O templo era um conjunto de edifícios construídos sobre o monte Moriá, adjacente a Jerusalém. O primeiro fora construído pelo rei Salomão (2 Crônicas 3:1). Destruído por Nabucodonozor, outro foi construído setenta anos mais tarde pelo governador Zerubabel, em 516 a.C., mas uns quinhentos anos mais tarde ele se encontrava em mau estado, o que levou o primeiro Herodes a começar a construir um novo sobre as suas ruínas, para agradar o povo, em 18 a.C..
Este era o templo, ainda por terminar, que os discípulos mostravam ao Senhor Jesus. Estava se tornando num edifício magnífico, nele tendo sido usadas enormes pedras lavradas de mármore branco, lindas de se ver.
O Senhor avisou-os "não ficará aqui pedra sobre pedra que não seja derrubada." O templo foi terminado em 65 a.D. e, apenas cinco anos depois, foi totalmente destruído pelo exército do general romano Tito em desobediência às suas ordens para não danificá-lo. Nunca foi reconstruído, mas uma mesquita foi edificada sobre uma área considerada sagrada pelos muçulmanos em seu recinto.
O Senhor Jesus, em seguida, subiu e se assentou no monte das Oliveiras, que defronta Jerusalém. Segundo Marcos 13:3, apenas Pedro, Tiago, João e André estavam com Ele nesta oportunidade, e indagaram: "Quando serão essas coisas, e que sinal haverá quando todas elas estiverem para se cumprir?"
Em resposta, o Senhor fez o que se considera ser o seu último sermão, que é uma profecia concernente à nação dos judeus e especialmente aos Seus discípulos entre eles, desde aquela época até a Sua segunda vinda. A Sua igreja não faz parte desta profecia.
O povo de Israel, como nação, é especialmente focalizado nos eventos, por exemplo, "então, os que estiverem na Judéia, fujam para os montes", "orai para que a vossa fuga não aconteça no inverno nem no sábado", e os "eleitos" ou "escolhidos" são judeus.
O Senhor não fez uma clara distinção entre os fatos ligados à destruição de Jerusalém e os do "fim", que precedem a Sua volta. Algumas circunstâncias da profecia ocorreriam em ambos os eventos, e podiam ser descritas com as mesmas palavras, o que justificou combina-los desta forma. O mesmo uso de linguagem se encontra nas profecias de Isaías.
Embora não fosse fácil distinguir os dois eventos ao Seu tempo, para nós é mais simples uma vez que a destruição de Jerusalém já ocorreu, pouco depois da profecia ter sido enunciada, e temos disponíveis todos os detalhes confirmados pela história profana.
O Senhor começou por prevenir contra os falsos líderes e ensinadores: "ninguém vos engane pois muitos virão em meu nome", chamando-se cristãos ou mesmo dizendo ser o próprio Cristo, eles enganarão a muitos. Entre eles estão os líderes de algumas das maiores instituições religiosas atuais que se chamam cristãs.
Nos versículos 6 a 8 Ele falou de guerras, rumores de guerras, fome e terremotos, necessárias, mas não é o fim. Aconteceram nos anos que precederam a destruição de Jerusalém e estão acontecendo agora. Estas são apenas "o início das dores": calamidades ainda maiores estão para vir (Apocalipse 6).
Nos versículos 9 e 10 Ele contou que os cristãos passariam por grande perseguição e martírio. Aconteceu durante o princípio da igreja, antes da destruição de Jerusalém, e acontecerá ainda mais durante o período da tribulação, quando "sereis odiados de todas as nações por causa do meu nome", particularmente com os 144.000 judeus selados e enviados como missionários por todo o mundo.
É nesta última fase que cabem as profecias nos versículos 11 a 14. Surgiram falsos profetas no início do cristianismo, e o Evangelho foi espalhado através do mundo conhecido naquela época (Colossenses 1:5,6), mas só será pregado efetivamente no mundo inteiro por aqueles missionários judeus, e por um anjo (Apocalipse 7 e 14:6,7).
O versículo 13 "Mas aquele que perseverar até ao fim será salvo" é às vezes mal interpretado, julgando que se trata da salvação da pena do pecado. Isso não pode ser, pois essa salvação só vem pela fé. Também não é a salvação de dano físico, ou mesmo da morte, pois haverá muitos mártires durante a tribulação. O Senhor está se referindo aos cristãos do período da tribulação que sobreviverem, perseverantes, até a Sua volta. Isso contrasta com os que, tendo se fingido de cristãos, terão apostatado da fé ao vir a perseguição.
No trecho que vai do versículo 15 até 28, o Senhor Jesus falou sobre os eventos do período que conhecemos como a "Grande Tribulação" dos judeus, a segunda metade do período da tribulação de sete anos. Estes sete anos são a última semana (grupo de sete anos) da profecia das "setenta semanas" encontrada em Daniel 9:27, e detalhada em Daniel 11:21-45 e Apocalipse 11 a 18.
A Grande Tribulação vai se iniciar quando a Besta, ou Anticristo, quebrando um convênio feito com a nação de Israel, colocar uma imagem idólatra, de si mesmo, no templo em Jerusalém (Apocalipse 13:15) e todos serão obrigados a adora-lo. Este é "a abominação da desolação" (Daniel 9:27, 11:31,32).
Essa tribulação consistirá na perseguição mais intensa da história contra os judeus, superando o "holocausto" e "progroms" dos séculos XIX e XX, e os habitantes de Israel fugirão para se abrigar nas montanhas de Moabe (Jordânia). O morticínio será tal que "se aqueles dias não fossem abreviados, nenhuma carne se salvaria; mas por causa dos escolhidos serão abreviados aqueles dias." Os "escolhidos" serão os judeus convertidos a Cristo e que darão início à nação de Israel, salvos dos seus inimigos na vinda de Cristo.
No meio desta aflição não faltarão os falsos Messias, procurando ludibriar o povo, e falsos profetas realizando, como o Anticristo (2 Tessalonicenses 2:9,10), grandes sinais e maravilhas para, se possível, enganar até os convertidos. Mas o Senhor deixa os seus discípulos prevenidos contra esses tais: Ele não voltará às escondidas, mas virá de maneira estarrecedora, com poder e grande glória, com sinais no sol, na lua, nas estrelas, com grande som de trombeta, e anjos que reunirão todo o Seu povo.
A figueira é uma das figuras usadas para simbolizar o povo de Israel. Por séculos esteve espalhado pelo mundo, sem terra, sem templo, sem sacerdócio, aparentemente sem vida, como uma figueira no inverno. Está agora voltando à vida, com seu próprio território, independência e governo - sinal que o fim está próximo, às portas!
A profecia do versículo 34 pode significar que "esta geração", no sentido do povo em que vivia, presenciaria o primeiro evento profetizado, a destruição de Jerusalém, que dava início à seqüência. As palavras "esta geração" também podem significar toda a nação de Israel, que, de fato, sobrevive extraordinariamente até hoje.
O Senhor Jesus assegurou que Sua profecia, contida neste capítulo, será cumprida fielmente - sendo Suas palavras mais seguras do que os céus e a terra (físicos), que passarão (2 Pedro 3:10-13).
Os versículos finais salientam a característica de surpresa da volta do Senhor Jesus. Somente o Pai sabe quando Ele voltará, e isto vai pegar o mundo de surpresa, assim como aconteceu no tempo de Noé, pois não deram ouvidos às suas advertências. Isto nos previne contra aqueles que querem adivinhar uma época ou uma data futura para o acontecimento. Poderá ser mesmo agora!
Ao voltar, os ímpios serão retirados para que apenas os justos permaneçam e entrem no reino milenar de Cristo.
Devemos estar preparados para a Sua vinda, especialmente nós que já estamos informados que Ele virá primeiro nos ares para buscar os Seus remidos, sete anos antes destes últimos acontecimentos se desencadearam.
A parábola dos dois servos que se segue também se refere ao preparo para a volta de Cristo para estabelecer o Seu reino milenar, e pode ser aplicado aos cristãos de hoje.
O servo fiel e sensato é o verdadeiro crente, dedicado no serviço do Senhor, que será agraciado com grande autoridade no Reino de Deus. O servo mau é o que apenas finge ser cristão, pois será colocado entre os hipócritas e castigado severamente.
1 E, quando Jesus ia saindo do templo, aproximaram-se dele os seus discípulos para lhe mostrarem a estrutura do templo.
2 Jesus, porém, lhes disse: Não vedes tudo isto? Em verdade vos digo que não ficará aqui pedra sobre pedra que não seja derrubada.
3 E, estando assentado no Monte das Oliveiras, chegaram-se a ele os seus discípulos em particular, dizendo: Dize-nos, quando serão essas coisas, e que sinal haverá da tua vinda e do fim do mundo?
4 E Jesus, respondendo, disse-lhes: Acautelai-vos, que ninguém vos engane;
5 Porque muitos virão em meu nome, dizendo: Eu sou o Cristo; e enganarão a muitos.
6 E ouvireis de guerras e de rumores de guerras; olhai, não vos assusteis, porque é mister que isso tudo aconteça, mas ainda não é o fim.
7 Porquanto se levantará nação contra nação, e reino contra reino, e haverá fomes, e pestes, e terremotos, em vários lugares.
8 Mas todas estas coisas são o princípio de dores.
9 Então vos hão de entregar para serdes atormentados, e matar-vos-ão; e sereis odiados de todas as nações por causa do meu nome.
10 Nesse tempo muitos serão escandalizados, e trair-se-ão uns aos outros, e uns aos outros se odiarão.
11 E surgirão muitos falsos profetas, e enganarão a muitos.
12 E, por se multiplicar a iniqüidade, o amor de muitos esfriará.
13 Mas aquele que perseverar até ao fim será salvo.
14 E este evangelho do reino será pregado em todo o mundo, em testemunho a todas as nações, e então virá o fim.
15 Quando, pois, virdes que a abominação da desolação, de que falou o profeta Daniel, está no lugar santo; quem lê, atenda;
16 Então, os que estiverem na Judéia, fujam para os montes;
17 E quem estiver sobre o telhado não desça a tirar alguma coisa de sua casa;
18 E quem estiver no campo não volte atrás a buscar as suas vestes.
19 Mas ai das grávidas e das que amamentarem naqueles dias!
20 E orai para que a vossa fuga não aconteça no inverno nem no sábado;
21 Porque haverá então grande aflição, como nunca houve desde o princípio do mundo até agora, nem tampouco há de haver.
22 E, se aqueles dias não fossem abreviados, nenhuma carne se salvaria; mas por causa dos escolhidos serão abreviados aqueles dias.
23 Então, se alguém vos disser: Eis que o Cristo está aqui, ou ali, não lhe deis crédito;
24 Porque surgirão falsos cristos e falsos profetas, e farão tão grandes sinais e prodígios que, se possível fora, enganariam até os escolhidos.
25 Eis que eu vo-lo tenho predito.
26 Portanto, se vos disserem: Eis que ele está no deserto, não saiais. Eis que ele está no interior da casa; não acrediteis.
27 Porque, assim como o relâmpago sai do oriente e se mostra até ao ocidente, assim será também a vinda do Filho do homem.
28 Pois onde estiver o cadáver, aí se ajuntarão as águias.
29 E, logo depois da aflição daqueles dias, o sol escurecerá, e a lua não dará a sua luz, e as estrelas cairão do céu, e as potências dos céus serão abaladas.
30 Então aparecerá no céu o sinal do Filho do homem; e todas as tribos da terra se lamentarão, e verão o Filho do homem, vindo sobre as nuvens do céu, com poder e grande glória.
31 E ele enviará os seus anjos com rijo clamor de trombeta, os quais ajuntarão os seus escolhidos desde os quatro ventos, de uma à outra extremidade dos céus.
32 Aprendei, pois, esta parábola da figueira: Quando já os seus ramos se tornam tenros e brotam folhas, sabeis que está próximo o verão.
33 Igualmente, quando virdes todas estas coisas, sabei que ele está próximo, às portas.
34 Em verdade vos digo que não passará esta geração sem que todas estas coisas aconteçam.
35 O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não hão de passar.
36 Mas daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos do céu, mas unicamente meu Pai.
37 E, como foi nos dias de Noé, assim será também a vinda do Filho do homem.
38 Porquanto, assim como, nos dias anteriores ao dilúvio, comiam, bebiam, casavam e davam-se em casamento, até ao dia em que Noé entrou na arca,
39 E não o perceberam, até que veio o dilúvio, e os levou a todos, assim será também a vinda do Filho do homem.
40 Então, estando dois no campo, será levado um, e deixado o outro;
41 Estando duas moendo no moinho, será levada uma, e deixada outra.
42 Vigiai, pois, porque não sabeis a que hora há de vir o vosso Senhor.
43 Mas considerai isto: se o pai de família soubesse a que vigília da noite havia de vir o ladrão, vigiaria e não deixaria minar a sua casa.
44 Por isso, estai vós apercebidos também; porque o Filho do homem há de vir à hora em que não penseis.
45 Quem é, pois, o servo fiel e prudente, que o seu senhor constituiu sobre a sua casa, para dar o sustento a seu tempo?
46 Bem-aventurado aquele servo que o seu senhor, quando vier, achar servindo assim.
47 Em verdade vos digo que o porá sobre todos os seus bens.
48 Mas se aquele mau servo disser no seu coração: O meu senhor tarde virá;
49 E começar a espancar os seus conservos, e a comer e a beber com os ébrios,
50 Virá o senhor daquele servo num dia em que o não espera, e à hora em que ele não sabe,
51 E separá-lo-á, e destinará a sua parte com os hipócritas; ali haverá pranto e ranger de dentes.
Capítulo 24