Esdras (Ajuda) foi um sacerdote e escriba que liderou a segunda grande emigração do povo israelita a Jerusalém no reinado do rei Artaxerxes, no ano 458 a.C. estando ainda ali quando Neemias foi para lá (Neemias 12:1, 26).
Ele escreveu este livro, que também contém compilações dele de relatórios e documentos em sua época, escritos em aramaico, que era a língua internacional usada no império da Babilônia. Filho, ou neto, do sumo-sacerdote Seraías (2 Reis 25:18-21), Esdras era descendente de Arão (Esdras 7:1-5).
Esdras era escriba versado na lei de Moisés, dada pelo SENHOR Deus de Israel, e tinha disposto o coração para buscar a lei do SENHOR e para ensinar em Israel os seus estatutos e os seus juízos (Esdras 7:6 e 10). A primeira e única menção de um púlpito na Bíblia se encontra no ministério de Esdras (Neemias 8:4).
O livro de Esdras nos dá um relatório conciso sobre a volta do povo israelita do cativeiro da Babilônia para a sua terra, começando pela primeira grande emigração sob a liderança de Zorobabel.
Ele menciona apenas os fatos, praticamente sem entrar em considerações de ordem didática. Inclui muitos documentos de origem "secular" que o Espirito Santo fez com que passassem a fazer parte das Escrituras Sagradas, como mostramos a seguir, em número de versículos:
Registros: 111
Narração: 109
Cartas: 44
Oração: 10
Proclamação: 3
Extrato: 3
Total: 280 versículos
Em 538 AC, o rei Ciro, o persa, assumiu o reino da Babilônia após a morte do seu tio, Dario o medo (Daniel 6:28). Isaías já havia profetizado a respeito de Dario cerca de 200 anos antes (Isaías 44:28-45:13), onde ele é chamado de "ungido do SENHOR".
Em seu primeiro ano Ciro foi despertado pelo SENHOR para passar pregão por todo o seu reino, também por escrito, declarando que o SENHOR o Rei dos céus, o havia encarregado de lhe edificar uma casa em Jerusalém, em Judá. Ciro reconhece aqui que foi o SENHOR que lhe deu todos os reinos da terra, e aceita ordens dEle.
A expressão Deus dos céus é usada por Esdras, Neemias e Daniel, não ocorrendo em nenhum dos livros da Bíblia escritos antes deles, exceto em Gênesis 24:3,7 e Salmo 136:26. Isso porque esses três escritores viveram durante o tempo em que não havia templo em Jerusalém, para habitação do SENHOR entre os querubins (Ezequiel teve uma visão da partida da Sua glória).
Ciro tipifica Cristo, como ungido de Deus para permitir ao remanescente do Seu povo voltar para a terra prometida. Daniel era o seu primeiro ministro e sem dúvida levou esse poderoso rei ao conhecimento do Deus vivo e verdadeiro, assim como fez com o seu antecessor Dario e anos antes com Nabucodonozor.
Estava chegando a hora de se cumprir a profecia feita por Jeremias em cerca de 586 AC (Jeremias 29:10), segundo a qual o povo voltaria do cativeiro na Babilônia setenta anos depois do início desse cativeiro. Essa profecia se cumpriu de duas formas:
A partir da data em que os primeiros cativos foram levados à Babilônia (605 AC) até 535 AC quando foram lançados os alicerces do novo templo em Jerusalém.
A partir da data da queda de Jerusalém (586 AC) até a inauguração do novo templo em 516 AC.
Ciro convidou todo o povo de Israel a ir até Jerusalém para construir o templo, e ordenou que os outros povos contribuíssem com metais preciosos, fazenda e animais, alem de dádivas voluntárias para a Casa de Deus em Jerusalém, aos que não fossem - a intenção, sem dúvida, era que estes os passariam aos que fossem para restaurar o templo.
Só uma pequena parte do povo, em número de 49.697 (cap. 2:64-65) resolveu sair de onde estava instalado e voltar para Jerusalém para construir o templo. Muitos talvez tivessem boas razoes para não ir, como Daniel com a sua idade avançada. Mas a maioria, das novas gerações, teriam se acomodado e prosperado em outras terras e não tinham mais qualquer vontade de voltar à terra dos seus antepassados, devastada pelas guerras, com seus edifícios em ruínas.
Mas os que ficaram deram ajuda material aos que foram. Esse mesmo princípio é aplicável na vida cristã: nem todos os crentes foram chamados para sair das suas atividades seculares para se dedicarem em tempo integral à obra do Senhor, mas os que ficam têm responsabilidade de colaborar com os que saem, em oração, em ajuda material, e em encorajamento.
Os que voltaram para Jerusalém eram principalmente os que tinham maior responsabilidade espiritual entre o povo: os chefes das tribos de Judá e Benjamim, os sacerdotes, e os levitas. Com eles foram todos os que sentiram o chamado de Deus para reedificar o templo.
Além daquilo que receberam como donativo dos outros povos como resultado da proclamação de Ciro, ele próprio lhes devolveu os objetos de metal precioso que Nabucodonozor havia tornado do antigo templo em Jerusalém: 5.400 utensílios de ouro e de prata.
Este tesouro foi entregue nas mãos de um príncipe de Judá chamado Sesbazar: este é um nome babilônico significando "deus-sol, defenda o senhor", provavelmente dado pelos babilônios a Zorobabel, nome hebraico que significa "semente da Babilônia" e que foi o principal líder da expedição e do trabalho de reconstrução.
Temos no capítulo 2 uma lista das famílias (v. 3-20) e uma dos cidadãos de cidades (v. 21-35) que se aproveitaram do decreto de Ciro para voltar, bem como de sacerdotes (v. 36-39) e levitas (40-42), servidores do templo, ou descendentes dos gibeonitas (43-54, cf. Josué 9) e descendentes dos servos, ou prisioneiros de guerra, de Salomão (55-58).
É de se notar que somente 74 levitas decidiram voltar, comparados com 4.289 sacerdotes, possivelmente devido à posição inferior que ocupavam em relação aos sacerdotes. Alguns dos que foram quiseram ser reconhecidos como sacerdotes, mas não tinham os seus nomes registrados nos livros genealógicos, sendo-lhes então vedado o exercício do sacerdócio bem como participação dos alimentos sagrados.
O governador (Zerubabel) mandou que aguardassem a chegada de um sacerdote com o Urim e Tumim, (Luzes e Perfeições): estas eram, possivelmente, duas pedras que se colocavam dentro do peitoral do sumo sacerdote, podendo ser usadas para determinar a vontade de Deus mediante sorteio.
Em Neemias 7 encontramos uma lista semelhante a essa, com algumas pequenas diferenças nas classificações, mas com igual numero total de 49.697, composto de 42.360 israelitas e 7.337 servos e servas. Neste numero Esdras inclui 200 cantores enquanto Neemias inclui 245.
Ao chegarem a Jerusalém, alguns dos chefes das famílias também contribuíram com ouro, prata e vestes sacerdotais, conforme as suas posses, para a reconstrução da casa do SENHOR. Em seguida o povo foi habitar em suas próprias cidades.
Capítulo 1:
1 No primeiro ano de Ciro, rei da Pérsia (para que se cumprisse a palavra do SENHOR, por boca de Jeremias), despertou o SENHOR o espírito de Ciro, rei da Pérsia, o qual fez passar pregão por todo o seu reino, como também por escrito, dizendo:
2 Assim diz Ciro, rei da Pérsia: O SENHOR, Deus dos céus, me deu todos os reinos da terra; e ele me encarregou de lhe edificar uma casa em Jerusalém, que é em Judá.
3 Quem há entre vós, de todo o seu povo, seja seu Deus com ele, e suba a Jerusalém, que é em Judá, e edifique a Casa do SENHOR, Deus de Israel; ele é o Deus que habita em Jerusalém.
4 E todo aquele que ficar em alguns lugares em que andar peregrinando, os homens do seu lugar o ajudarão com prata, e com ouro, e com fazenda, e com gados, afora as dádivas voluntárias para a Casa de Deus, que habita em Jerusalém.
5 Então, se levantaram os chefes dos pais de Judá e Benjamim, e os sacerdotes, e os levitas, com todos aqueles cujo espírito Deus despertou, para subirem a edificar a Casa do SENHOR, que está em Jerusalém.
6 E todos os que habitavam nos arredores lhes confortaram as mãos com objetos de prata, e com ouro, e com fazenda, e com gados, e com coisas preciosas, afora tudo o que voluntariamente se deu.
7 Também o rei Ciro tirou os utensílios da Casa do SENHOR, que Nabucodonosor tinha trazido de Jerusalém e que tinha posto na casa de seus deuses.
8 Estes tirou Ciro, rei da Pérsia, pela mão de Mitredate, o tesoureiro, que os deu por conta a Sesbazar, príncipe de Judá.
9 E este é o número deles: trinta bacias de ouro, mil bacias de prata, vinte e nove facas,
10 trinta taças de ouro, quatrocentas e dez taças de prata doutra espécie e mil outros objetos.
11 Todos os utensílios de ouro e de prata foram cinco mil e quatrocentos; todos estes levou Sesbazar, quando os do cativeiro subiram de Babilônia para Jerusalém.
Capítulo 2:
1 Estes são os filhos da província que subiram do cativeiro, dos transportados que Nabucodonosor, rei de Babilônia, tinha levado para Babilônia, e tornaram a Jerusalém e a Judá, cada um para a sua casa,
2 os quais vieram com Zorobabel, Jesua, Neemias, Seraías, Reelaías, Mardoqueu, Bilsã, Mispar, Bigvai, Reum e Baaná. O número dos homens do povo de Israel:
3 os filhos de Parós, dois mil cento e setenta e dois.
4 Os filhos de Sefatias, trezentos e setenta e dois.
5 Os filhos de Ará, setecentos e setenta e cinco.
6 Os filhos de Paate-Moabe, dos filhos de Jesua-Joabe, dois mil oitocentos e doze.
7 Os filhos de Elão, mil duzentos e cinqüenta e quatro.
8 Os filhos de Zatu, novecentos e quarenta e cinco.
9 Os filhos de Zacai, setecentos e sessenta.
10 Os filhos de Bani, seiscentos e quarenta e dois.
11 Os filhos de Bebai, seiscentos e vinte e três.
12 Os filhos de Azgade, mil duzentos e vinte e dois.
13 Os filhos de Adonicão, seiscentos e sessenta e seis.
14 Os filhos de Bigvai, dois mil e cinqüenta e seis.
15 Os filhos de Adim, quatrocentos e cinqüenta e quatro.
16 Os filhos de Ater, de Ezequias, noventa e oito.
17 Os filhos de Besai, trezentos e vinte e três.
18 Os filhos de Jora, cento e doze.
19 Os filhos de Hasum, duzentos e vinte e três.
20 Os filhos de Gibar, noventa e cinco.
21 Os filhos de Belém, cento e vinte e três.
22 Os homens de Netofa, cinqüenta e seis.
23 Os homens de Anatote, cento e vinte e oito.
24 Os filhos de Azmavete, quarenta e dois.
25 Os filhos de Quiriate-Arim, Cefira e Beerote, setecentos e quarenta e três.
26 Os filhos de Ramá e Gibeá, seiscentos e vinte e um.
27 Os homens de Micmás, cento e vinte e dois.
28 Os homens de Betel e Ai, duzentos e vinte e três.
29 Os filhos de Nebo, cinqüenta e dois.
30 Os filhos de Magbis, cento e cinqüenta e seis.
31 Os filhos do outro Elão, mil duzentos e cinqüenta e quatro.
32 Os filhos de Harim, trezentos e vinte.
33 Os filhos de Lode, Hadide e Ono, setecentos e vinte e cinco.
34 Os filhos de Jericó, trezentos e quarenta e cinco.
35 Os filhos de Senaá, três mil seiscentos e trinta.
36 Os sacerdotes: os filhos de Jedaías, da casa de Jesua, novecentos e setenta e três.
37 Os filhos de Imer, mil e cinqüenta e dois.
38 Os filhos de Pasur, mil duzentos e quarenta e sete.
39 Os filhos de Harim, mil e dezessete.
40 Os levitas: os filhos de Jesua e Cadmiel, dos filhos de Hodavias, setenta e quatro.
41 Os cantores: os filhos de Asafe, cento e vinte e oito.
42 Os filhos dos porteiros: os filhos de Salum, os filhos de Ater, os filhos de Talmom, os filhos de Acube, os filhos de Hatita, os filhos de Sobai, por todos, cento e trinta e nove.
43 Os netineus: os filhos de Zia, os filhos de Hasufa, os filhos de Tabaote,
44 os filhos de Queros, os filhos de Sia, os filhos de Padom,
45 os filhos de Lebana, os filhos de Hagaba, os filhos de Acube,
46 os filhos de Hagabe, os filhos de Sanlai, os filhos de Hanã,
47 os filhos de Gidel, os filhos de Gaar, os filhos de Reaías,
48 os filhos de Rezim, os filhos de Necoda, os filhos de Gazão,
49 os filhos de Uzá, os filhos de Paséia, os filhos de Besai,
50 os filhos de Asná, os filhos dos meunitas, os filhos dos nefuseus,
51 os filhos de Baquebuque, os filhos de Hacufa, os filhos de Harur,
52 os filhos de Baslute, os filhos de Meida, os filhos de Harsa,
53 os filhos de Barcos, os filhos de Sísera, os filhos de Temá,
54 os filhos de Nesias, os filhos de Hatifa,
55 os filhos dos servos de Salomão: os filhos de Sotai, os filhos de Soferete, os filhos de Peruda,
56 os filhos de Jaala, os filhos de Darcom, os filhos de Gidel,
57 os filhos de Sefatias, os filhos de Hatil, os filhos de Poquerete-Hazebaim, os filhos de Ami.
58 Todos os netineus e os filhos dos servos de Salomão, trezentos e noventa e dois.
59 Também estes subiram de Tel-Melá e Tel-Harsa, Querube, Adã e Imer, porém não puderam mostrar a casa de seus pais e sua linhagem, se de Israel eram.
60 Os filhos de Delaías, os filhos de Tobias, os filhos de Necoda, seiscentos e cinqüenta e dois.
61 E dos filhos dos sacerdotes: os filhos de Habaías, os filhos de Coz, os filhos de Barzilai, que tomou mulher das filhas de Barzilai, o gileadita, e que foi chamado do seu nome.
62 Estes buscaram o seu registro entre os que estavam registrados nas genealogias, mas não se acharam nelas; pelo que por imundos foram rejeitados do sacerdócio.
63 E o tirsata lhes disse que não comessem das coisas sagradas até que houvesse sacerdote com Urim e com Tumim.
64 Toda essa congregação junta foi de quarenta e dois mil trezentos e sessenta,
65 afora os seus servos e as suas servas, que foram sete mil trezentos e trinta e sete; também tinham duzentos cantores e cantoras.
66 Os seus cavalos, setecentos e trinta e seis; os seus mulos, duzentos e quarenta e cinco;
67 os seus camelos, quatrocentos e trinta e cinco; os jumentos, seis mil setecentos e vinte.
68 E alguns dos chefes dos pais, vindo à Casa do SENHOR, que habita em Jerusalém, deram voluntárias ofertas para a Casa de Deus, para a fundarem no seu lugar.
69 Conforme o seu poder, deram para o tesouro da obra, em ouro, sessenta e um mil daricos, e, em prata, cinco mil arráteis, e cem vestes sacerdotais.
70 E habitaram os sacerdotes, e os levitas, e alguns do povo, tanto os cantores como os porteiros e os netineus nas suas cidades, como também todo o Israel nas suas cidades.
Esdras capítulos 1 e 2