Todos os quatro Evangelhos contribuem com detalhes sobre o intervalo entre a morte do Senhor Jesus, que se deu logo após as 15:00 h da quarta-feira e a ressurreição, imediatamente após 18:00 do sábado. Vamos incluí-los todos neste estudo, ou seja, esse texto de Mateus e também Marcos 15:38 a 16:1, Lucas 23:45 a 56 e João 19:31 a 42.
Destacamos aqui os seguintes fatos:
No templo havia um véu de tecido azul, roxo, vermelho e linho fino, com querubins desenhados nele, na entrada para o Lugar Santíssimo (2 Crônicas 3:14), onde o sumo sacerdote uma vez por ano levava o sangue do sacrifício. Representava a entrada para a presença de Deus, só permitida ao sumo sacerdote.
Sem intervenção humana, Deus rasgou esse véu de cima para baixo no momento em que o Seu Filho completou a Sua obra redentora dando a Sua vida na cruz. A entrada para a Sua sublime presença agora está facultada a todos os que entram "pelo sangue de Jesus" (Hebreus 10:19), isto é, os que colocam a sua fé inteiramente na Sua obra remidora e O recebem como Senhor e Salvador pessoal. Não há mais véu de separação, nem intermediação de sacerdotes humanos, pois Ele é nosso Grande Sacerdote.
Em seguida Mateus nos conta que houve um terremoto que abriu sepulcros e ressuscitou corpos de "santos que dormiam". Provavelmente eram ressurreições semelhantes às que o Senhor Jesus antes já realizara, como a de Lázaro. Estes santos entraram na "cidade santa" (Jerusalém) três dias mais tarde, por ocasião da ressurreição do Senhor Jesus.
O centurião e os soldados, testemunhas mais próximas de tudo o que havia acontecido, ficaram apavorados ao reconhecer que Aquele que haviam crucificado não era um criminoso. Mateus informa que disseram que era "Filho de Deus", mas essa expressão pelos soldados significaria pouco mais que Ele era um homem bom. Lucas informa que o centurião deu glória a Deus, e declarou "na verdade este homem era justo".
Muitos haviam se ajuntado para ver o espetáculo do Senhor Jesus na cruz. Não seriam Seus inimigos, que haviam zombado dele, mas apenas espectadores curiosos. Vendo o que havia acontecido, essa multidão voltava para a cidade batendo nos peitos, gesto que demonstrava sua grande tristeza.
Também estavam ali, olhando de longe, todos os Seus conhecidos, as mulheres que haviam seguido o Senhor desde a Galiléia para O servir e muitas outras.
Cristo havia morrido para a multidão que se afastava. A partir deste momento vemos o início da Sua glória.
O Senhor Jesus Cristo, ao morrer, desceu ao Paraíso, conforme havia declarado ao malfeitor crucificado ao seu lado, que havia se arrependido. O Paraíso era conhecido entre os judeus como o "seio de Abraão" onde também fora Lázaro, conforme o Senhor Jesus havia contado (Lucas 16:20-25). Assim Ele cumpriu as profecias em Salmo 16:10 (veja também Efésios 4:9).
O Seu corpo, rasgado e sem vida na cruz, teve uma sepultura condigna, cumprindo a profecia em Isaías 53:9: "puseram a sua sepultura … com o rico na sua morte", como vemos a seguir:
Era costume lançar os cadáveres dos crucificados numa cova comum, onde eram queimados. No entanto, não foi isto que aconteceu com o corpo de Cristo.
Entre os principais dos judeus havia um homem chamado José, de uma cidade chamada Arimatéia. Ele era "senador, homem de bem e justo, que não tinha consentido no conselho e nos atos dos outros, e que também era discípulo (oculto) de Jesus e esperava o reino de Deus" (Mateus 27:57, Marcos 15:43, Lucas 23:50, 51, João 19:38).
José agora se encheu de coragem, foi até o governador Pilatos e pediu o corpo do Senhor Jesus. Pilatos se admirou de que Jesus já estivesse morto, e mandou chamar o centurião para confirmar que já havia muito que havia morrido. Confirmado, mandou que o corpo fosse dado a José.
José comprou um lençol fino e limpo, juntou-se a ele Nicodemos (ver João 3:1-21) que levou consigo quase cem arráteis (46 kg) de um composto de mirra e aloés, e foram até o lugar da crucificação.
José e Nicodemos tiraram o corpo do Senhor Jesus da cruz e o "envolveram em lençóis com as especiarias, como os judeus costumam fazer, na preparação para o sepulcro".
No lugar da crucificação havia uma área de terreno não muito extensa onde se cultivavam plantas ornamentais (horto), e neste lugar havia sido lavrado na rocha um sepulcro novo, em que ninguém ainda havia sido posto, pertencente a José.
Já era tarde, aproximando-se das 18:00h quando se iniciava o "sábado" (dia de descanso que se seguia o dia da Preparação - era uma quinta feira naquela ocasião), e o corpo foi depositado ali antes que terminasse o dia. Uma grande pedra circular foi colocada na abertura.
As mulheres, que tinham vindo da Galiléia, acompanharam José e Nicodemos, e viram o sepulcro, e como foi posto o seu corpo. Entre as mulheres ainda estavam Maria Madalena e Maria mãe de José, e elas se assentaram defronte do sepulcro.
No dia seguinte, quinta feira, reuniram-se os príncipes dos sacerdotes e os fariseus em casa de Pilatos, e pediram que mandasse guardar com segurança o sepulcro.
Estes inimigos de Cristo, responsáveis pela sua prisão, condenação e crucificação, lembravam-se que o Senhor dissera "depois de três dias ressuscitarei" (Mateus 12:40), e temiam que os discípulos de Cristo fossem até lá às escondidas, de noite, e furtassem o corpo, para depois anunciarem a todo o mundo que Ele havia ressuscitado.
Sabemos pela sua atitude que, longe disso, os discípulos se escondiam com medo de ser presos como cúmplices do Senhor. Eles não estavam sequer lembrando, menos ainda dando crédito ao que o Senhor Jesus havia profetizado a respeito da Sua ressurreição.
Pilatos deu-lhes permissão para ficar com a guarda, e mandou que fossem e fizessem como entendessem. Eles se apressaram em selar o sepulcro e colocar a guarda, julgando que, com isso, o corpo ali ficaria intacto por mais do que três dias.
Na sexta feira, o segundo dia depois do sepultamento, Maria Madalena, e Maria, mãe de Tiago, e Salomé, compraram aromas para irem ungi-lo (Marcos 16:1). E, voltando elas, prepararam especiarias e ungüentos.
No sábado, o sétimo dia da semana, repousaram conforme o mandamento (Lucas 23:56).
Evangelho de Mateus Capítulo 27 ver. 51 a 66:
51 E eis que o véu do templo se rasgou em dois, de alto a baixo; e tremeu a terra, e fenderam-se as pedras;
52 E abriram-se os sepulcros, e muitos corpos de santos que dormiam foram ressuscitados;
53 E, saindo dos sepulcros, depois da ressurreição dele, entraram na cidade santa, e apareceram a muitos.
54 E o centurião e os que com ele guardavam a Jesus, vendo o terremoto, e as coisas que haviam sucedido, tiveram grande temor, e disseram: Verdadeiramente este era Filho de Deus.
55 E estavam ali, olhando de longe, muitas mulheres que tinham seguido Jesus desde a Galiléia, para o servir;
56 Entre as quais estavam Maria Madalena, e Maria, mãe de Tiago e de José, e a mãe dos filhos de Zebedeu.
57 E, vinda já a tarde, chegou um homem rico, de Arimatéia, por nome José, que também era discípulo de Jesus.
58 Este foi ter com Pilatos, e pediu-lhe o corpo de Jesus. Então Pilatos mandou que o corpo lhe fosse dado.
59 E José, tomando o corpo, envolveu-o num fino e limpo lençol,
60 E o pós no seu sepulcro novo, que havia aberto em rocha, e, rodando uma grande pedra para a porta do sepulcro, retirou-se.
61 E estavam ali Maria Madalena e a outra Maria, assentadas defronte do sepulcro.
62 E no dia seguinte, que é o dia depois da Preparação, reuniram-se os príncipes dos sacerdotes e os fariseus em casa de Pilatos,
63 Dizendo: Senhor, lembramo-nos de que aquele enganador, vivendo ainda, disse: Depois de três dias ressuscitarei.
64 Manda, pois, que o sepulcro seja guardado com segurança até ao terceiro dia, não se dê o caso que os seus discípulos vão de noite, e o furtem, e digam ao povo: Ressuscitou dentre os mortos; e assim o último erro será pior do que o primeiro.
65 E disse-lhes Pilatos: Tendes a guarda; ide, guardai-o como entenderdes.
66 E, indo eles, seguraram o sepulcro com a guarda, selando a pedra.
Evangelho de Marcos, capítulo 15 ver. 38 ao capítulo 16 ver. 1:
38 E o véu do templo se rasgou em dois, de alto a baixo.
39 E o centurião, que estava defronte dele, vendo que assim clamando expirara, disse: Verdadeiramente este homem era o Filho de Deus.
40 E também ali estavam algumas mulheres, olhando de longe, entre as quais também Maria Madalena, e Maria, mãe de Tiago, o menor, e de José, e Salomé;
41 As quais também o seguiam, e o serviam, quando estava na Galiléia; e muitas outras, que tinham subido com ele a Jerusalém.
42 E, chegada a tarde, porquanto era o dia da preparação, isto é, a véspera do sábado,
43 Chegou José de Arimatéia, senador honrado, que também esperava o reino de Deus, e ousadamente foi a Pilatos, e pediu o corpo de Jesus.
44 E Pilatos se maravilhou de que já estivesse morto. E, chamando o centurião, perguntou-lhe se já havia muito que tinha morrido.
45 E, tendo-se certificado pelo centurião, deu o corpo a José;
46 O qual comprara um lençol fino, e, tirando-o da cruz, o envolveu nele, e o depositou num sepulcro lavrado numa rocha; e revolveu uma pedra para a porta do sepulcro.
47 E Maria Madalena e Maria, mãe de José, observavam onde o punham.
1 E, passado o sábado, Maria Madalena, e Maria, mãe de Tiago, e Salomé, compraram aromas para irem ungi-lo.
Evangelho de Lucas, capítulo 23 ver. 45 a 56:
45 E rasgou-se ao meio o véu do templo.
46 E, clamando Jesus com grande voz, disse: Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito. E, havendo dito isto, expirou.
47 E o centurião, vendo o que tinha acontecido, deu glória a Deus, dizendo: Na verdade, este homem era justo.
48 E toda a multidão que se ajuntara a este espetáculo, vendo o que havia acontecido, voltava batendo nos peitos.
49 E todos os seus conhecidos, e as mulheres que juntamente o haviam seguido desde a Galiléia, estavam de longe vendo estas coisas.
50 E eis que um homem por nome José, senador, homem de bem e justo,
51 Que não tinha consentido no conselho e nos atos dos outros, de Arimatéia, cidade dos judeus, e que também esperava o reino de Deus;
52 Esse, chegando a Pilatos, pediu o corpo de Jesus.
53 E, havendo-o tirado, envolveu-o num lençol, e o pôs num sepulcro escavado numa penha, onde ninguém ainda havia sido posto.
54 E era o dia da preparação, e amanhecia o sábado.
55 E as mulheres, que tinham vindo com ele da Galiléia, seguiram também e viram o sepulcro, e como foi posto o seu corpo.
56 E, voltando elas, prepararam especiarias e ungüentos; e no sábado repousaram, conforme o mandamento.
Evangelho de João, capítulo 19 ver. 31 a 42:
31 Os judeus, pois, para que no sábado não ficassem os corpos na cruz, visto como era a preparação (pois era grande o dia de sábado), rogaram a Pilatos que se lhes quebrassem as pernas, e fossem tirados.
32 Foram, pois, os soldados, e, na verdade, quebraram as pernas ao primeiro, e ao outro que como ele fora crucificado;
33 Mas, vindo a Jesus, e vendo-o já morto, não lhe quebraram as pernas.
34 Contudo um dos soldados lhe furou o lado com uma lança, e logo saiu sangue e água.
35 E aquele que o viu testificou, e o seu testemunho é verdadeiro; e sabe que é verdade o que diz, para que também vós o creiais.
36 Porque isto aconteceu para que se cumprisse a Escritura, que diz: Nenhum dos seus ossos será quebrado.
37 E outra vez diz a Escritura: Verão aquele que traspassaram.
38 Depois disto, José de Arimatéia (o que era discípulo de Jesus, mas oculto, por medo dos judeus) rogou a Pilatos que lhe permitisse tirar o corpo de Jesus. E Pilatos lho permitiu. Então foi e tirou o corpo de Jesus.
39 E foi também Nicodemos (aquele que anteriormente se dirigira de noite a Jesus), levando quase cem arráteis de um composto de mirra e aloés.
40 Tomaram, pois, o corpo de Jesus e o envolveram em lençóis com as especiarias, como os judeus costumam fazer, na preparação para o sepulcro.
41 E havia um horto naquele lugar onde fora crucificado, e no horto um sepulcro novo, em que ainda ninguém havia sido posto.
42 Ali, pois (por causa da preparação dos judeus, e por estar perto aquele sepulcro), puseram a Jesus.