O Senhor Jesus chegou às "partes de Cesaréia de Filipe", ou seja, até as proximidades dessa cidade, onde ficava a sede do governo do Herodes Filipe. A Bíblia menciona ainda duas outras Cesaréias, uma localizada no litoral, sede da província da Judéia, e outra na Capadócia, atual Turquia.
A Cesaréia de Filipe se situava bem ao norte, próxima ao monte Hermon, e da divisa com a Síria. Deste lugar Ele iria partir para o sul, dirigindo-se para Jerusalém onde Ele se entregou para ser crucificado.
Antes de partir, Ele queria deixar bem esclarecido para os seus discípulos:
Quem Ele era.
O que Ele iria fazer no mundo.
Todo aquele que realmente deseja ser cristão precisa também saber claramente quem Ele é, e o que está ainda agora fazendo no mundo, a fim de que possa ser salvo e participar da Sua obra.
O Senhor fez duas perguntas aos seus discípulos:
Sem dúvida Ele sabia a resposta, mas queria assim introduzir a segunda pergunta. O povo havia testemunhado os sinais que Ele havia feito em seu meio, e tinham ouvido o Seu ensino. Evidentemente Ele não era uma pessoa qualquer, ao contrário, tudo indicava que era um homem com poderes supernaturais, um admirável ensinador, dotado de um caráter perfeito, sem mácula. Segundo os discípulos responderam, o povo dizia que Ele era João Batista; outros, Elias; outros, Jeremias ou um dos profetas. Todos estes já haviam morrido, mas o povo julgava que só um profeta ressuscitado poderia ser como Ele era.
Faltava àquele povo descobrir que Ele era muito mais do que um simples ser humano, mesmo um profeta ressuscitado. Parece que a compreensão que tinham do Messias que havia de vir de acordo com as profecias do Velho Testamento ainda não era suficiente para identificá-lo, apesar das provas que estava dando.
Essa pergunta ainda permanece para cada pessoa responder. Não se pode duvidar da Sua existência, pois é provada por inegáveis evidências históricas e pelo testemunho ainda existente de pessoas que conviveram com Ele. Também comprovam os sinais extraordinários que Ele realizou. Alguns dos piores inimigos do cristianismo reconhecem a Sua sabedoria e o Seu caráter notável. Muitas explicações são dadas, confusas, porque só existe uma resposta correta, que foi dada a seguir.
le queria a declaração pessoal de cada um deles. Cada um de nós temos que reconhecer pessoalmente a identidade do nosso Salvador, a fim de colocar nele a nossa fé e a declararmos publicamente.
Pedro não titubeou e declarou prontamente "Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo", ou seja, o Messias prometido a Israel, e Deus o Filho. Pedro havia acompanhado o Senhor Jesus de perto, junto com Tiago e João, e conhecia intimamente tudo o que o Senhor dizia e fazia. Ele não era uma pessoa crédula, facilmente enganada, mas era um homem seguro de si, "dono do seu nariz", impulsivo, pronto a falar diretamente o que pensava. Era uma testemunha confiável pois havia visto, ouvido, e comprovado tudo.
É necessário que cheguemos à mesma conclusão que Pedro, a fim de podermos nos valer da salvação que vem unicamente mediante a graça de Deus pela fé em Seu Filho, Jesus Cristo.
Ouvindo a declaração de Pedro, o Senhor Jesus respondeu que Pedro era bem-aventurado, ou feliz, porque isso lhe viera por revelação de Deus o Pai - não por sabedoria natural ou exercício intelectual.
Ele (Deus o Filho) também tinha algo a revelar a Pedro:
Simão Barjonas era uma "pedra" (petros), como as que se usam nas construções. Mais tarde, Pedro escreveu: "vós também, como pedras vivas, sois edificados casa espiritual e sacerdócio santo, para oferecerdes sacrifícios espirituais, agradáveis a Deus, por Jesus Cristo." A matéria prima da construção dessa casa espiritual consiste de pessoas, todas as que foram salvas pela graça mediante a fé na obra redentora de Cristo, e elas são as "pedras vivas".
Sobre a "rocha" (petra), que era o proprio Senhor Jesus, Ele iria edificar a Sua igreja. Esta é a primeira vez que é usada a palavra "igreja" para o conjunto de todos os crentes em Cristo. A igreja é comparada a um edifício em Efésios 2:19-22, onde Jesus Cristo é a principal pedra da esquina e os apóstolos (inclusive Pedro) e os profetas são o alicerce. Está em consonância com muitas Escrituras que O chamam de pedra, ou pedra angular (Salmo 118.22, Mateus 21:42, Efésios 2:20, etc.), e assim também foi entendido por Pedro (Atos 4:11, 1 Pedro 2:6,7).
As portas do inferno não poderão vencer a igreja. A palavra inferno é uma tradução da palavra grega hades, correspondente ao hebraico sheol (o mundo invisível para onde vão os mortos). Temos aqui a figura de dois edifícios, a igreja de Cristo sobre a Rocha, e a casa da Morte com as suas portas. Estas portas são mencionadas no Velho Testamento (Jó 38:17; Salmo 9:13; 107:18; Isaias 38:10) e a idéia é que só dão entrada, não permitindo a saída de ninguém. Mas elas não impediram Cristo de sair, tendo Ele voltado ao mundo dos vivos triunfante mediante a Sua ressurreição. Igualmente não prevalecerão contra a Sua igreja. Tendo triunfado sobre a morte, Cristo é a garantia da perpetuidade dela. Quando Cristo vier buscar a Sua igreja, os mortos ressuscitarão e, unidos com os vivos transformados, viverão eternamente com Ele. Então "Tragada foi a morte pela vitória. Onde está, ó morte (Hades, Sheol), a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão?… Graças a Deus, que nos dá a vitória por intermédio de nosso Senhor Jesus Cristo" (1 Coríntios 15:54,55,57).
A Pedro seriam dadas as chaves do Reino dos céus. Isto não quer dizer que Pedro tinha autoridade para admitir pessoas no céu, como se vê nas anedotas … As chaves eram o símbolo de autoridade na função dos escribas, que interpretavam as Escrituras para o povo (Neemias 8:2-8). A explicação se encontra em Mateus 28:18-20, donde aprendemos que Cristo deu autoridade aos Seus apóstolos para fazer discípulos de todas as nações, batizar os crentes e ensina-los a guardar tudo o que Ele mandou. E essa ordem não foi dada somente a Pedro, mas a todos os Seus discípulos. Todo crente tem em suas mãos e deve estar apto a transmitir a mensagem salvadora do Evangelho. Nenhum homem ou instituição tem propriedade ou direito exclusivo sobre as Escrituras.
Nessa oportunidade, Simão Barjonas representou todos aqueles a quem o Espírito Santo de Deus leva a reconhecer que o Senhor Jesus é o Enviado de Deus (Messias, Cristo), o próprio Filho do Deus vivo. Eles são feitos "pedras" no edifício espiritual que é chamada de "igreja de Cristo", fundada no Senhor Jesus, eles têm a vida eterna, e podem proclamar o Evangelho da salvação pela graça de Deus mediante a fé no Senhor Jesus, para a libertação dos que se encontram cativos pelo pecado.
13 E, chegando Jesus às partes de Cesaréia de Filipe, interrogou os seus discípulos, dizendo: Quem dizem os homens ser o Filho do Homem?
14 E eles disseram: Uns, João Batista; outros, Elias, e outros, Jeremias ou um dos profetas.
15 Disse-lhes ele: E vós, quem dizeis que eu sou?
16 E Simão Pedro, respondendo, disse: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo.
17 E Jesus, respondendo, disse-lhe: Bem-aventurado és tu, Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue quem to revelou, mas meu Pai, que está nos céus.
18 Pois também eu te digo que tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela.
19 E eu te darei as chaves do Reino dos céus, e tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus.
20 Então, mandou aos seus discípulos que a ninguém dissessem que ele era o Cristo.
Mateus capítulo 16, vers. :13 a 20