Os discípulos permaneceram em Jerusalém durante a festa dos Pães Asmos que se seguia à Páscoa, e terminava com outro sábado (Êxodo 12:16), e uma semana após o dia da ressurreição ainda estavam em Jerusalém.
Estavam todos juntos numa sala com portas trancadas quando o Senhor Jesus ressuscitado apareceu de novo em seu meio, saudou-os todos e se voltou para Tomé, como se tivesse voltado expressamente por causa dele. Revelou saber da dúvida na mente de Tomé e mencionou os testes que Tomé tinha dito ser necessários para que ele cresse na Sua ressurreição (versículo 25); disse-lhe, literalmente, que parasse de tornar-se incrédulo.
A dúvida de Tomé diante do testemunho dos outros não foi devido a uma inteligência superior (os céticos normalmente posam como se fossem pessoas de invulgar mentalidade). Tomé tinha levado a sua incredulidade demasiado longe e o Senhor veio para pôr um fim a ela. Se Tomé estendeu a sua mão para tocá-lo ou não, ele se convenceu completamente, e não hesitou em se dirigir ao Cristo Ressuscitado como Seu Deus e Senhor. E Cristo aceitou as palavras e louvor de Tomé por isso.
Como no caso de Tomé, Deus sempre vai ao encontro de um cético honesto. Não há maior testemunho do Senhor Jesus do que o que foi dado por Tomé. É uma das grandes declarações das Escrituras Sagradas. Para um judeu dizer "meu Senhor e meu Deus" é o clímax absoluto. Isso veio dos lábios daquele desconfiado Tomé.
Existem pessoas que dizem, "Se somente pudesse vê-lo ou tocá-lo eu creria”. Em geral, no entanto, isto não é tanto por causa de falta de provas mas sim uma desculpa para não recebê-lo como um Salvador, Senhor e Deus pessoal. Deus vai ao encontro da dúvida honesta de um homem, mas não devemos esperar que Ele ajude aqueles que são incrédulos devido a fortes segundas intenções. Muitas pessoas afirmam não poder acreditar na Bíblia. Declaram que seu problema é intelectual, mas na realidade é mais provável que seja moral: não querem deixar a sua vida de pecado.
Existe uma bênção especial sobre nós hoje que cremos nas provas da morte e ressurreição de Cristo, contidas nas Escrituras. Pedro se lembrou disso quando escreveu a sua primeira carta: "Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que, segundo a sua grande misericórdia, nos regenerou para uma viva esperança, pela ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos, para uma herança incorruptível, incontaminável e imarcescível, reservada nos céus para vós, que pelo poder de Deus sois guardados, mediante a fé, para a salvação que está preparada para se revelar no último tempo; na qual exultais, ainda que agora por um pouco de tempo, sendo necessário, estejais contristados por várias provações, para que a prova da vossa fé, mais preciosa do que o ouro que perece, embora provado pelo fogo, redunde para louvor, glória e honra na Apocalipse de Jesus Cristo; a quem, sem o terdes visto, amais; no qual, sem agora o verdes, mas crendo, exultais com gozo inefável e cheio de glória, alcançando o fim da vossa fé, a salvação das vossas almas.." (1 Pedro 1:3-9).
A divindade de Jesus Cristo é declarada em muitos lugares da Sagrada Escritura. Scofield as classificou como segue:
1. Nas insinuações e predições explícitas do Velho Testamento:
a) As teofanias intimam o aparecimento de Deus em forma humana, e portanto o Seu ministério para o homem (Gênesis 16:7-13; 18:2-23; 18:17; 32:28 e Oseias 12:4-5; Êxodo 3:2-14).
b) O Messias é expressamente declarado ser o Filho de Deus (Salmo 2:2-9) e Deus (Salmo 45:6, 7; 110:1,4; Zacarias 6:13; Mateus 22:44; Atos 2:34; Hebreus 1:8,9,13; 5:6; 6:20; 7:17-21).
c) Seu nascimento de uma virgem foi anunciado como o meio através do qual Deus poderia ser "Emanuel," Deus conosco (Isaías 7:13, 14; Mateus 1:22, 23).
d) O Messias é expressamente investido com nomes divinos (Isaías 9:6,7).
e) Em uma profecia da sua morte Ele é chamado "companheiro" do SENHOR dos Exércitos (Zacarias 13:7; Mateus 26:31).
f) Seu eterno ser é declarado (Miqueias 5:2; Mateus 2:6; João 7:42).
2. Cristo declarou Sua própria divindade:
a) Aplicou a si mesmo o título de EU SOU (João 8:24, 18:5 - o pronome eu não está no grego; João 8:56-58). Os judeus entenderam bem que esta é a declaração de plena divindade do Senhor (João 8:59,10:33).
b) Ele declarou que era o Adonai (Deus o Senhor) do Velho Testamento (Mateus 22:42-45).
c) Ele afirmou a Sua identidade com o Pai (Mateus 28:19; Marcos 14:62; João 10:30); e os judeus assim entenderam (João 10:31, 32; 14:8, 9; 17:5).d) Ele exerceu a principal prerrogativa de Deus (Marcos 2:5-7; Lucas 7:48-50).
e) Ele afirmou onipresença (Mateus 18:20; João 3:13); onisciência (João 11:11-14 quando Jesus estava a 80 quilômetros de distância; Marcos 11:6-8); onipotência (Mateus 28:18; Lucas 7:14; João 5:21-23; 6:19); o domínio sobre a natureza, e poder criador (Lucas 9:16, 17; João 2:9; 10:28).
(f) Ele recebeu e aprovou a adoração humana (Mateus 14:33; 28:9; João 20:28, 29).
3. Os escritores do Novo Testamento atribuíram títulos divinos a Cristo (João 1:1; 20:28; Atos 20:28; Romanos 1:4; 9:5; 2 Tessalonicenses 1:12; 1 Timóteo 3:16; Tito 2:13; Hebreus 1:8 e 1 João 5:20).
4. Os escritores do Novo Testamento atribuíram os atributos e a perfeição divina a Cristo (Mateus 11:28; 18:20; 28:20; 28:20; João 1:2; 2:23-25; 3:13; 5:17; 21:17; Hebreus 1:3,11,12; 13:8; Apocalipse 1:8, 17, 18; 2:23; 11:17; 22:13).
5. Os escritores do Novo Testamento atribuíram obras divinas a Cristo (João 1:3, 10; Colossenses 1:16, 17; Hebreus 1:3).
6. Os escritores do Novo Testamento ensinaram que a adoração suprema deve ser rendida a Cristo (Atos 7:59, 60; 1 Coríntios 1:2; 2 Coríntios 13:14; Filipenses 2:9, 10; Hebreus 1:6; Apocalipse 1:5, 6; 5:12, 13).
7. A santidade e a ressurreição de Cristo provam a Sua divindade (João 8:46; Romanos 1:4).
Neste evangelho há apenas sete sinais mencionados antes da morte e ressurreição de Cristo (água tornada em vinho, a cura do filho do nobre, a cura do paralítico, a alimentação dos 5.000 homens, o andar sobre a água, a cura do cego, a ressurreição de Lázaro). Eles foram selecionados para o fim específico de prova que Jesus é o Messias, o Filho de Deus (João 5:20, 36; 10:25, 38).
Encontramos muitos mais nos outros evangelhos, feitos por Jesus na presença dos Seus discípulos, e sem dúvida muitos e muitos outros deixaram de ser mencionados. Por estarem fora das leis comuns da natureza e além do poder humano, eram próprios para dar validade à presença e ao poder de Deus, e foram as Suas credenciais para evidenciar que falou com a autoridade de Deus. Pedro mais tarde disse corajosamente para a multidão em Jerusalém: "Jesus, o nazareno, varão aprovado por Deus entre vós com milagres, prodígios e sinais, que Deus por Ele fez no meio de vós, como vós mesmos bem sabeis” (Atos 2:22).
A credibilidade destes sinais foi estabelecida pela evidência dos sentidos por parte daqueles que deles foram testemunhas, como foram todos os outros pelo testemunho delas. As testemunhas eram competentes, e seu testemunho confiável. Aqueles que afirmaram ter visto a Jesus ressuscitado passaram a pregar o Evangelho a todo o mundo: que apenas pela fé em Jesus Cristo nova vida é dada por Deus em Seu nome. A maior parte deles também morreu por serem seguidores de Cristo. As pessoas raramente morrem por uma fé titubeante. Estas eram pessoas que realmente viram, fora de qualquer dúvida, o Seu Senhor Jesus Cristo ressuscitado.
26 Oito dias depois estavam os discípulos outra vez ali reunidos, e Tomé com eles. Chegou Jesus, estando as portas fechadas, pôs-se no meio deles e disse: Paz seja convosco.
27 Depois disse a Tomé: Chega aqui o teu dedo, e vê as minhas mãos; chega a tua mão, e mete-a no meu lado; e não mais sejas incrédulo, mas crente.
28 Respondeu-lhe Tomé: Senhor meu, e Deus meu!
29 Disse-lhe Jesus: Porque me viste, creste? Bem-aventurados os que não viram e creram.
30 Jesus, na verdade, operou na presença de seus discípulos ainda muitos outros sinais que não estão escritos neste livro;
31 estes, porém, estão escritos para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome.
Evangelho de João, capítulo 20, versículos 26 a 31 .