O deserto de Sur compreende toda a área semidesértica que fica entre o Egito e a terra de Canaã. O povo seguiu para o sul, na margem oriental do Golfo de Suez do Mar Vermelho, e não achou água. Enquanto, no Egito, havia água em abundância, ela era escassa no deserto e todo aquele povo e animais precisava de bastante.
É semelhante à experiência de todo novo crente: ele sente que as coisas do mundo, que, antes lhe davam prazer, agora não têm mais valor (Filipenses 3:7), e tem uma grande sede pelas coisas espirituais (Filipenses 3:10).
O lago de Mara fica a uns 160 km. de Baal-Zefon, e o povo cobriu esta distância em três dias. O lago consistia de água amarga, e não servia para beber, por isso recebeu esse nome. O povo, aflito, reclamou de Moisés, e ele clamou ao SENHOR. Este mostrou-lhe como purificar a água com uma árvore, e assim o povo e seus animais pôde beber.
Em seguida vêm ao novo crente experiências tristes, amargas, em que ele diz: porque Deus permite que isto aconteça comigo? As experiências se tornarão doces, pois Deus lhe dará o remédio, e ele saberá que não é castigo, mas aprendizado em Seu caminho.
Deus em seguida promete que não fará vir sobre o povo nenhuma das pragas que enviara sobre os egípcios, desde que O ouvissem e vivessem retamente segundo o Seu critério, obedecendo à Sua Palavra. É a fórmula que todo o novo crente deve obedecer, para evitar desastres quando tentado.
Elim (árvores) era um lugar de tranqüilidade e repouso, com suas doze fontes e setenta palmeiras, situado onze quilômetros ao sul de Mara. Passamos pela mesma experiência quando Deus nos dá o triunfo depois da provação, bonança depois da tempestade.
Depois de um descanso eles partiram de Elim. Já fazia um mês que saíram do Egito, as provisões estavam acabando, e começaram a lembrar-se, com saudade, da variedade e abundância dos alimentos que havia no Egito. Muitos crentes sofrem esta tentação, pois lembrando-se dos prazeres que desfrutavam no mundo, desejam participar deles outra vez.
Deus não havia tirado o povo do Egito para matá-los de fome no deserto, e o povo fez mal em murmurar contra Moisés e Arão. Sempre que eles se queixavam, a glória do SENHOR aparecia. Deus não gosta de queixas e reclamações contra Ele, pois demonstram falta de confiança em Sua provisão para nossa vida.
O SENHOR prometeu dar alimento ao povo, e ao mesmo tempo testar sua obediência aos detalhes de suas instruções. Só podemos aprender a confiar em nosso Senhor se O seguirmos, e aprendemos a obedecê-lo por meio da obediência aos pequenos detalhes da sua Palavra.
Deus lhes deu abundância de alimento: o maná (que é isto?) que aparecia de madrugada, no chão como geada, semelhante à semente de coentro branco, e de sabor como bolos de mel. Podia ser assado ou cozido. Em cinco dias da semana havia suficiente para cada um comer por um dia, mas se não fosse comido apodrecia durante a noite.Na véspera do sábado havia duas porções para cada um, e nada no sábado, mas a porção da véspera não apodrecia até a noite do sábado.
Sua qualidade nutritiva era perfeita, pois sustentou o povo pelos quarenta anos que passou pelo deserto. O Senhor Jesus se compara ao maná, como Pão do Céu, nosso alimento diário que satisfaz plenamente nossa necessidade espiritual eterna (João 6:48-51).
Cada pessoa devia apanhar sua própria porção, um ômer (cerca de dois litros). Essa experiência individual também se aplica ao nosso Salvador (João 6:32-35).
Também o SENHOR lhes forneceu carne - as codornizes, considerado um prato finíssimo, quem sabe para ajudar o seu organismo na transição para o maná, que se tornaria sua alimentação permanente.
A partir desta ocasião o povo passou a observar o descanso do sábado, pois não havia maná para colher. O dia sétimo havia sido santificado por Deus após a criação do mundo (Gênesis 2:3), porém mais tarde o sábado foi tornado num sinal entre o SENHOR e o povo de Israel, como aliança perpétua entre Ele e as suas gerações, um dia de repouso solene, santo ao SENHOR (Êxodo 31:12-18).
Ao continuarem sua viagem pelo deserto, outra vez houve escassez de água, e novamente os israelitas contenderam com Moisés e murmuraram contra ele.
Assim que surgia uma necessidade, eles iam se queixar, dizendo que estavam para morrer, ou que no Egito era melhor. O SENHOR, apesar disso, lhes dava o que precisavam. Quantas vezes nós, também, achamos que a vida cristã é árida e dura, e desejamos maior variedade de experiências, às vezes dispendiosas e inúteis, para ocupar nosso tempo? Mas o Senhor nos dá tudo quanto precisamos.
Já Moisés estava ficando aflito, e disposto a se demitir: Que farei a este povo? Só lhe resta apedrejar-me! O SENHOR imediatamente providenciou para que a autoridade de Moisés fosse restabelecida, fazendo com que através dele o povo recebesse a água de que necessitava. Levando alguns dos anciãos, como testemunhas, ele foi até a rocha em Horebe (Sinai), onde o SENHOR havia aparecido para ele numa sarça ardente, e ali, ao ferir a rocha com sua vara, saiu dela água suficiente para saciar toda aquela multidão.
Massá ou Meribá significam contenda. Esta é a primeira menção da palavra rocha na Bíblia, e da água que saiu da rocha. Sabemos que ela representa a Rocha espiritual: Cristo (1 Coríntios 10:1-4). Ele é como uma rocha firme, inabalável (Salmo 61:2, 78:35, 1 Pedro 2:6-8).
Mas uma rocha não é o lugar onde iríamos procurar água. Jesus Cristo é a Rocha, mas sua vida maravilhosa, sua firmeza, e mesmo os seus ensinamentos não podem nos justificar diante de Deus, redimir o nosso pecado, ou salvar-nos da perdição eterna. A aplicação dos Seus princípios talvez melhorem o nosso comportamento, mas Ele ainda é a Rocha na qual iremos tropeçar. Nenhum esforço humano conseguirá tirar água dessa Rocha.
Foi necessário ferir a rocha para tirar água, e Cristo foi ferido quando foi crucificado e deu a sua vida inocente. A única maneira de obter água dessa Rocha é crer que Ele morreu em nosso lugar e levou nosso pecado na cruz. A rocha foi ferida uma só vez para dar água a toda a multidão: quem quisesse podia vir beber. Cristo morreu uma só vez por todo mundo: quem quiser pode vir a Ele para receber a vida eterna.
Amaleque era uma tribo de descendentes de Esaú (Gênesis 36:12), e ela atacou os israelitas pela retaguarda, assaltando os retardatários (Deuteronômio 25:17-18).
Ela foi vencida por Josué e seus homens, com o poder de Deus: era necessário que Moisés mantivesse as mãos levantadas para o céu. Esaú foi uma figura da carne: assim como Israel não podia vencer Amaleque, também não podemos vencer a carne por nós mesmos (Gálatas 5:17). O segredo da vitória foram as mãos de Moisés levantadas para o céu - uma figura da comunhão com Deus: só Ele nos dá a vitória sobre a carne, quando andamos no Espírito.
O SENHOR mandou Moisés registrar isto num livro, para memória, e repeti-lo a Josué (que viria a substituí-lo quando morresse): Amaleque viria a ser destruído completamente. Assim também a carne será destruída quando Cristo nos levar para junto dEle (1 Coríntios 15:52).
Capítulo 15
22 Depois, fez Moisés partir os israelitas do mar Vermelho, e saíram ao deserto de Sur; e andaram três dias no deserto e não acharam água.
23 Então, chegaram a Mara; mas não puderam beber as águas de Mara, porque eram amargas; por isso, chamou-se o seu nome Mara.
24 E o povo murmurou contra Moisés, dizendo: Que havemos de beber?
25 E ele clamou ao SENHOR, e o SENHOR mostrou-lhe um lenho que lançou nas águas, e as águas se tornaram doces; ali lhes deu estatutos e uma ordenação e ali os provou.
26 E disse: Se ouvires atento a voz do SENHOR, teu Deus, e fizeres o que é reto diante de seus olhos, e inclinares os teus ouvidos aos seus mandamentos, e guardares todos os seus estatutos, nenhuma das enfermidades porei sobre ti, que pus sobre o Egito; porque eu sou o SENHOR, que te sara.
27 Então, vieram a Elim, e havia ali doze fontes de água e setenta palmeiras; e ali se acamparam junto das águas.
Capítulo 16
1 E, partidos de Elim, toda a congregação dos filhos de Israel veio ao deserto de Sim, que está entre Elim e Sinai, aos quinze dias do mês segundo, depois que saíram da terra do Egito.
2 E toda a congregação dos filhos de Israel murmurou contra Moisés e contra Arão no deserto.
3 E os filhos de Israel disseram-lhes: Quem dera que nós morrêssemos por mão do SENHOR na terra do Egito, quando estávamos sentados junto às panelas de carne, quando comíamos pão até fartar! Porque nos tendes tirado para este deserto, para matardes de fome a toda esta multidão.
4 Então, disse o SENHOR a Moisés: Eis que vos farei chover pão dos céus, e o povo sairá e colherá cada dia a porção para cada dia, para que eu veja se anda em minha lei ou não.
5 E acontecerá, ao sexto dia, que prepararão o que colherem; e será o dobro do que colhem cada dia.
6 Então, disse Moisés e Arão a todos os filhos de Israel: À tarde sabereis que o SENHOR vos tirou da terra do Egito,
7 e amanhã vereis a glória do SENHOR, porquanto ouviu as vossas murmurações contra o SENHOR; porque quem somos nós para que murmureis contra nós?
8 Disse mais Moisés: Isso será quando o SENHOR, à tarde, vos der carne para comer e, pela manhã, pão a fartar, porquanto o SENHOR ouviu as vossas murmurações, com que murmurais contra ele (porque quem somos nós?). As vossas murmurações não são contra nós, mas sim contra o SENHOR.
9 Depois, disse Moisés a Arão: Dize a toda a congregação dos filhos de Israel: Chegai-vos para diante do SENHOR, porque ouviu as vossas murmurações.
10 E aconteceu que, quando falou Arão a toda a congregação dos filhos de Israel, e eles se viraram para o deserto, eis que a glória do SENHOR apareceu na nuvem.
11 E o SENHOR falou a Moisés, dizendo:
12 Tenho ouvido as murmurações dos filhos de Israel; fala-lhes, dizendo: Entre as duas tardes, comereis carne, e, pela manhã, vos fartareis de pão, e sabereis que eu sou o SENHOR, vosso Deus.
13 E aconteceu que, à tarde, subiram codornizes e cobriram o arraial; e, pela manhã, jazia o orvalho ao redor do arraial.
14 E, alçando-se o orvalho caído, eis que sobre a face do deserto estava uma coisa miúda, redonda, miúda como a geada sobre a terra.
15 E, vendo-a os filhos de Israel, disseram uns aos outros: Que é isto? Porque não sabiam o que era. Disse-lhes, pois, Moisés: Este é o pão que o SENHOR vos deu para comer.
16 Esta é a palavra que o SENHOR tem mandado: Colhei dele cada um conforme o que pode comer, um gômer por cabeça, segundo o número das vossas almas; cada um tomará para os que se acharem na sua tenda.
17 E os filhos de Israel fizeram assim; e colheram, uns, mais, e outros, menos.
18 Porém, medindo-o com o gômer, não sobejava ao que colhera muito, nem faltava ao que colhera pouco; cada um colheu tanto quanto podia comer.
19 E disse-lhes Moisés: Ninguém deixe dele para amanhã.
20 Eles, porém, não deram ouvidos a Moisés; antes, alguns deles deixaram dele para o dia seguinte; e aquele criou bichos e cheirava mal; por isso, indignou-se Moisés contra eles.
21 Eles, pois, o colhiam cada manhã; cada um, conforme ao que podia comer; porque, aquecendo o sol, derretia-se.
22 E aconteceu que, ao sexto dia, colheram pão em dobro, dois gômeres para cada um; e todos os príncipes da congregação vieram e contaram-no a Moisés.
23 E ele disse-lhes: Isto é o que o SENHOR tem dito: Amanhã é repouso, o santo sábado do SENHOR; o que quiserdes cozer no forno, cozei-o; e o que quiserdes cozer em água, cozei-o em água; e tudo o que sobejar ponde em guarda para vós até amanhã.
24 E guardaram-no até pela manhã, como Moisés tinha ordenado; e não cheirou mal, nem nele houve algum bicho.
25 Então, disse Moisés: Comei-o hoje, porquanto hoje é o sábado do SENHOR; hoje não o achareis no campo.
26 Seis dias o colhereis, mas o sétimo dia é o sábado; nele não haverá.
27 E aconteceu, ao sétimo dia, que alguns do povo saíram para colher, mas não o acharam.
28 Então, disse o SENHOR a Moisés: Até quando recusareis guardar os meus mandamentos e as minhas leis?
29 Vede, visto que o SENHOR vos deu o sábado, por isso ele, no sexto dia, vos dá pão para dois dias; cada um fique no seu lugar, que ninguém saia do seu lugar no sétimo dia.
30 Assim, repousou o povo no sétimo dia.
31 E chamou a casa de Israel o seu nome Maná; e era como semente de coentro; era branco, e o seu sabor, como bolos de mel.
32 E disse Moisés: Esta é a palavra que o SENHOR tem mandado: Encherás um gômer dele e o guardarás para as vossas gerações, para que vejam o pão que vos tenho dado a comer neste deserto, quando eu vos tirei da terra do Egito.
33 Disse também Moisés a Arão: Toma um vaso, e mete nele um gômer cheio de maná, e põe-no diante do SENHOR, em guarda para as vossas gerações.
34 Como o SENHOR tinha ordenado a Moisés, assim Arão o pôs diante do Testemunho em guarda.
35 E comeram os filhos de Israel maná quarenta anos, até que entraram em terra habitada; comeram maná até que chegaram aos termos da terra de Canaã.
36 E um gômer é a décima parte do efa.
Capítulo 17
1 Depois, toda a congregação dos filhos de Israel partiu do deserto de Sim pelas suas jornadas, segundo o mandamento do SENHOR, e acamparam em Refidim; e não havia ali água para o povo beber.
2 Então, contendeu o povo com Moisés e disse: Dá-nos água para beber. E Moisés lhes disse: Por que contendeis comigo? Por que tentais ao SENHOR?
3 Tendo, pois, ali o povo sede de água, o povo murmurou contra Moisés e disse: Por que nos fizeste subir do Egito para nos matares de sede, a nós, e aos nossos filhos, e ao nosso gado?
4 E clamou Moisés ao SENHOR, dizendo: Que farei a este povo? Daqui a pouco me apedrejarão.
5 Então, disse o SENHOR a Moisés: Passa diante do povo e toma contigo alguns dos anciãos de Israel; e toma na tua mão a tua vara, com que feriste o rio, e vai.
6 Eis que eu estarei ali diante de ti sobre a rocha, em Horebe, e tu ferirás a rocha, e dela sairão águas, e o povo beberá. E Moisés assim o fez, diante dos olhos dos anciãos de Israel.
7 E chamou o nome daquele lugar Massá e Meribá, por causa da contenda dos filhos de Israel, e porque tentaram ao SENHOR, dizendo: Está o SENHOR no meio de nós, ou não?
8 Então, veio Amaleque e pelejou contra Israel em Refidim.
9 Pelo que disse Moisés a Josué: Escolhe-nos homens, e sai, e peleja contra Amaleque; amanhã, eu estarei no cume do outeiro, e a vara de Deus estará na minha mão.
10 E fez Josué como Moisés lhe dissera, pelejando contra Amaleque; mas Moisés, Arão e Hur subiram ao cume do outeiro.
11 E acontecia que, quando Moisés levantava a sua mão, Israel prevalecia; mas, quando ele abaixava a sua mão, Amaleque prevalecia.
12 Porém as mãos de Moisés eram pesadas; por isso, tomaram uma pedra e a puseram debaixo dele, para assentar-se sobre ela; e Arão e Hur sustentaram as suas mãos, um de um lado, e o outro, do outro; assim ficaram as suas mãos firmes até que o sol se pôs.
13 E, assim, Josué desfez a Amaleque e a seu povo a fio de espada.
14 Então disse o SENHOR a Moisés: Escreve isto para memória num livro e relata-o aos ouvidos de Josué: que eu totalmente hei de riscar a memória de Amaleque de debaixo dos céus.
15 E Moisés edificou um altar e chamou o seu nome: O SENHOR é minha bandeira.
16 E disse: Porquanto jurou o SENHOR, haverá guerra do SENHOR contra Amaleque de geração em geração.
Êxodo capítulos 15:22 a 17:16