A Missão de Timóteo em Éfeso
Timóteo era de Listra (Atos 16.1-2), sendo filho de pai grego e de mãe judia; sua avó era também judia; estas tinham ensinado bem as Escrituras Sagradas (o Velho Testamento) a Timóteo desde a sua infância (2a. Timóteo 1.5; 3.15).
Parece que Timóteo foi convertido por Paulo na ocasião da primeira visita do apóstolo a Listra (Atos 14.6) e, algum tempo depois, Paulo o chamou para ser companheiro dele no trabalho missionário. Esteve com o apóstolo em Trôade Filipos, Tessalônica e Beréia e, na terceira viagem, acompanhou-o por uma parte do caminho para Jerusalém (Atos 20.4). Mais tarde, esteve em Éfeso, de onde Paulo o chamou para ir a Roma (2a. Timóteo 4.9-21), onde o apóstolo esperava a sentença de morte. Não se sabe se Timóteo chegou ali antes do martírio do apóstolo.
Motivos desta Epístola
A: chamar a atenção dos cristãos para a necessidade de manterem "coração puro, consciência boa e fé sem hipocrisia", em vista de falsos ensinadores terem entrado nas igrejas;
B: animar a Timóteo na sua missão difícil, visto que ele era ainda jovem e de saúde fraca.
Paulo atribui a sua autoridade como apóstolo tanto ao Pai como ao Filho - é pelo mandato de "Deus nosso Salvador" e de "Cristo Jesus, nossa esperança", os quais são também nosso "Pai" e nosso "Senhor".
Timóteo é o "verdadeiro filho na fé" para Paulo, tendo sido convertido pela pregação (e talvez pelo sofrimento) do apóstolo (veja Atos 14.19) e este entendia bem as dificuldades que o moço encontraria em Éfeso. Por isso, deseja-lhe não somente a graça e a paz de Deus como também a Sua "misericórdia" (v. 2) - repetida na saudação da Segunda Epístola. É unicamente nestas duas Epístolas que Paulo inclui "misericórdia" na saudação. A Epístola de Judas tem semelhante saudação.
Note que o apóstolo "rogou" e não "mandou", que Timóteo ficasse em Éfeso. A tarefa seria difícil e Paulo não queria obrigar seu jovem discípulo a aceitá-la; porém, para Timóteo o menor desejo de seu "pai na fé" lhe era como mandamento do Senhor.
A tarefa de Timóteo em Éfeso, então, era a de admoestar a certas pessoas com respeito à doutrina que estavam ensinando (v. 3), também avisá-las que não desperdiçassem o tempo da igreja com discussões sobre assuntos sem importância nem utilidade no serviço evangélico (v. 4).
Acerca da doutrina, lembremo-nos de que Paulo, na sua viagem a Jerusalém, já tinha avisado aos presbíteros da igreja em Éfeso que entre eles penetrariam lobos devoradores que não poupariam o rebanho e que, dentro deles mesmos (os efésios). se levantariam homens falando coisas pervertidas para arrastar os crentes atrás deles (Atos 20.17, 29-30). Parece que isto já estava acontecendo.
0 motivo da "presente admoestação" (isto é, por meio desta Epístola), era produzir entre os cristãos o amor que seria o fruto de coração puro, consciência e fé sincera nos próprios mestres. Infelizmente, alguns entre estes, não tendo estas qualidades, ensinavam só tolices, mas queriam ser considerados "mestres da Lei", iguais a Gamaliel e outros eminentes ensinadores (veja Atos 5:34 e Lucas 5.17).
O motivo principal da Lei divina. dada nos primeiros livros do Velho Testamento e resumida em Lucas 10-28, é o de revelar ao homem quão terrível é o pecado, para que ele se arrependa e receba o perdão e a salvação que o Evangelho lhe oferece. Sendo justificado diante de Deus pela fé em Cristo, o cristão pode utilizar-se da Lei para entender a vontade de Deus, a qual ele vai obedecer no Poder do Espírito Santo.
Mas que lista temos aqui de diversos tipos de pecadores! São mencionados especificamente quatorze e depois há uma condenação geral de "tudo que se opõe a sã doutrina". Não podemos negar que todas estas espécies de pecado estão se tornando cada vez mais comuns na sociedade atual. Os que praticam tais coisas são condenados pela Lei divina, estão em perigo de perdição eterna, mas "o Evangelho da glória do Deus bendito" lhes oferece salvação por meio do Senhor Jesus. Tal é a "sã doutrina" que deve ocupar os ensinadores cristãos e que "uma vez por todas foi entregue aos santos" (Epístola de Judas, v. 3).
1 Paulo, apóstolo de Jesus Cristo, segundo o mandado de Deus, nosso Salvador, e do Senhor Jesus Cristo, esperança nossa,
2 a Timóteo, meu verdadeiro filho na fé: graça, misericórdia e paz, da parte de Deus, nosso Pai, e da de Cristo Jesus, nosso Senhor.
3 Como te roguei, quando parti para a Macedônia, que ficasses em Éfeso, para advertires a alguns que não ensinem outra doutrina,
4 nem se dêem a fábulas ou a genealogias intermináveis, que mais produzem questões do que edificação de Deus, que consiste na fé; assim o faço agora.
5 Ora, o fim do mandamento é a caridade de um coração puro, e de uma boa consciência, e de uma fé não fingida.
6 Do que desviando-se alguns, se entregaram a vãs contendas,
7 querendo ser doutores da lei e não entendendo nem o que dizem nem o que afirmam.
8 Sabemos, porém, que a lei é boa, se alguém dela usa legitimamente,
9 sabendo isto: que a lei não é feita para o justo, mas para os injustos e obstinados, para os ímpios e pecadores, para os profanos e irreligiosos, para os parricidas e matricidas, para os homicidas,
10 para os fornicadores, para os sodomitas, para os roubadores de homens, para os mentirosos, para os perjuros e para o que for contrário à sã doutrina,
11 conforme o evangelho da glória do Deus bem-aventurado, que me foi confiado.
1 Timóteo capítulo 1:1 a 11