Daniel escreveu o seu livro, que contem narrações de ordem histórica e profecias notáveis, aproximadamente no ano 530 AC..
Ele nasceu ao redor do ano 622 A.C. de família nobre no reino de Judá, durante o reinado do bom rei Josias. Treze anos mais tarde Jeoaquim, filho de Josias, foi colocado no trono pelo faraó Neco, e quatro anos depois a terra foi invadida por Nabucodonosor, rei da Babilônia, que subjugou Jeoaquim.
Tendo forçado Jeoaquim a prometer lealdade, ele voltou para a Babilônia levando consigo alguns cativos, e utensílios da Casa do SENHOR, para uso no seu próprio templo. Entre os cativos estavam Daniel (Deus é meu juiz), Hananias (0 SENHOR demonstra graça), Misael (Quem é o que Deus é?), e Azarias (Aquele a quem o SENHOR ajuda).
Eles haviam sido escolhidos especialmente por causa da sua perfeição, boa aparência e instrução, doutos em ciência, versados no conhecimento e competentes para assistirem no palácio do rei. Daniel teria então uns dezessete anos de idade. A eles foi determinado que aprendessem a cultura e a língua dos caldeus durante três anos, para depois servirem ao rei. Nabucodonozor determinou também a sua ração diária, das finas iguarias da mesa real e do vinho que ele bebia.
O chefe dos eunucos tinha a responsabilidade por Daniel e seus companheiros, incluindo seu ensino e alimentação. Imediatamente ele mudou os seus nomes, talvez para torná-los mais babilônios: Daniel mudou para Beltessazar (Bel proteja a sua vida), Hananias para Sadraque (Ordem de Aku (deus da lua)), Misael para Mesaque (Quem é o que Aku é?) e Azarias para Abede-Nego (servo de Nebo).
Daniel parece ter sido quem mais se destacava dos quatro, e ele era fiel ao SENHOR e obediente aos seus estatutos. Aos judeus era proibido comer certas carnes chamadas imundas, mas no palácio real não havia as mesmas restrições. O vinho era bebida forte, enquanto que os judeus evitavam o excesso de álcool.
Provavelmente o que ia para a mesa real também passava por um ritual idólatra. Talvez por isso Daniel decidiu firmemente não comer as iguarias do rei, nem beber o seu vinho, e foi pedir ao chefe dos eunucos permissão para abster-se daquela comida e bebida.
O chefe dos eunucos poderia naquele tempo facilmente ser condenado à pena de morte por qualquer desobediência às ordens reais, especialmente se a desobediência viesse a prejudicar a saúde ou o treinamento dos jovens a ele confiados. Mas Deus interferiu e fez com que tivesse misericórdia e compreensão. Ele tacitamente permitiu que Daniel tivesse uma conversa com o cozinheiro-chefe responsável pela alimentação.
Aceitando uma sugestão de Daniel, o cozinheiro-chefe concordou em mudar o cardápio dos quatro, substituindo as iguarias por legumes e o vinho por água, por um período experimental de dez dias. Ao fim deste prazo, eles estavam com melhor aparência e estavam mais robustos do que todos os outros jovens que comiam o cardápio real. Com isto o cozinheiro-chefe tirou deles as finas iguarias e o vinho que deviam beber, e lhes dava legumes.
Deus continuou a abençoar esses jovens e lhes deu o conhecimento e a inteligência em toda cultura e sabedoria. A Daniel, ainda, deu inteligência de todas as visões e sonhos.
Terminado o prazo determinado pelo rei (três anos) ele foram trazidos perante Nabucodonozor, junto com os demais jovens que estavam sendo treinados. Eles foram aprovados brilhantemente, melhor que todos os outros, e por isso passaram a assistir diante do rei.
Tal era a sua sabedoria e inteligência, que o rei julgou que eram dez vezes mais doutos do que todos os magos e encantadores que havia em todo o seu reino. Tendo tal gabarito, sem dúvida ele lhes deu cargos dos mais importantes em seu governo.
Lemos que Daniel continuou até o primeiro ano do rei Ciro: isso não significa que morreu, pois estava ainda vivo nos dias de Dario - 521 AC. - que o sucedeu (Daniel 11:1).
Ele viveu, portanto, 101 anos, cobrindo todo o período de setenta anos que durou o exílio do povo, mas não voltou ele próprio à sua terra.
Os setenta anos em que as nações serviriam ao rei da Babilônia e os israelitas ficariam em exílio foram profetizados por Jeremias (25:11).
Segundo a maioria dos interpretes, eles se iniciam com o primeiro cativeiro em que Daniel participou, em 605 AC., terminando portanto em 535 AC. após o decreto de Ciro, de que lemos em Esdras 1:1.
1 No ano terceiro do reinado de Jeoaquim, rei de Judá, veio Nabucodonosor, rei da Babilônia, a Jerusalém e a sitiou.
2 E o Senhor entregou nas suas mãos a Jeoaquim, rei de Judá, e uma parte dos utensílios da Casa de Deus, e ele os levou para a terra de Sinar, para a casa do seu deus, e pôs os utensílios na casa do tesouro do seu deus.
3 E disse o rei a Aspenaz, chefe dos seus eunucos, que trouxesse alguns dos filhos de Israel, e da linhagem real, e dos nobres,
4 jovens em quem não houvesse defeito algum, formosos de aparência, e instruídos em toda a sabedoria, e sábios em ciência, e entendidos no conhecimento, e que tivessem habilidade para viver no palácio do rei, a fim de que fossem ensinados nas letras e na língua dos caldeus.
5 E o rei lhes determinou a ração de cada dia, da porção do manjar do rei e do vinho que ele bebia, e que assim fossem criados por três anos, para que no fim deles pudessem estar diante do rei.
6 E entre eles se achavam, dos filhos de Judá, Daniel, Hananias, Misael e Azarias.
7 E o chefe dos eunucos lhes pôs outros nomes, a saber: a Daniel pôs o de Beltessazar, e a Hananias, o de Sadraque, e a Misael, o de Mesaque, e a Azarias, o de Abede-Nego.
8 E Daniel assentou no seu coração não se contaminar com a porção do manjar do rei, nem com o vinho que ele bebia; portanto, pediu ao chefe dos eunucos que lhe concedesse não se contaminar.
9 Ora, deu Deus a Daniel graça e misericórdia diante do chefe dos eunucos.
10 E disse o chefe dos eunucos a Daniel: Tenho medo do meu senhor, o rei, que determinou a vossa comida e a vossa bebida; por que veria ele os vossos rostos mais tristes do que os dos jovens que são vossos iguais? Assim, arriscareis a minha cabeça para com o rei.
11 Então, disse Daniel ao despenseiro a quem o chefe dos eunucos havia constituído sobre Daniel, Hananias, Misael e Azarias:
12 Experimenta, peço-te, os teus servos dez dias, fazendo que se nos dêem legumes a comer e água a beber.
13 Então, se veja diante de ti a nossa aparência e a aparência dos jovens que comem a porção do manjar do rei, e, conforme vires, te hajas com os teus servos.
14 E ele conveio nisso e os experimentou dez dias.
15 E, ao fim dos dez dias, pareceram os seus semblantes melhores; eles estavam mais gordos do que todos os jovens que comiam porção do manjar do rei.
16 Desta sorte, o despenseiro tirou a porção do manjar deles e o vinho que deviam beber e lhes dava legumes.
17 Ora, a esses quatro jovens Deus deu o conhecimento e a inteligência em todas as letras e sabedoria; mas a Daniel deu entendimento em toda visão e sonhos.
18 E, ao fim dos dias em que o rei tinha dito que os trouxessem, o chefe dos eunucos os trouxe diante de Nabucodonosor.
19 E o rei falou com eles; e entre todos eles não foram achados outros tais como Daniel, Hananias, Misael e Azarias; por isso, permaneceram diante do rei.
20 E em toda matéria de sabedoria e de inteligência, sobre que o rei lhes fez perguntas, os achou dez vezes mais doutos do que todos os magos ou astrólogos que havia em todo o seu reino.
21 E Daniel esteve até ao primeiro ano do rei Ciro.
Daniel capítulo 1