O Verbo se fez carne: o Filho de Deus foi envolvido com a natureza humana, nascendo de uma mulher (Gálatas 4:4), como os remidos que se tornariam filhos de Deus (Hebreus 2:13-15). No entanto, quando feito carne, ele ainda não deixou de ser o Verbo de Deus.
A carne nos lembra a fraqueza do ser humano, porque Ele apareceu na semelhança da carne pecadora (Romanos 8:3), e foi crucificado em fraqueza, sendo feito pecado na carne para nós (2 Coríntios 13:4, 1 Pedro 3:18, 2 Coríntios 5:21). Agindo assim, Cristo se tornou:
o professor perfeito, na vida de Jesus vemos como Deus pensa e portanto como nós deveríamos pensar (Filipenses 2:5-11);
o exemplo perfeito, como modelo do que devemos nos tornar, ele nos mostra como viver e nos dá o poder para viver daquele modo (1 Pedro 2:21);
o sacrifício perfeito, Jesus veio como sacrifício para todos os pecados e a Sua morte satisfez os requisitos de Deus para a remoção do pecado (Colossenses 1:15-23).
Ele habitou entre nós: “habitou” vem de skenoo que significa Ele levantou a Sua tenda entre nós (também veja 2 Coríntios 5:1). Ele habitou neste mundo até terminar o que tinha que fazer aqui (capítulo 17:4). Ele habitou como em uma tenda, sugerindo circunstâncias humildes (como os pastores), combatividade (como os soldados) e uma passagem curta. Somos exortados a "deixar a palavra de Cristo habitar ricamente em nós” (Colossenses 3:16; Salmos 119:11).
Vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai: Cristo ainda era o brilho da glória do Pai, até mesmo quando habitava entre nós neste mundo. Os Seus discípulos e acompanhantes, que falavam de modo mais familiar e livre com ele, viram e testemunharam a Sua glória divina, em Seu caráter e ensino, e em Suas ações e sinais até quando Ele ascendeu ao Céu (1 João 1:1-3). João em particular, junto com Pedro e Tiago, testemunhou a Sua glória no monte de transfiguração (Mateus 17:1-8; Marcos 9:2-8; Lucas 9:28-36).
Cheio de graça e de verdade: Ele teve uma abundância de compaixão e um conhecimento completo; ele veio nos mostrar a misericórdia, o amor e o perdão de Deus, e estava completamente informado de tudo o que ia nos revelar. À medida que chegamos a conhecer Cristo melhor, nosso entendimento de Deus vai aumentar.
João deu testemunho dele: este versículo (15) realmente é uma nota e ficaria melhor entre parênteses. João Batista expressou o seu testemunho em público, alto e bom som, como alguém que não só estava certo da verdade, mas que se emocionava com ela. Ele identificou o Senhor Jesus como a pessoa que ele, como precursor, tinha anunciado no começo do seu ministério: Ele era quem tinha precedência porque, embora tivesse nascido e aparecido em público depois de João, já existia antes dele. João Batista seria chamado o profeta do Altíssimo enquanto Jesus Cristo seria chamado o Filho do Altíssimo (Lucas 1:32). João foi um grande homem e teve um grande nome e muitos seguidores, contudo foi fiel ao ponto de dar a preferência a Quem ela pertencia. Ele compreendeu que Cristo, como homem, veio depois dele mas, como Deus, vinha antes dele mediante a Sua existência eterna.
Todos nós recebemos da Sua plenitude: Cristo nos deu – isto é, para todos os que O receberam (v. 12) - de toda a abundância de graça e verdade que eram dEle (v.14). Tudo o que recebemos de Cristo é resumido nesta única palavra, graça: a boa vontade de Deus para conosco, e a boa obra de Deus em nós.
Graça sobre graça: esta expressão não é comum e por isso há várias interpretações:
graça pela Sua graça, não dada por nossa causa mas porque era do agrado de Deus: um presente resultante da Sua graça (Romanos 12:6)
graça dada a nós como graça a Jesus Cristo: tendo se agradado com Cristo, Deus também se agradou conosco por causa d’Ele (Efésios 1:6).
abundância de graça, uma graça amontoada sobre outra, uma bênção derramada em tal abundância que não haverá lugar para tudo
graça para a promoção e o avanço da graça: graça para ser exercitada por nós como bons despenseiros da multiforme graça de Deus (Romanos 1:5; Efésios 3:8, 1 Pedro 4:10).
a substituição da graça real do Novo Testamento, em lugar da graça simbólica do Velho Testamento, que é a lei, em conformidade com o versículo que se segue
é uma graça para melhorar, confirmar e aperfeiçoar outra graça. Somos transformados para a imagem divina, de glória em glória (2 Coríntios 3:18), e com verdadeira graça mais graça é recebida (Tiago 4:6).
é a graça em nós respondendo à graça n’Ele, assim como a impressão na cera reproduz o selo linha por linha. A graça que recebemos de Cristo nos transforma na mesma imagem (2 Coríntios 3:18), a imagem do Filho (Romanos 8:29), a imagem do divino (1 Coríntios 15:49).
A lei foi dada por meio de Moisés: foi uma declaração perfeita, tanto da vontade de Deus relativa ao homem quanto à sua boa vontade para com o homem. Era porém ameaçadora, cerceada com penalidades, trazendo com ela uma maldição, incapaz de dar vida (Gálatas 3:10-12).
A graça e a verdade vieram por Jesus Cristo: pela Sua graça Ele nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se primeiro maldição por nós (Gálatas 3:13); o evangelho de Cristo tem todos os usos benéficos da lei, sem o medo (1 João 4:18). Ele revelou a nós a verdade de Deus.
O Deus unigênito, que está no seio do Pai, esse o deu a conhecer: Embora nenhum ser humano tenha podido ver a Deus, o Filho Unigênito de Deus, que está em perpétua comunhão com Ele (excetuando o pequeno espaço de tempo em que Ele tomou o nosso lugar na cruz do Calvário – Marcos 15:33-34), nos mostrou como e o que Ele é.
14 E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade; e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai.
15 João deu testemunho dele, e clamou, dizendo: Este é aquele de quem eu disse: O que vem depois de mim, passou adiante de mim; porque antes de mim ele já existia.
16 Pois todos nós recebemos da sua plenitude, e graça sobre graça.
17 Porque a lei foi dada por meio de Moisés; a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo.
18 Ninguém jamais viu a Deus. O Deus unigênito, que está no seio do Pai, esse o deu a conhecer.
Evangelho de João, capítulo 1, vers. 14 a 18.