Hamã o grande inimigo dos judeus estava morto. Ester recebeu do rei a casa dele e Mardoqueu recebeu o sinete do rei que havia sido usado por Hamã, e foi promovido à exaltada posição que Hamã havia ocupado, uma vez que o rei soube do seu parentesco com a rainha Ester.
A sentença de morte nas mãos dos seus inimigos que pairava sobre os judeus em virtude do decreto assinado por Hamã com o sinete do rei continuava, contudo, em vigor, e o tempo estava passando - já faltavam pouco mais de oito meses para a data convencionada.
Novamente a rainha Ester intercedeu pelo seu povo lançando-se aos pés do rei e, chorando, suplicou que revogasse a maldade de Hamã. Outra vez o rei estendeu-lhe o cetro de ouro, poupando-lhe a vida, e Ester rogou-lhe que anulasse as cartas permitindo que fossem assassinados os judeus, que Hamã havia enviado para todas as províncias. Notamos que ela queria apenas isso, e não pediu o mal para os seus inimigos.
Mas era um decreto assinado com o sinete real, portanto se tornara lei e a lei dos medos e dos persas não podia ser alterada, nem mesmo pelo próprio rei. O que a rainha pedia não podia ser feito.
O rei recordou-lhe a sua boa vontade para com os judeus, tendo enforcado Hamã, e agora autorizou Mardoqueu a escrever o que quisesse a eles, que teria a aprovação real. O decreto de Hamã autorizava o massacre dos judeus, agora era necessário outro decreto permitindo que os judeus se defendessem dos seus inimigos.
Mardoqueu logo viu a intenção não expressa do rei, e mandou chamar os escrivães do rei, e imediatamente ditou cartas aos judeus, aos sátrapas, e aos governadores, e aos maiorais das províncias de todo o império persa, em todos os idiomas ali usados, permitindo aos judeus que se unissem e se defendessem dos seus inimigos no dia do massacre, e que se saqueassem os seus despojos.
As cartas foram enviadas por mensageiros montados em cavalos das estrebarias reais, com toda a rapidez. Também foi publicada esta ordem na fortaleza de Susã.
O decreto original não podia ser alterado, mas esse novo decreto foi preparado e enviado exatamente como o anterior, assinado pelo rei, e todo o poder do rei, evidenciado em seu exército e seus oficiais estava agora do lado dos judeus.
O quadro inteiro foi desta forma alterado, e os judeus foram tomados de grande alegria, à medida que a notícia ia sendo publicada em todos os rincões do grande império persa. Desde que recebessem a mensagem em tempo, e nela acreditassem, eles podiam salvar as suas vidas.
É uma ilustração das mais claras sobre o poder do Evangelho, pois "tudo isso lhes sobreveio como figuras, e estão escritas para aviso nosso, para quem já são chegados os fins dos séculos" (1 Coríntios 10:11).
Por causa do pecado a humanidade está sujeita à sentença de morte, "… A alma que pecar, essa morrerá" (Ezequiel 18:4). A morte espiritual é a separação eterna de Deus, em um lugar de maldição. E "todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus" (Romanos 3:23). Pecar significa não alcançar o padrão perfeito de justiça necessário para entrar na presença de Deus. Nenhum de nós consegue, logo a sentença de morte pesa sobre todos nós. Somos uma raça perdida: é o decreto de Deus, e não pode ser revogado.
Mas, graças a Deus, Ele promulgou outro decreto que diz: "Rogamos-vos, pois, da parte de Cristo que vos reconcilieis com Deus" (2 Coríntios 5:20). Somos encarregados de levar a mensagem de Deus para o mundo inteiro, que declara: Deus já deu o seu Filho, Jesus Cristo, para morrer na cruz em lugar de cada um. Todo o pecador, seja quem for ou o grau do seu pecado, pode se reconciliar com Ele e ser salvo se crer no Senhor Jesus Cristo (Atos 16:31).
Colocando a sua fé em Jesus Cristo, o pecador é salvo da morte espiritual, como os judeus se salvariam ao acreditar e por em prática o decreto do rei. Nenhum de nós tem ou terá condições para entrar na presença de Deus por nós mesmos. Temos que nascer de novo, com o Senhor disse a Nicodemos, e explicado em 1 Pedro 1:23 "sendo de novo gerados, não de semente corruptível, mas da incorruptível, pela palavra de Deus, viva e que permanece para sempre."
Ao aceitar a salvação, que é como uma veste de justiça perfeita, vinda de Cristo, nascemos de novo pela Palavra que ouvimos e cremos, e essa mesma Palavra transforma as nossas vidas.
Depois de ter promulgado o decreto, Mardoqueu saiu da presença do rei com uma veste real azul celeste e branca, como também com uma grande coroa de ouro e com uma capa de linho fino e púrpura, e a cidade de Susã exultou e se alegrou. Que transformação em um homem que antes havia chegado a se vestir de pano de saco e cinza!
Isto nos lembra a humilhação do Senhor Jesus, que veio ao mundo, baixando até à cruz de afronta e dor, e depois foi exaltado para ser colocado à mão direita de Deus, recebendo dEle o poder supremo sobre todo o universo.
Todos gostam de ser considerados heróis e de serem aclamados com louvor, honras e riqueza. Mas poucos estão dispostos a pagar o preço. Mardoqueu serviu ao rei com fidelidade por muitos anos, suportou o ódio e a opressão de Hamã e arriscou a sua vida pelo seu povo.
Os heróis de Deus também precisam ter perseverança, viver pela fé, suportar as aflições, levar a sua própria cruz. Neste mundo teremos tribulações. Sejamos perseverantes porque está guardada para nós a coroa de glória e uma herança, sem preço, no céu, bem como o elogio do nosso Mestre: "bem está, servo bom e fiel".
Houve regozijo geral entre os judeus quando receberam a notícia do novo decreto real - eles estavam salvos! Lemos que para os judeus houve luz, e alegria, e gozo, e honra.
O Evangelho também é uma boa notícia para o pecador, e é um grande motivo de regozijo quando o pecador é salvo. Além disso, assim como acontecia com os judeus daquela época, o Evangelho traz luz, e alegria, e gozo, e honra.
Também muitos dos gentios se fizeram judeus, ou seja, adotaram a sua religião; porque o temor dos judeus tinha caído sobre eles. Apesar da sua freqüente desobediência, os judeus ainda conheciam e temiam o verdadeiro Deus, conservando a sua lei e os seus preceitos. Os gentios se camuflaram na religião dos judeus para se fazerem seus amigos e ficarem a salvo.
Eventualmente o dia fatídico, treze do último mês do ano, chegou. Os judeus se prepararam para o ataque dos seus inimigos, mas agora podiam se defender pois o novo decreto lhes dava liberdade para isso.
Na eventualidade, ao invés dos inimigos dos judeus terem a vantagem sobre eles, foram os judeus que se assenhorearam dos seus aborrecedores. Os judeus se ajuntaram em cada cidade e combateram aqueles que procuravam o seu mal; o seu terror caiu sobre todos aqueles povos e nenhum lhes pôde resistir.
Todos os maiorais das províncias, bem como os sátrapas, os governadores, e os que trabalhavam para o rei auxiliavam os judeus, porque temiam o poderoso Mardoqueu, cuja fama havia se espalhado por todas as províncias.
Assim, os judeus puderam destruir a todos os seus inimigos, conforme quiseram, tanto nas províncias, como na capital de Susã. Mas os judeus não tomaram do despojo, conforme o decreto lhes havia autorizado, nem se seguiram tumultos e desordens nos dias seguintes. Desta forma eles provaram que seu objetivo não era vingança ou rapina, mas apenas defesa de si próprios e suas famílias dos ataques dos inimigos.
Informado do sucesso dos judeus em Susã, o rei perguntou a Ester o que mais ela desejava. Ester então pediu a prorrogação do decreto por mais um dia em Susã, e que os corpos dos filhos de Hamã fossem pendurados na forca. O rei ordenou que assim fosse feito.
Deus é o nosso protetor, como Assuero foi dos judeus. Ele responde às nossas orações e nos dá a vitória sobre o inimigo, que é o diabo e as suas hostes, o mundo e os nossos desejos da carne.
Capítulo 8:
1 Naquele mesmo dia, deu o rei Assuero à rainha Ester a casa de Hamã, inimigo dos judeus; e Mardoqueu veio perante o rei, porque Ester tinha declarado o que lhe era.
2 E tirou o rei o seu anel, que tinha tomado a Hamã, e o deu a Mardoqueu. E Ester pôs a Mardoqueu sobre a casa de Hamã.
3 Falou mais Ester perante o rei e se lhe lançou aos pés; e chorou e lhe suplicou que revogasse a maldade de Hamã, o agagita, e o seu intento que tinha intentado contra os judeus.
4 E estendeu o rei para Ester o cetro de ouro. Então, Ester se levantou, e se pôs em pé perante o rei,
5 e disse: Se bem parecer ao rei, e se eu achei graça perante ele, e se este negócio é reto diante do rei, e se eu lhe agrado aos seus olhos, escreva-se que se revoguem as cartas e o intento de Hamã, filho de Hamedata, o agagita, as quais ele escreveu para lançar a perder os judeus que há em todas as províncias do rei.
6 Por que como poderei ver o mal que sobrevirá ao meu povo? E como poderei ver a perdição da minha geração?
7 Então, disse o rei Assuero à rainha Ester e ao judeu Mardoqueu: Eis que dei a Ester a casa de Hamã, e a ele enforcaram numa forca, porquanto quisera pôr as mãos sobre os judeus.
8 Escrevei, pois, aos judeus, como parecer bem aos vossos olhos e em nome do rei, e selai-o com o anel do rei; porque a escritura que se escreve em nome do rei e se sela com o anel do rei não é para revogar.
9 Então, foram chamados os escrivães do rei, naquele mesmo tempo e no mês terceiro (que é o mês de sivã), aos vinte e três do mesmo, e se escreveu conforme tudo quanto ordenou Mardoqueu aos judeus, como também aos sátrapas, e aos governadores, e aos maiorais das províncias que se estendem da Índia até à Etiópia, cento e vinte e sete províncias, a cada província segundo a sua escritura e a cada povo conforme a sua língua; como também aos judeus segundo a sua escritura e conforme a sua língua.
10 E se escreveu em nome do rei Assuero, e se selou com o anel do rei; e se enviaram as cartas pela mão de correios a cavalo e que cavalgavam sobre ginetes, que eram das cavalariças do rei.
11 Nelas, o rei concedia aos judeus que havia em cada cidade que se reunissem, e se dispusessem para defenderem as suas vidas, e para destruírem, e matarem, e assolarem a todas as forças do povo e província que com eles apertassem, crianças e mulheres, e que se saqueassem os seus despojos,
12 num mesmo dia, em todas as províncias do rei Assuero, no dia treze do duodécimo mês, que é o mês de adar.
13 E uma cópia da carta, que uma ordem se anunciaria em todas as províncias, foi enviada a todos os povos, para que os judeus estivessem preparados para aquele dia, para se vingarem dos seus inimigos.
14 Os correios, sobre ginetes das cavalariças do rei, apressuradamente saíram, impelidos pela palavra do rei; e foi publicada esta ordem na fortaleza de Susã.
15 Então, Mardoqueu saiu da presença do rei com uma veste real azul celeste e branca, como também com uma grande coroa de ouro e com uma capa de linho fino e púrpura, e a cidade de Susã exultou e se alegrou.
16 E para os judeus houve luz, e alegria, e gozo, e honra.
17 Também em toda província e em toda cidade aonde chegava a palavra do rei e a sua ordem, havia entre os judeus alegria e gozo, banquetes e dias de folguedo; e muitos, entre os povos da terra, se fizeram judeus; porque o temor dos judeus tinha caído sobre eles.
Capítulo 9:
1 E, no mês duodécimo, que é o mês de adar, no dia treze do mesmo mês em que chegou a palavra do rei e a sua ordem para se executar, no dia em que os inimigos dos judeus esperavam assenhorear-se deles, sucedeu o contrário, porque os judeus foram os que se assenhorearam dos seus aborrecedores.
2 Porque os judeus nas suas cidades, em todas as províncias do rei Assuero, se ajuntaram para pôr as mãos sobre aqueles que procuravam o seu mal; e nenhum podia resistir-lhes, porque o seu terror caiu sobre todos aqueles povos.
3 E todos os maiorais das províncias, e os sátrapas, e os governadores, e os que faziam a obra do rei auxiliavam os judeus, porque tinha caído sobre eles o temor de Mardoqueu.
4 Porque Mardoqueu era grande na casa do rei, e a sua fama saía por todas as províncias; porque o homem Mardoqueu se ia engrandecendo.
5 Feriram, pois, os judeus a todos os seus inimigos, a golpes de espada e com matança e com destruição; e fizeram dos seus aborrecedores o que quiseram.
6 E, na fortaleza de Susã, mataram e destruíram os judeus quinhentos homens;
7 como também a Parsandata, e a Dalfom, e a Aspata,
8 e a Porata, e a Adalia, e a Aridata,
9 e a Farmasta, e a Arisai, e a Aridai, e a Vaizata.
10 Os dez filhos de Hamã, filho de Hamedata, inimigo dos judeus, foram mortos; porém ao despojo não estenderam a sua mão.
11 No mesmo dia, veio perante o rei o número dos mortos na fortaleza de Susã.
12 E disse o rei à rainha Ester: Na fortaleza de Susã, mataram e destruíram os judeus quinhentos homens e os dez filhos de Hamã; nas mais províncias do rei, que fariam? Qual é, pois, a tua petição? E dar-se-te-á. Ou qual é ainda o teu requerimento? E far-se-á.
13 Então, disse Ester: Se bem parecer ao rei, conceda-se também, amanhã, aos judeus que se acham em Susã que façam conforme o mandado de hoje; e enforquem os dez filhos de Hamã numa forca.
14 Então, disse o rei que assim se fizesse; e publicou-se um edito em Susã, e enforcaram os dez filhos de Hamã.
15 E reuniram-se os judeus que se achavam em Susã também no dia catorze do mês de adar e mataram em Susã a trezentos homens; porém ao despojo não estenderam a sua mão.
16 Também os demais judeus que se achavam nas províncias do rei se reuniram para se porem em defesa da sua vida e tiveram repouso dos seus inimigos; e mataram dos seus aborrecedores setenta e cinco mil; porém ao despojo não estenderam a sua mão.
17 Sucedeu isso no dia treze do mês de adar; e repousaram no dia catorze do mesmo e fizeram daquele dia dia de banquetes e de alegria.