Deus continuou sua série de questões, expondo o conhecimento limitado de Jó sobre os animais selvagens e como eles vivem e sobrevivem sem a interferência do homem, apenas pela providência divina.
Deus deu exemplos de animais que, naquela época, eram conhecidos na parte do mundo onde viveu Jó . No decurso dos milênios desde que este foi escrito, alguns não são encontrados mais no Oriente Médio, como leões e avestruzes, mas todos sobreviveram na África e alguns no Extremo Oriente .
Sobrevivência dos filhotes:
Leões: os filhotes de leão são incapazes de se defenderem contra predadores maiores, e após o desmame têm de ser alimentados com carne. A leoa instintivamente os esconde quando vai à caça, a fim de buscar as suas refeições.
Corvos: o ninho é toscamente feito de paus grosseiros, geralmente forrado com penugem ou casca de árvore cortada em pedacinhos, e é uma estrutura volumosa de até 1,5 m de diâmetro que pode ser construído sobre um rochedo ou no topo de uma árvore de grande porte. Os filhotes dependem inteiramente dos pais para alimentá-los instintivamente. Se caírem de seus ninhos certamente vão morrer da queda ou de ser devorados por outros animais.
Cabras montesas e corças: Esses animais dependem da velocidade e habilidade na escalada da rocha para escapar de seus predadores. Dão à luz seus filhotes em rebanhos, todo o rebanho praticamente ao mesmo tempo para uma melhor proteção, e os filhotes são capazes de rapidamente se levantar, subir e fugir com seus pais.
Sobrevivência de animais domésticos no estado selvagem :
O jumento montês: chamada de onagro, foi em tempos antigos domesticado e treinado para o Jó. Agora geralmente habita regiões muito áridas, que não podem sustentar outros mamíferos grandes.
O boi selvagem: Alguns ainda existem em estado selvagem na Ásia e na África, e resistem a qualquer tentativa de domesticação.
O avestruz: o avestruz é uma espécie de ave incapaz de voar que se tornou extinto no Oriente Médio em 1941, mas ainda é encontrado na África e é criado como alimento em outros lugares. Não é adequado para treinamento e se cansa facilmente. Depende das suas pernas fortes para escapar dos seus inimigos, conseguindo correr a uma velocidade de 65 km por hora. Seu ninho é escavado no chão, e os filhotes chocam em cerca de 40 dias, sendo capazes de correr com os adultos com um mês de idade. Para não serem descobertos, os filhotes bem como os adultos podem deitar no chão com o pescoço esticado, um hábito que pode ter dado origem à lenda de que o avestruz enterra a sua cabeça na areia quando há ameaça de perigo.
A força e a coragem do cavalo: antes do advento dos veículos mecanizados o cavalo era usado como animal de tração, e andar a cavalo era um dos principais meios de transporte. Também era usado com grande vantagem na batalha, devido à sua velocidade, força e coragem, trazendo terror às tropas a pé. No entanto, é um herbívoro, uma classe de animais normalmente tímidos que fogem para se proteger.
A sabedoria das aves de rapina: gaviões e águias são semelhantes em muitos aspectos, mas caçam de forma diferente. Os gaviões são rápidos, voam baixo com grande manobrabilidade e caçam as suas presas geralmente colidindo com elas ou rapidamente acompanhando os seus esforços para escapar. As águias são pesadas demais para uma perseguição aérea eficaz, mas tentam surpreender e sobrepujar as suas presas no chão. Devido à sua resistência, as águias têm sido um símbolo de guerra e de poder imperial, desde os tempos da Babilônia. Ao contrário do tolo avestruz, as aves de rapina fazem seus ninhos no alto de penhascos, onde seus filhotes são protegidos e de onde os pais podem utilizar a sua visão excepcionalmente penetrante para procurar sua presa, que persegue e mata, e traz de volta para os filhotes comerem.
O SENHOR revelou a Jó, por meio de todas estas questões, que Ele é o sábio Criador, e foi Ele quem determinou as leis da natureza, e faz com que funcionem de modo a sustentar a Sua criação. Sem o SENHOR, a natureza não existiria, nada aconteceria, seria o caos na melhor das hipóteses. Se não houvesse o Sustgentador, tudo terminaria em estagnação.
Deus agora parou para perguntar a Jó se ele estava à altura de responder essas questões, que haviam sido indagadas porque Jó tinha a presunção de enfrentar, repreender ou corrigi-Lo. Em seus discursos anteriores Jó tinha dito que iria manter a sua integridade, independentemente do que acontecesse. Ele havia declarado que era um homem justo e que, portanto, devia haver algo de errado no julgamento de Deus para que isso acontecesse com ele.
Devemos também nos perguntar se presumimos às vezes em contender com nosso Deus Todo Poderoso ou acusá-lo de algum erro. Exigimos respostas quando as coisas não vão como queremos, quando nos encontramos com a adversidade, quando alguém próximo de nós está doente ou morre, ou as finanças estão apertadas, ou falhamos, ou porque mudanças inesperadas acontecem?
Na próxima vez que formos tentados a nos queixar de Deus, vamos considerar como Ele é imensamente mais sábio, mais experiente e mais justo do que nós. E, acima de tudo, o quanto Ele já provou que nos ama, por nos fornecer livremente um meio de ser justificados pelos nossos pecados, simplesmente pela fé em Seu Filho amado, o SENHOR Jesus Cristo.
Jó era suficientemente sábio e humilde para admitir que deveria ter mantido silêncio, porque agora percebeu que não era nada, um joão-ninguém. Sua incapacidade de responder fez Jó ver quão deficiente era em sabedoria e entendimento.
Esta aparição do SENHOR a Jó teve um triplo efeito sobre ele :
sua relação com Deus: Ele devia se submeter à infinita sabedoria e o conhecimento de Deus, perante as quais ele não era nada .
sua relação consigo mesmo: tivera uma opinião muito elevada de sua própria justiça e sabedoria, e julgara que tinha sido tratado injustamente e merecia algo muito melhor. Agora percebeu que, na perspectiva de Deus, ele era um joão-ninguém.
sua relação com os seus amigos: havia falado com eles com superioridade, gabando-se de suas boas obras e qualidades. Agora percebeu que tanto ele como eles também eram todos igualmente ignorantes das grandes obras de Deus.
Ele agora reconheceu perante o SENHOR que tinha falado sem conhecimento. Suas palavras não tinham sabedoria. Agora desejava ter ficado calado. Ficou subitamente em silêncio pondo a mão na boca.
Lembremo-nos da reação de Jó, quando teve sua oportunidade de falar. Será que estamos em pior situação do que Jó ou somos mais justos do que ele? Devemos dar a Deus a oportunidade de revelar seus maiores propósitos para nós, lembrando que vão se desdobrar ao longo de nossa vida e não necessariamente quando os esperamos, ou quando achamos que seria mais conveniente.
Jó capítulo 38:
39 Podes caçar presa para a leoa, ou satisfazer a fome dos filhos dos leões,
40 quando se agacham nos covis, e estão à espreita nas covas?
41 Quem prepara ao corvo o seu alimento, quando os seus pintainhos clamam a Deus e andam vagueando, por não terem o que comer?
Jó capítulo 39:
1 Sabes tu o tempo do parto das cabras montesas, ou podes observar quando é que parem as corças?
2 Podes contar os meses que cumprem, ou sabes o tempo do seu parto?
3 Encurvam-se, dão à luz as suas crias, lançam de si a sua prole.
4 Seus filhos enrijam, crescem no campo livre; saem, e não tornam para elas:
5 Quem despediu livre o jumento montês, e quem soltou as prisões ao asno veloz,
6 ao qual dei o ermo por casa, e a terra salgada por morada?
7 Ele despreza o tumulto da cidade; não obedece os gritos do condutor.
8 O circuito das montanhas é o seu pasto, e anda buscando tudo o que está verde.
9 Quererá o boi selvagem servir-te? ou ficará junto à tua manjedoura?
10 Podes amarrar o boi selvagem ao arado com uma corda, ou esterroará ele após ti os vales?
11 Ou confiarás nele, por ser grande a sua força, ou deixarás a seu cargo o teu trabalho?
12 Fiarás dele que te torne o que semeaste e o recolha à tua eira?
13 Movem-se alegremente as asas da avestruz; mas é benigno o adorno da sua plumagem?
14 Pois ela deixa os seus ovos na terra, e os aquenta no pó,
15 e se esquece de que algum pé os pode pisar, ou de que a fera os pode calcar.
16 Endurece-se para com seus filhos, como se não fossem seus; embora se perca o seu trabalho, ela está sem temor;
17 porque Deus a privou de sabedoria, e não lhe repartiu entendimento.
18 Quando ela se levanta para correr, zomba do cavalo, e do cavaleiro.
19 Acaso deste força ao cavalo, ou revestiste de força o seu pescoço?
20 Fizeste-o pular como o gafanhoto? Terrível é o fogoso respirar das suas ventas.
21 Escarva no vale, e folga na sua força, e sai ao encontro dos armados.
22 Ri-se do temor, e não se espanta; e não torna atrás por causa da espada.
23 Sobre ele rangem a aljava, a lança cintilante e o dardo.
24 Tremendo e enfurecido devora a terra, e não se contém ao som da trombeta.
25 Toda vez que soa a trombeta, diz: Eia! E de longe cheira a guerra, e o trovão dos capitães e os gritos.
26 É pelo teu entendimento que se eleva o gavião, e estende as suas asas para o sul?
27 Ou se remonta a águia ao teu mandado, e põe no alto o seu ninho?
28 Mora nas penhas e ali tem a sua pousada, no cume das penhas, no lugar seguro.
29 Dali descobre a presa; seus olhos a avistam de longe.
30 Seus filhos chupam o sangue; e onde há mortos, ela aí está.
Jó capítulo 40:
1 Disse mais o Senhor a Jó:
2 Contenderá contra o Todo-Poderoso o censurador? Quem assim argúi a Deus, responda a estas coisas.
3 Então Jó respondeu ao Senhor, e disse:
4 Eis que sou vil; que te responderia eu? Antes ponho a minha mão sobre a boca.
5 Uma vez tenho falado, e não replicarei; ou ainda duas vezes, porém não prosseguirei.