Tínhamos deixado Paulo em viagem através de toda a região da Galácia e da Frígia, visitando os discípulos daquela região (capítulo 18:23). Essas são as regiões altas mencionadas aqui, e esta viagem assinala o início da terceira viagem missionária de Paulo, feita aproximadamente dos anos 53 a 57 d.C.
O caminho melhor passaria por Colosso e Laodicéia, mas ele preferiu evitar essas cidades nessa ocasião (Colossenses 2:1) e seguiu por um atalho para Éfeso, onde havia prometido aos judeus que voltaria se fosse da vontade Deus (capítulo 18:21).
Éfeso era a capital e a cidade principal da província romana da Ásia, onde se formaram mais tarde as sete igrejas do Apocalipse (capítulos 2 e 3). Éfeso era maior e mais rica do que Corinto (do outro lado do mar Egeu), e ali se juntavam o poder de Roma, a cultura grega e a superstição e magia do Oriente. O templo de Ártemis era uma das sete maravilhas do mundo.
Chegando lá ele encontrou aproximadamente doze homens que professaram ser “discípulos”. Esta palavra significa apenas que estavam aprendendo, e tudo indica que o que conheciam era o batismo de João Batista, que pregava o arrependimento aos judeus. Poderiam ter ido ouví-lo mais de vinte anos antes quando ele pregava e batizava nas margens do rio Jordão ou, mais provavelmente, aprenderam com outros que estiveram lá.
Apolo se retirara para Corinto, e não há indicação que estes homens chegaram a conhecer Priscila e Áquila. Estes, sem dúvida, estavam aptos a mostrar-lhes o Evangelho de Cristo, assim como o explicaram a Apolo.
Quando Paulo os encontrou, desconfiou da sua fé pois percebeu que conheciam pouco ou nada do Evangelho de Cristo. Indagou se tinham recebido o Espírito Santo quando creram.
A pergunta de Paulo é importante, pois é uma das muitas provas que o Espírito Santo é recebido pelo pecador no momento da sua conversão (João 7:38,39). Em outras palavras, o Espírito Santo não é um dom concedido ao crente por Deus em resposta a um pedido especial, mas assim que o pecador confia no Salvador, ele recebe o Espírito Santo que lhe dá o novo nascimento.
Esses homens responderam a Paulo que nem sabiam que existia um Espírito Santo. Paulo então percebeu que não era o batismo cristão, e eles confirmaram que era o batismo de João. A extensão da sua ignorância tornou-se óbvia: não só o Velho Testamento ensina sobre a existência e a operação do Espírito Santo nos tempos anteriores a Cristo (p.e. Salmo 51:11, Isaías 63:10), mas o próprio João Batista ensinou que Alguém viria após ele que batizaria no Espírito Santo (Marcos 1:8). Também não sabiam que o batismo do Espírito Santo sobre os discípulos de Jesus Cristo já tinha se efetivado no dia de Pentecostes após a Sua ressurreição.
Conclue-se que sabiam apenas que o Messias estava para vir, e que haviam se batizado para estar preparados para o seu reino. Nada sabiam sobre a Sua vinda ao mundo mais de cinquenta anos antes, Seu ensino, Sua morte, sepultamento, ressurreição e ascensão cerca de vinte anos atrás.
Paulo informou-lhes que João havia administrado o batismo de arrependimento, mas que também havia dito ao povo que cresse nAquele que viria após ele, isto é, em Jesus.
Não consta que Apolo, que também somente conhecia o batismo de João, tenha sido batizado novamente, nem os discípulos e apóstolos do Senhor Jesus. Mas estes homens em Éfeso pouco entendiam do alcance do batismo a que se haviam submetido. Consequentemente, Paulo os batizou novamente em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, conforme o Senhor Jesus havia comandado aos Seus discípulos, porque agora haviam se tornado discípulos do Senhor Jesus, e efetivamente creram nEle (Mateus 28:19, Marcos 16:16).
Eles receberam o Espírito Santo quando Paulo impôs as suas mãos sobre eles, e deram prova disto ao falarem “em línguas” e profetizarem. Esta é a quarta vez que isto aconteceu no relato do livro de Atos:-
A primeira está no capítulo 2, no Dia de Pentecostes, e envolveu os judeus. O Espírito Santo foi concedido por Deus aos discípulos, reunidos conforme instruções do Senhor Jesus, em cumprimento da Sua promessa (João 15:26).
A segunda encontramos no capítulo 8, envolvendo os samaritanos, com a imposição das mãos dos apóstolos Pedro e João, representando aqui a unificação dos crentes samaritanos com a igreja de Cristo em um só Espírito (1 Coríntios 12:13).
A terceira se acha no capítulo 10, na casa do centurião Cornélio, um gentio, à medida que criam no Evangelho que lhes era exposto. Como no dia de Pentecoste, não houve imposição de mãos.
A ordem dos acontecimentos que conduzem à recepção do Espírito Santo é diferente em cada caso. Aqui, a ordem foi: fé, novo batismo, imposição das mãos do apóstolo, recepção do Espírito Santo. Entende-se que a manifestação do Espírito Santo com “línguas” e profecia era uma forma de autenticar o apostolado de Paulo.
Dando o Espírito Santo aos discípulos de João mediante a imposição das mãos de Paulo, foi a maneira em que Deus evitou a possibilidade de se pensar que Paulo era um apóstolo inferior a Pedro, João, ou os outros apóstolos.
Quando os discípulos de João receberam o Espírito Santo, eles falaram em línguas e profetizaram. Tais poderes sobrenaturais eram o método de Deus trabalhar no período antes do Novo Testamento estar completado. Hoje sabemos que recebemos o Espírito Santo na hora de conversão, não por sinais e maravilhas, ou até mesmo através de sentimentos, mas pelo testemunho do Novo Testamento.
No momento em que uma pessoa crê no Senhor Jesus Cristo, ele é habitado, selado, ungido e batizado pelo Espírito Santo no corpo de Cristo, a sua igreja. Se ele permite que o Espírito Santo encha a sua vida, afastando-se de tudo aquilo que não é do agrado de Deus, e obedecendo fielmente aos Seus mandamentos, Deus pode usá-lo poderosamente em Sua obra, capacitando-o para ministérios especiais, fortalecendo a sua fé, usando-o para a salvação de almas, etc.
Durante três meses Paulo foi aceito na sinagoga, e ali concederam que falasse e pregasse com ousadia o Evangelho de Cristo, discutindo e persuadindo a respeito do reino de Deus. Por discutir, entende-se um esforço para fazê-los compreender claramente o cumprimento da lei de Moisés, tanto moral como o cerimonial, em Cristo; e por persuadir entende-se convencê-los a receber Jesus Cristo como o seu Senhor e Salvador pessoal. O entendimento que tinham sobre o reino de Deus, que julgavam ser o reino na terra do Messias, precisava ser corrigido para que pudessem ver a realidade do reino espiritual de Deus, introduzido por Ele.
Apesar dos seus esforços, alguns fincaram pé nas suas tradições, não obedeceram à palavra de Deus que lhes era administrada por Paulo, e ainda falaram mal do Caminho para a multidão. Esta palavra Caminho é usada para a doutrina do Evangelho, pois o Senhor Jesus disse que Ele era “o caminho” – existe só um caminho para o céu, que é Ele próprio (João 14:6). Em consequência, Paulo se retirou da sinagoga e separou os discípulos – aqueles que estavam dispostos a continuar a aprender – e discutia diariamente na escola de Tirano. A Bíblia não esclarece mais nada sobre a escola de Tirano, mas o entendimento geral é que se tratava de um professor grego que dava aulas de filosofia ou retórica.
Durante dois anos Paulo prosseguiu ensinando os discípulos na escola, e esse trabalho intenso resultou na divulgação da palavra do Senhor a todos os que habitavam a Ásia, tanto judeus como gregos. A propagação decerto foi feita através dos discípulos que se converteram a Cristo e aprenderam com Paulo as doutrinas do Evangelho. Assim uma porta grande e eficaz foi aberta para Paulo, embora tivesse muitos adversários (1 Coríntios 16:9).
Em Éfeso os exorcistas e outros mágicos tinham estabelecido uma espécie de falso espiritismo, e Paulo enfrentou as forças invisíveis do mal. Em Samaria os milagres haviam sido feitos através de Filipe para livrar as pessoas da influência do mágico Simão (cap. 8:9-24).
Aqui, Deus pelas mãos de Paulo fazia milagres extraordinários: todos os milagres (ou “poderes”) são sobrenaturais e fora do usual, mas Deus fez através de Paulo maravilhas além dos que eram conhecidos pelos discípulos e completamente diferentes das ações dos exorcistas judeus.
Surpreendentemente, quando povo levava lenços e aventais do corpo de Paulo aos enfermos, as doenças os deixavam e saíam deles os espíritos malignos, superando assim as práticas dos mágicos. Mais uma vez Paulo demonstrava que era um verdadeiro apóstolo (2 Coríntios 12:12).
Havia naquele tempo judeus ambulantes, exorcistas, que viajavam de lugar a lugar como fazem os ciganos adivinhadores de hoje. O historiador Josefo, daquela época, informa que eles se especializavam em feitiços ligados ao nome de Salomão.
Sete deles, filhos de um dos principais sacerdotes judeus que se chamava Ceva (Mateus 12:27, Lucas 11:19), aparentemente pensaram que Paulo fosse como eles. Ao ver o seu sucesso trataram logo de imitá-lo usando o nome de Jesus como fonte do seu poder (ao invés de oferecer dinheiro como havia feito Simão), pensando que o sucesso viria mediante o uso correto dessas palavras mágicas, como se fossem uma fórmula.
Foram até a casa de um homem que tinha um espírito maligno e procuraram expulsá-lo em nome de Jesus “a quem Paulo prega”. É interessante ver como a Escritura distingue entre o que o espírito disse (versículo 15) e o que o homem fez (versículo 16): o espírito deu importância a Jesus e a Paulo, mas nenhuma a esses judeus. O homem expulsou-os de casa com violência, fugindo eles nus e feridos.
Esse acontecimento tornou-se público e foi divulgado por toda a cidade, tanto entre judeus como gregos, trazendo temor sobre todos eles e engrandecendo o nome do Senhor Jesus Cristo, sendo que muitos dos que haviam crido saíram corajosamente confessando a sua fé e revelando os Seus feitos.
Também se converteram muitos dos que praticavam várias formas de arte mágica, e fizeram uma demonstração pública da sua fé recolhendo e queimando seus livros de magia em uma grande fogueira. O valor de venda dos livros era de cinqüenta mil moedas de prata naquele tempo, um valor considerável naqueles dias, mas difícil de converter para uma moeda em uso atualmente.
Sendo Éfeso um centro de magia negra e outras práticas ocultas, o povo inventava fórmulas mágicas para ganhar fortunas, boa sorte e sucesso no casamento. Deus proíbe essas coisas (Deuteronômio 18:9-13). Não é permitido ao crente envolver-se com espiritismo, superstições, bruxaria ou ocultismo.
Assim a Palavra de Deus crescia e prevalecia – sobre toda a outra literatura que abundava naquela época. Isto nos faz pensar sobre quanta literatura e outros meios de comunicação tomam a nossa atenção hoje em dia e nos exorta a dar prioridade à Palavra de Deus também agora.
Roma era o centro de influência e poder no mundo daqueles dias, e Paulo decidiu ele próprio ir a Jerusalém pelo caminho da Macedônia e Acaia, e depois ir ver Roma, que ele considerava ser uma necessidade.
É interessante saber que primeiramente ele havia intencionado ir até Acaia (Corinto), para dali ir até à Macedônia e voltar antes de ser encaminhado à Judéia pelos coríntios (2 Coríntios 1:15-16). Mas depois mudou os seus planos para ir primeiro à Macedônia e depois a Corinto onde queria passar mais tempo, ficando ali durante o inverno “se o Senhor o permitisse”, talvez por causa das más notícias vindas de Corinto. Em seguida pretendia voltar a Éfeso até o Pentecoste (1 Coríntios 16:5-8). Afinal, não chegou a voltar a Corinto nem a Éfeso, como veremos no capítulo seguinte.
Paulo enviou Timóteo a Corinto para lembrar os seus ensinos àquela igreja (1 Coríntios 4:17), tendo pedido que o tratassem bem (1 Cor. 16:10-11) para que pudesse voltar e encontrar Paulo em Éfeso antes da sua partida (Foi possivelmente durante este tempo que Paulo escreveu sua primeira carta aos coríntios).
Depois da volta de Timóteo , Paulo despachou Tito até Corinto para terminar o trabalho de Timóteo, com instruções para encontrá-lo em Trôade. Timóteo e Erasto foram em seguida enviados para a Macedônia para preparar o caminho para Paulo, que viria mais tarde. Paulo ficou na Ásia (onde está Éfeso) por mais um tempo.
Houve então o grande alvoroço em Éfeso, causado por um ourives chamado Demétrio, que sentiu que o Evangelho pregado por Paulo estava levando-o à ruína financeira, pois sua pequena indústria consistia em fazer miniaturas do templo de Diana e que dava muito lucro aos artífices.
Convocando uma reunião com os artífices, ele declarou que, como Paulo estava convencendo e desviando grande quantidade de pessoas de Éfeso e da sua província que deuses feitos por mãos humanas não são deuses, estavam correndo o seguinte perigo:
Ouvindo isto, todos ficaram furiosos, e gritando “grande é a Diana dos Efésios!” provocaram grande tumulto na cidade toda. O povo correu então para o teatro.
Este teatro (cujas ruínas ainda podem ser vistas), era um lugar onde se viam espetáculos dramáticos, capaz de acolher cinquenta e seis mil pessoas. Era também usado para grandes ajuntamentos públicos ao ar livre de qualquer espécie, e mesmo para assistir as lutas entre os gladiadores.
Arrastaram para lá Gaio e Aristarco, companheiros de Paulo em sua viagem, que eram estrangeiros vindos da Macedônia. Paulo queria ir apresentar-se também, mas foi detido pelos discípulos: em 2 Coríntios 1:8,9, Paulo informa que ele e os seus companheiros tinham sobre si a sentença de morte, e estavam ao ponto de perder a esperança da própria vida.
Algumas autoridades das províncias, oficiais eleitos (chamados “asiarcas”) que forneciam e custeavam festivais em honra dos deuses, eram amigos de Paulo e mandaram um recado pedindo-lhe que não se arriscasse a ir para o teatro.
Consequentemente, Paulo não foi. Não foi covardia – alguns comentaristas opinam que ele se achava doente, e que essa era a sua sentença de morte mencionada acima. É mais provável que os discípulos o seguraram e esconderam de forma a evitar que fosse ao teatro, pois sem a sua presença a multidão perderia seu furor, sendo ele o pivô.
No teatro a confusão era grande, com muita gritaria e conflitos, sendo que muitos estavam lá sem saber porque. Os judeus empurraram um dos seus homens, chamado Alexandre, para a frente, para defendê-los. Como Paulo era judeu, assim como Aristarco, evidentemente os judeus temeram que a multidão julgasse que os judeus fossem a causa dos insultos à sua deusa, pois eles também eram contrários â idolatria. Alexandre foi encarregado da sua defesa e ele, acenando com a sua mão, queria apresentar uma defesa ao povo.
Mas a multidão não permitiu que ele falasse quando perceberam que era judeu, e ficaram gritando por quase duas horas “Grande é a Diana dos efésios”.
O escrivão da cidade (seu magistrado principal, que se comunicava diretamente com o procônsul romano) finalmente conseguiu acalmar a multidão, declarou que todos sabiam que a cidade de Éfeso era guardiã do templo de Diana, e da sua imagem que caiu do céu. Diante desses fatos inegáveis, eles não deviam fazer nada precipitadamente, afinal os homens que haviam levado até ali não tinham roubado templos nem blasfemado contra a deusa. Demétrio e os seus companheiros de profissão deviam seguir os trâmites legais se tivessem queixa contra alguém. Se houvesse alguma coisa mais, ela poderia ser decidida em assembléia, conforme a lei.
Preveniu-os ainda que aquele tumulto todo era injustificável, e corriam o risco de ser acusados de perturbar a ordem pública (o que resultaria em sanções por parte do poder romano). Com isto ele encerrou a assembléia.
1 E sucedeu que, enquanto Apolo estava em Corinto, Paulo tendo atravessado as regiões mais altas, chegou a Éfeso e, achando ali alguns discípulos,
2 perguntou-lhes: Recebestes vós o Espírito Santo quando crestes? Responderam-lhe eles: Não, nem sequer ouvimos que haja Espírito Santo.
3 Tornou-lhes ele: Em que fostes batizados então? E eles disseram: No batismo de João.
4 Mas Paulo respondeu: João administrou o batismo do arrependimento, dizendo ao povo que cresse naquele que após ele havia de vir, isto é, em Jesus.
5 Quando ouviram isso, foram batizados em nome do Senhor Jesus.
6 Havendo-lhes Paulo imposto as mãos, veio sobre eles o Espírito Santo, e falavam em línguas e profetizavam.
7 E eram ao todo uns doze homens.
8 Paulo, entrando na sinagoga, falou ousadamente por espaço de três meses, discutindo e persuadindo acerca do reino de Deus.
9 Mas, como alguns deles se endurecessem e não obedecessem, falando mal do Caminho diante da multidão, apartou-se deles e separou os discípulos, discutindo diariamente na escola de Tirano.
10 Durou isto por dois anos; de maneira que todos os que habitavam na Ásia, tanto judeus como gregos, ouviram a palavra do Senhor.
11 E Deus pelas mãos de Paulo fazia milagres extraordinários,
12 de sorte que lenços e aventais eram levados do seu corpo aos enfermos, e as doenças os deixavam e saíam deles os espíritos malignos.
13 Ora, também alguns dos exorcistas judeus, ambulantes, tentavam invocar o nome de Jesus sobre os que tinham espíritos malignos, dizendo: Esconjuro-vos por Jesus a quem Paulo prega.
:14 E os que faziam isto eram sete filhos de Ceva, judeu, um dos principais sacerdotes.
15 respondendo, porém, o espírito maligno, disse: A Jesus conheço, e sei quem é Paulo; mas vós, quem sois?
16 Então o homem, no qual estava o espírito maligno, saltando sobre eles, apoderou-se de dois e prevaleceu contra eles, de modo que, nus e feridos, fugiram daquela casa.
17 E isto tornou-se conhecido de todos os que moravam em Éfeso, tanto judeus como gregos; e veio temor sobre todos eles, e o nome do Senhor Jesus era engrandecido.
18 E muitos dos que haviam crido vinham, confessando e revelando os seus feitos.
19 Muitos também dos que tinham praticado artes mágicas ajuntaram os seus livros e os queimaram na presença de todos; e, calculando o valor deles, acharam que montava a cinqüenta mil moedas de prata.
20 Assim a palavra do Senhor crescia poderosamente e prevalecia.
21 Cumpridas estas coisas, Paulo propôs, em seu espírito, ir a Jerusalém, passando pela Macedônia e pela Acaia, porque dizia: Depois de haver estado ali, é-me necessário ver também Roma.
22 E, enviando à Macedônia dois dos que o auxiliavam, Timóteo e Erasto, ficou ele por algum tempo na Ásia.
23 Por esse tempo houve um não pequeno alvoroço acerca do Caminho.
24 Porque certo ourives, por nome Demétrio, que fazia da prata miniaturas do templo de Diana, proporcionava não pequeno negócio aos artífices,
25 os quais ele ajuntou, bem como os oficiais de obras semelhantes, e disse: Senhores, vós bem sabeis que desta indústria nos vem a prosperidade,
26 e estais vendo e ouvindo que não é só em Éfeso, mas em quase toda a Ásia, este Paulo tem persuadido e desviado muita gente, dizendo não serem deuses os que são feitos por mãos humanas.
27 E não somente há perigo de que esta nossa profissão caia em descrédito, mas também que o templo da grande deusa Diana seja estimado em nada, vindo mesmo a ser destituída da sua majestade aquela a quem toda a Ásia e o mundo adoram.
28 Ao ouvirem isso, encheram-se de ira, e clamavam, dizendo: Grande é a Diana dos efésios!
29 A cidade encheu-se de confusão, e todos à uma correram ao teatro, arrebatando a Gaio e a Aristarco, macedônios, companheiros de Paulo na viagem.
30 Querendo Paulo apresentar-se ao povo, os discípulos não lho permitiram.
31 Também alguns dos asiarcas, sendo amigos dele, mandaram rogar-lhe que não se arriscasse a ir ao teatro.
32 Uns, pois, gritavam de um modo, outros de outro; porque a assembléia estava em confusão, e a maior parte deles nem sabia por que causa se tinham ajuntado.
33 Então tiraram dentre a turba a Alexandre, a quem os judeus impeliram para a frente; e Alexandre, acenando com a mão, queria apresentar uma defesa ao povo.
34 Mas quando perceberam que ele era judeu, todos a uma voz gritaram por quase duas horas: Grande é a Diana dos efésios!
35 Havendo o escrivão conseguido apaziguar a turba, disse: Varões efésios, que homem há que não saiba que a cidade dos efésios é a guardadora do templo da grande deusa Diana, e da imagem que caiu de Júpiter?
36 Ora, visto que estas coisas não podem ser contestadas, convém que vos aquieteis e nada façais precipitadamente.
37 Porque estes homens que aqui trouxestes, nem são sacrílegos nem blasfemadores da nossa deusa.
38 Todavia, se Demétrio e os artífices que estão com ele têm alguma queixa contra alguém, os tribunais estão abertos e há procônsules: que se acusem uns aos outros.
39 E se demandais alguma outra coisa, averiguar-se-á em legítima assembléia.
40 Pois até corremos perigo de sermos acusados de sedição pelos acontecimentos de hoje, não havendo motivo algum com que possamos justificar este ajuntamento.
41 E, tendo dito isto, despediu a assembléia.
Atos capítulo 19