Saindo de Atenas, Paulo foi até Corinto, a capital da província da Acaia, que naquele tempo era o centro político e comercial da Grécia.
Corinto tinha uma péssima reputação por causa da imoralidade que ali era praticada em virtude da existência ali do templo de Afrodite, a deusa do amor e da guerra, construído sobre um monte atrás da cidade. Na realidade era pouco mais do que um grande prostíbulo, institucionalizado pela religião idólatra do povo. Também tinha dois grandes teatros.
Sem dúvida representava um grande desafio ao Evangelho que Paulo iria proclamar ali.
Ao chegar, Paulo encontrou um casal de judeus – Áquila e Pricila – fabricantes de tendas. Eram provenientes de Roma, mas tiveram que sair em consequência de um decreto do imperador Cláudio expulsando os judeus de lá. Não sabemos se já eram cristãos quando Paulo os encontrou, mas existe essa possibilidade.
Fazia parte da educação dos judeus aprender um ofício, não importando a sua situação social. Paulo havia aprendido a fazer tendas e se associou com Áquila e Priscila para trabalhar com eles e prover o seu próprio sustento.
Não foi falta de fé no suprimento de Deus, mas Paulo tinha por princípio “não ser pesado” para aqueles que se convertiam com a sua pregação (2 Coríntios 12:14), e, não havendo ainda chegado as ofertas das igrejas que o haviam enviado, trabalhou com suas próprias mãos (1 Coríntios 4:12).
Novamente ele frequentou a sinagoga aos sábados, discutindo que Jesus era o Messias das Escrituras com os judeus e gregos que ali se reuniam e persuadindo-os a recebê-lo como Senhor e Salvador. Oportunamente chegaram Silas e Timóteo com as ofertas, e Paulo então dedicou-se inteiramente ao seu ministério aos judeus, procurando convencê-los da legitimidade de Cristo diariamente (2 Coríntios 11:9).
Calcula-se que foi a esta altura, cerca do ano 52, que Paulo escreveu a sua primeira carta aos Tessalonicenses.
Paulo, no entanto, teve crescente oposição por parte dos judeus de Corinto, que passaram a injuriá-lo. Eles queriam prejudicá-lo mas, ao invés disso, estavam prejudicando a si próprios pois, ao rejeitar a Cristo, eles permaneciam sob a condenação de Deus (Marcos 16:16).
Mediante tal obstinação, Paulo sacudiu suas vestes, gesto que figurava separação e fez uma declaração significando que não era mais culpado pela morte espiritual deles: tendo feito o que lhe competia, eles agora iriam arcar com as consequências do seu pecado.
Tendo um crente alertado pecadores ignorantes do seu pecado sobre a sua consequência e anunciado o Evangelho para que tenham a oportunidade de arrepender e salvarem-se mediante a fé em Cristo, ele não é mais responsável pela sua descrença e rejeição.
Deus havia determinado que o Evangelho fosse pregado aos judeus primeiro (Romanos 1:16), e era isto que Paulo fazia por onde ia. Seu desejo era que todos eles se salvassem (Romanos 10:1), mas no fim reconheceu que, embora tivessem zelo por Deus, o seu zelo não se baseava no conhecimento, e não tomaram conhecimento da justiça de Deus mas procuraram estabelecer a sua própria, baseada nas obras da lei de Moisés.
Paulo acrescentou “desde agora vou para os gentios”:- ele não quis dizer com isto que nunca mais pregaria para os judeus, mas estava se referindo àqueles que haviam rejeitado o Evangelho: pouco depois ele foi para Éfeso, onde começou sua pregação novamente na sinagoga.
Assim como aconteceu com aqueles judeus, uma vez que uma pessoa rejeita a salvação mediante a fé em Cristo que lhe é oferecida, é perda de tempo continuar a insistir com ela. Ela está empedernida em seus próprios conceitos, sejam eles religiosos, humanistas, ou ateus, e terá que enfrentar a condenação eterna de Deus.
Paulo, no entanto, teve o prazer de presenciar a conversão de Crispo, um dos presidentes da sinagoga, e muitos outros, judeus e gentios. É curioso que Paulo deixava outros fazerem os batismos, esclarecendo que Cristo não o enviou para batizar, mas para pregar o Evangelho (1 Coríntios 1:14).
Mais tarde, quando surgiu partidarismo na igreja, Paulo deu graças a Deus porque ele se recorda de ter batizado ali apenas Crispo, Gaio e a família de Estéfanas, para que ninguém dissesse que tinha sido batizado em seu próprio nome.
O Senhor estava com Paulo, e numa visão à noite o encorajou a continuar falando, assegurando-lhe que ninguém iria fazer-lhe mal ou feri-lo, porque Ele tinha muita gente naquela cidade. Tendo sido perseguido pelos judeus e sofrido em suas mãos em outras cidades, provavelmente Paulo estava considerando sair também de Corinto. Em vista dessa garantia, ele ficou ali por um ano e meio, ensinando-lhes a Palavra de Deus.
Durante esse tempo, houve uma tentativa dos judeus de incriminar Paulo diante da autoridade romana, na pessoa do procônsul da Acaia, chamado Gálio, recentemente empossado. Decerto julgaram que o novato estaria disposto a atendê-los para manter um bom relacionamento. Assim, levaram Paulo ao tribunal e o acusaram de persuadir o povo a adorar a Deus de maneira contrária à lei.
Depois de apresentarem a sua denúncia, o acusado, Paulo, tinha o direito de responder e defender-se da acusação. Mas Gálio percebeu que se tratava “apenas” de uma questão religiosa, não quis se envolver e expulsou todos do tribunal. Explicou que seria razoável ouvi-los se tivesse havido algum delito ou crime grave, mas como se tratava apenas de palavras e nomes da lei dos judeus, eles é que deveriam resolver o assunto entre si.
Na rua, todos se voltaram contra o chefe da sinagoga, chamado Sóstenes, e o espancaram diante do tribunal, pois ele era responsável pelo tumulto que poderia ter tido graves consequências para eles. Gálio não demonstrou nenhuma preocupação com isto.
1 Depois disto Paulo partiu de Atenas e chegou a Corinto.
2 E encontrando um judeu por nome Áquila, natural do Ponto, que pouco antes viera da Itália, e Priscila, sua mulher (porque Cláudio tinha decretado que todos os judeus saíssem de Roma), foi ter com eles,
3 e, por ser do mesmo ofício, com eles morava, e juntos trabalhavam; pois eram, por ofício, fabricantes de tendas.
4 Ele discutia todos os sábados na sinagoga, e persuadia a judeus e gregos.
5 palavra, testificando aos judeus que Jesus era o Cristo.
6 Como estes, porém, se opusessem e proferissem injúrias, sacudiu ele as vestes e disse-lhes: O vosso sangue seja sobre a vossa cabeça; eu estou limpo, e desde agora vou para os gentios.
7 E saindo dali, entrou em casa de um homem temente a Deus, chamado Tito Justo, cuja casa ficava junto da sinagoga.
8 Crispo, chefe da sinagoga, creu no Senhor com toda a sua casa; e muitos dos coríntios, ouvindo, criam e eram batizados.
9 E de noite disse o Senhor em visão a Paulo: Não temas, mas fala e não te cales;
10 porque eu estou contigo e ninguém te acometerá para te fazer mal, pois tenho muito povo nesta cidade.
11 E ficou ali um ano e seis meses, ensinando entre eles a palavra de Deus.
12 Sendo Gálio procônsul da Acaia, levantaram-se os judeus de comum acordo contra Paulo, e o levaram ao tribunal,
13 dizendo: Este persuade os homens a render culto a Deus de um modo contrário à lei.
14 E, quando Paulo estava para abrir a boca, disse Gálio aos judeus: Se de fato houvesse, ó judeus, algum agravo ou crime perverso, com razão eu vos sofreria;
15 mas, se são questões de palavras, de nomes, e da vossa lei, disso cuidai vós mesmos; porque eu não quero ser juiz destas coisas.
16 E expulsou-os do tribunal.
17 Então todos agarraram Sóstenes, chefe da sinagoga, e o espancavam diante do tribunal; e Gálio não se importava com nenhuma dessas coisas.
Atos capítulo 18, versículos 1 a 17