Da mesma forma como nos discursos anteriores, o SENHOR usou a poesia e figuras de linguagem de grande beleza.
Ele começou com a criação do mundo, que é o que mais nos preocupa como criaturas feitas para viver nele. O mundo em que vivemos foi construído pelo SENHOR exatamente para suportar a vida como nós a conhecemos, e tal era sua beleza que houve uma festa dos anjos quando foi terminado. Ele perguntou a Jó onde ele estava quando isso aconteceu? Nenhum de nós se lembra de nada antes de nascermos, simplesmente porque nunca estevemos lá, não existíamos ainda.
O SENHOR então passou da cosmologia à geografia e à oceanografia. Foi ele quem controlava o volume formidável de água do mar, estabelecendo seus limites de litoral, levantando as massas de terra e abrindo os abismos. Se assim não fosse, o planeta seria coberto por uma camada profunda de água como era originalmente (Gênesis 1:2), envolto em nuvens e escuridão.
Os versículos 12-18 explicam o efeito da luz sobre a superfície da terra à medida que é exposta de madrugada. A luz se espalha por todo lado expondo os ímpios que operam na escuridão, como se os sacudisse. Revela a forma do horizonte, como se tivesse sido impresso como a argila sob um selo. As trevas, aqui chamadas de "a luz do ímpio”, são retiradas deles e por isso a sua capacidade de atacar as suas vítimas de surpresa é eliminada. Mas Jó não podia controlar a vinda da madrugada.
A ignorância de Jó foi demonstrada por não saber de onde vem toda a água do mar, nem as suas profundezas. Ainda hoje, milhares de anos depois, o homem tem apenas um conhecimento muito pequeno das profundezas do mar, e as continua explorando com submersíveis teleguiados, revelando um mundo surpreendente de vida marinha nas profundezas que, até muito recentemente, eram consideradas inabitáveis por qualquer criatura viva.
O assunto das profundidades nos leva ao da morte e da sepultura. Assim como a vida ainda é um mistério para a ciência, também é a morte. O que faz um corpo vivo perder toda a sua vida? Por que não pode ser reativado depois de morrerem todas as suas células? Jó também não tinha resposta. As portas da morte são mencionados no Salmo 9:13 e pelo Senhor Jesus em Mateus 16:18 (hades).
A largura da terra foi calculada com os recursos disponíveis hoje, mas estava além da capacidade de Jó, quando isto foi escrito.
Outra pergunta feita a Jó foi se ele sabia a origem da luz. Isso tem sido estudado por cientistas modernos e eles chegaram a respostas baseadas em fórmulas complexas além da compreensão das pessoas comuns. Com a sua experiência, Jó nunca teria sido capaz de explicar a luz e a escuridão .
Pensamos que podemos hoje responder as perguntas sobre a neve e o granizo, mas não como o SENHOR às vezes os usa para decidir as guerras - em tempos relativamente recentes, sabemos como os exércitos de Napoleão e de Hitler foram derrotados pela neve do inverno na Rússia.
Há várias outras perguntas relativas a chuva, orvalho, desertos, gelo e geada que podemos responder hoje. É surpreendente como a água se solidifica em gelo que, no entanto, é menos denso que a água, permitindo que flutue em vez de afundar no fundo de lagos e mares, onde poderiam se acumular e destruí-los. Só o SENHOR poderia ter planejado tal coisa!
A astronomia progrediu muito com a ajuda de artefatos modernos, como telescópios potentes, satélites e sondas espaciais. Apesar dos esforços do homem para "fazer uma diferença" nos céus, ele descobriu que não há possibilidade de fazer qualquer coisa: as distâncias são tão vastas e o universo parece interminável - alguns cientistas até mesmo falam em mais de um universo.
O deserto é entrecruzado com leitos de rios secos e ravinas, canais que se enchem com torrentes de água transbordante quando chove, e fazem com que a grama brote e cresça para alimentar os rebanhos dos beduínos perambulando por lá hoje em dia.
Spurgeon (“Manhã e noite”, noite de 21 de Março) comenta:
"Se houver tendência para nos vangloriar das nossas capacidades, a grandiosidade da natureza em breve poderá nos mostrar o quão insignificantes somos. Não podemos mover a menor de todas as estrelas cintilantes, ou apagar nem mesmo um dos raios da manhã. Falamos de poder, mas os céus riem de nós com desprezo. Quando as Plêiades brilham alegremente na primavera não podemos restringir as suas influências e, quando Orion reina no alto, e o ano se prende nos grilhões do inverno, não podemos relaxar as ataduras geladas. As estações giram de acordo com a determinação divina, e toda a humanidade não pode efetuar uma mudança. SENHOR, que é o homem?"
Como poderia Jó presumir em criticar a Deus, quando ele era tão insignificante que não sabia mudar as leis que regem a natureza, como simplesmente controlar o tempo: fazer chover, ou controlar um relâmpago. Mesmo hoje, com todos os avanços nas áreas de meteorologia, o homem pode apenas prever com uma pequena margem de erro o tempo provável para os próximos cinco dias, mas nada pode fazer para mudá-lo. Como ele gostaria de estar no controle dos relâmpagos, uma imensa fonte de energia livre!
Por outro lado, que enorme confusão ele provavelmente iria originar... Poderia Jó explicar como o homem poderia adquirir a sabedoria e entendimento a fim de tratar adequadamente dessas coisas se fosse capaz de fazê-lo?
Nenhum homem é capaz de contar as nuvens, muito menos ainda trazer chuva quando pensa que é necessário. Ninguém pode fazer uma previsão de quando a chuva vai cair em terreno árido que foi endurecido em torrões e touceiras.
4 Onde estavas tu, quando eu lançava os fundamentos da terra? Faze-mo saber, se tens entendimento.
5 Quem lhe fixou as medidas, se é que o sabes? ou quem a mediu com o cordel?
6 Sobre que foram firmadas as suas bases, ou quem lhe assentou a pedra de esquina,
7 quando juntas cantavam as estrelas da manhã, e todos os filhos de Deus bradavam de júbilo?
8 Ou quem encerrou com portas o mar, quando este rompeu e saiu da madre;
9 quando eu lhe pus nuvens por vestidura, e escuridão por faixas,
10 e lhe tracei limites, pondo-lhe portas e ferrolhos,
11 e lhe disse: Até aqui virás, porém não mais adiante; e aqui se quebrarão as tuas ondas orgulhosas?
12 Desde que começaram os teus dias, deste tu ordem à madrugada, ou mostraste à alva o seu lugar,
13 para que agarrasse nas extremidades da terra, e os ímpios fossem sacudidos dela?
14 A terra se transforma como o barro sob o selo; e todas as coisas se assinalam como as cores dum vestido.
15 E dos ímpios é retirada a sua luz, e o braço altivo se quebranta.
16 Acaso tu entraste até os mananciais do mar, ou passeaste pelos recessos do abismo?
17 Ou foram-te descobertas as portas da morte, ou viste as portas da sombra da morte?
18 Compreendeste a largura da terra? Faze-mo saber, se sabes tudo isso.
19 Onde está o caminho para a morada da luz? E, quanto às trevas, onde está o seu lugar,
20 para que às tragas aos seus limites, e para que saibas as veredas para a sua casa?
21 De certo tu o sabes, porque já então eras nascido, e porque é grande o número dos teus dias!
22 Acaso entraste nos tesouros da neve, e viste os tesouros da saraiva,
23 que eu tenho reservado para o tempo da angústia, para o dia da peleja e da guerra?
24 Onde está o caminho para o lugar em que se reparte a luz, e se espalha o vento oriental sobre a terra?
25 Quem abriu canais para o aguaceiro, e um caminho para o relâmpago do trovão;
26 para fazer cair chuva numa terra, onde não há ninguém, e no deserto, em que não há gente;
27 para fartar a terra deserta e assolada, e para fazer crescer a tenra relva?
28 A chuva porventura tem pai? Ou quem gerou as gotas do orvalho?
29 Do ventre de quem saiu o gelo? E quem gerou a geada do céu?
30 Como pedra as águas se endurecem, e a superfície do abismo se congela.
31 Podes atar as cadeias das Plêiades, ou soltar os atilhos do Oriom?
32 Ou fazer sair as constelações a seu tempo, e guiar a ursa com seus filhos?
33 Sabes tu as ordenanças dos céus, ou podes estabelecer o seu domínio sobre a terra?
34 Ou podes levantar a tua voz até as nuvens, para que a abundância das águas te cubra?
35 Ou ordenarás aos raios de modo que saiam? Eles te dirão: Eis-nos aqui?
36 Quem pôs sabedoria nas densas nuvens, ou quem deu entendimento ao meteoro?
37 Quem numerará as nuvens pela sabedoria? Ou os odres do céu, quem os esvaziará,
38 quando se funde o pó em massa, e se pegam os torrões uns aos outros?
Já capítulo 38, versículos 4 a 38