Não somos informados especificamente quem trouxe essas crianças ao Senhor Jesus, mas, sem dúvida, assim como a multidão trazia os seus enfermos para serem curados, alguns agora resolveram trazer também as suas crianças (em Lucas 18:15 o original é "criancinhas"), aparentemente sadias, para que as tocasse e orasse por elas
Os discípulos os repreendiam, talvez não querendo que perturbassem o Mestre que estava envolvido em coisas que achavam mais importantes, como curar os enfermos e discutir com os fariseus sobre a lei. Crianças não eram tão importantes a seu ver.
Mas o Senhor ficou indignado com os discípulos (Marcos 10:14) por causa da sua atitude. No original se lê "ficou movido por indignação", uma expressão que indica uma forte emoção, dor. O amor do Senhor Jesus pelas crianças foi assim demonstrado, e Ele se indignou porque Seus discípulos estavam impedindo que fossem levadas até Ele.
Ele logo ordenou que deixassem vir a ele as crianças, e não as impedissem, "pois o Reino dos céus pertence aos que são como elas". Ele não disse "pertence a elas", porque não é restrito a elas, mas sim "aos que são como elas" — inclusive elas próprias, está bem claro.
Os versículos 13 e 14, repetidos nos Evangelhos de Marcos e Lucas, dão ampla base ao entendimento que as criancinhas, em sua inocência, estão salvas, embora debaixo da maldição do pecado. Delas também é o Reino dos céus, valendo para elas o sangue vertido pelo Senhor Jesus.
Esse entendimento indica que, ao crescerem, haverá um ponto em que adquirirão plena consciência do seu pecado e então terão que se valer voluntariamente da salvação pela fé em Cristo. Se O rejeitarem, continuarão em seus pecados e sofrerão o seu castigo que é a perdição eterna.
O Senhor Jesus colocou suas mãos sobre as criancinhas — um gesto usado naquele tempo para simbolizar a bênção de Deus, como encontramos em Marcos. Não foi um ritual essencial para a salvação das crianças. É uma lição para nos ensinar a importância de levar as crianças a Cristo, desde sua tenra idade, para que sejam abençoadas por Deus em suas vidas.
Os Evangelhos de Marcos e Lucas acrescentam aqui as palavras do Senhor Jesus "Em verdade vos digo que qualquer que não receber o reino de Deus como menino, de maneira nenhuma entrará nele", semelhantes às que encontramos no capítulo 18:3 (ver exposição no artigo "A Humildade Cristã" desta série). A criancinha aprende a obedecer aos seus pais com simplicidade e confiança. Simplicidade, confiança e amor a Deus são requisitos essenciais para o Seu reino.
Um jovem rico e importante (Lucas 18:18) procurou o Senhor Jesus e lhe perguntou "Bom Mestre, que farei para herdar a vida eterna?". Em Sua resposta, o Senhor primeiro o fez considerar a palavra "Bom" que havia usado. Se o jovem houvesse refletido sobre quem era "Bom", ao usá-la assim ele estaria reconhecendo a divindade do Senhor Jesus, pois só Deus é Bom. Os discípulos já haviam reconhecido que Ele era "… O Cristo, o Filho do Deus vivo" (Mateus 16:16).
Em seguida, o Senhor declarou que, se ele quisesse "entrar na vida", ou seja, ter a vida eterna, ele deveria obedecer aos mandamentos, ou seja, os mandamentos de Deus encontrados na lei de Moisés.
Os mandamentos foram dados para estipular o padrão de retidão de conduta de Deus. Ninguém em toda a humanidade consegue manter esse alto padrão em sua vida, por isso a Bíblia nos diz que a lei foi dada para nos convencer do pecado. Pecado significa "falha", e todos falhamos, muito ou pouco, mas a mínima falha nos faz pecadores, e indignos da comunhão com Deus, a vida eterna.
Como o jovem queria herdar a vida eterna pelas obras ("que farei"), o Senhor lhe deu a resposta adequada para conquistar esse direito: era necessário obedecer aos mandamentos.
O jovem perguntou: "Quais?" Seria essa uma pergunta sincera, ou estaria ele provando o Bom Mestre para descobrir se haveria alguma série de ordenanças novas que dariam uma receita para herdar a vida?
Muitos têm feito uma receita à parte assim para si, a fim de obter justificação pelas obras: caridade, penitência, rezas e contribuições aos "santos", vida monástica, etc., mas nunca chegam à certeza da sua salvação, porque os seus pecados continuam a pesar na sua consciência.
O Senhor Jesus logo apontou diretamente para a lei de Moisés e citou, como exemplo, os mandamentos que dizem respeito ao relacionamento humano: não assassinar, não adulterar, não furtar, não mentir, honrar pai e mãe e amar ao próximo como a si mesmo.
O jovem, como que querendo mostrar que era já um justo, declarou que tudo isso ele tinha obedecido, e perguntou se ainda faltava alguma coisa. Essa é a atitude da maioria das pessoas: fazem vista grossa aos pequenos deslizes, e se consideram inocentes porque nunca cometeram crimes sérios.
O Senhor não desmentiu o que o jovem havia dito, o que Ele bem poderia ter feito. O jovem tinha de fato um bom caráter, tanto que o Senhor olhou para ele e gostou dele (Marcos 10:21).
Mas o Senhor sabia como provar o pecado do jovem: disse-lhe que ele seria perfeito e teria um tesouro nos céus se vendesse os seus bens e desse o dinheiro aos pobres. Depois, que viesse seguí-lo. O teste era para ver até onde ia o seu amor para com Deus e para com o próximo. O Senhor Jesus, certa vez indagado qual era o maior mandamento, disse "Amarás ao Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma, com todas as tuas forças, e com todo o teu entendimento, e ao teu próximo como a ti mesmo" (Lucas 10:27).
O jovem falhou neste teste, e retirou-se triste, pois amava as suas riquezas acima de tudo. A sua fé no Senhor Jesus não era suficiente para trocar a riqueza no mundo por uma promessa de bens eternos no céu, e de pôr a sua vida em risco ao seguí-lo.
O seu apego às riquezas não é nada incomum, ao contrário, caracteriza a maioria dos que são ricos neste mundo, ao ponto do Senhor dizer aos Seus discípulos que é difícil um rico entrar no reino dos céus: "é mais fácil um camelo passar pelo fundo de uma agulha, do que um rico entrar no reino de Deus. "
Esta era uma expressão popular para indicar que era difícil mesmo, o "fundo de uma agulha" sendo uma porta baixa e apertada, usada como emergência quando os portões da muralha da cidade estavam fechados. Era muito difícil passar um camelo por ela, mas não era totalmente impossível.
Os discípulos logo opuseram que, "neste caso, quem pode ser salvo"? Os ricos dispõem de amplos meios para comprarem para si o que quiserem, mas se é difícil para eles conseguirem entrada para o reino dos céus, que será dos outros?
O Senhor concordou: "Para o homem é impossível." De fato, nenhum homem pode adquirir entrada para o reino dos céus, seja pela sua riqueza, sua bondade, sua piedade, suas orações, ou outra coisa mais. É impossível apagar o pecado pelas obras, pois ninguém pode cumprir com a perfeita lei de Deus.
Mas, o Senhor acrescentou: "Para Deus todas as coisas são possíveis." Foi Ele quem deu a solução "Deus amou ao mundo de tal maneira, que deu o Seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna" (João 3:16).
Pedro, ainda preocupado com essa impossibilidade, demonstrou a sua preocupação por ter ele, e os outros discípulos, deixado tudo para seguir ao Senhor Jesus, e perguntou: "Que será de nós?"
O Senhor logo o tranqüilizou com a promessa de alta posição para os apóstolos em Seu reino glorioso na terra, onde vão julgar as doze tribos de Israel, e, com a vida eterna, a restituição em centuplicado a todos os que deixaram propriedades e parentes por Sua causa.
No próximo estudo, veremos a explicação da frase "muitos primeiros serão os derradeiros, e muitos derradeiros serão os primeiros".
13 Trouxeram-lhe, então, alguns meninos, para que sobre eles pusesse as mãos, e orasse; mas os discípulos os repreendiam.
14 Jesus, porém, disse: Deixai os meninos, e não os estorveis de vir a mim; porque dos tais é o reino dos céus.
15 E, tendo-lhes imposto as mãos, partiu dali.
16 E eis que, aproximando-se dele um jovem, disse-lhe: Bom Mestre, que bem farei para conseguir a vida eterna?
17 E ele disse-lhe: Por que me chamas bom? Não há bom senão um só, que é Deus. Se queres, porém, entrar na vida, guarda os mandamentos.
18 Disse-lhe ele: Quais? E Jesus disse: Não matarás, não cometerás adultério, não furtarás, não dirás falso testemunho;
19 Honra teu pai e tua mãe, e amarás o teu próximo como a ti mesmo.
20 Disse-lhe o jovem: Tudo isso tenho guardado desde a minha mocidade; que me falta ainda?
21 Disse-lhe Jesus: Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; e vem, e segue-me.
22 E o jovem, ouvindo esta palavra, retirou-se triste, porque possuía muitas propriedades.
23 Disse então Jesus aos seus discípulos: Em verdade vos digo que é difícil entrar um rico no reino dos céus.
24 E, outra vez vos digo que é mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que entrar um rico no reino de Deus.
25 Os seus discípulos, ouvindo isto, admiraram-se muito, dizendo: Quem poderá pois salvar-se?
26 E Jesus, olhando para eles, disse-lhes: Aos homens é isso impossível, mas a Deus tudo é possível.
27 Então Pedro, tomando a palavra, disse-lhe: Eis que nós deixamos tudo, e te seguimos; que receberemos?
28 E Jesus disse-lhes: Em verdade vos digo que vós, que me seguistes, quando, na regeneração, o Filho do homem se assentar no trono da sua glória, também vos assentareis sobre doze tronos, para julgar as doze tribos de Israel.
29 E todo aquele que tiver deixado casas, ou irmãos, ou irmãs, ou pai, ou mãe, ou mulher, ou filhos, ou terras, por amor de meu nome, receberá cem vezes tanto, e herdará a vida eterna.
30 Porém, muitos primeiros serão os derradeiros, e muitos derradeiros serão os primeiros.
Mateus capítulo 19 vers. 13 a 30