Esdras nos dá primeiro uma relação dos que subiram com ele a Jerusalém de Babilônia, no reinado do rei Artaxerxes, no ano 458 a.C. Muitos, das mesmas famílias, já haviam retornado com Zerubabel oitenta anos antes (538 a.C.), conforme o capítulo 2.
Aquela primeira emigração foi de cerca de cinqüenta mil pessoas, enquanto que nesta segunda são contados apenas mil e quinhentos homens, mais mulheres e crianças.
Esdras ajuntou o grupo perto do rio que vai a Aava, acampando ali por três dias; não se conhece agora exatamente o lugar, mas provavelmente ficava ao noroeste da Babilônia, próximo ao deserto por onde teriam que seguir até a Síria.
Feita uma verificação dos presentes, Esdras notou a ausência de levitas. Mandou então onze dos seus chefes para irem até um lugar chamado Casifia, onde ele conhecia o chefe chamado Ido, e lhe pedissem levitas para ministrar no templo. Seu pedido foi atendido e eles voltaram com trinta e oito levitas e duzentos e vinte netineus (servos).
É curioso que na primeira imigração, sob Zerubabel, os que a compunham eram em grande parte sacerdotes, e levitas. Desta vez foi preciso ir chamar os levitas - estariam agora em falta na Babilônia? O sacerdote Esdras decerto estava bem informado sobre onde eles poderiam ser encontrados, e estes que estavam em Casifia vieram quando foram convocados. A qualidade que Esdras destaca entre os seus homens é o de ser sábio, e considera como sinal da boa mão de Deus sobre eles o fato de lhes ter dado um homem sábio de Casifia.
Antes de prosseguir viagem, Esdras apregoou um jejum junto ao rio Aava, para que o povo se humilhasse diante de Deus e lhe pedisse proteção para a viagem que iam fazer de cerca de 1.500 km até Jerusalém.
Esdras havia testemunhado ao rei dizendo "A mão do nosso Deus é sobre todos os que o buscam para o bem, mas a sua força e a sua ira, sobre todos os que o deixam." Mas parece que Esdras estaria inclinado a pedir uma escolta armada ao rei.
Nós também falamos aos incrédulos sobre a fé que temos em Deus e da proteção que Ele nos dá como Seus filhos. Acontece às vezes também que temos que enfrentar uma situação realmente difícil, e percebemos que gostaríamos de ter algo mais concreto em nossas mãos.
Mas Esdras não foi pedir ajuda ao rei para não ficar envergonhado diante dele. A alternativa que tomou foi a de proclamar um jejum e ter uma reunião de oração, dizendo "Senhor, Tu és a nossa única esperança". Muitas vezes Deus coloca alguns de nós nessa situação.
Certo de que a emigração era para o bem do povo de Deus, Esdras se convenceu que podia dispensar uma escolta armada, embora a responsabilidade por tomar essa decisão era muito grande. A viagem levaria três meses e dezoito dias, por território perigoso e difícil, e havia muita gente indefesa sendo liderada por ele. Esdras confiava na proteção de Deus.
O jejum e as súplicas prepararam o povo espiritualmente, mostrando a sua dependência de Deus para sua segurança, a sua fé em que Deus tinha o controle, e o seu reconhecimento que não tinham força suficiente em si próprios para fazer a viagem sem Ele. Quando colocamos Deus primeiro em qualquer empreendimento, estamos bem preparados para o que tivermos que enfrentar.
Sabemos que Deus protege os seus, mas damos testemunho da nossa dependência dEle ao nos humilharmos e pedirmos a sua orientação e o seu amparo, e depois agradecer-lhe por nos tê-los concedido. Deus se agrada com isso.
O povo levava consigo um grande tesouro que havia sido consignado ao templo em Jerusalém. Tendo sido dedicado a Deus, era apropriado que fosse colocado sob a guarda de homens também dedicados ao serviço de Deus, os sacerdotes e os levitas.
Todo objeto usado a serviço do templo era consagrado a Deus, e isto é o que significa ser santificado. Cada um devia ser cuidado e guardado caprichosamente, separado para o seu uso especial. Também somos mordomos de tudo aquilo que Deus nos dá, isto é, devemos considerar que tudo o que temos vem de Deus, e deve ser usado para a honra dEle.
Esdras portanto separou doze dos maiorais dos sacerdotes e com eles dez dos seus irmãos e lhes transferiu a prata, o ouro, e os utensílios, oferecidos pelo rei, seus conselheiros, seus príncipes, e os israelitas que se encontravam na Babilônia, tudo pesado e contado em sua presença. Nas medidas atuais havia 22.750 kg de prata, 3.500 kg de utensílios de prata, 3.500 kg de ouro, vinte tigelas de ouro pesando 8,5 kg e dois utensílios finos de bronze polido, tão valiosos como se fossem de ouro. Esdras encarregou os sacerdotes e os levitas de os guardarem bem até que fossem entregues no templo.
A viagem prosseguiu normalmente, e Deus os protegeu do ataque de inimigos e assaltantes pelo caminho de forma que chegaram a Jerusalém sem incidentes.
Depois de descansarem três dias, eles compareceram ao templo e fizeram a entrega do tesouro aos sacerdotes principais, pesando tudo outra vez e verificando que estava certo.
Em seguida os exilados que voltaram do cativeiro sacrificaram holocaustos a Deus em favor de todo o Israel e como oferta pelo pecado.
Feita essa obrigação para com Deus, eles se dedicaram à entrega das ordens do rei aos sátrapas e aos governadores do território a oeste do rio Eufrates, e depois passaram a ajudar o povo e a Casa de Deus.
15 E ajuntei-os perto do rio que vai a Aava, e ficamos ali acampados três dias; então, atentei para o povo e para os sacerdotes e não achei ali nenhum dos filhos de Levi.
16 Enviei, pois, Eliézer, Ariel, Semaías, Elnatã, Jaribe, Elnatã, Natã, Zacarias e Mesulão, os chefes, como também a Joiaribe e a Elnatã, que eram sábios.
17 E dei-lhes mandado para Ido, chefe no lugar de Casifia, e lhes pus palavras na boca para dizerem a Ido, seu irmão, e aos netineus, no lugar de Casifia, que nos trouxessem ministros para a Casa do nosso Deus.
18 E trouxeram-nos, segundo a boa mão de Deus sobre nós, um homem sábio, dos filhos de Mali, filho de Levi, filho de Israel, a saber, Serebias, com os seus filhos e irmãos, dezoito;
19 e a Hasabias e com ele Jesaías, dos filhos de Merari, com seus irmãos e os filhos deles, vinte;
20 e dos netineus, que Davi e os príncipes deram para o ministério dos levitas, duzentos e vinte netineus, que todos foram expressos por seus nomes.
21 Então, apregoei ali um jejum junto ao rio Aava, para nos humilharmos diante da face de nosso Deus, para lhe pedirmos caminho direito para nós, e para nossos filhos, e para toda a nossa fazenda.
22 Porque me envergonhei de pedir ao rei exército e cavaleiros para nos defenderem do inimigo no caminho, porquanto tínhamos falado ao rei, dizendo: A mão do nosso Deus é sobre todos os que o buscam para o bem, mas a sua força e a sua ira, sobre todos os que o deixam.
23 Nós, pois, jejuamos e pedimos isso ao nosso Deus, e moveu-se pelas nossas orações.
24 Então, separei doze dos maiorais dos sacerdotes: Serebias, Hasabias e com eles dez dos seus irmãos.
25 E pesei-lhes a prata, e o ouro, e os utensílios, que eram a oferta para a Casa de nosso Deus, a qual ofereceram o rei, e os seus conselheiros, e os seus príncipes, e todo o Israel que ali se achou.
26 E pesei em suas mãos seiscentos e cinqüenta talentos de prata, e em objetos de prata cem talentos, e cem talentos de ouro.
27 E vinte taças de ouro de mil daricos e dois vasos de bom metal lustroso, tão desejável como ouro.
28 E disse-lhes: Consagrados sois do SENHOR, e sagrados são estes vasos, como também esta prata e este ouro, oferta voluntária, oferecida ao SENHOR, Deus de vossos pais.
29 Vigiai, pois, e guardai-os até que os peseis na presença dos maiorais dos sacerdotes, e dos levitas, e dos príncipes dos pais de Israel, em Jerusalém, nas câmaras da Casa do SENHOR.
30 Então, receberam os sacerdotes e os levitas o peso da prata, e do ouro, e dos vasos, para trazerem a Jerusalém, à Casa de nosso Deus.
31 E partimos do rio de Aava, no dia doze do primeiro mês, para irmos para Jerusalém; e a boa mão do nosso Deus estava sobre nós e livrou-nos da mão dos inimigos e dos que nos armavam ciladas no caminho.
32 E viemos a Jerusalém e repousamos ali três dias.
33 E no dia quatro se pesou a prata, e o ouro, e os vasos, na Casa do nosso Deus, por mão de Meremote, filho do sacerdote Urias; e com ele estava Eleazar, filho de Finéias, e com eles, Jozabade, filho de Jesua, e Noadias, filho de Binui, levitas;
34 conforme o número e conforme o peso de tudo aquilo; e todo o peso se descreveu no mesmo tempo.
35 E os transportados que vieram do cativeiro ofereceram holocaustos ao Deus de Israel: doze novilhos por todo o Israel, noventa e seis carneiros, setenta e sete cordeiros e doze bodes em sacrifício pelo pecado; tudo em holocausto ao SENHOR.
36 Então, deram as ordens do rei aos sátrapas do rei e aos governadores de aquém do rio; e ajudaram o povo e a Casa de Deus.