Introdução. Neste capítulo e no próximo, Paulo continua a dar motivos pelo ministério do Evangelho, frisando a necessidade de esforçar-se nesta vida em vista do Tribunal de Cristo.
Os dois tabernáculos. A palavra "tabernáculo" aqui se refere ao nosso corpo natural em que vivemos neste mundo, como também ao "corpo espiritual" em que os crentes serão "transformados" na vinda de Cristo para a Sua Igreja (1a. Tessalonicenses 4:13-17; 1a. Coríntios 15:52).
Neste tabernáculo mortal "gememos angustiados" - não pelo desejo de morrer, mas para que possamos receber nosso novo "vestido" - a casa ou corpo espiritual que será nosso "tabernáculo eterno"; quem nos prepara para isto é o Espírito Santo (veja também Efésios 1:14).
O tribunal de Cristo. Outro motivo que impele os pregadores (e todos os cristãos) a agradarem o Senhor é que terão que aparecer perante o tribunal de Cristo (veja Romanos 14:10). Isto não se refere ao juízo final diante do Grande Trono Branco (Apocalipse 20:11-15), mas sim a um tribunal onde somente os salvos comparecerão, para o exame do seu serviço como servos de Deus desde a sua conversão. Ali receberão galardão e louvor, ou repreensão e perda, conforme a sua fidelidade e zelo (ou o contrário) desde que se converteram a Cristo (2a. Timóteo 4:8; 1a. Coríntios 3:12-15; Lucas 19:11).
Os motivos para a pregação do Evangelho. Neste trecho, Paulo fala de si mesmo como representando o que todos os pregadores do Evangelho deviam ser. Os seus motivos eram:
O temor do Senhor (v.11 - veja Mateus 10:28 e 28:19-20). Paulo pregava o Evangelho não somente como privilégio, mas também por dever - o Senhor Jesus mandou-o nesse serviço e os crentes deviam reconhecer isso e o dar como resposta aos críticos que se orgulhavam na aparência e não na sinceridade.
O que os inimigos chamavam de "loucura" (v.13) era no serviço de Deus e a "sobriedade" de Paulo era para o benefício dos crentes.
O amor de Cristo (v.14) é para todos e está nos crentes. Ele morreu por todos, então todos os crentes morreram nEle. Ele vive (15) e os crentes vivem, não somente em Ele, como também para Ele.
Assim, conhecemos a Cristo, tanto como um Homem (mestre, profeta, exemplo, etc.), quanto como o Filho de Deus que morreu e ressuscitou (16).
O "cristão" é uma nova espécie de homem, como uma nova natureza e com nova compreensão das coisas (17).
A reconciliação. A razão desta grande mudança de relações entre Deus e o homem é que Cristo, por meio da Sua morte sacrificial em nosso lugar, satisfez completamente a justiça divina que era contra nós. Assim, o obstáculo que nos separava de Cristo - o nosso pecado - foi removido por este sacrifício feito por Cristo e aceito por Deus, que desejava que esta reconciliação fosse anunciada pelos apóstolos (18-19).
Como "embaixadores" (mensageiros autorizados do Senhor), os apóstolos rogavam aos homens que se reconciliassem com Deus pela fé em Cristo, o perfeito e santo Filho que na cruz do Calvário tomou sobre Si o pecado do mundo, pagou a pena, e, assim, pela salvação dos crentes, revelaram-se a santidade, a justiça e o amor de Deus.
1 Porque sabemos que, se a nossa casa terrestre deste tabernáculo se desfizer, temos de Deus um edifício, uma casa não feita por mãos, eterna, nos céus.
2 E, por isso, também gememos, desejando ser revestidos da nossa habitação, que é do céu;
3 se, todavia, estando vestidos, não formos achados nus.
4 Porque também nós, os que estamos neste tabernáculo, gememos carregados, não porque queremos ser despidos, mas revestidos, para que o mortal seja absorvido pela vida.
5 Ora, quem para isso mesmo nos preparou foi Deus, o qual nos deu também o penhor do Espírito.
6 Pelo que estamos sempre de bom ânimo, sabendo que, enquanto estamos no corpo, vivemos ausentes do Senhor
7 (Porque andamos por fé e não por vista.).
8 Mas temos confiança e desejamos, antes, deixar este corpo, para habitar com o Senhor.
9 Pelo que muito desejamos também ser-lhe agradáveis, quer presentes, quer ausentes.
10 Porque todos devemos comparecer ante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o que tiver feito por meio do corpo, ou bem ou mal.
11 Assim que, sabendo o temor que se deve ao Senhor, persuadimos os homens à fé, mas somos manifestos a Deus; e espero que, na vossa consciência, sejamos também manifestos.
12 Porque não nos recomendamos outra vez a vós; mas damo-vos ocasião de vos gloriardes de nós, para que tenhais que responder aos que se gloriam na aparência e não no coração.
13 Porque, se enlouquecemos, é para Deus; e, se conservamos o juízo, é para vós.
14 Porque o amor de Cristo nos constrange, julgando nós assim: que, se um morreu por todos, logo, todos morreram.
15 E ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou.
16 Assim que, daqui por diante, a ninguém conhecemos segundo a carne; e, ainda que também tenhamos conhecido Cristo segundo a carne, contudo, agora, já o não conhecemos desse modo.
17 Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo.
18 E tudo isso provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por Jesus Cristo e nos deu o ministério da reconciliação,
19 isto é, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando os seus pecados, e pôs em nós a palavra da reconciliação.
20 De sorte que somos embaixadores da parte de Cristo, como se Deus por nós rogasse. Rogamos-vos, pois, da parte de Cristo que vos reconcilieis com Deus.
21 Àquele que não conheceu pecado, o fez pecado por nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus.
2a. Coríntios capítulo 5