Esta passagem introduz a festa da páscoa (passar por cima), que ainda hoje é celebrada, com algumas modificações, pelos judeus. Ela comemora a passagem do SENHOR sobre as casas dos israelitas que haviam passado o sangue do seu cordeiro nos umbrais e viga da porta da sua casa (versículo 13), poupando os seus primogênitos da morte.
Alguns detalhes foram acrescentados na lei que Moisés recebeu do SENHOR (Números 9:10, 11, 28:16-24; Levítico 23:10-14; Deuteronômio 16:2, 5, 6; 2 Crônicas 30:16), e com o tempo incluíram também o cálice (Lucas 22:17, 20), e o molho (João 13:26).
É o início da festa dos pães asmos (Êxodo 23:15; Marcos 14:1; Atos 12:3), durando uma semana, assim chamada porque nenhum pão feito com fermento é permitido durante essa semana, nem é permitido ter fermento em casa (Êxodo 12:15).
A páscoa é celebrada depois do pôr do sol, que, para eles, é o início de um novo dia, neste caso o primeiro dia da festa dos pães asmos. Tanto este primeiro dia como o último, sétimo, são santificados como se fossem sábados. O cordeiro eventualmente passou a ser chamado páscoa (Marcos 14:12-14; 1Coríntios 5:7).
A festa tinha que ser celebrada perpetuamente, todos os anos, através das suas gerações, como solenidade ao SENHOR.
O cordeiro pascal era um tipo do Senhor Jesus Cristo. Ele é a nossa Páscoa (1 Coríntios 5:7).
Tinha que ser um cordeiro; e Cristo é o Cordeiro de Deus (João 1:29), assim chamado também no livro do Apocalipse, manso e inocente, mudo diante dos tosquiadores, os carrascos.
Tinha que ser um macho de um ano (versículo 5), em pleno vigor. Cristo ofereceu-se em sacrifício no início da sua maturidade, com toda a sua força e vitalidade.
Deveria estar sem defeito (versículo 5). É a descrição do Senhor Jesus, um Cordeiro imaculado (1 Pedro 1:19). O juiz que O condenou (como o cordeiro deveria ser examinado para o sacrifício) o declarou inocente.
Depois de escolhido, tinha que ser guardado, dentro da família, por quatro dias antes de seu sacrifício, assim confirmando sua saúde (versículos 3 e 6). O Senhor Jesus passou mais de três anos depois de seu batismo ministrando entre o povo de Israel, quando todos, inclusive seus inimigos, tiveram a oportunidade de verificar a sua santidade (Lucas 11:53, 54; João 8:46; 18:38, 1 Pedro 1:19). Também entrou em Jerusalém no mesmo dia em que o povo escolhia o seu cordeiro, quatro dias antes da Páscoa.
O cordeiro deveria ser imolado, e assado no fogo (versículos 6 a 9). O fogo na Bíblia representa o castigo de Deus, e este caiu sobre Cristo quando ele levou sobre si o nosso pecado (João 12:24,27; Hebreus 9:22).
A imolação do cordeiro tinha que ser feita no crepúsculo da tarde, literalmente entre as tardes, por toda a congregação de Israel (versículo 6). Toda a multidão dos judeus em Jerusalém (que vinham de todas as partes para a festa) gritava "crucifica-O" (Lucas 23:18), e Ele foi crucificado à tarde, na véspera do primeiro dia da festa dos Pães Asmos.
Nenhum dos ossos do cordeiro deveria ser quebrado (versículo 46). Isto também foi profetizado a respeito do Messias (Salmo 34:20), e cumprido fielmente (João 19:33,36).
A festa dos pães asmos, começando com a celebração da Páscoa, é uma figura profética da remissão efetuada por Cristo daqueles que nele crêem (Êxodo 12:1-28; João 1:29; 1Coríntios 5:6, 7; 1 Pedro 1:18, 19):
Seu sangue precisava colocado na porta de cada casa (Êxodo 12:7). Para nos salvarmos mediante o sacrifício feito por Cristo na cruz, é necessário que cada um de nós individualmente tomemos o passo de o recebermos pessoalmente (João 3:36, Hebreus 9:22).
O sangue assim aplicado, constituía, ele só, na perfeita proteção contra o castigo (Êxodo 12:13). Também o sangue de Cristo é todo suficiente para nos justificar (1 João 1:7; Hebreus 10:10,14).
O hissopo é uma planta comum, da família da hortelã, sendo usado na purificação de leprosos (Levítico 14:2-7), na purificação de pragas (Levítico 14:49-52) e no sacrifício da novilha vermelha (Números 19:2-6). O hissopo é figura da fé, unicamente mediante a qual podemos ser purificados pelo sangue de Cristo.
Os pães asmos são um tipo de Cristo, o Pão da Vida (Mateus 26:26-28; 1Coríntios 11:23-26). Observar a festa era um dever e um privilégio, mas não influía na segurança dos participantes: os pães não foram comidos na noite em que os primogênitos foram salvos da morte, mas depois (Êxodo 12:34-39). Só é possível crescermos em nossa vida espiritual em Cristo depois da nossa conversão e novo nascimento: a essa altura já temos a vida eterna e não estamos mais expostos a julgamento e condenação.
O fermento tinha de ser retirado das casas. Durante os sete dias, se alguém fosse apanhado comendo pão com fermento, ele deveria ser expulso (Êxodo 12:19). A palavra fermento aparece 21 vezes na Bíblia, e é um símbolo de corrupção e de mal (Mateus 16:6, 11; Marcos 8:15; 1Coríntios 5:7, 8). Seu uso foi estritamente proibido em todas as ofertas queimadas feitas ao SENHOR (Levítico 2:11; 7:12; 8:2; Números 6:15). O Senhor disse, em parábola, que "o reino do céu ésemelhante ao fermento que uma mulher tomou e escondeu em três medidas de farinha, até ficar tudo levedado" (Mateus 13:33). O fermento representa o mal que entra dentro de uma igreja, contaminando a todos (1 Coríntios 5:6-8).
Era para ser comido com ervas amargas (versículo 8), lembrando o sofrimento do Egito. Também ao nos alimentarmos da Palavra de Deus, nós nos lembramos do sofrimento debaixo do jugo do pecado, que nos foi tirado.
Devia ser comido às pressas, em prontidão para a viagem (versículo 11). Devemos sempre estar vigilantes, sabendo que poderemos deixar este mundo a qualquer momento: não temos aqui cidade permanente, mas buscamos a que há de vir (Romanos 13:14).
Consagrar significa dedicar a Deus, dando-lhe sua propriedade. A consagração descrita no capítulo 13, versículos 2 e 11 a 16 foi introduzida para que o povo se lembrasse sempre do livramento obtido pelo sangue do cordeiro.
O mês de Abibe, começando aproximadamente no equinócio de 21 de março, passou a ser o primeiro mês do calendário eclesiástico israelita, sétimo do seu ano civil. Passou a ser chamado Nisan depois do cativeiro (Neemias 2:1). O cordeiro era sacrificado na tarde do dia 15 de Abibe e comido à noite, quando começava o primeiro dia da festa dos Pães Asmos. Podia cair em qualquer dia da semana, calculando-se que o dia 15 foi uma quarta feira quando Cristo foi crucificado.
O ritual da consagração tem três objetivos:
Lembrar os israelitas de como Deus havia poupado seus filhos e animais da morte, e libertado a todos da servidão.
Mostrou que Deus, ao contrário dos deuses pagãos da antigüidade, não queria sacrifícios humanos.
Simbolizava o dia em que Jesus Cristo nos compraria, pagando, de uma só vez, o preço do nosso pecado (1 Pedro 1:18-19).
Capítulo 12
14 E este dia vos será por memória, e celebrá-lo-eis por festa ao SENHOR; nas vossas gerações o celebrareis por estatuto perpétuo.
15 Sete dias comereis pães asmos; ao primeiro dia, tirareis o fermento das vossas casas; porque qualquer que comer pão levedado, desde o primeiro até ao sétimo dia, aquela alma será cortada de Israel.
16 E, ao primeiro dia, haverá santa convocação; também, ao sétimo dia, tereis santa convocação; nenhuma obra se fará neles, senão o que cada alma houver de comer; isso somente aprontareis para vós.
17 Guardai, pois, a Festa dos Pães Asmos, porque naquele mesmo dia tirei vossos exércitos da terra do Egito; pelo que guardareis este dia nas vossas gerações por estatuto perpétuo.
18 No primeiro mês, aos catorze dias do mês, à tarde, comereis pães asmos até vinte e um do mês à tarde.
19 Por sete dias não se ache nenhum fermento nas vossas casas; porque qualquer que comer pão levedado, aquela alma será cortada da congregação de Israel, assim o estrangeiro como o natural da terra.
20 Nenhuma coisa levedada comereis; em todas as vossas habitações comereis pães asmos.
21 Chamou, pois, Moisés a todos os anciãos de Israel e disse-lhes: Escolhei, e tomai vós cordeiros para vossas famílias, e sacrificai a Páscoa.
22 Então, tomai um molho de hissopo, e molhai-o no sangue que estiver na bacia, e lançai na verga da porta, e em ambas as ombreiras, do sangue que estiver na bacia; porém nenhum de vós saia da porta da sua casa até à manhã.
23 Porque o SENHOR passará para ferir aos egípcios, porém, quando vir o sangue na verga da porta e em ambas as ombreiras, o SENHOR passará aquela porta e não deixará ao destruidor entrar em vossas casas para vos ferir.
24 Portanto, guardai isto por estatuto para vós e para vossos filhos, para sempre.
25 E acontecerá que, quando entrardes na terra que o SENHOR vos dará, como tem dito, guardareis este culto.
26 E acontecerá que, quando vossos filhos vos disserem: Que culto é este vosso?
27 Então, direis: Este é o sacrifício da Páscoa ao SENHOR, que passou as casas dos filhos de Israel no Egito, quando feriu aos egípcios e livrou as nossas casas. Então, o povo inclinou-se e adorou....
43 Disse mais o SENHOR a Moisés e a Arão: Esta é a ordenança da Páscoa; nenhum filho de estrangeiro comerá dela.
44 Porém todo servo de qualquer, comprado por dinheiro, depois que o houveres circuncidado, então, comerá dela.
45 O estrangeiro e o assalariado não comerão dela.
46 Numa casa se comerá; não levarás daquela carne fora da casa, nem dela quebrareis osso.
47 Toda a congregação de Israel o fará.
48 Porém, se algum estrangeiro se hospedar contigo e quiser celebrar a Páscoa ao SENHOR, seja-lhe circuncidado todo macho, e, então, chegará a celebrá-la, e será como o natural da terra; mas nenhum incircunciso comerá dela.
49 Uma mesma lei haja para o natural e para o estrangeiro que peregrinar entre vós.
50 E todos os filhos de Israel o fizeram; como o SENHOR ordenara a Moisés e a Arão, assim fizeram.
51 E aconteceu, naquele mesmo dia, que o SENHOR tirou os filhos de Israel da terra do Egito, segundo os seus exércitos.
Capítulo 13
1 Então, falou o SENHOR a Moisés, dizendo:
2 Santifica-me todo primogênito, o que abrir toda madre entre os filhos de Israel, de homens e de animais; porque meu é.
3 E Moisés disse ao povo: Lembrai-vos deste mesmo dia, em que saístes do Egito, da casa da servidão; pois, com mão forte, o SENHOR vos tirou daqui; portanto, não comereis pão levedado.
4 Hoje, no mês de abibe, vós saís.
5 E acontecerá que, quando o SENHOR te houver metido na terra dos cananeus, e dos heteus, e dos amorreus, e dos heveus, e dos jebuseus, a qual jurou a teus pais que ta daria, terra que mana leite e mel, guardarás este culto neste mês.
6 Sete dias comerás pães asmos; e ao sétimo dia haverá festa ao SENHOR.
7 Sete dias se comerão pães asmos, e o levedado não se verá contigo, nem ainda fermento será visto em todos os teus termos.
8 E, naquele mesmo dia, farás saber a teu filho, dizendo: Isto é pelo que o SENHOR me tem feito, quando eu saí do Egito.
9 E te será por sinal sobre tua mão e por lembrança entre teus olhos; para que a lei do SENHOR esteja em tua boca; porquanto, com mão forte, o SENHOR te tirou do Egito.
10 Portanto, tu guardarás este estatuto a seu tempo, de ano em ano.
11 Também acontecerá que, quando o SENHOR te houver metido na terra dos cananeus, como jurou a ti e a teus pais, quando te houver dado,
12 apartarás para o SENHOR tudo o que abrir a madre e tudo o que abrir a madre do fruto dos animais que tiveres; os machos serão do SENHOR.
13 Porém tudo o que abrir a madre da jumenta resgatarás com cordeiro; e, se o não resgatares, cortar-lhe-ás a cabeça; mas todo primogênito do homem entre teus filhos resgatarás.
14 Se acontecer que teu filho no tempo futuro te pergunte, dizendo: Que é isto? Dir-lhe-ás: O SENHOR nos tirou com mão forte do Egito, da casa da servidão.
15 Porque sucedeu que, endurecendo-se Faraó, para não nos deixar ir, o SENHOR matou todos os primogênitos na terra do Egito, desde o primogênito do homem até ao primogênito dos animais; por isso, eu sacrifico ao SENHOR os machos de tudo o que abre a madre; porém, a todo primogênito de meus filhos, eu resgato.
16 E será por sinal sobre tua mão e por frontais entre os teus olhos; porque o SENHOR nos tirou do Egito com mão forte.
Êxodo capítulo 12:14-27, 43-cap.13:16