Foi demonstrado nos versículos anteriores que os judeus têm muita vantagem sobre os gentios, mas nem judeus, nem gregos (gentios) têm vantagem uns sobre os outros, pois todos pecaram.
As próprias Escrituras (dadas aos judeus) proclamam que:
Não há sequer um justo, todos se extraviaram e juntamente se fizeram inúteis, ninguém entende nem busca a Deus, não há quem faça o bem (Salmo 14 (53): 1-3). Não fosse pela graça de Deus, que através do Seu Filho “veio buscar e salvar o que se havia perdido”, toda a humanidade estaria destinada à perdição eterna (Lucas 19:10).
Suas gargantas exalam podridão, suas línguas urdem engano, veneno, maldição e amargura (Salmo 5:9, 140:3, 10:7). “Aguçaram as línguas como a serpente; peçonha de áspides está debaixo dos seus lábios” (Salmo 140:3). Hoje essa podridão se espalha de forma geral e acentuada pelos jornais, rádio, televisão, cinemas, internet, etc.,
São sanguinários e destruidores, desconhecendo o caminho da paz (Isaías 59:7-8). Isto tem se manifestado abundantemente nas revoluções e guerras da atualidade.
Não temem a Deus. “A transgressão fala ao ímpio no íntimo do seu coração; não há temor de Deus perante os seus olhos” (Salmo 36:1). É a realidade provocada mais ainda pelo ateísmo e humanismo de hoje.
A lei dada através de Moisés tinha por finalidade demonstrar que todo o mundo é culpável diante de Deus, que “não há justo, nem sequer um” (v.10); ninguém pode se justificar diante de Deus por suas ações, porque a lei traz pleno conhecimento do pecado.
Essa descrição do estado da humanidade é uma lista extraída de alguns salmos e da profecia de Isaías, bem conhecidos dos judeus pois os salmos eram cantados e a profecia era lida (e ainda são) em suas reuniões sabatinas nas sinagogas.
São os sintomas do mal que se encontra em todos os homens, seja qual for a sua raça, cultura, conhecimento de Deus ou localização, “porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus” (v. 23). Encontram-se em toda a história humana.
Na guerra: a eliminação de inocentes, atrocidades, tortura, sadismo, etc.
Os crimes sociais: assassinato, mutilação, furto, roubo, peculato, vandalismo, corrupção, etc.
A crueldade doméstica: deslealdade, divórcio, tortura mental, violência, abuso de crianças, etc.
O comportamento prejudicial a si e aos outros: vício de embriaguez, drogas e tabagismo, arrogância, insolência, cobiça, ingratidão, ódio, poluição do meio ambiente, racismo, etc.
O linguajar pernicioso: obscenidades, mentira, blasfêmia, imprecações, xingamento, fofocas, piadas sujas, juramentos falsos, etc.
A imoralidade sexual: adultério, homossexualismo, bestialidade, estupro, prostituição, libertinagem, pornografia, etc.
A lista parece interminável, prova incontestável da depravação da humanidade, progressiva, até os dias de hoje.
A lei de Moisés foi dada ao povo de Israel, e tudo que está contido nela se aplicava a esse povo. Israel era um povo especial, originado por um milagre realizado na idosa e estéril Sara, a esposa de Abraão, para que servisse de exemplo e modelo para toda a humanidade. A lei veio mostrar o padrão de conduta que era requerido daquele povo, e destacou o seu pecado, porque nunca chegou a cumprir com o que ela exigia.
Sob este ponto de vista Israel foi uma amostra de toda a humanidade, e assim como Israel, um povo privilegiado com o conhecimento e a própria Palavra de Deus, fracassou tristemente em alcançar a medida perfeita de Deus, o resto da humanidade, desprovido dessa vantagem, também foi achado em pecado e destituído da glória de Deus. É como se tirássemos uma amostra de água de um poço e, mesmo depois de tratada, ainda se mostrasse poluída. Evidentemente toda a água que estava no poço também se encontrava poluída.
Compreende-se disto que a lei foi dada como medida para aqueles que a receberam, que eram o povo de Israel, mas o conhecimento dela faz com que todo o mundo, gentios ou judeus, se conscientizem de que são pecadores, ou seja, que a sua conduta está aquém da perfeição, e que portanto estão sujeitos ao juízo de Deus.
A lei não foi dada para justificar as pessoas mas para produzir o conhecimento do pecado. Como uma régua prova que uma linha está torta, um espelho mostra que o rosto está sujo e um termômetro mostra que temos febre, a lei nos mostra nosso estado de pecadores. A régua não endireita a linha já traçada, o espelho não nos limpa o rosto, nem o termômetro cura a febre. Também a lei não nos pode justificar diante de Deus.
Ninguém, seja judeu ou gentio, pode se justificar, ou seja, deixar de pecar completamente e se tornar justo mediante completa obediência à lei de Moisés. Mesmo na hipótese de mudar-se ao ponto de prestar perfeita obediência, todas as falhas cometidas anteriormente ficarão ainda sob juízo. As boas obras que venha a fazer apenas fazem parte do seu novo caráter e não há como compensar os pecados anteriores com elas. Continuará culpado diante de Deus.
Mas não se desespere: a seguir aprendemos como a justificação é possível, pela graça de Deus, oferecida livremente a todos os que a procuram.
9 Pois quê? Somos nós mais excelentes? De maneira nenhuma! Pois já dantes demonstramos que, tanto judeus como gregos, todos estão debaixo do pecado,
10 como está escrito: Não há um justo, nem um sequer.
11 Não há ninguém que entenda; não há ninguém que busque a Deus.
12 Todos se extraviaram e juntamente se fizeram inúteis. Não há quem faça o bem, não há nem um só.
13 A sua garganta é um sepulcro aberto; com a língua tratam enganosamente; peçonha de áspides está debaixo de seus lábios;
14 cuja boca está cheia de maldição e amargura.
15 Os seus pés são ligeiros para derramar sangue.
16 Em seus caminhos há destruição e miséria;
17 e não conheceram o caminho da paz.
18 Não há temor de Deus diante de seus olhos.
19 Ora, nós sabemos que tudo o que a lei diz aos que estão debaixo da lei o diz, para que toda boca esteja fechada e todo o mundo seja condenável diante de Deus.
20 Por isso, nenhuma carne será justificada diante dele pelas obras da lei, porque pela lei vem o conhecimento do pecado.
Romanos capítulo 3:9 a 20