O Senhor Jesus agora prosseguiu no seu caminho para Jerusalém, para a festa da Páscoa onde daria a Sua vida. Estava com seus discípulos, e uma grande multidão O acompanhava pois já era célebre.
Passou por Jericó, naquele tempo a maior cidade na Judéia depois de Jerusalém, estando uns vinte e oito quilômetros de distância ao nordeste desta na planície do rio Jordão. Essa cidade fora destruída completamente por Josué quando da entrada do povo de Israel na terra prometida, tendo o Senhor amaldiçoado quem a reconstruísse. (Josué 6:20, 21 e 26).
Foi reconstruída por Hiel, de Betel, durante o reinado de Acabe. Por causa da maldição, perdeu dois filhos na construção (1 Reis 16:34), e figura com freqüência no relato bíblico.
Ao passar por Jericó, dois cegos que estavam no caminho ouviram o movimento da multidão e foram informados que estavam seguindo Jesus de Nazaré para Jerusalém. Os evangelistas Marcos e Lucas também relatam o ocorrido, com mais detalhes, falando apenas de um dos cegos chamado Timeu, filho de Bartimeu.
Segundo Lucas, Timeu estava sentado à beira do caminho ao aproximar-se O Senhor de Jericó, mas Marcos disse que foi quando Ele saia da cidade, como também relatou Mateus. Essa pequena discrepância é explicada pela tradução como "aproximar-se" do grego, que pode significar também "passar por perto", o que concorda com os outros dois.
É notável que os cegos clamaram "Jesus, filho de Davi, tem misericórdia de nós!" Sabiam a sua genealogia e que era descendente do rei Davi, de quem esperavam o Messias conforme as profecias. A Sua fama como quem curava todas as enfermidades já havia chegado até eles, e a sua fé era tal que clamavam para que Ele tivesse misericórdia deles, mesmo sendo repreendidos pelo povo.
O Senhor ouviu o seu clamor, e ordenou que fossem trazidos à sua presença. Quando chegaram, perguntou-lhes o que queriam dele.
Ele já sabia, mas era preciso que eles fizessem o pedido. Novamente ilustra o fato que Deus sabe o que queremos, mas deseja que o peçamos em nossas orações. Ao fazê-lo reconhecemos a nossa dependência dele para o suprimento das nossas necessidades: "… o pão nosso de cada dia nos dá hoje …"
Feito o pedido, Ele teve compaixão deles e fez com que recuperassem a visão. Podemos imaginar a alegria daqueles pobres homens, que não somente podiam agora ver mas não precisavam mais mendigar o seu pão. Eles demonstraram seu agradecimento ao seguir ao Senhor e, segundo nos relata Lucas, glorificar a Deus, o que viu o povo e o levou a também dar louvores a Deus.
Ao se aproximarem de Jerusalém, o Senhor Jesus preparou-se para entrar na cidade acompanhado de toda aquela gente. Era um momento solene, profético, e de tanta relevância que todos os quatro evangelistas o relatam conforme o haviam testemunhado, ou, no caso de Lucas, ouviram da boca de testemunhas presentes.
Por ocasião do nascimento de Cristo, magos haviam vindo do Oriente chamando o recém nascido de Rei dos Judeus (capítulo 2:2). O rei Herodes havia ficado consternado, e procurara matá-lo.
Agora, no fim do Seu ministério, o Messias Jesus, herdeiro do trono do rei Davi, novamente foi apresentado como o Rei dos Judeus. Ele publicamente se ofereceu nesta ocasião para ser o seu Rei, escoltado por aquela multidão jubilante, que assim desafiava o sinédrio que o governava.
O Senhor sabia que a Sua hora estava chegando, e se preparou para entregar-se ao povo. Quando vinha a Jerusalém anteriormente, tinha sido Seu costume entrar pela porta das ovelhas, sem se destacar e evitando publicidade. Mas desta vez Ele iria entrar como Rei que era, da maneira em que as Escrituras declaravam que ia entrar, "justo e salvo, pobre, e montado sobre um jumento, e sobre um jumentinho, filho de jumenta" (Zacarias 9:9). O próprio povo que o acompanhava iria fazer a proclamação.
Estavam no Monte das Oliveiras, à entrada de uma aldeia chamada Betfagé (casa do figo verde) próxima de Betânia (casa das tâmaras). O Senhor mandou dois discípulos entrar na aldeia e de lá tomarem emprestados uma jumenta e seu jumentinho que iriam encontrar ali.
Marcos e Lucas só mencionam o jumentinho, sobre o qual ninguém havia ainda montado, porque foi sobre Ele que o Senhor se assentou. Havia poucos cavalos na Judéia naquele tempo, e eram usados principalmente nas guerras. Cavalgar uma mula era um ato digno de reis e príncipes em tempos de paz (p.ex. Juízes 10:4; 12:14; 1 Samuel 25:20, 1 Reis 1:33), e não simbolizava humildade como alguns pensam.
Assim que voltaram, os discípulos cobriram o jumentinho com suas capas, o Senhor Jesus se assentou sobre ele e assim prosseguiram no caminho para Jerusalém.
A multidão inicial havia sido acrescida por habitantes de Betânia, onde pouco antes o Senhor Jesus havia ressuscitado a Lázaro (João 12:17-18). Iam tanto adiante como atrás no cortejo, todos estavam jubilantes e colocavam suas capas e folhas de palmeira no caminho por onde Ele ia.
Colocar folhas de palmeira no caminho era uma homenagem triunfal tributada naquele tempo aos generais vitoriosos ou aos reis (veja Apocalipse 7:9). Naquele tempo havia palmeiras no Monte das Oliveiras (Marcos 11:8) até à beira do caminho entre Betânia e Jerusalém. O povo agora cortava os seus ramos para aclamar o seu Rei.
Com crescente entusiasmo, exclamavam: "Hosana ao Filho de Davi; bendito o reino do nosso pai Davi, bendito o Rei de Israel que vem em nome do Senhor. Hosana, paz no céu, e glória nas alturas!" (Ver. 9, Marcos 11:9,10, Lucas 19:38 e João 12:13).
Encontramos palavras semelhantes no Salmo 118:25 e 26. "Hosana" era palavra muito usada como aclamação na festa dos tabernáculos, e significa "salve-nos agora", e "salve-nos, rogamos".
Mal sabiam quão brevemente viria a sua salvação. Não, porém, a salvação política do poder dos romanos que tanto almejavam, mas a salvação das suas almas da pena do seu pecado, mediante a morte vicária pela qual o Jesus Cristo iria passar quando era celebrada a simbólica festa da Páscoa naqueles dias. Esta era uma salvação muito mais importante do que a salvação política da nação dos judeus, e alcançaria o mundo todo por muitos séculos, até nós.
Ele virá também, oportunamente, para salvar a nação de Israel em uma segunda vinda a este mundo, conforme também consta das muitas profecias sobre a sua restauração.
O povo o aclamou como o Rei de Israel, filho de Davi. Ele era legalmente o herdeiro do trono desse rei, que reinara sobre as doze tribos de Israel mil anos antes, e Deus havia prometido que dele seria o trono eternamente (2 Samuel 7:16).
Ao entrarem em Jerusalém, toda a cidade ficou agitada e grande foi o alvoroço quando a notícia se espalhou que Aquele que estava sendo festejado era "Jesus, o profeta de Nazaré da Galiléia".
João nos conta em seu Evangelho que os fariseus, seus inimigos, disseram entre si, desanimados: "Vedes que nada aproveitais? Eis que toda a gente vai após ele."
Obviamente Jesus Cristo, com todo o seu poder, mesmo sobre a morte conforme puderam testemunhar os que estiveram presentes à ressurreição de Lázaro, podia naquele momento ter conquistado para Si a coroa sem primeiro passar pela cruz. O povo estava com Ele e era o Seu direito.
Mas, se Ele tivesse ido imediatamente tomar a coroa, e fosse o Rei do mundo hoje, nós nunca poderíamos ter sido salvos. Para isso, Ele tinha que passar pela cruz primeiro.
Esse foi, portanto, um momento curto de triunfo antes da Sua morte. Não foi na realidade a Sua entrada triunfal, embora tradicionalmente receba esse nome. A verdadeira entrada triunfal ainda está para acontecer, quando Ele entrar na cidade como Rei dos reis e Senhor dos senhores.
29 E, saindo eles de Jericó, seguiu-o grande multidão.
30 E eis que dois cegos, assentados junto do caminho, ouvindo que Jesus passava, clamaram, dizendo: Senhor, Filho de Davi, tem misericórdia de nós!
31 E a multidão os repreendia, para que se calassem; eles, porém, cada vez clamavam mais, dizendo: Senhor, Filho de Davi, tem misericórdia de nós!
32 E Jesus, parando, chamou-os, e disse: Que quereis que vos faça?
33 Disseram-lhe eles: Senhor, que os nossos olhos sejam abertos.
34 Então Jesus, movido de íntima compaixão, tocou-lhes nos olhos, e logo viram; e eles o seguiram.
1 E, quando se aproximaram de Jerusalém, e chegaram a Betfagé, ao Monte das Oliveiras, enviou, então, Jesus dois discípulos, dizendo-lhes:
2 Ide à aldeia que está defronte de vós, e logo encontrareis uma jumenta presa, e um jumentinho com ela; desprendei-a, e trazei-mos.
3 E, se alguém vos disser alguma coisa, direis que o Senhor os há de mister; e logo os enviará.
4 Ora, tudo isto aconteceu para que se cumprisse o que foi dito pelo profeta, que diz:
5 Dizei à filha de Sião: Eis que o teu Rei aí te vem, Manso, e assentado sobre uma jumenta, E sobre um jumentinho, filho de animal de carga.
6 E, indo os discípulos, e fazendo como Jesus lhes ordenara,
7 Trouxeram a jumenta e o jumentinho, e sobre eles puseram as suas vestes, e fizeram-no assentar em cima.
8 E muitíssima gente estendia as suas vestes pelo caminho, e outros cortavam ramos de árvores, e os espalhavam pelo caminho.
9 E a multidão que ia adiante, e a que seguia, clamava, dizendo: Hosana ao Filho de Davi; bendito o que vem em nome do Senhor. Hosana nas alturas!
10 E, entrando ele em Jerusalém, toda a cidade se alvoroçou, dizendo: Quem é este?
11 E a multidão dizia: Este é Jesus, o profeta de Nazaré da Galiléia.
Mateus capítulo 20 vers. 29 ao capítulo 21 vers. 11