sua fé nele, e O recebem como Seu Senhor e Salvador pessoal.
Infelizmente os dois cegos não puderam conter a sua alegria, e foram espalhar a notícia da sua cura por toda aquela região, em desobediência à ordem do Senhor para que cuidassem para que ninguém soubesse. Não era fácil ficar em silêncio …
O último "sinal" de Jesus Cristo nesta série relatada por Mateus, foi a cura de um endemoninhado que não podia falar. Parece haver uma seqüência: vida, vista (entendimento espiritual), depois o falar (testemunho verbal). Essa é a seqüência natural para o pecador que se converte. Alguém levou o endemoninhado a Cristo, o que foi louvável, e a multidão se admirou com a cura.
Mas os fariseus, agora inimigos ferrenhos do Senhor Jesus, não estavam dispostos a crer nele por causa disto, e declararam que Ele o fazia pelo "príncipe dos demônios". Cometeram assim o terrível pecado imperdoável contra o Espírito Santo, explicado mais tarde em situação idêntica (Mateus 12:32).
18 Dizendo-lhes ele essas coisas, eis que chegou um chefe e o adorou, dizendo: Minha filha faleceu agora mesmo; mas vem, impõe-lhe a tua mão, e ela viverá.
19 E Jesus, levantando-se, seguiu-o, e os seus discípulos também.
20 E eis que uma mulher que havia já doze anos padecia de um fluxo de sangue, chegando por detrás dele, tocou a orla da sua veste,
21 porque dizia consigo: Se eu tão-somente tocar a sua veste, ficarei sã.
22 E Jesus, voltando-se e vendo-a, disse: Tem ânimo, filha, a tua fé te salvou. E imediatamente a mulher ficou sã.
23 E Jesus, chegando à casa daquele chefe, e vendo os instrumentistas e o povo em alvoroço,
24 disse-lhes: Retirai-vos, que a menina não está morta, mas dorme. E riram-se dele.
25 E, logo que o povo foi posto fora, entrou Jesus e pegou-lhe na mão, e a menina levantou-se.
26 E espalhou-se aquela notícia por todo aquele país.
27 E, partindo Jesus dali, seguiram-no dois cegos, clamando e dizendo: Tem compaixão de nós, Filho de Davi.
28 E, quando chegou à casa, os cegos se aproximaram dele; e Jesus disse-lhes: Credes vós que eu possa fazer isto? Disseram-lhe eles: Sim, Senhor.
29 Tocou, então, os olhos deles, dizendo: Seja-vos feito segundo a vossa fé.
30 E os olhos se lhes abriram. E Jesus ameaçou-os, dizendo: Olhai que ninguém o saiba.
31 Mas, tendo ele saído, divulgaram a sua fama por toda aquela terra.
32 E, havendo-se eles retirado, trouxeram-lhe um homem mudo e endemoninhado.
33 E, expulso o demônio, falou o mudo; e a multidão se maravilhou, dizendo: Nunca tal se viu em Israel.
34 Mas os fariseus diziam: Ele expulsa os demônios pelo príncipe dos demônios.
Mateus capítulo 9 vers. 18-34