Elifaz, Bildade e Zofar desistiram de argumentar com Jó, porque ele não admitiria qualquer irregularidade. Não havia resposta ao que ele disse.
Eliú era muito mais jovem que os outros, e tinha estado ouvindo os discursos. Percebendo o silêncio, declarou-se irritado com todos eles. Contra Jó, porque ele justificou-se a si próprio, em vez de Deus, e os outros porque não deram resposta depois de ter condenado Jó.
Embora a princípio receara entrar em argumentação com os mais idosos, Eliú percebeu que nem todos os grandes homens são sábios, nem os homens mais velhos entendem, necessariamente, o que é reto.
Eliú reconheceu que somente a inspiração (“o sopro”) do Todo Poderoso poderia dar entendimento ao homem. Isto significava que há apenas uma autoridade certa, e que é a Palavra de Deus.
Eliú estava preparando o caminho para Deus responder. Embora ele próprio não tivesse realmente a resposta, reconheceu que estes homens também não a tinham. Mas precisava falar para aliviar sua mente.
Eliú declarou que desejava sinceramente ser útil, que tinha um coração reto, conhecimento puro, devia sua vida a Deus, que poderia ser um intermediário para Jó e Jó não precisava temer um homem como ele.
Eliú tinha prestado atenção ao que tinha sido dito antes, e tinha ouvido Jó dizer que se considerava inocente e achara falta em Deus por causa da sua inimizade. Repreendeu Jó dizendo que Deus é maior do que o homem e não é responsável ao homem. Jó precisava compreender que Deus não tinha que prestar contas pelos Seus atos.
Naqueles dias, quando a Palavra de Deus ainda não havia sido dada ao homem na sua totalidade, como temos agora, Deus falava às pessoas por meio de visões e sonhos. Eliú tinha lembrado Jó disto.
Agora não precisamos confiar em qualquer sonho que tenhamos para esse fim, mas há uma pequena possibilidade que Deus ainda fala desta forma para os que não tenham sido alcançados pela Sua palavra em lugares distantes.
A disciplina de Deus é tão real hoje como era para o Seu povo naqueles dias. Eliú falou de sua realidade e do seu propósito em livrar as almas dos homens de "ir para a cova" e em trazer a luz para a sua vida.
Quando a doença está prestes a acabar com a vida de um homem, se “houver um anjo, um intérprete, um entre mil, para declarar ao homem o que lhe é justo” (v. 23), Deus será misericordioso com ele e lhe fornecerá um resgate. Isso faz com que o homem se volte para Deus e reconheça o seu próprio pecado. Vai então recuperar a saúde e poderá orar a Deus, “que lhe será propício, e o fará ver a sua face com júbilo, e restituirá ao homem a sua justiça” (v.26).
Eliú assim descreveu o funcionamento do Evangelho de Jesus Cristo de forma bem precisa para aqueles dias.
Jó capítulo 32
1 E aqueles três homens cessaram de responder a Jó; porque era justo aos seus próprios olhos.
2 Então se acendeu a ira de Eliú, filho de Baraquel, o buzita, da família de Rão; acendeu-se a sua ira contra Jó, porque este se justificava a si mesmo, e não a Deus.
3 Também contra os seus três amigos se acendeu a sua ira, porque não tinham achado o que responder, e contudo tinham condenado a Jó.
4 Ora, Eliú havia esperado para falar a Jó, porque eles eram mais idosos do que ele.
5 Quando, pois, Eliú viu que não havia resposta na boca daqueles três homens, acendeu-se-lhe a ira.
6 Então respondeu Eliú, filho de Baraquel, o buzita, dizendo: Eu sou de pouca idade, e vós sois, idosos; arreceei-me e temi de vos declarar a minha opinião.
7 Dizia eu: Falem os dias, e a multidão dos anos ensine a sabedoria.
8 Há, porém, um espírito no homem, e o sopro do Todo-Poderoso o faz entendido.
9 Não são os velhos que são os sábios, nem os anciãos que entendem o que é reto.
10 Pelo que digo: Ouvi-me, e também eu declararei a minha opinião.
11 Eis que aguardei as vossas palavras, escutei as vossas considerações, enquanto buscáveis o que dizer.
12 Eu, pois, vos prestava toda a minha atenção, e eis que não houve entre vós quem convencesse a Jó, nem quem respondesse às suas palavras;
13 pelo que não digais: Achamos a sabedoria; Deus é que pode derrubá-lo, e não o homem.
14 Ora ele não dirigiu contra mim palavra alguma, nem lhe responderei com as vossas palavras.
15 Estão pasmados, não respondem mais; faltam-lhes as palavras.
16 Hei de eu esperar, porque eles não falam, porque já pararam, e não respondem mais?
17 Eu também darei a minha resposta; eu também declararei a minha opinião.
18 Pois estou cheio de palavras; o espírito dentro de mim me constrange.
19 Eis que o meu peito é como o mosto, sem respiradouro, como odres novos que estão para arrebentar.
20 Falarei, para que ache alívio; abrirei os meus lábios e responderei:
21 Que não faça eu acepção de pessoas, nem use de lisonjas para com o homem.
22 Porque não sei usar de lisonjas; do contrário, em breve me levaria o meu Criador.
Jó capítulo 33
1 Ouve, pois, as minhas palavras, ó Jó, e dá ouvidos a todas as minhas declaraçoes.
2 Eis que já abri a minha boca; já falou a minha língua debaixo do meu paladar.
3 As minhas palavras declaram a integridade do meu coração, e os meus lábios falam com sinceridade o que sabem.
4 O Espírito de Deus me fez, e o sopro do Todo-Poderoso me dá vida.
5 Se podes, responde-me; põe as tuas palavras em ordem diante de mim; apresenta-te.
6 Eis que diante de Deus sou o que tu és; eu também fui formado do barro.
7 Eis que não te perturbará nenhum medo de mim, nem será pesada sobre ti a minha mão.
8 Na verdade tu falaste aos meus ouvidos, e eu ouvi a voz das tuas palavras. Dizias:
9 Limpo estou, sem transgressão; puro sou, e não há em mim iniqüidade.
10 Eis que Deus procura motivos de inimizade contra mim, e me considera como o seu inimigo.
11 Põe no tronco os meus pés, e observa todas as minhas veredas.
12 Eis que nisso não tens razão; eu te responderei; porque Deus e maior do que o homem.
13 Por que razão contendes com ele por não dar conta dos seus atos?
14 Pois Deus fala de um modo, e ainda de outro se o homem não lhe atende.
15 Em sonho ou em visão de noite, quando cai sono profundo sobre os homens, quando adormecem na cama;
16 então abre os ouvidos dos homens, e os atemoriza com avisos,
17 para apartar o homem do seu desígnio, e esconder do homem a soberba;
18 para reter a sua alma da cova, e a sua vida de passar pela espada.
19 Também é castigado na sua cama com dores, e com incessante contenda nos seus ossos;
20 de modo que a sua vida abomina o pão, e a sua alma a comida apetecível.
21 Consome-se a sua carne, de maneira que desaparece, e os seus ossos, que não se viam, agora aparecem.
22 A sua alma se vai chegando à cova, e a sua vida aos que trazem a morte.
23 Se com ele, pois, houver um anjo, um intérprete, um entre mil, para declarar ao homem o que lhe é justo,
24 então terá compaixão dele, e lhe dirá: Livra-o, para que não desça à cova; já achei resgate.
25 Sua carne se reverdecerá mais do que na sua infância; e ele tornará aos dias da sua juventude.
26 Deveras orará a Deus, que lhe será propício, e o fará ver a sua face com júbilo, e restituirá ao homem a sua justiça.
27 Cantará diante dos homens, e dirá: Pequei, e perverti o direito, o que de nada me aproveitou.
28 Mas Deus livrou a minha alma de ir para a cova, e a minha vida verá a luz.
29 Eis que tudo isto Deus faz duas e três vezes para com o homem,
30 para reconduzir a sua alma da cova, a fim de que seja iluminado com a luz dos viventes.
31 Escuta, pois, ó Jó, ouve-me; cala-te, e eu falarei.
32 Se tens alguma coisa que dizer, responde-me; fala, porque desejo justificar-te.
33 Se não, escuta-me tu; cala-te, e ensinar-te-ei a sabedoria.