O apóstolo Paulo aproveitou a oportunidade para mandar recomendações e lembranças a várias pessoas de que ele ouviu falar, chegou a conhecer durante as suas viagens por outros lugares, e que agora ele sabia que estavam em Roma.
À primeira vista, parece se limitar a uma lista de nomes interessantes, mas que não nos trazem ensino e são de pouco valor em nossos dias. No entanto, um estudo mais aprofundado do trabalho e das circunstâncias dessas pessoas, algumas das quais figuram em outras cartas de Paulo, nos fornece lições importantes.
Vejamos essas pessoas:
Febe: essa irmã era serva (diakonos) da igreja . A palavra grega diakonos denotava um servo, ou serva, que servia à mesa ou fazia outros trabalhos humildes, e na igreja assim se chamavam também as mulheres que nela ministravam, devendo elas ser “sérias, não maldizentes, temperantes, e fiéis em tudo” (1 Timóteo 3:11).
Cencréia onde estava a igreja de Febe estava perto de Corinto, onde havia outra igreja para quem Paulo mandou as duas cartas aos Coríntios. Eram independentes entre si como eram todas as demais igrejas primitivas.
Em sua carta, Paulo recomendou a todos os santos em Roma (Romanos 1:7) para que recebessem Febe no Senhor, de um modo digno dos santos. Ao contrário do que alguns gostam de dizer, Paulo não inferiorizava as mulheres, mas lhes dava a mesma consideração que dava aos homens (Gálatas 3:28).
Também pediu que ajudassem Febe em qualquer coisa que necessitasse deles, porque ela tinha sido o amparo de muitos, e de Paulo em particular. O dom de hospitalidade pode ser exercido com habilidade pelas mulheres, e Febe dedicou-se com esmero merecendo assim essa menção de Paulo que a tornou conhecida até nossos dias.
Prisca (ou Priscila) e Áquila: cooperadores de Paulo em Cristo Jesus, ao ponto de exporem-se ao risco de morte para salvarem a vida de Paulo. Não temos mais detalhes deste ato heroico, mas sabemos do trabalho que faziam: Paulo primeiro encontrou-os em Corinto e fabricou tendas com Áquila (Atos 18:2) por mais de um ano e meio, enquanto pregava na sinagoga; depois viajou com eles até Éfeso, onde os deixou.
Em Éfeso o casal foi instrumento de Deus para ensinar o Evangelho a Apolo, que se tornou um grande evangelista. Estavam agora de volta a Roma, de onde haviam inicialmente saído por causa de um decreto de Cláudio César. É curioso que o nome de Prisca sempre aparece antes do nome do seu marido, salvo em sua introdução em Atos e na primeira carta aos Coríntios 16:19. Como diz Paulo, temos uma dívida de gratidão a eles pelo que fizeram.
Prisca e Áquila reuniam uma igreja em sua casa. Quando moravam em Corinto, também acolhiam a igreja local em sua casa. Segundo os historiadores, os primeiros edifícios dedicados apenas ao uso das igrejas só surgiram nos fins do século seguinte.
Epêneto (“digno de louvor”): Paulo o chama de “meu amado”, sendo um dos primeiros convertidos para Cristo na região romana da Ásia. Nada mais sabemos sobre ele para merecer essa honra. Como ele, muitos irmãos não se destacam à vista de muitos, mas são muito queridos por aqueles que os conhecem.
Maria: ela trabalhou muito pelos crentes romanos. Nesta passagem predominam as referências às mulheres, realçando o valor do seu trabalho nas igrejas dos santos, outra evidência da consideração que Paulo tinha por elas.
Andrônico e Júnias: o nome Júnias pode ser tanto masculino como feminino, por isto não sabemos se eram um casal ou não. A palavra original traduzida como “parentes“ (“suggeneis”) pode significar também “parentes segundo a carne”, ou judeus como Paulo (Romanos 9:3). Estes dois se converteram antes dele, foram seus companheiros de prisão, eram bem conceituados pelos apóstolos e chegaram a participar da prisão com ele em uma das muitas oportunidades em que esteve preso (2 Coríntios 11:23).
Ampliato, Urbano, Estáquis, Apeles, aos quais Paulo saúda com palavras de carinho e reconhecimento.
Os da casa de Aristóbulo pode significar os escravos cristãos que pertenciam a um neto de Herodes o Grande com esse nome, já falecido. Ou talvez uma igreja se reunia nessa casa.
Herodião era talvez da família de Herodes, parente de Paulo ou apenas judeu como acima.
Os da casa de Narciso: houve um escravo liberto que se converteu, com esse nome, que foi condenado à morte e executado pelo rei Agripa. Estes, da casa dele, podem ter sido os escravos cristãos que pertenciam a ele. Ou, novamente, uma igreja se reunia nessa casa.
Trifena, Trifosa e Pérside: é provável que Trifena e Trifosa fossem irmãs gêmeas, pois seus nomes vêm da mesma raiz, que significa viver luxuosamente. Pérside seria uma escrava liberta, que tinha esse nome e era muito amada pela igreja. Todas trabalharam para a obra do Senhor, mas Pérside estaria agora incapacitada.
Rufo (“ruivo”) era um nome bastante comum entre os escravos, mas este poderia ter sido o Rufo de Marcos 15:21.
A mãe de Rufo: teria cuidado de Paulo como mãe em alguma oportunidade, e ao chamá-la de mãe ele aqui manifesta a sua gratidão. Alguns sugerem a possibilidade de ter sido a esposa de Simão Cireneu que fora obrigado a carregar a cruz do Senhor – (Marcos 15:21).
Asíncrito, Flegonte, Hermes, Pátrobas, Hermes, e os irmãos que estão com eles formam, provavelmente uma igreja local.
Filólogo, Júlia, Nereu e sua irmã Olimpas, e todos os santos que com eles estavam formavam outra igreja local.
Verificamos assim que já havia em Roma várias igrejas, que se reuniam:
Era hábito entre os judeus saudarem-se com um ósculo (beijo), e este se tornou uma expressão de amor cristão (1 Pedro 5:14), aparentemente restrito a pessoas do mesmo sexo. É chamado aqui de “ósculo santo” para distingui-lo das demonstrações formais: devia ser uma demonstração sincera de fraternidade e amor cristão.
Embora seja ainda praticado em certas culturas, esta forma de saudação não é mandamento obrigatório entre os santos, e não nos impede de nos saudarmos de uma outra maneira mais aceita no meio em que vivemos, como a curvatura dos orientais, o aperto de mãos dos ocidentais, um abraço latino, ou mesmo um esfregão de narizes como se faz entre certas tribos da Australásia.
Mas é importante que seja “santo” no sentido em que foi o beijo mandado no versículo 16.
1 ¶ Recomendo-vos, pois, Febe, nossa irmã, a qual serve na igreja que está em Cencréia,
2 para que a recebais no Senhor, como convém aos santos, e a ajudeis em qualquer coisa que de vós necessitar; porque tem hospedado a muitos, como também a mim mesmo.
3 Saudai a Priscila e a Áqüila, meus cooperadores em Cristo Jesus,
4 os quais pela minha vida expuseram a sua cabeça; o que não só eu lhes agradeço, mas também todas as igrejas dos gentios.
5 Saudai também a igreja que está em sua casa. Saudai a Epêneto, meu amado, que é as primícias da Ásia em Cristo.
6 Saudai a Maria, que trabalhou muito por nós.
7 Saudai a Andrônico e a Júnia, meus parentes e meus companheiros na prisão, os quais se distinguiram entre os apóstolos e que foram antes de mim em Cristo.
8 Saudai a Amplíato, meu amado no Senhor.
9 Saudai a Urbano, nosso cooperador em Cristo, e a Estáquis, meu amado.
10 Saudai a Apeles, aprovado em Cristo. Saudai aos da família de Aristóbulo.
11 Saudai a Herodião, meu parente. Saudai aos da família de Narciso, os que estão no Senhor.
12 Saudai a Trifena e a Trifosa, as quais trabalham no Senhor. Saudai à amada Pérside, a qual muito trabalhou no Senhor.
13 Saudai a Rufo, eleito no Senhor, e a sua mãe e minha.
14 Saudai a Asíncrito, a Flegonte, a Hermas, a Pátrobas, a Hermes, e aos irmãos que estão com eles.
15 Saudai a Filólogo e a Júlia, a Nereu e a sua irmã, e a Olimpas, e a todos os santos que com eles estão.
16 Saudai-vos uns aos outros com santo ósculo. As igrejas de Cristo vos saúdam.
Romanos capítulo 6:1 a 16