A ira de Deus se revela do céu sobre a impiedade e perversão de todos aqueles que por sua maldade suprimem a verdade. Essa “ira” no grego significa “ferver, inchar”, uma reação da justiça divina revelada contra o pecado. A revelação da justiça no Evangelho (v.16, 17) foi necessária por causa da inabilidade dos homens em atingi-la sem ele.
A impiedade é a falta de reverência a Deus, como se não existisse, e a injustiça decorre da impiedade, pois a base de uma conduta de boa ética se fundamenta na natureza de Deus e em nossa atitude para com Ele. A verdade pode ser conhecida e foi manifestada por Deus, mas os homens ímpios a escondem (“detêm a verdade em injustiça”) com as suas más ações.
A ira de Deus atinge com justiça tanto os Gentios (Romanos 1:18-32) como os judeus (Romanos 2:1 a 3:20), e é revelada quando Ele entrega os homens à imundícia (v.24), afetos vis (v.26), e uma mente condenável (v.28). Além disso, Deus já mostrou na história o Seu extremo desagrado, usando medidas fulminantes de destruição como o dilúvio (Gênesis 7), a destruição de Sodoma e Gomorra (Gênesis 19), e a punição de Corá, Datã e Abirão (Números 16:32).
Os atributos invisíveis de Deus - o seu eterno poder e a sua natureza divina - são manifestos e claramente vistos na criação, desde o princípio do mundo, e assim todos têm conhecimento da existência de Deus através das coisas criadas, ficando sem desculpa para o seu ateísmo.
Mas os ímpios desrespeitaram a Deus e não lhe renderam a homenagem e o agradecimento devidos; em sua arrogância fizeram especulações e se envaideceram. O seu coração se obscureceu. Tolamente substituíram a glória imortal de Deus por imagens à semelhança de homens e animais.
O homem foi criado perfeito, física e moralmente. Instintivamente o homem é religioso, cônscio que existe um Poder criador acima dele, e que existe o bem e o mal e um prêmio e um castigo pelas suas ações. O afastamento de Deus acarreta fatalmente uma degeneração física e moral. Temos visto isto vez após vez na história humana. A imoralidade e as enfermidades andam de mãos dadas.
Ao recusar-se a admitir o verdadeiro, infinito e incorruptível Deus criador, o homem mergulha na estupidez e perversão que caracterizam a idolatria. Faz para si imagens representando o homem corruptível, quadrúpedes, aves e répteis (Paulo ensina que as coisas sacrificadas aos ídolos são sacrificadas aos demônios e não a Deus - 1 Coríntios 10:20). Ou o ímpio se faz humanista, negando a existência de toda a realidade espiritual (esta passagem em estudo demonstra claramente a falsidade das teorias da evolução).
Por terem substituído a verdade de Deus por uma mentira, adorando e servindo criaturas em lugar do Criador, Deus os deixou (entregou) ao sabor das suas próprias vontades e à consequente destruição própria que parte do preço da “liberação moral” do homem (são esses os “tempos da ignorância” a que Paulo se refere no capítulo 17:30).
Três vezes se diz que Deus entregou (abandonou) a humanidade, as consequências sendo a imundícia (1:24), paixões infames (1:26), e sentimento perverso (1:28), como segue:
Imundícia, ao desonrarem os seus corpos entre si (v.24). É o uso do corpo para adultério, promiscuidade, prostituição, etc., sem cuidar de preservá-lo para um casamento honroso com uma pessoa do gênero oposto para que ambos se tornem em uma só carne (Gênesis 2:24, Mateus 19:5-6, 1 Coríntios 6:16).
Paixões infames, ao perverter o instinto de reprodução natural, pessoas são impelidas pelo erotismo a outras do mesmo gênero, mulher a mulher e homem a homem, ara omo sensualidade e torpeza (v. 26 e 27). Tais paixões levam à deturpação do próprio instinto de reprodução natural, com erotismo entre pessoas do mesmo gênero, mulher com mulher e homem com homem. “cometendo torpeza e recebendo em si mesmos a recompensa que convinha ao seu erro” (as doenças venéreas vêm da antiguidade).
Um sentimento perverso para fazer coisas que não convêm" (v.28), não tendo um padrão de comportamento justo para manter, eles se acomodam ao que mais satisfaz os seus desejos. É uma consequência de ter rejeitado o conhecimento de Deus, assim recusando tomar qualquer conhecimento dos Seus mandamentos, e fazendo o seu próprio código de conduta. Esse é a razão porque tanta gente abraça as teorias da evolução: querem afastar o conhecimento de Deus. Não se preocupam com a absoluta falta de provas dessas teorias, mas se baseiam numa teoria sobre origens que pode eliminar o conceito de Deus completamente. Deus os abandonou a este sentimento, que acarreta encher-se de:
Iniquidade – é a ausência de justiça, violando os direitos dos outros.
Imoralidade sexual e malícia – é a aptidão ou inclinação para fazer o mal, tendo má índole.
Avareza – é o desejo ardente de possuir cada vez mais, e de conseguir o que pertence a outrem por quaisquer meios.
Maldade – é a perversidade e a crueldade.
Inveja – é o desgosto provocado pela felicidade ou prosperidade alheia, e o desejo irrefreável de possuir ou gozar o que é de outrem.
Homicídio – é a destruição da vida de um ser humano.
Contenda – é combate, altercação, rixa, discórdia.
Engano – é procedimento fraudulento, fraude, velhacaria.
Malignidade – é a malícia e malvadez, intenção perversa.
Com o seu caráter pervertido por estes fatores, os ímpios se tornam murmuradores, detratores, aborrecedores de Deus, injuriadores, soberbos, presunçosos, inventores de males, desobedientes aos pais, néscios (estúpidos, ignorantes, desprovidos de conhecimento), infiéis nos contratos, sem afeição natural, irreconciliáveis, sem misericórdia.
Os que desonram os seus corpos (v. 24), são sensuais e torpes (v. 26 e 27) e têm sentimento depravado (v. 29-31), no entanto têm consciência inata não só que estas coisas são más, mas que merecem a morte.
Eles sabem que essa é a sentença implacável de Deus que pesa sobre eles, não importando quanto queiram racionalizar ou dar legitimidade a estes pecados. Mas isso não os dissuade de continuar satisfazendo as suas paixões por estas formas de impiedade. Na verdade eles se unem com outros para promovê-las, e com esta camaradagem aprovam-se entre si.
Este é o que julga os outros, mas é indesculpável, porque também pratica as mesmas coisas e está assim sujeito ao juízo de Deus. Impenitente, despreza a bondade, tolerância e longanimidade de Deus, acumulando contra si a ira de Deus para o dia do juízo final.
No juízo final Deus julgará os segredos dos homens, por meio de Cristo Jesus. Deus então retribuirá a cada um segundo o seu procedimento:
Aos que perseveram em fazer o bem, procurando glória, honra e incorruptibilidade (provas de uma vida transformada) Ele dará a vida eterna, glória, honra e paz.
Aos contenciosos e desobedientes à verdade e obedientes à iniquidade fazendo o mal, estão destinados a ira, indignação, tribulação e angústia.
Não há parcialidade em Deus: os que pecam conhecendo a lei de Deus serão julgados por ela: os que apenas ouvem a lei não são justos, mas os que a praticam serão justificados.
Os que não conhecem a lei sabem por natureza distinguir o bem do mal, e a sua consciência e os seus pensamentos se acusam ou se defendem mutuamente; assim alguns procedem bem como se praticassem a lei, mas os que pecam, perecerão.
18 Porque do céu se manifesta a ira de Deus sobre toda impiedade e injustiça dos homens que detêm a verdade em injustiça;
19 porquanto o que de Deus se pode conhecer neles se manifesta, porque Deus lho manifestou.
20 Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder como a sua divindade, se entendem e claramente se vêem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis;
21 porquanto, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças; antes, em seus discursos se desvaneceram, e o seu coração insensato se obscureceu.
22 Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos.
23 E mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, e de aves, e de quadrúpedes, e de répteis.
24 Pelo que também Deus os entregou às concupiscências do seu coração, à imundícia, para desonrarem o seu corpo entre si;
25 pois mudaram a verdade de Deus em mentira e honraram e serviram mais a criatura do que o Criador, que é bendito eternamente. Amém!
26 Pelo que Deus os abandonou às paixões infames. Porque até as suas mulheres mudaram o uso natural, no contrário à natureza.
27 E, semelhantemente, também os varões, deixando o uso natural da mulher, se inflamaram em sua sensualidade uns para com os outros, varão com varão, cometendo torpeza e recebendo em si mesmos a recompensa que convinha ao seu erro.
28 E, como eles se não importaram de ter conhecimento de Deus, assim Deus os entregou a um sentimento perverso, para fazerem coisas que não convém;
29 estando cheios de toda iniqüidade, prostituição, malícia, avareza, maldade; cheios de inveja, homicídio, contenda, engano, malignidade;
30 sendo murmuradores, detratores, aborrecedores de Deus, injuriadores, soberbos, presunçosos, inventores de males, desobedientes ao pai e à mãe;
31 néscios, infiéis nos contratos, sem afeição natural, irreconciliáveis, sem misericórdia;
32 os quais, conhecendo a justiça de Deus (que são dignos de morte os que tais coisas praticam), não somente as fazem, mas também consentem aos que as fazem.
1 Portanto, és inescusável quando julgas, ó homem, quem quer que sejas, porque te condenas a ti mesmo naquilo em que julgas a outro; pois tu, que julgas, fazes o mesmo.
2 E bem sabemos que o juízo de Deus é segundo a verdade sobre os que tais coisas fazem.
3 E tu, ó homem, que julgas os que fazem tais coisas, cuidas que, fazendo-as tu, escaparás ao juízo de Deus?
4 Ou desprezas tu as riquezas da sua benignidade, e paciência, e longanimidade, ignorando que a benignidade de Deus te leva ao arrependimento?
5 Mas, segundo a tua dureza e teu coração impenitente, entesouras ira para ti no dia da ira e da manifestação do juízo de Deus,
6 o qual recompensará cada um segundo as suas obras,
7 a saber: a vida eterna aos que, com perseverança em fazer bem, procuram glória, e honra, e incorrupção;
8 mas indignação e ira aos que são contenciosos e desobedientes à verdade e obedientes à iniqüidade;
9 tribulação e angústia sobre toda alma do homem que faz o mal, primeiramente do judeu e também do grego;
10 glória, porém, e honra e paz a qualquer que faz o bem, primeiramente ao judeu e também ao grego;
11 porque, para com Deus, não há acepção de pessoas.
12 Porque todos os que sem lei pecaram sem lei também perecerão; e todos os que sob a lei pecaram pela lei serão julgados.
13 Porque os que ouvem a lei não são justos diante de Deus, mas os que praticam a lei hão de ser justificados.
14 Porque, quando os gentios, que não têm lei, fazem naturalmente as coisas que são da lei, não tendo eles lei, para si mesmos são lei,
15 os quais mostram a obra da lei escrita no seu coração, testificando juntamente a sua consciência e os seus pensamentos, quer acusando-os, quer defendendo-os,
16 no dia em que Deus há de julgar os segredos dos homens, por Jesus Cristo, segundo o meu evangelho.
Romanos capítulo 1:18 a 2:16