Todos os quatro Evangelhos contribuem com detalhes sobre a morte do Senhor Jesus, e vamos incluí-los todos neste estudo, ou seja, esse texto de Mateus e também Marcos 15:25-37, Lucas 23:33-49 e João 19:19-30.
Destacamos alguns acontecimentos notáveis desde a crucificação até o momento em que o Senhor Jesus entregou o Seu espírito a Deus. São eles:
Os condenados levavam ao pescoço, ou os soldados carregavam diante deles, uma placa inscrita com o seu nome, procedência, e o crime pelo qual foram condenados. Essa inscrição era colocada na cruz, em cima da sua cabeça.
A do Senhor Jesus foi escrita pelo próprio governador Pilatos, e tinha esses detalhes também, e cada evangelista nos dá alguns pormenores. Colocando todos juntos, lemos que a placa dizia: "ESTE É JESUS O NAZARENO, O REI DOS JUDEUS", escrito em hebraico, em grego e em latim, os três idiomas usados ali naquele tempo.
Foi Pilatos quem mandou colocar estes dizeres. A acusação que Ele declarava ser "o Cristo, um rei", tinha vindo da parte dos chefes dos sacerdotes e dos líderes religiosos (Lucas 23:2). Ele declarara ser rei num sentido espiritual apenas, mas eles usaram o sentido político para que fosse condenado por Pilatos.
Realmente o Senhor Jesus tinha direito ao trono de Israel não fora a ocupação estrangeira que a nação sofria, pois era descendente direto da casa real do rei Davi através de catorze gerações, conforme vemos na genealogia em Mateus 1: 6 a 17.
Agora pediram a Pilatos que corrigisse a placa para indicar que fora o Senhor Jesus que dissera que era rei. Mas Pilatos não quis mudar, dizendo "o que escrevi, escrevi" (João 19:22). Ele havia escrito por zombaria, mas era a verdade!
Logo após a crucificação, os Seus inimigos aproveitaram para o escarnecer:
os que passavam, meneavam suas cabeças desafiando-o para salvar-se a Si mesmo, e descer da cruz.
os principais dos sacerdotes, com os escribas, anciãos e fariseus comentavam entre si "salvou aos outros e não pode salvar-se a Si mesmo" e gritavam: "Ó Cristo, Rei de Israel, desça agora da cruz para que vejamos e acreditemos" e "Confiou em Deus; livre-o agora, se O ama, pois disse 'Sou Filho de Deus'".
os que com Ele foram crucificados também O injuriavam.
Mas Ele manteve silêncio, resolvido a não ceder a essas provocações, o que parece ter impressionado um dos ladrões, bem como o centurião que tudo observava.
Três evangelistas dão testemunho que houve trevas em toda aquela terra desde a hora sexta até a hora nona, ou seja, do meio dia até as três horas da tarde, quando normalmente o sol brilha com maior intensidade. Durante esse período o Senhor Jesus pagou a nossa dívida com sofrimento mental e físico indizível.
1. "Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem" (Lucas 23:34) - expressa o Seu perdão aos soldados que O crucificavam, ignorantes de Quem Ele era. Embora fizessem algo extremamente cruel, estavam apenas obedecendo ordens superiores. Pesava-lhes culpa, mas o Senhor os perdoou. Evidentemente não abrange os religiosos responsáveis pela Sua morte, pois eles sabiam quem era mas O rejeitaram por inveja.
2. "Em verdade te digo que hoje estarás comigo no Paraíso" (Lucas 23:43) - expressa a Sua redenção ao ladrão crucificado ao seu lado, pois havia demonstrado que cria nele, e aguardava a Sua volta, ressuscitado, para reinar no mundo. Ele não era um "bom ladrão", pois fora tão ruim como o outro do outro lado, mas se tornou num ladrão arrependido, crente, e portanto foi salvo. Em Sua resposta, o Senhor esclarece algumas coisas importantes para nós:
Imediatamente após a morte, a alma vai para o seu destino.
A salvação não depende de obras feitas depois: o ladrão estava morrendo.
Da mesma forma, a salvação não depende da observação de ordenanças como batismo, Ceia do Senhor, etc.
Não existe um lugar intermediário, como o purgatório, onde o crente terá que primeiro "purgar" os seus pecados.
3. "Mulher, eis aí o teu filho" e "Eis aí a tua mãe" (João 19:27) - expressam a Sua consideração para com a Sua mãe na carne, mesmo nesta hora difícil. O Senhor Jesus tornou-se responsável por Maria quando morreu o seu padrasto, José, pois era o mais velho dos filhos dela. Agora Ele ia deixá-la, cortando assim os seus laços familiares, devido à Sua morte física (Mateus 12:47-50). A Sua ressurreição iria limpar o nome dela diante do mundo, e salvar a sua reputação (provando a verdade do seu engravidamento pelo Espírito Santo), não obstante, como qualquer outro pecador, ela seria salva somente mediante a fé em Jesus Cristo o Filho de Deus, embora Ele fosse seu filho na carne.
É de se notar que Ele não a chama de "mãe", mas apenas de "mulher", assim como o fez nas bodas de Caná (capítulo 2:4). Mesmo nesta hora culminante da Sua missão, o Senhor não se esqueceu dela. O "discípulo a quem Jesus amava" era o seu primo João, autor deste Evangelho. De todos os discípulos, ele é o único mencionado como estando presente, junto com as mulheres, por ocasião da crucificação do Senhor Jesus. Vendo em João um substituto competente e fiel, o Senhor transferiu para ele os seus laços familiares. Maria e João aceitaram o seu novo relacionamento, e João a levou para a sua casa, onde, ao que consta, ela ficou morando até morrer. Os outros filhos de Maria não constam como estando presentes, e provavelmente ainda não criam nele (capítulo 7:5), mas creram depois da Sua ressurreição (Atos 1:14).
4. "Eloí, lamá sabactáni" que, traduzido é: "Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?" (Marcos 15:34, Mateus 27:46) - expressa a desolação de Jesus Cristo, separado do Seu Pai celeste por causa do pecado do mundo que Ele levava sobre a Sua inocente Pessoa. Esta exclamação foi feita às 15.00 quando terminaram as três horas de escuridão. São palavras profetizadas no Salmo 22:1-3, onde encontramos também a resposta "porém Tu és santo". Deus, em Sua santidade, não podia fazer qualquer concessão, ao contrário, em Sua justiça tinha que punir o Seu Filho que se oferecia como substituto pelos pecadores.
5. "Tenho sede" (João 19:28) - expressa Sua angústia física. O Senhor Jesus sofria em Seu corpo humano a grande desidratação devida à perda de sangue e suor. Em resposta a essa exclamação os soldados embeberam uma esponja com vinagre de uma vasilha que se encontrava ali e com um caniço de hissope a ergueram até os seus lábios. Desta vez não estava misturado com anestésico, e Ele bebeu "para que a Escritura se cumprisse" (Salmo 69:21). Essa profecia de Davi tem referência aos sofrimentos do Messias, prevendo o que haveria de acontecer.
6. "Está consumado" (João 19:30) - expressa a vitória realizada ao suportar todo aquele castigo sobre Si. Cristo Jesus tinha executado a obra que viera fazer na terra: redenção e expiação. Todo o preço tinha sido pago para resgatar os pecadores, e em seguida iria findar a Sua vida aqui na terra.
7. "Pai, nas Tuas mãos entrego o Meu espírito" (Lucas 23:46) - expressa o término da obra. Ele inclinou a cabeça e entregou Seu espírito, ou alma, a Deus. Como disse o Pregador, na morte, o pó volta à terra, como o era, e o espírito volta a Deus, que o deu (Eclesiastes 12:7). Sua morte foi voluntária, coisa que nenhum homem tem condições de fazer. O corpo ficou para o sepultamento e a ressurreição, que seriam executados correta e pontualmente a seguir.
Evangelho de Mateus, capítulo 27, ver. 37 a 50:
37 E por cima da sua cabeça puseram escrita a sua acusação: ESTE É JESUS, O REI DOS JUDEUS.
38 E foram crucificados com ele dois salteadores, um à direita, e outro à esquerda.
39 E os que passavam blasfemavam dele, meneando as cabeças,
40 E dizendo: Tu, que destróis o templo, e em três dias o reedificas, salva-te a ti mesmo. Se és Filho de Deus, desce da cruz.
41 E da mesma maneira também os príncipes dos sacerdotes, com os escribas, e anciãos, e fariseus, escarnecendo, diziam:
42 Salvou os outros, e a si mesmo não pode salvar-se. Se é o Rei de Israel, desça agora da cruz, e crê-lo-emos.
43 Confiou em Deus; livre-o agora, se o ama; porque disse: Sou Filho de Deus.
44 E o mesmo lhe lançaram também em rosto os salteadores que com ele estavam crucificados.
45 E desde a hora sexta houve trevas sobre toda a terra, até à hora nona.
46 E perto da hora nona exclamou Jesus em alta voz, dizendo: Eli, Eli, lamá sabactáni; isto é, Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?
47 E alguns dos que ali estavam, ouvindo isto, diziam: Este chama por Elias,
48 E logo um deles, correndo, tomou uma esponja, e embebeu-a em vinagre, e, pondo-a numa cana, dava-lhe de beber.
49 Os outros, porém, diziam: Deixa, vejamos se Elias vem livrá-lo.
50 E Jesus, clamando outra vez com grande voz, rendeu o espírito.
Evangelho de Marcos, capítulo 15, ver. 25 a 37
25 E era a hora terceira, e o crucificaram.
26 E por cima dele estava escrita a sua acusação: O REI DOS JUDEUS.
27 E crucificaram com ele dois salteadores, um à sua direita, e outro à esquerda.
28 E cumprindo-se a escritura que diz: E com os malfeitores foi contado.
29 E os que passavam blasfemavam dele, meneando as suas cabeças, e dizendo: Ah! tu que derrubas o templo, e em três dias o edificas,
30 Salva-te a ti mesmo, e desce da cruz.
31 E da mesma maneira também os principais dos sacerdotes, com os escribas, diziam uns para os outros, zombando: Salvou os outros, e não pode salvar-se a si mesmo.
32 O Cristo, o Rei de Israel, desça agora da cruz, para que o vejamos e acreditemos. Também os que com ele foram crucificados o injuriavam.
33 E, chegada a hora sexta, houve trevas sobre toda a terra até a hora nona.
34 E, à hora nona, Jesus exclamou com grande voz, dizendo: Eloí, Eloí, lamá sabactáni? que, traduzido, é: Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?
35 E alguns dos que ali estavam, ouvindo isto, diziam: Eis que chama por Elias.
36 E um deles correu a embeber uma esponja em vinagre e, pondo-a numa cana, deu-lho a beber, dizendo: Deixai, vejamos se virá Elias tirá-lo.
37 E Jesus, dando um grande brado, expirou.
Evangelho de Lucas, capítulo 23, ver. 33 a 49
33 E, quando chegaram ao lugar chamado a Caveira, ali o crucificaram, e aos malfeitores, um à direita e outro à esquerda.
34 E dizia Jesus: Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem. E, repartindo as suas vestes, lançaram sortes.
35 E o povo estava olhando. E também os príncipes zombavam dele, dizendo: Aos outros salvou, salve-se a si mesmo, se este é o Cristo, o escolhido de Deus.
36 E também os soldados o escarneciam, chegando-se a ele, e apresentando-lhe vinagre.
37 E dizendo: Se tu és o Rei dos Judeus, salva-te a ti mesmo.
38 E também por cima dele, estava um título, escrito em letras gregas, romanas, e hebraicas: ESTE É O REI DOS JUDEUS.
39 E um dos malfeitores que estavam pendurados blasfemava dele, dizendo: Se tu és o Cristo, salva-te a ti mesmo, e a nós.
40 Respondendo, porém, o outro, repreendia-o, dizendo: Tu nem ainda temes a Deus, estando na mesma condenação?
41 E nós, na verdade, com justiça, porque recebemos o que os nossos feitos mereciam; mas este nenhum mal fez.
42 E disse a Jesus: Senhor, lembra-te de mim, quando entrares no teu reino.
43 E disse-lhe Jesus: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no Paraíso.
44 E era já quase a hora sexta, e houve trevas em toda a terra até à hora nona, escurecendo-se o sol;
45 E rasgou-se ao meio o véu do templo.
46 E, clamando Jesus com grande voz, disse: Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito. E, havendo dito isto, expirou.
47 E o centurião, vendo o que tinha acontecido, deu glória a Deus, dizendo: Na verdade, este homem era justo.
48 E toda a multidão que se ajuntara a este espetáculo, vendo o que havia acontecido, voltava batendo nos peitos.
49 E todos os seus conhecidos, e as mulheres que juntamente o haviam seguido desde a Galiléia, estavam de longe vendo estas coisas.
Evangelho de João, capítulo 19, ver. 19 a 30
19 E Pilatos escreveu também um título, e o pôs em cima da cruz; e nele estava escrito: JESUS NAZARENO, O REI DOS JUDEUS.
20 E muitos dos judeus leram este título; porque o lugar onde Jesus estava crucificado era próximo da cidade; e estava escrito em hebraico, grego e latim.
21 Diziam, pois, os principais sacerdotes dos judeus a Pilatos: Não escrevas, O Rei dos Judeus, mas que ele disse: Sou o Rei dos Judeus.
22 Respondeu Pilatos: O que escrevi, escrevi.
23 Tendo, pois, os soldados crucificado a Jesus, tomaram as suas vestes, e fizeram quatro partes, para cada soldado uma parte; e também a túnica. A túnica, porém, tecida toda de alto a baixo, não tinha costura.
24 Disseram, pois, uns aos outros: Não a rasguemos, mas lancemos sortes sobre ela, para ver de quem será. Para que se cumprisse a Escritura que diz: Repartiram entre si as minhas vestes, E sobre a minha vestidura lançaram sortes.
25 E junto à cruz de Jesus estava sua mãe, e a irmã de sua mãe, Maria mulher de Clopas, e Maria Madalena.
26 Ora Jesus, vendo ali sua mãe, e que o discípulo a quem ele amava estava presente, disse a sua mãe: Mulher, eis aí o teu filho.
27 Depois disse ao discípulo: Eis aí tua mãe. E desde aquela hora o discípulo a recebeu em sua casa.
28 Depois, sabendo Jesus que já todas as coisas estavam terminadas, para que a Escritura se cumprisse, disse: Tenho sede.
29 Estava, pois, ali um vaso cheio de vinagre. E encheram de vinagre uma esponja, e, pondo-a num hissope, lha chegaram à boca.
30 E, quando Jesus tomou o vinagre, disse: Está consumado. E, inclinando a cabeça, entregou o espírito.