O primeiro capítulo deste livro focaliza nos alimentos ímpios dos caldeus e a sua rejeição por Daniel e seus companheiros. 0 segundo revela uma profecia sobre o domínio dos gentios através dos seus tempos e a sua destruição eventual pela "Pedra" (Jesus Cristo). 0 capítulo 3 concerne ao orgulho do poderoso Nabucodonosor e a sua humilhação mediante a firmeza dos companheiros de Daniel.
Ouro era relativamente abundante naquela época comparado ao que é agora. Através das suas conquistas Nabucodonosor havia recolhido aos seus tesouros uma abundância desse metal precioso. Ele quis fazer uma demonstração pública da riqueza que havia acumulado e para isso, nada melhor do que um magnífico monumento feito desse metal.
A estátua pode ter sido uma homenagem a Nabopolassar, seu pai, que lhe deu oportunidades de conquista e acesso ao trono. Pode ter sido um ídolo de Bel, o deus da Babilônia. Pode ainda ter sido do próprio Nabucodonosor, como era a cabeça da estátua com que havia sonhado (capítulo 2). Sem dúvida ele tinha grande orgulho do poder, riquezas e glória que havia obtido para si com o seu exército.
A imagem era realmente gigantesca: tinha cerca de trinta metros de altura e três de largura! Com estas proporções ela deve ter sido semelhante aos altos postes esculturados, "totem-poles", que os indígenas faziam na América do Norte. Situado numa planície, refletindo a luz do sol, poderia ser vista de longe, magnífica e imponente.
A inauguração da estátua era para ser feita com toda a pompa e todos os dignitários do império foram convocados a estarem presentes. Foi-lhes exigido também que se prostrassem em atitude de adoração diante da estátua quando a grande orquestra reunida para a cerimônia começasse a tocar.
Notamos três erros que Nabucodonozor estava cometendo ao fazer isso:
Rebeldia contra o verdadeiro Deus que lhe havia concedido ocupar a privilegiada posição em que se encontrava. Se a interpretação do seu sonho (capítulo 2) fora feita antes desta ocasião, ele já teria conhecimento dEle (versículo 47).
Seu grande orgulho em mandar todos se prostrarem e adorarem a estátua que ele próprio havia feito, talvez de si mesmo. Séculos mais tarde, alguns imperadores romanos fizeram o mesmo.
Promoção de uma religião pagã universal - a "grande Babilônia" de que lemos em Apocalipse 18, ao juntar os líderes de todos os povos que subjugava e obrigá-los a adorar a estátua. Era uma repetição do que acontecera na torre de Babel (o mesmo que Babilônia - Gênesis 11:3-9). O "cristianismo" apóstata de hoje está fazendo o mesmo, procurando criar uma união de todas as religiões sob a mesma direção (o papa?). É um movimento que levará o mundo à Grande Tribulação, ao Anticristo e ao Falso Profeta, que são as duas bestas do Apocalipse.
Nabucodonosor mandou preparar uma grande orquestra para essa inauguração. Música tem um grande efeito emocional e pode ser composta especialmente para os objetivos que se deseja: marcial, romântica, fúnebre, carnavalesca.
A forte música da orquestra era um sinal para que todos os que ali estivessem se prostrassem e adorassem - não era adoração expontânea, mas obrigatória. Assim também será quando o Anticristo estiver no poder, tendo eliminado a Grande Babilônia no meio da Grande Tribulação (Apocalipse 13:12).
A verdadeira adoração, ao contrario, vem do coração e é expontânea. Música instrumental origina emoções que contribuem igualmente para a adoração sincera, como também a forçada, externa. O uso de instrumentos ajudam muito ao cantarmos hinos e cânticos espirituais, mas devem ser sempre mantidos em seu lugar, como simples acompanhamento. Se tiverem predominância a adoração expontânea é sufocada.
Ao ouvir a música, todos os presentes se prostraram em terra por causa da severa penalidade que os aguardava se não o fizessem. Todos menos três - os companheiros de Daniel (a Bíblia não nos diz nada sobre ele, mas presumimos que ele não estava presente por algum motivo especial, como ficar de plantão, o que ele poderia conseguir devido à sua alta posição).
Em meio a toda aquela gente prostrada, sem duvida os três se destacavam na enorme praça, e alguns caldeus (cidadãos da Babilônia) se apressaram a comunicar o fato ao rei Nabucodonozor. É bem provável que eles invejavam a posição exaltada desses judeus, e viam agora uma oportunidade de se livrarem desses rivais. Isso se vê pela rapidez com que foram falar com o rei, e as suas insinuações: "… há uns homens judeus, que tu constituíste sobre os negócios da província de Babilônia: Sadraque, Mesaque e Abede-Nego; esses homens, ó rei, não fizeram caso de ti …"
O rei ficou furioso com os três, pois considerou que a postura deles era um insulto para si, como os caldeus insinuaram. Chamou-os à sua presença, e perguntou-lhes se era verdade que recusavam servir aos seus deuses e a adorar aquela estátua de ouro.
Sem esperar resposta deu-lhes ainda uma oportunidade para se retratarem, obedecendo às suas ordens, senão seriam lançados na mesma hora dentro do forno de fogo ardente, e desafiou "e quem é o Deus que vos poderá livrar das minhas mãos?" Julgava-se mais poderoso do que Deus…!
Mas, decerto para a sua surpresa, os três declaram que o seu Deus, a quem serviam, poderia e iria livrá-los do forno de fogo ardente e das mãos do rei, mas mesmo que não o fizesse, eles não serviriam aos deuses nem adorariam a estátua que ele fizera. Nisto eles estavam obedecendo aos mandamentos de Deus (Êxodo 20:3-6) mesmo correndo o risco de perder a vida, queimados no forno. Requeria muita fé, fidelidade e coragem da parte deles.
Eles sabiam que Deus tinha imensamente mais poder do que esse rei orgulhoso, mas não sabiam se era a vontade de Deus que morressem pela sua fé. Deus nem sempre livra da morte aqueles que lhe são fieis, mas nossa fidelidade deve ser até à morte pois o nosso galardão esta reservado para nós se assim o fizermos (Apocalipse 2:10).
Desta vez o orgulhoso Nabucodonosor ficou extremamente encolerizado com a falta de submissão desses três judeus e ordenou que o calor do forno fosse aumentado sete vezes e que os três fossem imediatamente amarrados pelos homens mais fortes do seu exército e em seguida jogados dentro. Amarrados, vestidos como se encontravam, foram lançados no forno. O calor era tanto que os que os levavam morreram.
Mas Nabucodonosor podia ver o que estava acontecendo dentro do forno - e para a sua imensa surpresa viu que os três estavam não só andando lá dentro, mas tinham com eles uma quarta pessoa, e a sua aparência era como a de "um filho dos deuses". A Bíblia não nos diz quem era - podia ser um anjo ou mesmo o verdadeiro Filho de Deus que veio falar com eles. Os três judeus são figura do remanescente fiel do povo de Israel que passará pela Grande Tribulação (Salmo 2:5, Isaías 1:9, Romanos 11:5, Apocalipse 7:14).
Nabucodonosor ordenou que os três saíssem da fornalha pela porta; ao saírem, verificou-se que não só eles, mas também a sua roupa não havia sido queimada, nem havia cheiro de queimado. Em vista desse milagre, Nabucodonosor bendisse a Deus, decretou que toda a nação, povo e língua que blasfemasse contra o Deus dos três fosse destruído, e deu prosperidade aos três na província de Babilônia.
1 O Rei Nabucodonosor fez uma estátua de ouro, cuja altura era de sessenta côvados, e a sua largura, de seis côvados; levantou-a no campo de Dura, na província de Babilônia.
2 E o rei Nabucodonosor mandou ajuntar os sátrapas, os prefeitos, os presidentes, os juízes, os tesoureiros, os conselheiros, os oficiais e todos os governadores das províncias, para que viessem à consagração da estátua que o rei Nabucodonosor tinha levantado.
3 Então, se ajuntaram os sátrapas, os prefeitos, os presidentes, os juízes, os tesoureiros, os conselheiros, os oficiais e todos os governadores das províncias, para a consagração da estátua que o rei Nabucodonosor tinha levantado, e estavam em pé diante da imagem que Nabucodonosor tinha levantado.
4 E o arauto apregoava em alta voz: Ordena-se a vós, ó povos, nações e gente de todas as línguas:
5 Quando ouvirdes o som da buzina, do pífaro, da harpa, da sambuca, do saltério, da gaita de foles e de toda sorte de música, vos prostrareis e adorareis a imagem de ouro que o rei Nabucodonosor tem levantado.
6 E qualquer que se não prostrar e não a adorar será na mesma hora lançado dentro do forno de fogo ardente.
7 Portanto, no mesmo instante em que todos os povos ouviram o som da buzina, do pífaro, da harpa, da sambuca, do saltério e de toda sorte de música, se prostraram todos os povos, nações e línguas e adoraram a estátua de ouro que o rei Nabucodonosor tinha levantado.
8 Ora, no mesmo instante, se chegaram alguns homens caldeus e acusaram os judeus.
9 E falaram e disseram ao rei Nabucodonosor: Ó rei, vive eternamente!
10 Tu, ó rei, fizeste um decreto, pelo qual todo homem que ouvisse o som da buzina, do pífaro, da harpa, da sambuca, do saltério, da gaita de foles e de toda sorte de música se prostraria e adoraria a estátua de ouro;
11 e qualquer que se não prostrasse e adorasse seria lançado dentro do forno de fogo ardente.
12 Há uns homens judeus, que tu constituíste sobre os negócios da província de Babilônia: Sadraque, Mesaque e Abede-Nego; esses homens, ó rei, não fizeram caso de ti; a teus deuses não servem, nem a estátua de ouro, que levantaste, adoraram.
13 Então, Nabucodonosor, com ira e furor, mandou chamar Sadraque, Mesaque e Abede-Nego. E trouxeram a esses homens perante o rei.
14 Falou Nabucodonosor e lhes disse: É de propósito, ó Sadraque, Mesaque e Abede-Nego, que vós não servis a meus deuses nem adorais a estátua de ouro que levantei?
15 Agora, pois, se estais prontos, quando ouvirdes o som da buzina, do pífaro, da cítara, da harpa, do saltério, da gaita de foles e de toda sorte de música, para vos prostrardes e adorardes a estátua que fiz, bom é; mas, se a não adorardes, sereis lançados, na mesma hora, dentro do forno de fogo ardente; e quem é o Deus que vos poderá livrar das minhas mãos?
16 Responderam Sadraque, Mesaque e Abede-Nego e disseram ao rei Nabucodonosor: Não necessitamos de te responder sobre este negócio.
17 Eis que o nosso Deus, a quem nós servimos, é que nos pode livrar; ele nos livrará do forno de fogo ardente e da tua mão, ó rei.
18 E, se não, fica sabendo, ó rei, que não serviremos a teus deuses nem adoraremos a estátua de ouro que levantaste.
19 Então, Nabucodonosor se encheu de furor, e se mudou o aspecto do seu semblante contra Sadraque, Mesaque e Abede-Nego; falou e ordenou que o forno se aquecesse sete vezes mais do que se costumava aquecer.
20 E ordenou aos homens mais fortes que estavam no seu exército que atassem a Sadraque, Mesaque e Abede-Nego, para os lançarem no forno de fogo ardente.
21 Então, aqueles homens foram atados com as suas capas, e seus calções, e seus chapéus, e suas vestes e foram lançados dentro do forno de fogo ardente.
22 E, porque a palavra do rei apertava, e o forno estava sobremaneira quente, a chama do fogo matou aqueles homens que levantaram a Sadraque, Mesaque e Abede-Nego.
23 E estes três homens, Sadraque, Mesaque e Abede-Nego, caíram atados dentro do forno de fogo ardente.
24 Então, o rei Nabucodonosor se espantou e se levantou depressa; falou e disse aos seus capitães: Não lançamos nós três homens atados dentro do fogo? Responderam e disseram ao rei: É verdade, ó rei.
25 Respondeu e disse: Eu, porém, vejo quatro homens soltos, que andam passeando dentro do fogo, e nada há de lesão neles; e o aspecto do quarto é semelhante ao filho dos deuses.
26 Então, se chegou Nabucodonosor à porta do forno de fogo ardente; falou e disse: Sadraque, Mesaque e Abede-Nego, servos do Deus Altíssimo, saí e vinde! Então, Sadraque, Mesaque e Abede-Nego saíram do meio do fogo.
27 E ajuntaram-se os sátrapas, e os prefeitos, e os presidentes, e os capitães do rei, contemplando estes homens, e viram que o fogo não tinha tido poder algum sobre os seus corpos; nem um só cabelo da sua cabeça se tinha queimado, nem as suas capas se mudaram, nem cheiro de fogo tinha passado sobre eles.
28 Falou Nabucodonosor e disse: Bendito seja o Deus de Sadraque, Mesaque e Abede-Nego, que enviou o seu anjo e livrou os seus servos, que confiaram nele, pois não quiseram cumprir a palavra do rei, preferindo entregar os seus corpos, para que não servissem nem adorassem algum outro deus, senão o seu Deus.
29 Por mim, pois, é feito um decreto, pelo qual todo povo, nação e língua que disser blasfêmia contra o Deus de Sadraque, Mesaque e Abede-Nego seja despedaçado, e as suas casas sejam feitas um monturo; porquanto não há outro deus que possa livrar como este.
30 Então, o rei fez prosperar a Sadraque, Mesaque e Abede-Nego, na província de Babilônia.
Daniel capítulo 3