E, passadas essas coisas, no reinado de Artaxerxes, rei da Pérsia, Esdras, filho de Seraías … subiu de Babilônia. Isto foi em 458 AC.
Recapitulando, a inauguração do templo em Jerusalém de que trata o capítulo anterior havia-se realizado em 516 AC, e neste intervalo de 58 anos, registramos os seguintes acontecimentos:
Em 486 AC Assuero, ou Xerxes, assumiu o trono da Pérsia
" ....479 AC Ester se tornou rainha
".....474 AC Hamã decretou a destruição dos judeus
" ....473 AC Foi celebrada a primeira festa de Purim
" ....465 AC Artaxerxes I assumiu o trono da Pérsia
A partir de 473 AC o judeu Mardoqueu passou a ser "o segundo depois do rei Assuero, e grande para com os judeus, e agradável para com a multidão de seus irmãos, procurando o bem do seu povo e trabalhando pela prosperidade de toda a sua nação." (Ester 10:3).
A sua influência foi grande, especialmente na sede do governo persa em Susã pois "as obras do seu poder e do seu valor e a declaração da grandeza de Mardoqueu, a quem o rei engrandeceu, foram escritas no livro das crônicas dos reis da Média e da Pérsia" (Ester 10:2)
Não existe, ao que se saiba, qualquer informação a respeito da sua morte, mas é bem provável que teria acontecido ao redor do tempo em que Artaxerxes I assumiu o trono.
Artaxerxes I era filho de Xerxes (Assuero). Ele teria tido oportunidade de ouvir bastante sobre o Deus do céu, como ele O chamou na carta que deu a Esdras, tanto de Mardoqueu como do próprio Esdras.
Esdras sem dúvida tinha uma posição de destaque entre os judeus em Susã por causa do seu profundo conhecimento da Lei de Deus e sua descendência de Arão.
O nome de Esdras não aparece nos capítulos anteriores deste livro, e em vista do grande intervalo desde o fim do capítulo anterior (58 anos) somos levados a considerar a probabilidade que esta foi a primeira vez que Esdras foi a Jerusalém, caso contrário ele já estaria com cerca de 100 anos de idade.
Esdras nos dá detalhes da sua linhagem, mostrando sua descendência desde Arão, portanto com pleno direito de exercer o sacerdócio.
Esdras havia decidido aprender a Lei do SENHOR, a fim de cumpri-la e ensiná-la aos demais judeus. Ele se tornou num escriba hábil na lei de Moisés, o que é equivalente a um jurista em nossos dias. Esta é a ordem certa para agradar a Deus: aprender a Sua Palavra, a fim de cumpri-la em nossa vida, e de ensiná-la aos outros podendo dar seu próprio exemplo para eles seguirem.
Em seu tempo, Esdras dispunha dos cinco livros de Moisés, bem como do livro de Josué, e de outros livros contendo crônicas de Samuel, dos reis, da maioria dos profetas, e de Daniel. É até possível que, inspirado pelo Espírito Santo, ele tenha compilado como editor os livros que agora temos, com base naqueles livros e nas crônicas.
Esdras se dispôs em seguida a deixar a posição confortável e privilegiada em que se encontrava a fim de ir até Jerusalém para fazer o povo obedecer à lei de Deus, levando consigo todos os judeus que quisessem voltar para a terra dos seus ancestrais. Seria como um missionário em nossos dias.
De tal forma ele se destacava que Artaxerxes I lhe deu tudo quanto lhe pedira quando saiu na sua viagem da Babilônia até Jerusalém, liderando um grupo de cerca de 2 mil judeus que retornavam do exílio, em viagem que levou quatro meses.
O decreto do rei era necessário para que esse número grande de pessoas pudesse sair de suas cidades e ter trânsito livre para o ocidente até Jerusalém, através das províncias da Babilônia. Seria um passaporte em caso de encontrarem alguma oposição.
O rei Artaxerxes outorgou grandes poderes a Esdras na carta que vemos copiada aqui. Desdobramos como segue:
1. É dirigida ao sacerdote Esdras, escriba da Lei do Deus do céu.
2. É decretado que todo o israelita que quiser ir com ele a Jerusalém, vá.
3. Esdras é incumbido de:
Verificar se tudo está sendo feito de acordo com a lei de Moisés em Judá e em Jerusalém.
Levar com ele a prata e o ouro voluntariamente dedicado pelo rei e os seus sete conselheiros ao Deus de Israel, toda a prata e todo o ouro que achasse em toda a província de Babilônia, bem como as ofertas voluntárias para o templo em Jerusalém feitas pelo povo e pelos sacerdotes.
Com esse dinheiro comprar animais, e outras coisas para as ofertas de manjares e libações, para oferecê-los sobre o altar no templo em Jerusalém
Fazer com o resto do dinheiro o que bem lhes parecesse segundo a vontade de Deus.
Restituir ao templo os utensílios que lhe foram dados para esse fim.
Tirar dos tesouros do rei o resto do que fosse necessário para o templo.
4. Todos os tesoureiros situados além do rio Eufrates são obrigados a dar a Esdras tudo o que ele pedir, dentro de certos limites.
5. Que prontamente se faça para o templo tudo o que se ordenar segundo o mandado do Deus do céu.
6. Ficam isentos da imposição de direito, antigo tributo ou renda todos os sacerdotes, levitas, cantores, porteiros, servos e ministros do templo.
7. Esdras deverá estabelecer um sistema judiciário sobre todo o povo que está além do rio (Eufrates), fazendo saber as leis de Deus aos que não as sabem. Todo aquele que não observar a lei cumprirá a pena nela determinada, seja morte, degredo, multa ou prisão.
Vemos aqui o que parece ser a primeira vez que um governo gentílico isenta de impostos os que se dedicam ao trabalho de Deus, sem dúvida reconhecendo o valor do trabalho que fazem em benefício do povo.
Isto tudo Artaxerxes comandou por causa do temor que tinha do Deus de Israel, para que não houvesse grande ira sobre o reino do rei e de seus filhos.
Os versículos 27 e 28 foram acrescentados por Esdras. Ele reconhece que foi Deus que "inspirou ao coração do rei, para ornarmos a Casa do SENHOR, que está em Jerusalém". Deus pode mudar o coração de um rei (Provérbios 21:1).
Quando estivermos enfrentando os desafios desta vida, lembremos que Deus pode remover as maiores dificuldades, e trabalhemos com diligência e perseverança sabendo que Ele tem a supervisão geral e a suprema autoridade.
Tendo obtido sucesso, lembremos também de agradecê-lo com ações de graça e louvor demonstrando o nosso reconhecimento ao fato que dele veio a vitória.
Esdras louvou a Deus por tudo o que Deus havia feito para ele e através dele. Durante toda a sua vida, Esdras tinha honrado a Deus e aprouve a Deus honrá-lo agora.
Esdras poderia ter assumido que as suas próprias qualidades e grandeza tinham conquistado a estima e a confiança do rei e dos seus sete conselheiros, mas ele deu a glória a Deus. Também nós devemos agradecer a Deus pelo nosso sucesso e não pensar que é devido aos nossos méritos pessoais.
1 E, passadas essas coisas, no reinado de Artaxerxes, rei da Pérsia, Esdras, filho de Seraías, filho de Azarias, filho de Hilquias,
2 filho de Salum, filho de Zadoque, filho de Aitube,
3 filho de Amarias, filho de Azarias, filho de Meraiote,
4 filho de Zeraías, filho de Uzi, filho de Buqui,
5 filho de Abisua, filho de Finéias, filho de Eleazar, filho de Arão, o sumo sacerdote,
6 este Esdras subiu de Babilônia; e era escriba hábil na Lei de Moisés, dada pelo SENHOR, Deus de Israel; e, segundo a mão do SENHOR, seu Deus, que estava sobre ele, o rei lhe deu tudo quanto lhe pedira.
7 Também subiram a Jerusalém alguns dos filhos de Israel, e dos sacerdotes, e dos levitas, e dos cantores, e dos porteiros, e dos netineus, no ano sétimo do rei Artaxerxes.
8 E, no mês quinto, veio ele a Jerusalém; e era o sétimo ano desse rei;
9 porque, no primeiro dia do primeiro mês, foi o princípio da sua subida de Babilônia; e, no primeiro dia do quinto mês, chegou a Jerusalém, segundo a boa mão do seu Deus sobre ele.
10 Porque Esdras tinha preparado o seu coração para buscar a Lei do SENHOR, e para a cumprir, e para ensinar em Israel os seus estatutos e os seus direitos.
11 Esta é, pois, a cópia da carta que o rei Artaxerxes deu ao sacerdote Esdras, o escriba das palavras, dos mandamentos do SENHOR e dos seus estatutos sobre Israel:
12 Artaxerxes, rei dos reis, ao sacerdote Esdras, escriba da Lei do Deus do céu, paz perfeita!
13 Por mim se decreta que, no meu reino, todo aquele do povo de Israel e dos seus sacerdotes e levitas que quiser ir contigo a Jerusalém, vá.
14 Porquanto da parte do rei e dos seus sete conselheiros és mandado, para fazeres inquirição em Judá e em Jerusalém, conforme a Lei do teu Deus, que está na tua mão;
15 e para levares a prata e o ouro que o rei e os seus conselheiros voluntariamente deram ao Deus de Israel, cuja habitação está em Jerusalém;
16 e toda a prata e o ouro que achares em toda a província de Babilônia, com as ofertas voluntárias do povo e dos sacerdotes, que voluntariamente oferecerem, para a Casa de seu Deus, que está em Jerusalém.
17 Portanto, comprarás com este dinheiro novilhos, carneiros, cordeiros, com as suas ofertas de manjares e as suas libações e oferece-as sobre o altar da Casa do vosso Deus, que está em Jerusalém.
18 Também o que a ti e a teus irmãos bem parecer fazerdes do resto da prata e do ouro, o fareis conforme a vontade do vosso Deus.
19 E os utensílios que te foram dados para o serviço da Casa de teu Deus, restitui-os perante o Deus de Jerusalém.
20 E o resto do que for necessário para a Casa de teu Deus, que te convenha dar, o darás da casa dos tesouros do rei.
21 E por mim mesmo, o rei Artaxerxes, se decreta a todos os tesoureiros que estão dalém do rio que tudo quanto vos pedir o sacerdote Esdras, escriba da Lei do Deus dos céus, apressuradamente se faça.
22 Até cem talentos de prata, e até cem coros de trigo, e até cem batos de vinho, e até cem batos de azeite, e sal sem conta.
23 Tudo quanto se ordenar, segundo o mandado do Deus do céu, prontamente se faça para a Casa do Deus dos céus, porque para que haveria grande ira sobre o reino do rei e de seus filhos?
24 Também vos fazemos saber acerca de todos os sacerdotes, levitas, cantores, porteiros, netineus e ministros desta Casa de Deus que se lhes não possa impor nem direito, nem antigo tributo, nem renda.
25 E tu, Esdras, conforme a sabedoria do teu Deus, que está na tua mão, põe regedores e juízes que julguem a todo o povo que está dalém do rio, a todos os que sabem as leis de teu Deus, e ao que as não sabe as fareis saber.
26 E todo aquele que não observar a lei do teu Deus e a lei do rei, logo se faça justiça dele, quer seja morte, quer degredo, quer multa sobre os seus bens, quer prisão.
27 Bendito seja o SENHOR, Deus de nossos pais, que tal inspirou ao coração do rei, para ornarmos a Casa do SENHOR, que está em Jerusalém;
28 e que estendeu para mim a sua beneficência perante o rei, e os seus conselheiros, e todos os príncipes poderosos do rei. Assim, me esforcei, segundo a mão do SENHOR sobre mim, e ajuntei dentre Israel alguns chefes para subirem comigo.