A justificação mediante a fé traz uma série de benefícios para o crente. São bênçãos que decorrem através do Senhor Jesus Cristo, porque Ele é o Mediador entre Deus e os homens, e todos os dons de Deus são canalizados através d’Ele.
Os benefícios aqui mencionados são:
Paz com Deus. A inimizade entre Deus e a humanidade rebelde cessa para o crente, porque todas as suas causas foram removidas. Por um milagre da graça de Deus, Ele deixou de ser inimigo para ser Seu amigo.
Acesso à graça de Deus. É uma posição indescritível, tendo acesso “no Amado” (Efésios 1:6), ou seja, está agora tão próximo e querido de Deus como Seu próprio Filho Amado. Usando a figura do rei na antiguidade, o Pai estende o cetro de ouro para o crente e o acolhe à Sua Presença como filho, e não um estranho, e ali é firmado de forma perfeita e permanente, assim como Cristo está.
Exultação na esperança da glória que Deus irá manifestar. O crente espera com imensa alegria o momento em que, não só vai ver o esplendor de Deus, mas também ele próprio vai participar em manifestação de glória (João 17:22, Colossenses 3:4). Aqui na terra não podemos compreender plenamente o significado dessa esperança, mas o crente se maravilhará com ele por toda a eternidade.
Contentamento nos sofrimentos, não tanto pelo desconforto que causam, pois vai se entristecer enquanto durarem (Hebreus 12:11), mas por causa dos resultados que produzem: a perseverança, e a experiência que o ensina a esperar; o Espírito Santo que lhe foi outorgado quando creu o enche do amor de Deus, com o qual sabe que não será desapontado em sua esperança. O alcance desse amor se demonstra pelo fato que Cristo morreu por nós, injustos pecadores. Que a alegria pode coexistir com a aflição é um dos paradoxos maravilhosos da fé cristã. O oposto de alegria é o pecado, não o sofrimento. Perseverança é firmeza. Nunca poderíamos desenvolver a perseverança, se não tivéssemos tribulações para sofrer e problemas para resolver em nossas vidas. A perseverança fortalece o caráter. Quando Deus vê o crente suportando as suas tribulações, e confiando no Seu poder para executar os Seus propósitos através delas, Ele lhe concede a Sua aprovação. E o conhecimento de ter a aprovação divina por causa da sua perseverança enche o crente de esperança. Sabe que Deus está trabalhando em sua vida, desenvolvendo o seu caráter. Isso lhe dá a confiança de que, tendo começado a boa obra nele, Deus a fará até ao fim (Filipenses 1 : 6).
Salvação de todo o mal. A salvação envolve: a isenção da condenação eterna, a purificação do caráter mediante obediência a Deus, e o livramento da presença do pecado quando na habitação de Deus, os céus. A ira de Deus se manifestará sobre a humanidade rebelde (a grande tribulação e o juízo final): mas o crente, quando ainda na situação de inimigo, foi reconciliado com Deus pela Sua graça mediante a sua fé na morte remidora de seu Filho; uma vez reconciliado, é salvo pela Sua vida (Ele nos defende de todo o mal). O crente tem uma esperança que não o decepcionará. Se fosse esperar por alguma coisa para depois descobrir que não lhe viria, a sua esperança seria motivo de vergonha. Mas nunca se decepcionará, já que o amor de Deus, ou melhor, o seu amor por Deus, enche seu coração em resposta ao amor de Deus por ele. Os versículos 6 a 20 enumeram algumas das grandes provas do amor de Deus pelo crente. O Espírito Santo foi dado no momento em que creu, inundando o seu coração com essas expressões do amor eterno de Deus. Em consequência, o crente sente em seu coração que Deus o ama. Não é um simples sentimento vago e místico de que "Alguém lá em cima" se preocupa com a humanidade. É muito mais, sendo uma convicção profunda de que Deus realmente o ama pessoalmente como um indivíduo. Por isso ele tem certeza absoluta que será conduzido em segurança para o lar do céu.
Orgulho em Deus, pelo Senhor Jesus Cristo. O crente exulta em Deus pelo seu Senhor Jesus Cristo, através de quem recebe a reconciliação. Não só se alegra com os dons que recebe de Deus, mas se gloria com o próprio Doador. Deus é o motivo de toda a sua alegria, e se entristece quando se esquece d’Ele. Isto é obra do Senhor Jesus Cristo, através de Quem nos chega toda essa alegria.
Reconciliação com Deus, ou seja o estabelecimento de harmonia entre Deus e o crente através do trabalho sacrificial do Salvador. A entrada do pecado trouxe afastamento, alienação e inimizade entre o homem e Deus. Ao tomar sobre Si o pecado, que causou a alienação, o Senhor Jesus restaurou aqueles que n’Ele creem a um estado de harmonia com Deus. Devemos notar, de passagem, que Deus não precisa de se reconciliar. Foi o homem que precisava, porque estava em inimizade com Deus.
Nos versículos 6 a 20, vemos um progresso crescente. Tendo Deus revelado o Seu amor para o pecador que crê, quando ainda era Seu inimigo, ímpio, certamente vai também salvá-lo da Sua ira agora que Lhe pertence. É o quinto benefício mencionado acima, o da salvação da condenação pelo pecado. Por causa da justificação realizada, o crente está eternamente seguro em Cristo. No desenvolvimento deste tema, encontramos cinco "muito mais":
O "muito mais" do livramento da ira (v.9). A morte substitutiva de Cristo removeu a causa da hostilidade entre o crente e Deus, ou seja, os seus pecados. Pela fé em Cristo, foi reconciliado com Deus mediante a Sua morte.
O "muito mais" da salvação pela Sua vida depois da ressurreição (v.10). O Senhor Jesus “pode também salvar perfeitamente os que por ele se chegam a Deus, porquanto vive sempre para interceder por eles” (Hebreus 7:25). Ao morrer na cruz, o homem Jesus estava em fraqueza, mas depois de ressuscitado em glória, tendo recebido todo o poder e autoridade de Deus, Ele é Todo-poderoso. Tendo a sua reconciliação custado tão caro, o Senhor Jesus nunca abandonará o crente, e o salvará em vida do poder do pecado.
O "muito mais" da graça de Deus e do dom da graça (v.15).
O "muito mais" do reino do crente em vida por Jesus Cristo (v.17).
O “muito mais” da graça de Deus (“superabundou” em nossa tradução), que abundou ainda muito mais do que o pecado do homem (v.20).
Temos acima um estudo sobre os primeiros dois, e o próximo estudo, sobre o alcance da justificação, abrangerá os três restantes.
1 Sendo, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus por nosso Senhor Jesus Cristo;
2 pelo qual também temos entrada pela fé a esta graça, na qual estamos firmes; e nos gloriamos na esperança da glória de Deus.
3 E não somente isto, mas também nos gloriamos nas tribulações, sabendo que a tribulação produz a paciência;
4 e a paciência, a experiência; e a experiência, a esperança.
5 E a esperança não traz confusão, porquanto o amor de Deus está derramado em nosso coração pelo Espírito Santo que nos foi dado.
6 Porque Cristo, estando nós ainda fracos, morreu a seu tempo pelos ímpios.
7 Porque apenas alguém morrerá por um justo; pois poderá ser que pelo bom alguém ouse morrer.
8 Mas Deus prova o seu amor para conosco em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores.
9 Logo, muito mais agora, sendo justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira.
10 Porque, se nós, sendo inimigos, fomos reconciliados com Deus pela morte de seu Filho, muito mais, estando já reconciliados, seremos salvos pela sua vida.
11 E não somente isto, mas também nos gloriamos em Deus por nosso Senhor Jesus Cristo, pelo qual agora alcançamos a reconciliação.
Romanos 5:1 a 11