Pilatos, como magistrado romano, já tinha julgado o Senhor Jesus, e o achou inocente. Não havia qualquer justificativa para mantê-lo na prisão por mais tempo. Apesar disso, Pilatos não teve a coragem de contrariar os líderes da nação dos judeus. Pensou que podia alcançar um acordo com eles.
A multidão ali fora já havia estado clamando em voz alta, pedindo a Pilatos a libertação de um preso, como era o costume na páscoa. Então Pilatos astutamente veio com uma "brilhante" solução: para apaziguar os líderes religiosos dos judeus ele poderia decidir que este Homem era culpado, mas ao mesmo tempo iria propor à multidão a escolha entre Ele e um notório salteador chamado Barrabás (“filho de um pai”), culpado com os seus companheiros de assassínio (Marcos (15:6-8).
Ele deve ter pensado que a multidão iria obviamente escolher Jesus, por ter sido muito popular entre eles. Sua própria consciência seria tranquilizada, e evitaria livrar um criminoso. Pediu então à multidão para escolher, chamando o Senhor de Rei dos judeus, porque este foi o delito de que tinha sido acusado.
Mas os principais sacerdotes alvoroçaram a multidão para escolher Barrabás (Marcos 15:11) e Pilatos, desconcertado e desejando soltar a Jesus, então lhes perguntou o que queriam que fizesse com Jesus que é chamado Cristo, a quem chamavam de Rei dos judeus. A multidão gritou "Crucifica O, crucifica O! Seja Ele crucificado!" Pilatos insistiu, dizendo para a terceira vez, "Mas que mal fez Ele? Não achei nele nenhuma culpa digna de morte. Castigá-lo ei, pois, e o soltarei.” Mas eles instavam com grandes brados, pedindo que fosse crucificado.
Pilatos viu que não estava conseguindo nada com essa multidão, mas que o tumulto crescia, então tomou água e lavou as suas mãos diante da multidão, um símbolo comum de limpeza dizendo "Sou inocente do sangue deste justo. Seja isso lá convosco”. Os judeus usavam este símbolo de lavar as mãos para representar inocência (Deuteronômio 21:6; Salmo 26:6; 73:13).
Mas não era assim tão fácil. Ele tinha que tomar uma decisão, porque era a mais alta autoridade no país. A sua responsabilidade não podia ser transferida, por isso o sangue de Cristo ficou nas suas mãos, não importa quanto as tenha lavado. A multidão respondeu à sua declaração dizendo “O seu sangue caia sobre nós e sobre nossos filhos”. (Mateus 27:24,25).
Por causa dessa resposta, uma grande injustiça tem sido cometida para com o povo judeu através dos séculos: o catolicismo, tanto o ramo romano como o ortodoxo, tem chamado todos os judeus de “matadores de Cristo”, sendo esta a base do antissemitismo na Europa, com massacres, torturas e a morte na Inquisição, culminando com o que tem sido chamado de "Holocausto" nas mãos de Hitler, que foi educado pelos jesuítas. Puseram-lhes maldosamente a culpa pelo crime cometido por Anás, Caifás, e Pilatos, embora não tenham sido mais responsáveis do que os gentios. Em última análise, somos todos nós responsáveis pela Sua morte. Ele morreu por causa dos pecados do mundo. Não se deveria apontar o dedo a qualquer raça ou grupo de pessoas.
Então Pilatos, querendo satisfazer a multidão, libertou para eles aquele que desejaram, Barrabás, que fora lançado na prisão por crime de rebelião e assassinato, e entregou Jesus para ser açoitado e em seguida crucificado: os soldados o levaram para dentro do pretório e reuniram toda a tropa ao Seu redor.
Eles O despiram e puseram nele um manto vermelho, fizeram uma coroa de espinhos e a colocaram em Sua cabeça, e uma vara na sua mão direita.. Eles se ajoelharam diante dele e escarneciam, dizendo, "Salve, Rei dos Judeus!" Então cuspiram sobre Ele, tomaram a vara e batiam-lhe com ela na cabeça. Depois tiraram o manto e O vestiram outra vez com Suas roupas.
Depois de observar tudo isto, Pilatos saiu de novo, e disse ao povo: " Eis aqui vo-lo trago fora, para que saibais que não acho nele crime algum." Então levaram Jesus para fora também, à vista de todos, usando a coroa de espinhos e o manto vermelho, e Pilatos exclamou “Eis o homem!”
Ao vê-lo, os chefes dos sacerdotes e os guardas gritaram: “Crucifica O! Crucifica O!”. Pilatos então mandou que eles O levassem para crucificá-lo, porque ele não encontrava base para acusá-lo. Isto era como dizer “Eu não vou fazê-lo, façam-no vocês!” Nesta decisão judicial estranha, o juiz declarava o acusado inocente, depois O entregava para ser punido pelos acusadores falsos.
Tentando justificar-se, os judeus retorquiram que tinham uma lei, e que de acordo com a sua lei Ele devia morrer porque havia se declarado Filho de Deus. Enfim os principais sacerdotes deixaram escapar o motivo verdadeiro do seu ódio, que havia surgido logo depois que Ele começara o Seu ministério (João 5:18), sendo a base da condenação do sinédrio ((Mateus 27:23-66; Marcos 14:61-64).
Pilatos já estava com medo por causa da mensagem da sua esposa (Mateus 27:19), mas agora esta referência à divindade do Preso o deixou ainda mais temeroso, porque se acrescentava aos seus receios supersticiosos. e pedido a divindade pelo seu Prisioneiro fez mais medo, porque ele aditadas seu supersticioso receios. Então ele voltou para dentro do pretório, e indagou de Jesus de onde Ele viera. Pilatos sabia que vinha da Galileia (Lucas 23:6) mas queria descobrir se havia alguma coisa sobrenatural em Sua origem.
Não obtendo resposta, Pilatos, irritado, O advertiu que tinha poder de vida e morte sobre Ele. O Senhor calmamente lhe disse que não teria poder algum sobre Si se não lhe fosse dado de cima, portanto quem O entregara a Pilatos tinha maior pecado que ele.
O supremo poder era Deus, e na realidade Pilatos só podia fazer aquilo que o Filho de Deus permitia. Pilatos era culpado de má administração de justiça, mas os que levaram o Senhor a Pilatos para assegurar a Sua morte tinham maior pecado porque Ele provara que era o seu Messias, no entanto eles O odiaram e rejeitaram.
A partir de então Pilatos procurou libertá-lo. Mas os judeus começaram a gritar que a sua lealdade a César seria comprometida se declarasse ser inocente um homem que se fazia rei. Quando Pilatos ouviu, ele trouxe novamente Jesus para fora e se assentou na cadeira de juiz num lugar chamado Pavimento de Pedra.
Pilatos tinha que tomar uma decisão definitiva agora e ainda não tinha certeza sobre o que seria mais seguro para si (justiça à parte): libertar este Justo e suportar um desastre político, ou satisfazer os líderes dos judeus crucificando-o e enfrentando consequências desconhecidas porque Ele obviamente não era qualquer pessoa comum. Ele deve ter pensado que estava numa situação desesperadora. Era o Dia da Preparação (véspera do sábado da páscoa), e cerca do meio dia.
Pilatos disse aos judeus, talvez ainda esperando que houvesse uma mudança na sua atitude "Eis o teu Rei!" Mas eles gritaram, "Tira O! Tira O! Crucifica O” ao que Pilatos retorquiu, "Hei de crucificar o vosso Rei?" Os principais dos sacerdotes responderam, "não temos rei senão César!"
A dignidade do Senhor Jesus através de tudo isso foi impressionante. Na verdade, não era Ele que estava sendo julgado. Tanto Pilatos como os líderes religiosos foram obrigados a escolher: Jesus Cristo ou César. Fizeram a sua terrível escolha, "não temos rei senão César." Os sacerdotes principais eram saduceus, que não tinham a esperança messiânica dos fariseus. Ao condenar Jesus, eles agora renunciavam até à soberania de Deus (1 Samuel 12:12).
Hoje cada pessoa deve fazer sua escolha a respeito de Jesus Cristo, e Ele diz, "Quem não é comigo é contra mim . . ." (Mateus 12:30). Uma decisão contra Cristo, é uma decisão a favor de "César" e o castigo eterno. Um dia, ainda no futuro, o mundo incrédulo terá que fazer uma escolha: Jesus Cristo ou o anticristo?
Finalmente perdendo toda a esperança de mudar a decisão dos judeus, Pilatos entregou o Senhor Jesus a eles para ser crucificado. Os soldados lhe tiraram o manto e vestiram outra vez com Suas roupas, e O conduziram para a Sua morte.
39 Tendes, porém, por costume que eu vos solte alguém por ocasião da páscoa; quereis, pois, que vos solte o rei dos judeus?
40 Então todos tornaram a clamar dizendo: Este não, mas Barrabás. Ora, Barrabás era salteador
1 Nisso, pois, Pilatos tomou a Jesus, e mandou açoitá-lo.
2 E os soldados, tecendo uma coroa de espinhos, puseram-lha sobre a cabeça, e lhe vestiram um manto de púrpura;
3 e chegando-se a ele diziam: Salve, rei dos judeus! e e davam-lhe bofetadas.
4 Então Pilatos saiu outra vez, e disse-lhes: Eis aqui vo-lo trago fora, para que saibais que não acho nele crime algum.
5 Saiu, pois, Jesus, trazendo a coroa de espinhos e o manto de púrpura. E disse-lhes Pilatos: Eis o homem!
6 Quando o viram os principais sacerdotes e os guardas, clamaram, dizendo: Crucifica-o! Crucifica-o! Disse-lhes Pilatos: Tomai-o vós, e crucificai-o; porque nenhum crime acho nele.
7 Responderam-lhe os judeus: Nós temos uma lei, e segundo esta lei ele deve morrer, porque se fez Filho de Deus.
8 Ora, Pilatos, quando ouviu esta palavra, mais atemorizado ficou;
9 e entrando outra vez no pretório, perguntou a Jesus: Donde és tu? Mas Jesus não lhe deu resposta.
10 Disse-lhe, então, Pilatos: Não me respondes? não sabes que tenho autoridade para te soltar, e autoridade para te crucificar?
11 Respondeu-lhe Jesus: Nenhuma autoridade terias sobre mim, se de cima não te fora dado; por isso aquele que me entregou a ti, maior pecado tem.
12 Daí em diante Pilatos procurava soltá-lo; mas os judeus clamaram: Se soltares a este, não és amigo de César; todo aquele que se faz rei é contra César.
13 Pilatos, pois, quando ouviu isto, trouxe Jesus para fora e sentou-se no tribunal, no lugar chamado Pavimento, e em hebraico Gabatá.
14 Ora, era a preparação da páscoa, e cerca da hora sexta. E disse aos judeus: Eis o vosso rei.
15 Mas eles clamaram: Tira-o! tira-o! crucifica-o! Disse-lhes Pilatos: Hei de crucificar o vosso rei? responderam, os principais sacerdotes: Não temos rei, senão César.
16 Então lho entregou para ser crucificado.
Evangelho de João, capítulo 18 versículo 39 até capítulo 40, versículo 16.