Terminado o "Sermão do Monte", o Senhor Jesus desceu do monte, e havia grandes multidões à Sua espera. No sermão Ele havia apresentado a lei do Seu reino aos discípulos, agora Ele ia dar prova concreta do Seu poder, cumprindo assim mais algumas profecias a respeito do Messias que havia de vir (p.ex. Isaías 35:5,6).
Aqui não são relatados todos os "sinais" realizados por Ele (muitos já haviam sido feitos antes também), nem seguem uma ordem estritamente cronológica, mas é nos dada apenas uma seleção para comprovar sua variedade e nos trazer lições e ilustrações de temas espirituais.
Entre outras coisas, é manifestada a autoridade suprema de Cristo sobre enfermidades, demônios, e a natureza, incluindo a morte, Seu direito ao senhorio absoluto sobre as vidas dos que O seguem, Sua crescente rejeição pelos líderes religiosos de Israel bem como Sua aceitação por alguns gentios.
Um leproso se prostrou diante do Senhor Jesus e declarou ter fé que Ele poderia curá-lo, se quisesse. A lepra hoje em dia é o nome de apenas uma doença da pele, curável com antibióticos. Naquele tempo o nome abrangia também outras variedades igualmente contagiosas. Era um tipo do pecado, nojenta, destrutiva, contaminante e quase sempre humanamente incurável.
Ao estender a sua mão sobre um leproso, uma pessoa se tornava "impura" no cerimonial religioso judaico, pois corria o risco de contágio. Mas o Senhor Jesus não só não se contaminou, mas curou o leproso ao declarar: "Quero. Sê limpo!"
Em seguida ordenou que, sem dizer nada a ninguém, o homem fosse com uma oferta diretamente mostrar-se ao sacerdote para comprovar a cura. Era importante obedecer ao que a lei mandava. Também provava o poder divino de Cristo ao sacerdote.
O centurião (comandante de um batalhão romano contendo sessenta centúrias de cem soldados cada uma) era gentio (v.10) mas mostrou fé maior do que qualquer pessoa em Israel, ao declarar que o Senhor Jesus podia curar o servo dele, que se encontrava muito doente, sem precisar de ir atéo local em que se encontrava. Ele creu na autoridade do Senhor Jesus como o Messias, o Enviado de Deus, comparou-a com a sua própria, e considerou-se indigno de recebê-lo em sua casa.
Os judeus desprezavam os gentios porque não eram descendentes de Abraão, mas o centurião viu que Este era de procedência divina. O Senhor Jesus admirou-se com a fé do centurião, assim como, mais tarde, iria admirar-se com a incredulidade dos judeus (Marcos 6:6).
Ele portanto declarou que muitos virão do mundo inteiro para participar da comunhão com Abraão, enquanto que os "súditos do reino" (que os judeus pensavam ser eles próprios) serão lançados para fora, nas trevas, onde haverá choro e ranger de dentes.
Hoje há muitos que se julgam "súditos do reino" apenas porque sua família é "cristã" ou formalmente freqüentam uma igreja: eles devem se cuidar pois podem estar cometendo o mesmo engano dos judeus, pensando que adquirem direitos de cidadãos do céu por hereditariedade ou simples cerimonial. Isto sóse consegue mediante a fé em Jesus Cristo como seu Senhor e Salvador pessoal.
O sinal que o Senhor Jesus operou nesta ocasião demonstrou seu poder para efetuar uma cura sem necessitar de estar presente no local onde se encontrava o enfermo. Também não foi necessário ao próprio enfermo ter fépara ser curado. Foi a fé do centurião que foi premiada.
O Senhor entrou na casa de Pedro e encontrou a sogra dele sofrendo de uma febre. Pediram que Ele fizesse algo por ela (Lucas 4:38). Bastou ao Senhor tocá-la para que sua temperatura voltasse ao normal e logo ela se levantou para servi-lo.
Este é um bom exemplo para nós: servir a Deus em primeiro lugar sempre, mesmo depois de sermos abençoados por Deus com a recuperação de uma doença ou algo igualmente debilitante.
Ao anoitecer do sábado, quando começava o primeiro dia da semana do calendário israelita, trouxeram a Ele muitos endemoninhados e doentes.
Ele expulsou os espíritos e curou todos os doentes.
Somos então instruídos que, com isto, o Senhor Jesus cumpriu a profecia de Isaías: "Ele tomou sobre si as nossas enfermidades e levou as nossas doenças." (Isaías 53:4).
Os curandeiros "evangélicos" usam esse versículo em Isaías mais do que qualquer outro para nele basearem a sua teoria que foi ao morrer na cruz que o Senhor Jesus nos trouxe a cura física, e que a cura física é algo ao qual o crente agora tem direito.
Mas notemos que o Espírito Santo nos informa que a profecia foi cumprida naquela ocasião, no ministério do Senhor Jesus na terra, e não depois, quando dava a Sua vida no Calvário!
Vamos portanto abrir aqui um parêntese para estudar aquele versículo em seu contexto e assim contestar a doutrina falsa. Lemos em Isaías 53:4 e 5: "Verdadeiramente, ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputamos por aflito, ferido de Deus e oprimido. Mas ele foi ferido pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e, pelas suas pisaduras, fomos sarados."
A última sentença nos diz do que fomos sarados: foi do castigo que vinha sobre nós. O castigo era devido pelas nossas transgressões e iniqüidades. O castigo consistiu em Cristo ser ferido, moído, pisado. Para confirmar esse entendimento, lemos em 1 Pedro 2:24: "levando ele mesmo em seu corpo os nossos pecados sobre o madeiro, para que, mortos para os pecados, pudéssemos viver para a justiça; e pelas suas feridas fostes sarados."
Pedro deixa bem claro que fomos sarados dos nossos pecados pelas feridas do Senhor Jesus Cristo. Outro versículo em Isaías 53 confirma esta realidade: "Todos nós andamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo seu caminho, mas o SENHOR fez cair sobre ele a iniqüidade de nós todos." (v.6). Ele levou sobre si na cruz a iniqüidade de todos nós que O recebemos como nosso Senhor e Salvador pessoal. Só Ele podia voluntariamente receber o castigo que pesava sobre nós, porque era santo e sem pecado algum.
Incluir também nossas doenças físicas é um despropósito e não tem qualquer base na doutrina bíblica. Sabemos que um dia não haverá mais a maldição (Apocalipse 22:3), que entrou no mundo depois que o homem pecou (Gênesis 3:17), mas isto ainda estáno futuro.
Os apóstolos estavam envolvidos com doenças físicas e nunca se referiram ao "direito" delas serem saradas por causa de um suposto livramento na cruz de Cristo (p.ex. Filipenses 2:25-27).
Temos que aceitar que a cura nem sempre é o que Deus quer para nós. Ao invés de procurarmos um curandeiro "evangélico", é melhor ir diretamente a Ele, em nome do Seu Filho, e rogar pela nossa cura pessoalmente. Assim podemos verificar se é da Sua vontade que sejamos curados. Demos glória a Ele, se formos curados ou não, e não a outra pessoa. Fechemos aqui o parêntese.
Um comentarista faz os seguintes interessantes paralelos entre estes quatro sinais e a escatologia bíblica:
A cura de um leproso judeu, com a presença de Cristo: o ministério do Senhor Jesus aos judeus na primeira vinda.
A cura do servo do centurião, na ausência de Cristo: a dispensação dos gentios, estando Cristo no céu.
A cura da sogra de Pedro na vinda de Cristo: o restabelecimento de Israel na segunda vinda de Cristo.
A cura de todos os endemoninhados e enfermos: o reino de Cristo no milênio, quando todos serão sarados.
1 E, descendo ele do monte, seguiu-o uma grande multidão.
2 E eis que veio um leproso e o adorou, dizendo: Senhor, se quiseres, podes tornar-me limpo.
3 E Jesus, estendendo a mão, tocou-o, dizendo: Quero; sê limpo. E logo ficou purificado da lepra.
4 Disse-lhe, então, Jesus: Olha, não o digas a alguém, mas vai, mostra-te ao sacerdote e apresenta a oferta que Moisés determinou, para lhes servir de testemunho.
5 E, entrando Jesus em Cafarnaum, chegou junto dele um centurião, rogando-lhe
6 e dizendo: Senhor, o meu criado jaz em casa paralítico e violentamente atormentado.
7 E Jesus lhe disse: Eu irei e lhe darei saúde.
8 E o centurião, respondendo, disse: Senhor, não sou digno de que entres debaixo do meu telhado, mas dize somente uma palavra, e o meu criado sarará,
9 pois também eu sou homem sob autoridade e tenho soldados às minhas ordens; e digo a este: vai, e ele vai; e a outro: vem, e ele vem; e ao meu criado: faze isto, e ele o faz.
10 E maravilhou-se Jesus, ouvindo isso, e disse aos que o seguiam: Em verdade vos digo que nem mesmo em Israel encontrei tanta fé.
11 Mas eu vos digo que muitos virão do Oriente e do Ocidente e assentar-se-ão à mesa com Abraão, e Isaque, e Jacó, no Reino dos céus;
12 E os filhos do Reino serão lançados nas trevas exteriores; ali, haverá pranto e ranger de dentes.
13 Então, disse Jesus ao centurião: Vai, e como creste te seja feito. E, naquela mesma hora, o seu criado sarou.
14 E Jesus, entrando na casa de Pedro, viu a sogra deste jazendo com febre.
15 E tocou-lhe na mão, e a febre a deixou; e levantou-se e serviu-os.
16 E, chegada a tarde, trouxeram-lhe muitos endemoninhados, e ele, com a sua palavra, expulsou deles os espíritos e curou todos os que estavam enfermos,
17 para que se cumprisse o que fora dito pelo profeta Isaías, que diz: Ele tomou sobre si as nossas enfermidades e levou as nossas doenças.
Mateus capítulo 8 vers. 1- 17