Simão Pedro havia perguntado antes ao Senhor onde Ele estava indo (capítulo 13:36), mas agora que os discípulos perceberam que iria deixá-los, os seus pensamentos viraram para si próprios. Eles não viam como seguir sem seu Mestre, e estavam acabrunhados com tristeza e decepção.
O Senhor compreendeu seus sentimentos e imediatamente apontou que, longe de ser prejudicial, era para sua vantagem que Ele tivesse que ir embora. Esta foi uma declaração assustadora, por isso lhes disse que, se não se fosse, o Ajudador (o Espírito Santo) não viria para estar com eles. As razões não são mencionadas aqui, mas as seguintes nos ocorrem:
O propósito de Cristo ao vir ao mundo foi para morrer para dar a Sua vida como um resgate para muitos, inclusive os Seus discípulos (Marcos 10:45). Quando fosse realizado, Ele voltaria para o Pai porque havia completado a obra que lhe competia fazer. Só depois de lavados do seu pecado pelo Seu sangue é que os discípulos podiam ser batizados e selados pelo Espírito Santo.
Entre o momento do Seu nascimento e da Sua ressurreição, o Senhor esteve limitado no tempo e no espaço pelo seu corpo humano: por exemplo, Maria e Marta disseram que, se Ele tivesse estado em Betânia (em vez da Galileia) o seu irmão não teria morrido. O Espírito Santo, por outro lado, está em todos os lugares: Cristo disse que O mandaria vir depois para fazer Sua morada nos Seus discípulos.
O Espírito Santo estivera trabalhando anteriormente no mundo, mas não na maneira em que iria operar depois do regresso de Cristo ao Pai e de ser dado aos Seus discípulos. O Senhor explicou em seguida alguns aspectos do trabalho que Espírito Santo, como Ajudador, iria fazer.
Quando o Espírito Santo viesse, Ele convenceria o mundo do pecado, um termo legal que significa a maneira em que um juiz ou advogado apresenta evidência para o julgamento: a evidência do pecado é necessária antes que alguém recorra a Jesus Cristo pela fé e confie n’Ele para a sua salvação.
A evidência interposta pelo Espírito Santo é baseada em três coisas: o pecado, a justiça, e o juízo:
Quanto ao pecado: o pecado é definido como “errar o alvo” e fazer o mal a Deus e ao homem. Atualmente alguns cientistas sociais e psicólogos parecem tender a destruir o sentido do pecado no homem, chamando-o apenas de deslize, instinto animal, carência de responsabilidade moral, ou mal. Logo as ondas de crime na juventude. Mas o Senhor acrescenta "porque não creem em mim"; o maior pecador aos olhos de Deus é quem rejeita Jesus Cristo: ele comete o pecado imperdoável contra o Espírito Santo. A incredulidade é um estado de espírito e não tem qualquer solução: sem ser convencidos pelo Ajudador os homens poderiam se orgulhar da sua superioridade intelectual ao recusar-se a crer no Senhor Jesus. Todo aquele que ouve o Evangelho é responsável pela sua própria decisão sobre Jesus Cristo.
Quanto à justiça: o Senhor Jesus foi entregue pelos nossos delitos: Ele morreu na cruz em nosso lugar, levando sobre Si a culpa dos nossos pecados, e ressuscitou para a nossa justificação (Romanos 4:25). Ele ressuscitou da morte não só para que nossos pecados fossem subtraídos, mas também para que nos fosse acrescentada a Sua justiça: precisamos de justiça para nos situarmos diante de Deus (Filipenses 3:8-9). Ele voltou para o Pai porque havia completado o Seu trabalho de redenção, e não mais seria visto pelos Seus discípulos. Com seus olhos físicos e sem o Espírito Santo eles não poderiam contemplar Cristo com a visão espiritual (João 14:19).
Quanto ao juízo: “porque o príncipe deste mundo já está julgado”: porque o “príncipe deste mundo”, Satanás, já foi julgado, vivemos num mundo já julgado "Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus nosso Senhor” (Romanos 6:23). O mundo é como um homem no corredor da morte esperando a sua execução: ele não gosta de ouvir sobre julgamento, e se ressente muito dele. O mundo perdido detesta muitas coisas a respeito de Deus: por exemplo, a Sua onipotência: não gostam do fato que o universo é d’Ele e tem controle sobre ele. Não gostam do fato que Deus salva pela graça e que o homem já foi declarado perdido.
Os discípulos tiveram que aprender as coisas de Deus aos poucos:- não podiam ser transmitidas todas ao mesmo tempo por Cristo, e o Espírito Santo continuaria a lhes ensinar após o retorno do Senhor ao Pai.
Aqui são mencionados sete passos proféticos:
O Espírito Santo, o Espírito da Verdade, estava para vir;
Ele teria então que orientá-los em toda verdade;
Ele não falaria por Si mesmo;
Ele falaria tudo que tiver ouvido;
Ele anunciaria as coisas vindouras;
Ele glorificaria o Senhor Jesus Cristo; e
Ele iria receber tudo que era de Cristo e anunciá-lo a eles.
O conjunto desta profecia foi cumprido durante o tempo dos apóstolos, a partir do dia de Pentecoste até que João recebeu a última profecia na ilha de Patmos, a revelação do Senhor Jesus Cristo encontrada no livro do Apocalipse.
O Espírito de Deus veio no dia de Pentecoste, e Ele guiou os discípulos em toda a verdade tanto na sua pregação quanto nos seus escritos, e a encontramos nas epístolas e no livro do Apocalipse. O ministério do Espírito Santo foi de completar o ensino do Senhor Jesus Cristo. Os livros do Novo Testamento são a revelação da pessoa e do ministério de Cristo, eles glorificam Cristo e O mostram como Cabeça da igreja, e falam de coisas para vir bem como da sua volta para estabelecer o Seu Reino.
Como os discípulos, não conhecemos toda a verdade logo no início, mas é para continuarmos pessoalmente a crescer na graça e no conhecimento de nosso Salvador. O Espírito Santo deve ser o nosso Mestre à medida que lemos a Bíblia inspirada por Ele, e Ele nos irá conduzir e guiar em toda a verdade.
O Senhor Jesus deixou bem claro que o Espírito Santo não iria falar por Si mesmo, mas iria glorificar Cristo. Basta nos referirmos ao sermão de Pedro no dia de Pentecoste após a vinda do Espírito Santo, às epístolas de Pedro, de Paulo, de João, de Tiago, de Judas e à que é dirigida aos Hebreus, para ver como sob a tutela do Espírito Santo os discípulos cresceram à plenitude do conhecimento “da glória de Deus na face de Cristo” (2 Coríntios 4:6).
Este programa oferece um bom teste ao que ouvimos e lemos. É preciso ter cuidado com os chamados “reavivamentos do Espírito Santo”, “obras do Espírito Santo”, e “Espírito Santo fazendo isso ou aquilo” porque Espírito Santo não está trabalhando a não ser que Cristo esteja sendo glorificado. Vemos o Seu trabalho quando, por exemplo, numa reunião ou num estudo da Bíblia vemos um reflexo do Senhor Jesus e Ele se torna maravilhoso, muito real e significante para nós.
Mais uma vez o Senhor Jesus se pôs em igualdade com Deus. Tudo o que o Pai tem, Jesus tem. "Ele, recebendo do que é Meu, vô-lo anunciará " significa que tomará as coisas de Deus e as anunciará a nós. Só Ele pode fazer isso. "As coisas que olhos não viram, nem ouvidos ouviram, nem penetraram o coração do homem, são as que Deus preparou para os que o amam. Porque Deus no-las revelou pelo seu Espírito; pois o Espírito esquadrinha todas as coisas, mesmo as profundezas de Deus." (1 Coríntios 2:9,10). O Espírito é Quem perscruta as profundezas de Deus e só Ele pode revelar estas coisas para nós.
5 Agora, porém, vou para aquele que me enviou; e nenhum de vós me pergunta: Para onde vais?
6 Antes, porque vos disse isto, o vosso coração se encheu de tristeza.
7 Todavia, digo-vos a verdade, convém-vos que eu vá; pois se eu não for, o Ajudador não virá a vós; mas, se eu for, vo-lo enviarei.
8 E quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo:
9 do pecado, porque não crêem em mim;
10 da justiça, porque vou para meu Pai, e não me vereis mais,
11 e do juízo, porque o príncipe deste mundo já está julgado.
12 Ainda tenho muito que vos dizer; mas vós não o podeis suportar agora.
13 Quando vier, porém, aquele, o Espírito da verdade, ele vos guiará a toda a verdade; porque não falará por si mesmo, mas dirá o que tiver ouvido, e vos anunciará as coisas vindouras.
14 Ele me glorificará, porque receberá do que é meu, e vo-lo anunciará.
15 Tudo quanto o Pai tem é meu; por isso eu vos disse que ele, recebendo do que é meu, vo-lo anunciará.
Evangelho de João, capítulo 16, versículo 5 a 15