O povo de Israel, chamado também de os filhos de Israel, israelitas ou hebreus, e muito mais tarde judeus, são os descendentes de Jacó, que recebeu da parte de Deus o nome de Israel (Gênesis 32:24-30).
A família de Jacó havia se transferido para a terra de Gósen, no Egito, cerca de 1872 A.C., a convite do faraó, em gratidão pelo socorro que José, um dos filhos de Jacó, lhe havia prestado (Gênesis 45:17-20).
Segundo os arqueólogos, os egípcios haviam sido invadidos por uns príncipes semitas vindos do oriente, chamados hicsos, que governaram o Egito, especialmente a parte norte, por vários séculos, dos quais houve três dinastias de reis, ou faraós. Foi durante este tempo que Jacó e sua família se mudaram para o Egito.
Seus descendentes se multiplicaram, tornando-se num grande povo, que vivia em isolamento dos egípcios, pois era diferente em cultura, língua e religião, ocupando as ricas pastagens da terra de Gósen, ao nordeste das grandes cidades dos egípcios.
Os hicsos foram finalmente expulsos ao redor de 1600 A.C. e os príncipes hereditários de Tebas ocuparam o trono, formando nova dinastia. Guerreiros, eles expandiram seu império pela Ásia Menor até o rio Eufrates, e anexaram o Sudão (chamado Cuxe na Bíblia). Eles não conheceram José, pois eram inimigos dos hicsos a quem José havia enriquecido e não deviam consideração a ele ou sua raça.
Um dos seus faraós (Amenotepe 1 - 1546 -1525 A.C., ou Tutmoses 1 - 1525-1508 A.C.), contemplando a multidão de israelitas que ocupavam parte do seu território (estimada em mais de dois milhões de pessoas), isolados do resto da população, ponderou aos egípcios que o povo dos filhos de Israel já era mais numeroso e forte do que eles: crescendo desse jeito, se um dia um povo inimigo entrasse em guerra contra o Egito, os israelitas poderiam aliar-se com eles, combater contra os egípcios e acabar saindo da terra.
É de se notar que o faraó não temia que os próprios israelitas dessem início a uma guerra, ou que ambicionassem conquistar terras no Egito; seu receio era que eles usassem da oportunidade de uma guerra originada por outro povo para saírem do Egito. Deduzimos daí que era um povo pacífico e trabalhador, que almejava um dia deixar o Egito para voltar para sua terra: as mesmas características que continuamos a encontrar no povo judeu espalhado pelo mundo, através da história.
O faraó era de uma dinastia que se dedicava à construção de grandiosos templos, palácios, e cidades, o que exigia volumosa mão-de-obra. É provável que muitos israelitas já estivessem trabalhando nessas construções, e, se fossem embora, fariam muita falta.
Para evitar que os israelitas se tornassem uma ameaça, os egípcios os escravizaram, forçando-os a trabalhar nas construções, controlados por feitores de obras egípcios (a escravidão era praticada em grande escala naquele tempo, principalmente para fazer uso dos povos conquistados em guerra, submetidos ao cativeiro). Os israelitas, que até ai haviam sido um povo independente, tinham entre eles peritos em todas áreas profissionais da época, como carpinteiros, joalheiros, escribas, construtores, etc. Todos tiveram que se submeter aos feitores egípcios, que dirigiam grandes grupos de força de trabalho. A palavra hebraica para afligir é a mesma usada na profecia destes acontecimentos (Gênesis 15:13).
Naquela ocasião Deus havia dito a Abraão a tua posteridade será peregrina em terra alheia, e será reduzida à escravidão, e será afligida por quatrocentos anos. Eram três acontecimentos que vemos plenamente cumpridos neste capítulo.
Eles edificaram para os egípcios as cidades-celeiro Pitom (também chamada Sucote) e Ramessés. As ruínas de Pitom foram descobertas por arqueólogos no século passado. Ali foram encontrados armazéns de cereais, feitos de tijolos, uma parte dos quais sem palha. A cidade chamada Ramessés igualmente bem identificada pelos arqueólogos, tornou-se a residência especial de Ramessés II, segunda em importância a Tebes. Suas ruínas consistem de grandes montes de tijolos, feitos de argila do rio Nilo, secados ao sol. Em muitos casos a argila está misturada com palha para lhe dar maior consistência. Muitos, decerto, foram moldados por mãos de israelitas.
Apesar da sua nova condição de simples escravos, os israelitas continuavam a se multiplicar e a se espalhar. Os egípcios, inquietos, aumentavam a sua tirania e suas exigências.
O rei do Egito tomou medidas para diminuir o crescimento do povo: chamou duas parteiras (decerto parteiras-chefes ou supervisoras) hebréias, chamadas Sifrá (Beleza) e Puá (Esplêndida), e mandou que matassem os meninos quando estivessem nascendo, deixando viver as meninas. Se desse certo, esse controle da população eventualmente resultaria no desaparecimento do povo, pois as mulheres morreriam solteiras, ou se casariam com egípcios. Mas as parteiras não obedeceram ao rei e se desculparam dizendo que não conseguiam chegar em tempo! Por isso Deus as abençoou e lhes constituiu família (deu-lhes marido e filhos).
As parteiras temiam a Deus ainda mais do que ao cruel faraó. Isto lhes deu coragem para tomar uma atitude firme contra o que sabiam ser errado. Nessa situação, era correto desobedecer à autoridade estabelecida, pois quando ha um conflito entre o que é mandado por Deus e a autoridade humana, é a Deus que devemos obedecer (Atos 5:29).
Temos muitos exemplos disto na Bíblia: Ester e Mardoqueu (Ester 3:2, 4:13-16), os companheiros de Daniel (Daniel 3:16-18), etc.
E o povo aumentou e tornou-se muito forte.
Talvez em desespero, o faraó ordenou aos próprios egípcios que lançassem no Nilo todos os filhos que nascessem dos hebreus, mas deixassem viver as filhas.
Muitos vêm aqui outra tentativa diabólica para cortar a linhagem divina que levaria ao nascimento do Senhor Jesus. Encontramos muitas outras através do Velho Testamento, e também no Novo.
Também têm havido inúmeras tentativas para destruir o povo de Israel através da historia, e é interessante ver como o anti-semitismo se espalhou pelo mundo. Sua origem é satânica, portanto nenhum verdadeiro crente no Senhor Jesus (que era judeu em sua humanidade) deve participar dele.
A instituição católico-romana, chamando-se cristã, mas distante do ensino da Palavra de Deus, deu outra prova da sua heresia ao se fazer um dos maiores inimigos dos judeus, perseguindo-os cruelmente durante a Idade Média. Não se admite que qualquer pessoa que realmente conheça a história desse povo especial se torne anti-semita. A Bíblia nos diz que o seu último perseguidor vai ser a besta, também chamado anticristo (Daniel 7:25).
Como veremos adiante, a ordem do faraó não surtiu efeito e logo passou ao esquecimento. Mas esse mal, como tantas vezes acontece, resultou em bem pois originou as circunstâncias especiais para que uma criança hebraica pudesse ser educada nos próprios palácios do rei do Egito, sendo ensinado pelos melhores professores daquele tempo. Esta criança, Moisés, quando já homem maduro e experiente, foi usado por Deus para tirar os israelitas da servidão do Egito e liderá-lo durante quarenta anos antes de entrarem na terra prometida.
1 Estes, pois, são os nomes dos filhos de Israel, que entraram no Egito com Jacó; cada um entrou com sua casa:
2 Rúben, Simeão, Levi e Judá;
3 Issacar, Zebulom e Benjamim;
4 Dã, Naftali, Gade e Aser.
5 Todas as almas, pois, que descenderam de Jacó foram setenta almas; José, porém, estava no Egito.
6 Sendo, pois, José falecido, e todos os seus irmãos, e toda aquela geração,
7 os filhos de Israel frutificaram, e aumentaram muito, e multiplicaram-se, e foram fortalecidos grandemente; de maneira que a terra se encheu deles.
8 Depois, levantou-se um novo rei sobre o Egito, que não conhecera a José,
9 o qual disse ao seu povo: Eis que o povo dos filhos de Israel é muito e mais poderoso do que nós.
10 Eia, usemos sabiamente para com ele, para que não se multiplique, e aconteça que, vindo guerra, ele também se ajunte com os nossos inimigos, e peleje contra nós, e suba da terra.
11 E os egípcios puseram sobre eles maiorais de tributos, para os afligirem com suas cargas. E edificaram a Faraó cidades de tesouros, Pitom e Ramessés.
12 Mas, quanto mais os afligiam, tanto mais se multiplicavam e tanto mais cresciam; de maneira que se enfadavam por causa dos filhos de Israel.
13 E os egípcios faziam servir os filhos de Israel com dureza;
14 assim, lhes fizeram amargar a vida com dura servidão, em barro e em tijolos, e com todo o trabalho no campo, com todo o seu serviço, em que os serviam com dureza.
15 E o rei do Egito falou às parteiras das hebréias (das quais o nome de uma era Sifrá, e o nome da outra, Puá)
16 e disse: Quando ajudardes no parto as hebréias e as virdes sobre os assentos, se for filho, matai-o; mas, se for filha, então, viva.
17 As parteiras, porém, temeram a Deus e não fizeram como o rei do Egito lhes dissera; antes, conservavam os meninos com vida.
18 Então, o rei do Egito chamou as parteiras e disse-lhes: Por que fizestes isto, que guardastes os meninos com vida?
19 E as parteiras disseram a Faraó: É que as mulheres hebréias não são como as egípcias; porque são vivas e já têm dado à luz os filhos antes que a parteira venha a elas.
20 Portanto, Deus fez bem às parteiras. E o povo se aumentou e se fortaleceu muito.
21 E aconteceu que, como as parteiras temeram a Deus, estabeleceu-lhes casas.
22 Então, ordenou Faraó a todo o seu povo, dizendo: A todos os filhos que nascerem lançareis no rio, mas a todas as filhas guardareis com vida.
Éxodo capítulo 1