Os discípulos são o sal da terra. O seu caráter foi descrito nos versículos anteriores, sendo eles os que colocam a sua fé no Senhor Jesus.
Por "sal da terra" entende-se que o seu caráter é benéfico para a população da terra. O sal é conhecido pelas suas propriedades de sanear e conservar aquilo em que é aplicado. Igualmente os que procuram viver de maneira justa, honesta, íntegra, em obediência aos princípios do reino de Cristo, têm uma influência positiva sobre o meio em que vivem.
Mas, a eficácia do sal depende da sua qualidade. Apenas por ser chamado de "sal" não é garantia que vai salgar … Assim, também, chamar-se "cristão" não traz nenhuma influência para o bem no mundo se não for acompanhado das boas obras resultantes do caráter de um discípulo de Cristo.
Os discípulos também são a luz do mundo. A escuridão, ou trevas, na realidade nada mais é que a ausência de luz. Não se pode impor a escuridão sobre a luz, mas a luz, por menor que seja, é sempre vista na escuridão. Para que uma luz não seja vista, é preciso que seja coberta.
O Senhor Jesus declarou ser Ele próprio a luz do mundo enquanto estava no mundo (João 9:5), e aqui Ele declara que os discípulos são a luz do mundo, sem dúvida ao refletir a Sua luz depois da Sua ascensão. O crente brilha pelo Senhor Jesus, tendo em si a luz do Evangelho, da qual dá testemunho aos que o rodeiam.
Como uma cidade construída sobre um monte não se pode esconder, também o crente não pode deixar de se revelar pela sua conduta: sua vida santificada contrasta com o comportamento dos incrédulos.
A candeia é um pequeno aparelho de iluminação, de folha-de-flandres ou de barro, abastecido com óleo e provido de mecha, usado sobre uma espécie de disco que fica na parte superior de uma haste de madeira apoiada numa base no alto de uma parede, chamado velador. O alqueire é um recipiente quadrado, geralmente de madeira e com duas asas, utilizado para medir um alqueire de cereais.
Ninguém tampa a candeia com o alqueire, no chão, pois assim ela é inútil, mas sobre o velador para iluminar todo o ambiente.
O crente não pode esconder a sua luz, mas deve irradiar a luz do Evangelho mediante o seu comportamento e testemunho aos que se encontram ao seu redor. A finalidade disto não é granjear agradecimentos e louvor para si, mas fazer com que o seu Pai que estános céus seja glorificado por aqueles que vêem as boas coisas que ele faz, sendo assim por sua vez iluminados pelo Evangelho de Cristo.
O Senhor Jesus declara que Ele não veio abolir a lei ou os profetas. Ele não era um revolucionário, cortando todos os laços com o passado e introduzindo uma nova religião. Ao contrário, Ele veio para cumprir a lei de Moisés, e as profecias sobre Ele que se encontram no Velho Testamento.
Ele insistiu que nenhum dos menores detalhes da lei deixaria de ser perfeitamente cumprido. Não se achou qualquer pecado em Sua pessoa. Além disso, uma boa parte da lei de Moisés envolve sacrifícios, rituais e formalidades: todas eram figura do Messias que havia de vir, e todos foram cumpridos em Jesus Cristo.
Também foram cumpridas as profecias sobre o Seu nascimento e a Sua atuação como o Cordeiro de Deus, sacrificado pelos pecados do mundo. As demais profecias sobre o Messias triunfante, que liberta o remanescente de Israel dos seus inimigos e institui o Seu reino na terra também serão cumpridas fielmente quando o Dia do Senhor chegar. Os novos céus e a nova terra virão depois.
Tendo Jesus Cristo cumprido toda a lei, ela deixa de ter relevância quanto ao seu aspecto cerimonial, que inclui o sacerdócio, os sacrifícios e os dias santificados. Ele é o sacerdote e o sacrifício.
Os que recebem a Cristo como seu Senhor e Salvador "morrem" para a lei pelo corpo de Cristo, que foi sacrificado em seu lugar (Romanos 7:4), e a lei não foi feita para eles (1 Timóteo 1:9).
Mas a lei de Moisés continua valendo para os incrédulos, pois é mediante a lei que os seus pecados são evidenciados, assim convencendo-os da necessidade de arrependimento e da remissão que somente pode ser conseguida mediante a fé no Salvador, Jesus Cristo.
Os crentes em Cristo pertencem ao reino de Deus, tendo sido libertos da observância da lei de Moisés para em seu lugar servir a Cristo e dar fruto para Deus.
O reino de Deus tem sua lei, a lei do Messias (1 Coríntios 9:21), de certa forma mais exigente do que a lei de Moisés, e que se resume em amar aos outros como a si mesmo e não fazer mal ao próximo (Romanos 13:8-10).
O Senhor Jesus esclarece que quem "violar um destes menores mandamentos e assim ensinar aos homens será chamado o menor no Reino dos céus; aquele, porém, que os cumprir e ensinar será chamado grande no Reino dos céus". Notemos que não existe a pena de morte, pois o crente não perde a sua salvação, que é eterna, mas o seu grau de obediência influirá sobre a sua posição no reino.
Encontramos vários aspectos da lei do reino do Messias a seguir, com mais detalhes explicitados em outras partes do Novo Testamento. Eles nos são dados, como toda a Escritura, para ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça (2 Timóteo 3:16). Apenas nove dos Dez Mandamentos são repetidos, pois não se requer a guarda do sábado pelos crentes.
Para entrar no reino de Deus é preciso um grau de justiça maior do que o dos escribas e fariseus: é ser justificado pela fé em Cristo.
Em seguida o Senhor Jesus nos mostra alguns aspectos em que a Sua lei é ainda mais abrangente do que a que foi dada através de Moisés:
Não matarás: de igual gravidade é encolerizar-se contra um irmão sem justa causa (semente do homicídio), pior ainda é insultá-lo (espírito do homicídio) e pior de tudo é amaldiçoá-lo (desejo de homicídio). Quem ofende a outrem deve primeiro reconciliar-se com ele antes de trazer sua oferta a Deus.
Não adulterarás: a lei condena o ato físico, mas o adultério já se realiza ao atentar numa mulher para a cobiçar. O pecado começa na mente, e para que os pensamentos se mantenham puros é necessária uma severa disciplina, comparando-se a arrancar um olho, ou cortar uma mão.
O marido pode deixar sua mulher, dando-lhe carta de desquite: o marido que repudia sua mulher, salvo por causa de impureza sexual (não adultério, pois seria apedrejada), faz com que ela adultere com outro, e este estará também adulterando ao casar-se com ela. Está implícito que o responsável é o primeiro marido, que será culpado pelos pecados subseqüentes.
Não perjurarás, mas cumprirás teus juramentos ao Senhor: é errado jurar pelo céu, pela terra, por Jerusalém ou pela própria cabeça porque não temos qualquer autoridade sobre eles, tornando possível fazer falso juramento. Não devemos dar mais do que a nossa palavra (e nunca mentir, porque é pecado).
Olho por olho, dente por dente: não devemos nos vingar, mas pagar o mal com o bem.
Amarás o teu próximo e aborrecerás ao teu inimigo: assim como o amor de Deus abrange a todos, também nós devemos amar e fazer o bem a todos, mesmo ao nosso inimigo.
A lei dava uma medida de justiça apenas: mas devemos ir além e ser perfeitos assim como é perfeito o nosso Pai nos céus. Esta perfeição é a maturidade espiritual que permite ao crente imitar a Deus, abençoando a todos sem parcialidade.
13 Vós sois o sal da terra; e, se o sal for insípido, com que se há de salgar? Para nada mais presta, senão para se lançar fora e ser pisado pelos homens.
14 Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte;
15 nem se acende a candeia e se coloca debaixo do alqueire, mas, no velador, e dá luz a todos que estão na casa.
16 Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai, que está nos céus.
17 Não cuideis que vim destruir a lei ou os profetas; não vim ab-rogar, mas cumprir.
18 Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a terra passem, nem um jota ou um til se omitirá da lei sem que tudo seja cumprido.
19 Qualquer, pois, que violar um destes menores mandamentos e assim ensinar aos homens será chamado o menor no Reino dos céus; aquele, porém, que os cumprir e ensinar será chamado grande no Reino dos céus.
20 Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no Reino dos céus.
21 Ouvistes que foi dito aos antigos: Não matarás; mas qualquer que matar será réu de juízo.
22 Eu, porém, vos digo que qualquer que, sem motivo, se encolerizar contra seu irmão será réu de juízo, e qualquer que chamar a seu irmão de raca será réu do Sinédrio; e qualquer que lhe chamar de louco será réu do fogo do inferno.
23 Portanto, se trouxeres a tua oferta ao altar e aí te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti,
24 deixa ali diante do altar a tua oferta, e vai reconciliar-te primeiro com teu irmão, e depois vem, e apresenta a tua oferta.
25 Concilia-te depressa com o teu adversário, enquanto estás no caminho com ele, para que não aconteça que o adversário te entregue ao juiz, e o juiz te entregue ao oficial, e te encerrem na prisão.
26 Em verdade te digo que, de maneira nenhuma, sairás dali, enquanto não pagares o último ceitil.
27 Ouvistes que foi dito aos antigos: Não cometerás adultério.
28 Eu porém, vos digo que qualquer que atentar numa mulher para a cobiçar já em seu coração cometeu adultério com ela.
29 Portanto, se o teu olho direito te escandalizar, arranca-o e atira-o para longe de ti, pois te é melhor que se perca um dos teus membros do que todo o teu corpo seja lançado no inferno.
30 E, se a tua mão direita te escandalizar, corta-a e atira-a para longe de ti, porque te é melhor que um dos teus membros se perca do que todo o teu corpo seja lançado no inferno.
31 Também foi dito: Qualquer que deixar sua mulher, que lhe dê carta de desquite.
32 Eu, porém, vos digo que qualquer que repudiar sua mulher, a não ser por causa de prostituição, faz que ela cometa adultério; e qualquer que casar com a repudiada comete adultério.
33 Outrossim, ouvistes que foi dito aos antigos: Não perjurarás, mas cumprirás teus juramentos ao Senhor.
34 Eu, porém, vos digo que, de maneira nenhuma, jureis nem pelo céu, porque é o trono de Deus,
35 nem pela terra, porque é o escabelo de seus pés, nem por Jerusalém, porque é a cidade do grande Rei,
36 nem jurarás pela tua cabeça, porque não podes tornar um cabelo branco ou preto.
37 Seja, porém, o vosso falar: Sim, sim; não, não, porque o que passa disso é de procedência maligna.
38 Ouvistes que foi dito: Olho por olho e dente por dente.
39 Eu, porém, vos digo que não resistais ao mal; mas, se qualquer te bater na face direita, oferece-lhe também a outra;
40 e ao que quiser pleitear contigo e tirar-te a vestimenta, larga-lhe também a capa;
41 e, se qualquer te obrigar a caminhar uma milha, vai com ele duas.
42 Dá a quem te pedir e não te desvies daquele que quiser que lhe emprestes.
43 Ouvistes que foi dito: Amarás o teu próximo e aborrecerás o teu inimigo.
44 Eu, porém, vos digo: Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem,
45 para que sejais filhos do Pai que está nos céus; porque faz que o seu sol se levante sobre maus e bons e a chuva desça sobre justos e injustos.
46 Pois, se amardes os que vos amam, que galardão tereis? Não fazem os publicanos também o mesmo?
47 E, se saudardes unicamente os vossos irmãos, que fazeis de mais? Não fazem os publicanos também assim?
48 Sede vós, pois, perfeitos, como é perfeito o vosso Pai, que está nos céus.
Mateus capítulo 5 vers. 13-48