O Senhor Jesus Cristo só se mostrou aos discípulos de maneira intermitente depois da Sua ressurreição, enquanto que anteriormente tinha estado sempre com eles. Estaria Ele os preparando para a Sua ausência permanente?
Esta foi a terceira vez que ele apareceu ao grupo - só sete deles agora, pescando no mar da Galileia, que aqui foi chamado Tiberíades por estar junto à capital da província romana da Galileia, construída em seu litoral com este nome. Este não foi o lugar da Galileia, uma montanha, para onde o Senhor os convocara para um encontro (Marcos 16:7; Mateus 28:7, 16).
Dos sete, pelo menos quatro tinham estado com Ele desde o início de seu ministério (Pedro, Natanael e os filhos de Zebedeu, Tiago e João). Podemos considerá-los como crianças problemáticas: o problema Simão Pedro, impulsivo, impetuoso, de grande coração mas falhando e afastado; Tomé, que havia duvidado; Natanael o perspicaz, que também duvidava no início; e os “filhos do trovão”, Tiago e João; não sabemos quem eram os outros dois.
Muitos comentadores condenam estes homens por terem ido pescar, mas o Senhor não os censurou quando apareceu. A proposta de Pedro de ir pescar tinha sido natural, porque a maioria deles eram pescadores profissionais: eles provavelmente estavam esperando na Galileia pelo encontro marcado com Cristo na montanha, e achavam que podiam aproveitar o tempo. Não tinham pescado nada, mas aquela noite de fracasso estava no plano e no propósito de Deus para eles.
Estava alvorecendo, mas ainda era escuro quando o Senhor falou da praia para estes homens frustrados. Embora estivesse em seu corpo glorificado, já conhecido deles, não O reconheceram no escuro, a cerca de cento e sessenta metros de distância.
A palavra traduzida “filhos” é uma expressão coloquial como “meus rapazes” e a sua pergunta é delicada, esperando a curta resposta negativa “não” que recebeu. É típico de como podemos ser enfáticos e não gostamos de falar muito sobre o fracasso. Eles lhe responderam, mas não queriam falar sobre isso. É uma pergunta destinada a ser feita por Ele a cada um de nós um dia: “Não pegou nada? Qual o resultado que teve do serviço que me prestou na terra?” Será a nossa resposta também “Não, nada” ?
Mas o Senhor Jesus sabia onde os peixes estavam. Disse onde lançar a rede, eles seguiram as Suas instruções, e foram recompensados abundantemente. De maneira semelhante ele orienta a vida dos Seus, e lhes dá as Suas instruções. Quando forem respeitadas, haverá um rico prêmio, porque a rede se encherá. Note que a rede não se rompeu embora se enchesse completamente. A rede era forte, como o evangelho da morte, sepultura, e ressurreição de Cristo, do qual eram testemunhas.
João foi o primeiro a perceber Quem este homem com poder sobrenatural sobre a natureza só poderia ser: era o Senhor! Note que ele não disse "Jesus": um exemplo do respeito a ser seguido! Três anos antes, o Cordeiro de Deus, como João Batista O introduzira, os chamara, talvez no mesmo local. Eles voltaram à pesca e o Senhor os chamava novamente para pescar as almas dos homens.
Pedro caracteristicamente não pôde esperar agora para o barco levá-lo para a praia: ele tomou a sua túnica, ou camisa de linho que costumava usar sobre o calção, prendeu-a na cintura, lançou-se ao mar e foi nadando até a praia. Ele queria estar perto do Senhor. No diário devocional de Oswald Chamber, “Meu Melhor para a Sua Maior Alteza”, a leitura de 17 de abril se baseia em João 21:7, e diz o seguinte:
Já alguma vez teve uma crise em que proposital, e enfática e ousadamente abandonou tudo? É uma crise de vontade. Você pode chegar a isso muitas vezes externamente, mas não quer dizer nada. A verdadeira crise profunda de abandono se atinge interna, não externamente. A desistência de coisas externas pode ser uma indicação de total escravidão.
Você já comprometeu deliberadamente a sua vontade a Jesus Cristo? É uma transação de vontade, não de emoção; a emoção é simplesmente a margem dourada da transação. Se você permitir que a emoção venha em primeiro lugar, nunca realizará a transação. Não pergunte a Deus o que a transação é para ser, mas faça-a não importando o que você vê, quer no lugar raso ou profundo.
Se ouviu a voz de Jesus Cristo nos vagalhões, deixe as suas convicções irem aos ventos, deixe sua coerência ir aos ventos, mas mantenha o seu relacionamento com Ele.
O barco de pesca era grande demais para se aproximar da praia, então os outros discípulos entraram num barco pequeno e remaram para lá.
Este é o último milagre do Senhor mencionado na Bíblia, e o único registrado após a Sua ressurreição. Tem um significado especial para nós porque estamos envolvidos com o ministério de Cristo depois da Sua ressurreição.
Paulo escreveu, ". . . ainda que tenhamos conhecido Cristo segundo a carne, contudo agora já não o conhecemos desse modo." (2 Coríntios 5:16). Não estamos presos ao bebê em Belém mas a um Cristo ressuscitado, vivo, glorificado à mão direita de Deus. É por isso que o Seu ministério depois da Sua ressurreição é tão vital para nós.
O Senhor usava o que as pessoas tinham como base para os Seus milagres: os discípulos estavam pescando e nada pegaram, mas o Senhor lhes deu uma colheita de peixes. Perguntou também o que Moisés tinha na sua mão, Moisés disse que era uma vara, e com aquela vara Deus realizou os Seus milagres para Israel. Davi foi fiel como pastor com o seu cajado de pastor, e Deus lhe deu um cetro para segurar na sua mão. Seja o que for que esteja em nossa mão, Deus pode utilizar. Se Deus não puder utilizar você mesmo onde está, Ele provavelmente não pode utilizá-lo em outro lugar.
O que Deus faz Ele faz em abundância: as redes foram enchidas de peixes, a talhas de água ficaram cheias de vinho, sobraram cestos de alimento depois que alimentou a multidão. Chovem bênçãos abundantes sobre qualquer um que obedece o Senhor.
O Senhor Jesus tinha peixe colocado nas brasas para a primeira refeição do dia deles na praia da Galileia, no entanto pediu que trouxessem alguns dos peixes que haviam apanhado. Tendo pescado a Seu mando, ele aceitou o que Lhe trouxeram. Que comunhão abençoada existe neste tipo de serviço!
Pedro foi chamado para apascentar os Seus cordeirinhos e a pastorear as Suas ovelhas. Com o que? Com a Palavra de Deus. Com o Evangelho do Cristo ressuscitado, glorificado. O Evangelho não só irá salvar, mas segurar. Mesmo em seus fracassos, os crentes são mantidos pelo poder de Deus pela fé. Vemos aqui neste incidente que Jesus Cristo tem um propósito todo Seu. Ele quer dirigir as nossas vidas. Se obedecermos, Ele nos abençoará e terá maravilhosa comunhão conosco. Ele é o Senhor das nossas vontades.
“Vinde, comei”: antes de entrar pelo mundo e pregar o Evangelho (veja Marcos 16:15), Ele prefere que nos cheguemos para ter uma refeição com Ele, o Senhor ressurreto.
1 Depois disto manifestou-se Jesus outra vez aos discípulos junto do mar de Tiberíades; e manifestou-se deste modo:
2 Estavam juntos Simão Pedro, Tomé, chamado Dídimo, Natanael, que era de Caná da Galiléia, os filhos de Zebedeu, e outros dois dos seus discípulos.
3 Disse-lhes Simão Pedro: Vou pescar. Responderam-lhe: Nós também vamos contigo. Saíram e entraram no barco; e naquela noite nada apanharam.
4 Mas ao romper da manhã, Jesus se apresentou na praia; todavia os discípulos não sabiam que era ele.
5 Disse-lhes, pois, Jesus: Filhos, não tendes nada que comer? Responderam-lhe: Não.
6 Disse-lhes ele: Lançai a rede à direita do barco, e achareis. Lançaram-na, pois, e já não a podiam puxar por causa da grande quantidade de peixes.
7 Então aquele discípulo a quem Jesus amava disse a Pedro: é o Senhor. Quando, pois, Simão Pedro ouviu que era o Senhor, cingiu-se com a túnica, porque estava despido, e lançou-se ao mar;
8 mas os outros discípulos vieram no barquinho, puxando a rede com os peixes, porque não estavam distantes da terra senão cerca de duzentos côvados.
9 Ora, ao saltarem em terra, viram ali brasas, e um peixe posto em cima delas, e pão.
10 Disse-lhes Jesus: Trazei alguns dos peixes que agora apanhastes.
11 Entrou Simão Pedro no barco e puxou a rede para terra, cheia de cento e cinquenta e três grandes peixes; e, apesar de serem tantos, não se rompeu a rede.
12 Disse-lhes Jesus: Vinde, comei. Nenhum dos discípulos ousava perguntar-lhe: Quem és tu? sabendo que era o Senhor.
13 Chegou Jesus, tomou o pão e deu-lho, e semelhantemente o peixe.
14 Foi esta a terceira vez que Jesus se manifestou aos seus discípulos, depois de ter ressurgido dentre os mortos.
Evangelho de João, capítulo 21, versículos 1 a 15